Isabella só voltou a respirar normalmente depois que todos os convidados da família de Edward tinham deixado a mansão. Ela já não aguentava mais ter que fingir  sorrisos e conversas agradáveis,não conhecia nenhuma daquelas pessoas,e para ser sincera consigo mesma não sabia nada concreto sobre a verdadeira personalidade do marido

Sentiu o corpo todo tremer depois desse ultimo pensamento: Deus,ela estava casada com um homem que não passava de um estranho,e os dois agora estavam sozinhos naquela enorme mansão..o que aconteceria? El não ia querer exigir seus direitos de marido naquele dia não é? Não que ela soubesse o que isso implicava,mais sempre tinha ouvido as garotas do internato dizendo que a melhor parte do casamento eram as noites depois dele..que aconteciam coisas que eram capazes de fazer uma mulher tremer da cabeça aos pés e esquecer até mesmo seu próprio nome...

-Isabella?-a voz dura e inflexível chegou a seus ouvidos e Bella se viu mastigando os lábios nervosamente. Se virou com cuidado e encarou o homem parado á sua frente,a postura rígida e o olhar distante. Ele havia tirado o elegante paletó que usara na cerimonia e agora seus ombros largos e fortes pareciam bem mais impotentes. Ela corou antes de rapidamente desviar os olhos e encarar o chão imaculado

-Sim..senhor Cullen?-testou insegura. Era daquele jeito que todos ao seu redor o chamavam,e como ela não queria deixa-lo aborrecido quando ele a tinha totalmente a sua mercê,decidiu seguir o caminho mais seguro que conhecia. Se bem que nada parecia seguro perto daquele homem. Havia alguma coisa nefasta,misteriosa na forma como ele agia,como seus olhos de repente perdiam o foco e ele ficava preso em suas próprias lembranças. Era um tanto assustador,a garota tinha que admitir

-Senhor Cullen?-seu tom de voz ecoava escarnio e Bella arregalou os olhos ao se dar conta de que ele estava tentando se controlar pra não explodir de fúria,os punhos cerrados ao lado do corpo e a postura ainda mais tensa. O homem rompeu a distancia que havia entre eles com algumas passadas e a subjugou pela altura:ela parecia mais uma criança assustada perto dele do que qualquer outra coisa- é assim que você pretende se dirigir á seu marido?

-Posso chama-lo da forma que preferir-ela se atrapalhou nas palavras,e mais uma vez evitou encará-lo de frente. O olhar do marido era penetrante demais e Bella tinha medo do poder que via escondido naquelas íris verdes

-Edward-ele rangeu os dentes. Aquilo era patético. A garota parecia prestes a surtar e começar a gritar como uma louca. Seu medo era perceptível demais o que  o deixava ainda mais irritado. Ela não podia sequer disfarçar?

-Muito bom-ele elogiou, sorrindo de forma sarcástica quando ela rapidamente se esquivou quando ele tentou tocá-la- qual é o problema querida? Está com tanto medo de mim que nem mesmo suporta que eu a toque?-as íris cor de chocolate estavam arregaladas e ele sabia que tudo que ela queria era uma oportunidade pra ficar o mais longe dele que pudesse. Rangeu os dentes quando a ouviu murmurar:

-Me desculpe..é tudo muito confuso pra mim-enquanto ela falava, Edward desenhava círculos preguiçosos com a ponta dos dedos contra a pele alva de seu pescoço. Ele não sabia o porque,mais se sentia compelido de uma forma estranha á tocar a garota á sua frente. Diferentemente de como tinha sido com Tanya,ele parecia ser capaz de pensar com clareza perto dela,parecia capaz de se controlar.

Tanya. O nome irrompeu em seu cérebro de forma rápida e o fez se afastar abruptamente. Quando soltou a garota,ele viu que ela vacilava e que estava tentando se firmar sobre os próprios pés . Reprimiu a estranha vontade de se aproximar e ampará-la e manteve o tom frio enquanto dizia:

- Você pode se acomodar da forma que preferir. Eu vou estar na sala do piano,se precisar de mim,o que eu duvido muito que vá acontecer. Não se preocupe em me esperar pra dormir..isso não é necessário.

-Não vai ficar aqui?-a surpresa era notória no tom de voz e na expressão da garota. O que ela achava que aconteceria?

 No mínimo estava acreditando que ele lhe faria juras estupidas de amor enquanto a tornava mulher. Doce ilusão

-Não.-ele se aproximou de novo,um brilho estranho nos olhos. Era melhor assustá-la irrevogavelmente e afastá-la dele de uma vez por todas... Com o tempo ela acabaria se dando conta de que ele não queria se aproximar dela,e nem de ninguem- por que doçura? Está esperando que algo aconteça nesse quarto,nessa cama?-pegando-a por um dos braços,colou o corpo pequeno ao seu e olhou no fundo dos olhos repentinamente amedrontados

- Não,mas..estamos casados e eu pensei..pensei que você fosse exigir seus direitos-a voz não passava de um sussurro e ela parecia a beira das lágrimas. Mais que diabos-Edward pensou-por que ela precisava ser tão sensível? Alias por que ela precisava ter nascido?

-Não se preocupe,querida-num gesto um tanto atrevido e completamente impensado,ele pousou a boca febril sobre a pele alva e macia do pescoço da garota,que tremeu com o toque.  Por alguns minutos ele apenas ficou ali,permitindo-se sentir o gosto delicioso que tinha a pele dela,enquanto suas mãos estavam firmemente presas em volta da cintura esbelta. Edward sabia que se ele a soltasse,as pernas da garota não seriam capazes de sustenta-la. Era uma sensação assustadora e triunfante ao mesmo tempo,saber que ele era o único homem que a havia tocado,que mesmo que não tivesse desejado isso,ela lhe pertencia totalmente-no dia em que eu desejar torna-la minha mulher,você será a primeira a saber-terminou a frase num sussurro,ainda com os lábios colados á Isabella. Destribuiu alguns beijos rápidos na pele dela por um tempo antes de se afasta,soltá-la com calma, e sair do quarto sem nem sequer olhar pra trás

Assim que se sentou a frente do piano,seu único amigo nas longas noites de solidão desde a morte da primeira esposa,ele deixou que os pensamentos e as lembranças do que tinha acabado de fazer invadissem sua mente,Edward se amaldiçoou: o que ele tinha feito,afinal de contas? O que essa garota ingênua e quase infantil tinha que era capaz de deixá-lo confuso daquela forma? Ele devia se afastar,amedronta-la até que ela sentisse repulsa por sua aproximação,e não se deixar dominar pela curiosidade e o desejo estranhos que ela despertava nele!

Enquanto seus dedos corriam velozes pelas teclas do piano,e a melodia preenchia o silencio do ambiente,Edward tomou uma decisão: ele se afastaria da garota antes que fosse tarde. Fosse o que fosse que Isabella Cullen era capaz de despertar nele,aquilo precisava parar,antes que fosse tarde demais!