Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 12
5 de novembro


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Eu dormi muito bem naquela noite. Quando deitei na cama era mais ou menos 10 horas. Cedo, não? Bem... Eu sabia que teria que acordar cedo, então resolvi me preparar.

Quando acordei, notei que o Sol estava começando a nascer. Devia ser mais ou menos 6 da manhã. Sabia que era um sábado, mas eu não estava ligando para isso. Poderia sim dormir até mais tarde, mas preferi aproveitar ao máximo o dia.

Levantei da cama lembrando-me dos outros dias que eu fizera a mesma coisa, só que quando ainda morava com a minha mãe. Eu sempre acordava ela cedo, e ela revirava os olhos cansada, mas sempre abria um sorriso e me acompanhava para o café da manhã.

Mas só uma vez ao ano.

Corri para a escrivaninha e assim que olhei o calendário deixei escapar um sorriso.

- Dia 5... – Disse comigo mesma.

Eu corri novamente e arrumei a minha cama. Estava tão animada com o dia que acabei me enrolando um pouco. De algum jeito eu tropecei com o cobertor e caí enrolada nele no chão.

- São seis da manhã, Kelly! Não pode esperar um pouco mais para quebrar a casa?! – Exclamou Ares de algum lugar da casa.

- Foi mal! – Exclamei de volta. Estava tão animada que nem mesmo ele podia me irritar. Consegui ajeitar a cama no mesmo momento em que ele abriu a porta do quarto.

- O que deu em você? – Perguntou ele. Seu cabelo curto e preto ainda estava bagunçado, e podia notar que ele tinha acabado de acordar.

- Já disse que foi mal. – Repeti indo para o armário.

- Parece até um elefante acordando... – Resmungou ele coçando a cabeça. Ares estava com um pijama engraçado. Era uma calça preta normal e larga, como se fosse um moletom, mas a camisa era completamente branca com o desenho de um mapa. Como se fosse um campo de batalha.

- Não é para tanto também. – Comentei pegando uma roupa. Corri para o banheiro e pude perceber que ele me observava sonolento e um pouco irritado provavelmente.

Troquei de roupa lá, mas saí ainda vestindo um casaco grosso. Dava para ver que estava ventando lá fora. Devia estar bem frio.

- Licença! – Exclamei passando correndo por Ares. Ele olhou para mim, enquanto eu sumia no corredor á passos largos e franziu o cenho.

- Licença? – Repetiu ele estranhando a frase – Você não está bem hoje...

Pulei em direção á cozinha e sorri pensando no que comer. Talvez waffles com leite quente, ou... Sucrilhos. Ou os três! Ainda estava sorrindo quando Ares entrou na cozinha também.

- Tá. Isso já está me dando medo. Para de sorrir desse jeito. – Falou ele sentando-se a mesa e esticando os braços.

- Pode voltar para dormir, Ares. Eu não vou fazer barulho. – Falei pensando que ele preferiria dormir á ficar perto de mim.

- Agora que você me acordou? – Bocejou ele – Estou com fome. Faz alguma coisa para eu comer, mas não me vem com essa porcaria de comida de criança não.

- Eu não vou fazer o café para você. – Respondi voltando a preparar o meu.

- Egoísta... – Murmurou Ares levantando de mal gosto. Ele foi para trás de mim e começou a procurar nas prateleiras algo que pudesse comer, enquanto eu me concentrava no meu próprio café da manhã. Sem criatividade, Ares virou-se para mim e espiou por cima do meu ombro o que eu estava preparando – Waffles com leite e sucrilhos? Ninguém merece...

- Você vive reclamando, mas aposto que sempre quis comer isso. – Comentei ainda sorrindo. Ares fez uma careta para mim e eu ri.

- Ah claro. Você acha por acaso que eu sou que nem você? – Perguntou ele revirando os olhos – Se bem que para uma Filhinha de Hermes de 19 aninhos...

- 20. – Eu interrompi e virei-me para ele para poder ver sua reação. Ares franziu o cenho para mim e levou um tempo para se tocar do que eu tinha acabado de dizer.

- Espera... Hoje...? – Ele estava pensativo ainda. Eu assenti sem conseguir deixar de sorrir, e ele franziu o cenho novamente. Por fim, ele soltou uma exclamação que representava que ele tinha pensado em algo genial – Ah! É por isso que você ficou com aquela maluquice sobre gostar de novembro!

- Pois é. – Respondi ignorando a parte da maluquice. Eu peguei o meu café da manhã já pronto e fui direto para a mesa de madeira. Ares estava me observando, o que me chamou atenção – Ahm... Acho que no fundo você deve estar querendo dizer “Parabéns, Alice”, por isso mesmo que você não diga nada... Obrigada.

- Bem... Você me surpreendeu. – Comentou ele dando de ombros – Até porque eu nunca esperei que você passasse dos 19 mesmo.

Sorri fingindo ter ouvido algo bem gentil.

- É. Eu sobrevivi e agora estou aqui do seu ladinho. Não é feliz? – Comentei.

Ares sorriu forçado também.

- Mesmo com 20, você continua uma pirralha. – Comentou ele em resposta. Eu ia responder algo, mas um barulho me impediu. Franzi o cenho e olhei para Ares, que colocou as mãos sobre a barriga.

- Isso foi... Um ronco? – Perguntei surpresa.

- Estou morrendo de fome. Que droga! Será que não tem nada para comer?! – Falou ele reclamando com o armário da cozinha. Tentei não rir e voltei minha atenção para o meu prato – Sabe? Ainda acho que você deveria dar uma passadinha no Alabama para os seus parentes caipiras te darem os parabéns.

- Eles não... – Fui interrompida.

- É. É. Os parentes caipiras do seu padrasto. Dá no mesmo. – Corrigiu ele.

- Vai sonhando. – Respondi dando mais uma mordida no meu waffle. Ares foi preparar algo para ele comer, enquanto eu terminava o meu próprio café. Ele se sentou com um prato de ovos fritos.

Ares levantou os olhos para mim e depois deu algumas garfadas.

- Você deveria ter cozinhado alguma coisa para mim também. – Disse ele com a boca cheia – Até por que... Hoje também é o meu aniversário.

 - O que?! – Quase engasguei. Olhei para ele incrédula, com os olhos arregalados – Mentira.

- Verdade. – Afirmou ele sem ligar.

- Mentira! Hoje... Não pode ser o seu aniversário! Por que...! – Não conseguia falar direito.

- Porque já é o seu aniversário? Bom, sinto muito informar Kelly, mas está mais do que na cara que eu nasci primeiro. – Comentou ele sorrindo maldoso. Meu queixo caiu – Vamos nos divertir muito hoje. E do meu jeito.

- Ares! – Exclamei pasma – Isso... Isso não é justo! Você não pode...!

Ele começou a rir de mim, e isso me deu raiva. Tentei falar que estava falando sério com ele, mas ele continuou rindo. Quando finalmente parou, seu rosto ainda estava vermelho de tanto rir.

- Tinha...! Tinha que ter visto a sua cara! – Riu ele apontando para mim – Eu nunca vi você tão pasma! Idiota... Eu estava mentindo. Era só uma brincadeira.

Revirei os olhos, no fundo aliviada por aquilo ser só uma brincadeira. Suspirei e voltei a comer o meu prato de cereais. Olhei para o relógio da cozinha e vi que já eram umas 8 horas da manhã. Achava que demoraria um pouco até que alguém aparecesse (como o meu pai ou o Apolo), mas eu vi que estava errada.

Na frente do meu rosto esticou-se um cordão com um pequeno símbolo prateado. Era uma carta. Franzi o cenho para o objeto e depois me virei para trás.

- Feliz aniversário, Alice. – Disse Hermes sorrindo para mim.

- Pai. – Sorri abraçando-o. Eu segurei o cordão e notei que ele era completamente prateado. A carta representava Hermes, é claro. Eu a coloquei no pescoço e sorri ao ganhar o presente – Não precisava.

- É claro que precisava. Te dou presentes todo o ano, porque esqueceria logo desse que você sabe que eu sou o seu pai? – Perguntou ele rindo.

Era verdade. Aquele era o primeiro aniversário que eu passava sabendo quem era o meu pai. Olhei para ele em dúvida.

- Não sabia que você me dava presentes todo ano. – Comentei, mas Hermes deu de ombros e eu entendi o que ele quis dizer – É... Acho que você nunca escreveu o seu nome em um cartão ou coisa parecida.

- Pois é. – Confirmou ele sorrindo – Ficou bom em você, Alice.

- Obrigada. – Agradeci. Nós dois nos sentamos á mesa novamente e Ares ergueu uma sobrancelha para mim – O que foi?

- O que isso faz? – Perguntou ele apontando para o colar.

- Ahm... Enfeita. É um colar. O que mais faria? – Perguntei sem entender.

- Tsc. Você realmente acha que um presente vindo dele é normal? Esse negócio faz alguma coisa, e aposto que é uma pegadinha. Sempre é. – Disse Ares desconfiado.

- Por que pensa isso? – Perguntou meu pai repentinamente ingênuo.

- Não se finge de inocente, seu trapaceiro. Você adora zoar as pessoas. – Disse Ares, mas isso não mudou a expressão inocente no rosto do meu pai – Ótimo. Só fique longe de mim com esse troço, Filhinha de Hermes.

Ares resmungou um pouco e se levantou da mesa. Ele foi jogar os pratos dentro da pia e correu para ver TV, enquanto eu fiquei sentada conversando com meu pai sobre a viagem de Paris.

- Amanhã. – Comentei com um sorriso sonhador – Falta tão pouco. Lá deve ser lindo mesmo.

- É lindo sim. – Suspirou ele – Afrodite geralmente ama ir para lá. Eu vou para lembrar da sua mãe.

- Imagino. Vocês se conheceram lá, não é? – Falei olhando para ele – Deve ter sido muito romântico.

- Romântico.  - Repetiu ele rindo – É... Até certo ponto sim, mas foi bem mais engraçado. Sua mãe tirando fotos, eu correndo atrás dela... Ai ai...

Ri um pouco ao ver ele sorrindo das cenas passadas, mas então resolvi levantar.

- Bem... Tenho que pensar em algo para fazer, não? Algo divertido. Hoje merece. – Disse sorrindo. Meu pai sorriu de volta e se levantou cheio de animação.

- Eu vou com você, é claro. – Disse ele – Podemos dar um passeio em qualquer lugar que você quiser.

- Vou pensar em algo bem legal. – Confirmei e fomos os dois para a sala de estar. Antes mesmo de eu sentar no sofá, Apolo entrou pela porta.

- A cada dia que passa fica mais frio. – Comentou ele abraçando-se – Aaaah, isso me dá uma preguiça...

- Você é um molenga no inverno. – Comentou Ares – Será que é tão difícil guiar o Sol? Humpf.

- Ei! Tente fazer isso quando você está em uma cama quentinha! – Exclamou Apolo de volta, e depois olhou para mim e Hermes – É sério. É difícil. Parece que a cama tem poderes e tenta te agarrar e manter você como um refém.

Apolo pegou uma almofada no sofá e fingiu estar brigando com ela, como se o pedaço de tecido com enchimento quisesse mordê-lo ou algo parecido. Eu ri da cena, e meu pai revirou os olhos. Apolo lançou a almofada no sofá e me abraçou.

- Acho que vou precisar de uns abraços seus para me esquentar. – Comentou ele com uma voz abafada. Seu rosto estava contra o meu pescoço, e suas mãos envolviam os meus braços. Ao ouvir a frase meu pai encarou Apolo, e ele notou isso – Ahm... No bom sentido, certo? Esquentar no bom sentido.

Foi a minha vez de revirar os olhos.

- Ok, Apolo... Acho que ele entendeu. E eu também. – Comentei separando-o de mim e rindo.

- Mudando o assunto... Você quer fazer alguma coisa hoje? – Perguntou meu pai á Apolo – Eu e Alice vamos sair. Se quiser ir também, nós arrastamos o briguento aí.

- Vai se ferrar. – Respondeu Ares não tirando os olhos da TV.

- Quero! – Confirmou Apolo sorrindo – Para onde? Espera... Você vai sair com ela? Tem alguma coisa importante hoje?

- Hoje... – Hermes ia contar o que tinha, mas eu fiz um sinal de silêncio logo atrás de Apolo, de modo que ele não pudesse notar, mas impedindo o meu pai de falar – É a promoção do parque de diversões. Não fica muito longe.

- Wow! Isso é legal. – Disse Apolo – Tudo bem que eu não tenho que me importar com preços, mas é sempre legal ver o parque cheio de gente.

- É. Vamos ao parque. – Concordei rindo. Meu pai piscou para mim, e eu assenti agradecendo. Queria que Apolo tentasse descobrir sozinho o que tinha de especial naquele dia.

- Então vamos logo. Ah! Mas antes... –Apolo colocou a mão no bolso e jogou uma chave para mim – Alice, você pode ver se eu fechei o carro? Se deixei as janelas abertas vai ficar um gelo lá dentro.

- Ok. Eu vou. – Concordei saindo de casa. Assim que abri a porta eu pude sentir o vento gelado soprando contra o meu rosto. Estava frio mesmo. Eu andei até a calçada totalmente desligada, mas quando olhei melhor... O carro de Apolo não estava lá.

Na verdade, tinha um carro lá. Era muito deslumbrante, assim como o carro dele. Era um conversível da BWM. Na verdade... Quando eu olhei melhor, vi que era um dos meus modelos favoritos. BMW Z8. Aquilo era um carro...

O de Apolo poderia ganhar daquele, é claro. Mas... Onde estava o dele? Pensei que ele talvez pudesse ter mudado o carro de forma. Se a moto de Ares muda de forma também, por que não o carro do Sol?

- Gostou? – Perguntou Apolo atrás de mim com um sorriso. A pintura azul brilhante do carro refletiu o rosto dele. Olhei para trás e sorri impressionada.

- É demais. – Comentei – É o seu novo carro?

- Não. – Respondeu ele tentando não rir. Apolo segurou o meu rosto com as mãos e me deu um beijo – É o seu novo carro.

Arregalei os olhos para ele, e depois olhei para o carro.

- Não. – Disse incrédula. Apolo me soltou no exato momento em que eu corri para mais perto dele. Rodeei o carro algumas vezes, ainda sem acreditar no que ele tinha dito – Mas... Mas porque você...?

- Acha que eu, o Deus das profecias, o cara que conhece tudo do futuro, não ia saber que hoje é o seu aniversário de 20 anos? – Perguntou ele sorrindo torto para mim. Seus dentes brancos me tiraram o fôlego, e eu sorri de volta – Tá. Não sei tudo sobre o futuro, mas sei muito bem quando é o aniversário das pessoas.

- Apolo... Espera. Quer dizer então que isso aqui... Esse carro aqui... – Não conseguia falar de tanta emoção.

- É o seu presente. – Confirmou ele. Olhei para as chaves na minha mão. Elas eram lindas, mas o mais lindo era o que elas faziam com aquele carro perfeito. Com um girar de chaves, eu ia ter um dos meus carros favoritos.

- Não... Não. – Disse depois de piscar os olhos algumas vezes – Apolo, eu não posso aceitar isso.

- Por que não? – Perguntou ele encolhendo os ombros.

- Por que... Por que isso é demais! Eu... Eu não sei. Cara! Isso deve ter custado o olho da cara... – Comentei ainda admirada.

- Tsc. Se eu estalar os dedos, posso fazer 5 desses aparecerem na calçada. Acha mesmo que o preço disso é o problema? – Perguntou ele rindo – Alice, ele é de graça. Eu sabia que você gostava desse carro, aí eu fiz ele surgir e... Tam-rã! Aí está.

- Aqui está. – Repeti com um sorriso – Ah, Apolo... Eu nem sei o que dizer.

- Acho que obrigada está bom. Ou melhor... – Apolo passou para a minha frente e me abraçou. Meu corpo estava grudado ao dele, e suas mãos pararam no fim das minhas costas. As minhas estavam paradas em seu peito – Diga “Apolo, você é um gato perfeito e eu sou muito sortuda de ser a sua fonte de inspiração.” Que tal?

- Acho que você vai ter que se contentar só com o “Obrigada”. – Comentei fazendo uma careta para ele. Apolo riu.

- É... Acho que isso está bom por enquanto. Mas sei que no fundo você quer dizer a segunda frase. – Disse ele.

- Acho que não. – Neguei com a cabeça, mas depois ri e voltei correndo para casa. Apolo disse que estava logo atrás de mim, e nós dois entramos juntos na sala.


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Notas finais do capítulo

Haha! Ok... Apolo é bem modesto, né?

E Ares com a pegadinha de "Hoje também é o meu aniversário"?

Espero que tenham gostado. Ah! Tenho uma coisa para dizer também... Acho que essa fic vai ficar mais longa que as outras. Não sei ao certo quantos capítulos vai ter, mas... Desde que vocês não fiquem enjoados de tantos capítulos, eu estou feliz.

Quero só ler os reviews! O que acham que vai acontecer no parque de diversões?

Até o próximo!



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