A noite estava escura,e Edward andava de um lado para o outro sobre os olhares curiosos dos seguranças que geralmente ficavam guardando a entrada da casa. Estava furioso,o andar pesado e o semblante tenso,além dos punhos firmemente cerrados ao lado do corpo. Onde aquela garota tinha ido parar? E por que ele não conseguia deixar de se importar com o sumiço repentino e sem explicação da nova esposa?

Virando os olhos mais uma vez para a estrada longa a sua frente,Edward pode ver duas silhuetas que se aproximavam correndo. Só podia ser ela! Quando estavam perto o suficiente para que ele pudesse ver seus rostos Edward se deu conta de que ela não estava sozinha: um garoto de mais ou menos dezessete anos a acompanhava. Assolado por um sentimento estranho e quase incontrolável,segurou-a pelo braço e a puxou até que o pequeno corpo estivesse colado ao dele. Afastou o garoto com apenas um olhar feroz em sua direção,e começou a andar na direção da entrada de sua casa,praticamente arrastando a garota consigo. Ele precisava se controlar,se ela ficasse assustada demais não diria nada sobre o porque de ter desaparecido durante um dia todo,e ele precisava de respostas. Logo,antes que enlouquecesse de raiva

-Onde diabos você estava?-perguntou,a voz dura mais num tom mediano,enquanto a soltava de encontro a um dos sofás que ocupavam a sala ampla,mais que raramente era utilizada.

-E por que é que isso te interessa?-ela se sentou ereta e o encarou. Seus olhos estavam arregalados,mais Edward podia notar o receio e a desconfiança no fundo deles. Isabella era um livro aberto,era fácil demais interpretar suas emoções. Mais suas palavras acabaram com o último fio de controle que Edward mantinha sobre si mesmo,e ele não se importou em gritar:

-Porque você me pertence! É minha,está me ouvindo? E eu não quero que saia de casa sozinha,muito menos se for pra voltar a noite,e acompanhada por um idiota adolescente!

-Você não me conhece,como pensa que pode exigir alguma coisa de mim?-Bella estava tremendo,mais sabia que precisava tentar recuperar pelo menos o mínimo de controle sobre sua vida. Se ela permitisse,Edward a sufocaria com sua mente perturbada e seu temperamento completamente instável. Ela precisava se manter forte,mesmo que sua vontade naquele momento fosse se encolher num canto da sala,abraçar o próprio corpo e chorar pelo inferno em que aquele maldito homem estava transformando sua vida. Seu orgulho,e o ódio genuíno que começava a desenvolver pelo homem a sua frente,a mantiveram de pé,sustentando o olhar feroz que ele lhe lançava

-Não se esqueça de que eu sou seu marido,Isabella. E se você por algum acaso não souber o que isso significa,eu posso esclarecer: no meu mundo,a partir do momento em que você disse sim as palavras do padre,me entregou sua vida. Por tanto,eu decido o que acontece com você!

- Você pode até ser meu marido,Edward. Mais isso não significa que pode agir como se eu lhe pertencesse totalmente. A vida ainda é minha,e você não vai me tirar a única coisa boa que ainda me resta depois desse maldito casamento! Eu. Não. Vou. Me. Afastar. De. Alec-a garota disse pausadamente,um tom de desafio explicito na voz. Viu os olhos de Edward escurecerem pela raiva que ele sentia após ser contrariado daquela maneira,e instintivamente soube que corria perigo. Tinha ido longe demais

-Não acho que os mortos possam ser amigos de alguém,querida-ele declarou,com a voz baixa e completamente controlada. Sorriu cinicamente ao ver a cor fugir do rosto da mulher,e teve a leve impressão de que ela estava prestes a desmaiar. Se todos pensavam que ele era mesmo um assassino frio e cruel,porque não usar isso á seu favor?

-O que você quer dizer com isso,Edward? Pretende fazer comigo o mesmo que fez com Tanya?-a voz dela não passava de um sussurro,e Bella estava tendo.  sérias dificuldades em controlar os tremores que lhe assolavam o pequeno corpo. As últimas palavras dele tinham cumprido o propósito de deixa-la completamente apavorada de forma quase magistral. A garota sentia tanto medo que nem sequer conseguia raciocinar direito,ou controlar as reações de seu corpo. Se ele quisesse acabar com ela,não seria nada difícil. Depois que os empregados terminavam o expediente,os dois ficavam completamente sozinhos na mansão,e ele poderia arquitetar um outro plano perfeito para se livrar dela de uma vez por todas: uma morte cruel,mascarada por um incêndio que deixaria seu corpo quase irreconhecível,assim como tinha acontecido com Tanya. E ninguém nuca poderia provar que ele foi o culpado,tudo não passaria de rumores que se espalhariam de forma rápida pela pequena cidade. Ela seria mais uma mulher que morria pelas mãos do homem mais temido de Forks

-O que você acha que eu  fiz com Tanya,Isabella?-ele se aproximou e lhe segurou o braço de forma brusca. Bella podia perceber que Edward utilizava-se de sua força muitas vezes superior á dela e de sua personalidade amedrontadora para tentar subjuga-la de uma vez por todas. O que ele queria era transformar a esposa numa espécie de robô, que não o atormentaria,que sempre se encolheria e manteria-se calada á sua simples aproximação. A arma mais poderosa que Edward possuía,era o medo que Isabella não podia disfarçar que sentia dele- vamos,me responda,querida-pressinou,mais uma vez,quando ela se negou a lhe responder de imediato

-Eu...não sei,Edward. Ninguém nessa cidade sabe,e é disso que todos temos medo. A morte de sua primeira mulher nunca foi esclarecida,e as pessoas não conseguem entender como é que sua antiga casa pegou fogo,ela morreu carbonizada e você saiu sem nem sequer um arranhão, As pessoas se perguntam o motivo de você não ter feito nada para tentar salvá-la-ela sabia que estava entrando em um terreno infinitamente perigoso,mais se ele gostava de fazer perguntas perturbadoras,não devia ter medo das respostas que podia receber

-Então quer dizer que toda essa gente medíocre,inclusive você,desconfia de que eu tenha matado minha doce esposa de forma cruel,não é?-ele deu uma gargalhada estrondosa,e sacudiu-a pelos ombros.-será que ninguém se pergunta o que causou o incêndio? Ou eles estão tão amedrontados com a possibilidade de eu ser um assassino que não podem cogitar nenhuma outra hipótese para  a morte dela? Se você quer mesmo saber,eu não matei Tanya,mais ela merecia que eu tivesse feito isso!-Edward a soltou e andou pra longe dela. Sua respiração estava pesada,e Bella ainda estava em choque com aquela revelação repentina. Ela ainda estava tomada pelo medo,mais uma vozinha no fundo de sua cabeça lhe dizia que ele estava realmente sendo sincero. Ela ainda não fazia ideia do que tinha acontecido,mais agora tinha certeza de que o marido não havia tido nenhuma culpa nos acontecimentos,que Edward não passava de mais uma vitima das circunstâncias,que agora vivia preso por uma culpa que não lhe pertencia,pelo simples fato de não saber como provar a todos que era inocente.

-O que realmente aconteceu naquela noite,Edward?-a voz dela estava baixa,e o tom era suave. Não entendia o porque,mais sentia que devia ajudar Edward a se livrar de seus fantasmas. Conversar talvez lhe fizesse bem. Se ela mostrasse a ele que estava dfisposta a ouvir sem fazer julgamentos,quem sabe ele não confiaria nela o bastante para se abrir

- Você não ia querer saber,Isabella-Edward ergueu o rosto e ela viu tristeza e magoa nos olhos dele.- o que interessa mesmo,é que eu não matei Tanya. Na verdade eu nem estava em casa quando tudo aconteceu..mais eu duvido que você acredite nisso.

Quando Edward fez menção de se afastar para ir pra sala do piano,o corpo da garota quase agiu por conta própria  e ela lhe segurou pelo pulso. Edward se virou pra ela quando sentiu-lhe o toque,e ela sussurrou:

-Eu acredito em você.

O que aconteceu a  seguir nunca teve explicação. O fato é que,ao ouvir aquelas doces palavras,proferidas em tom baixo,mais com total convicção,Edward não foi mais capaz de conter o que sentia quando estava perto da mulher que agora lhe pertencia,e num impulso completamente impensado,trouxe o corpo da garota pra perto do seu . Colocando uma de suas mãos em volta da cintura esbelta,e usando a outra para acariciar-lhe a curva do rosto,ele foi aproximando o rosto devagar,até que pudesse sentir a respiração cálida e descompassada dela em sua bochecha. Era completamente insensato fazer aquilo,mais ele sabia que morreria se não provasse o sabor dos lábios dela ao menos uma vez. Só um beijo,e depois ele se afastaria de uma vez por todas,antes que acabasse fazendo-a sofrer

Fechou os olhos e procurou a boca dela com a sua delicadamente. Aquela era a primeira,e possivelmente a última vez em que ele pensava em ser carinhoso com uma mulher. Conforme ele roçava os lábios contra os dela,ainda sem aprofundar o beijo,sentiu as mãos de Isabella subindo por entre seus braços até que ela lhe enlaçou o pescoço e entreabriu os lábios,um convite mudo e irresistível.

Edward lhe adentrou a boca com a língua,procurando pela dela de forma rápida e intensa. Quando as línguas de ambos se tocaram,ele sentiu o mundo girar ao seu redor,para depois se resumir ao ponto em que os corpos dele se tocavam.

Ele queria se manter sob controle,não piorar ainda mais as coisas,mais tudo o que podia fazer era beijá-la como se sua vida dependesse daquilo,e apertá-la contra o corpo como uma forma de garantir que ela não se afastaria. Seu corpo estava em chamas onde tocava o dela,e ele estava embriagado pelo gosto doce que Bella tinha. Ela era doce,perfeita. E os gemidos baixos que ela soltava de vez em quando,só o estimulavam a toma-la para si de uma vez por todas. Depois de anos,ele se sentia bem de novo. Se sentia,feliz,se sentia vivo. E tudo isso por causa de uma pequena garota,que tinha conseguido o que as pessoas vinham tentando á anos:faze-lo voltar a acreditar que podia amar