Tonight escrita por SweetJúlia


Capítulo 1
Capítulo Unico


Notas iniciais do capítulo

Eu vivia me prometendo fazer uma fanfic Nichel, pois esse é o meu shipper preferido, mas nunca fazia, mas agora está aí. Espero que gostem.



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Era umas 21h quando a buzina tão conhecida do jipe tocava em frente a minha casa. Não hesitei em sair correndo pela porta da frente. A casa vazia era um tédio e estava me deixando claustrofobico.

No jipe me esperavam Luke e Percy para mais uma noitada daquelas.

- E aí Nico? – saudou Luke. Percy repetiu seu exemplo com um simples “E aí”?

 Respondi adequadamente com um “E aí caras?”

- Aonde vamos hoje? – perguntei a Luke, o motorista de hoje.

- Que tal na Deoris? – ele disse.

- Na Deoris de novo? – reclamou Percy. Virei-me para o banco de trás, só para ver a cara de protesto dele. Era sempre hilária.

- Qual é o problema da Deoris? Eu gosto de lá – disse.

- Não tenho nada contra, não. Mas é a segunda vez que vamos lá só esse mês – ele reclamou. Percy é legal na maioria das vezes, mas sabe ser chato.

- Para de frescura Percy. Ta parecendo mulherzinha! A Deoris é boa, é enorme e só vai gatas. A gente vai na Deoris sim.

- Ta, mas da próxima vez eu escolho para onde a gente vai.

Luke ligou o radio e deixou tocando em uma radio que passava alguma musica do My Chemical Romance – Sing talvez. Abri o porta-luvas e fui mexendo. Havia uma lata de cerveja vazia, a carteira de Luke, um CD do Gorillaz e um maço de cigarro. Peguei a caixinha e coloquei um na boca. Acendi com um isqueiro que estava ali e dei umas tragadas. Eu não era um fumante constante, mas de vez em quando fumava alguns.

Em alguns minutos eu já podia distinguir a placa em néon que dizia “Boate Deoris”. Mesmo a um distancia o som da musica eletrônica chegava a meus ouvidos, me dando uma previa do que encontraria lá dentro.

Luke parou ali mesmo na esquina, pois o resto da rua estava lotada de carros. Seguimos a pé. Não tivemos problemas para entrar no lugar, super tranquilo. Após pisar na boate a gente discutiu como iríamos voltar para casa, pois com certeza não íamos ficar grudadinhos como um grupo de meninas. Percy já disse de cara que não ia voltar com Luke. Eu fiquei com duvida, mas depois, pensando um pouco mais, resolvi que ia voltar para casa de táxi, pois ficar de carona era algo bem complicado.

Logo os meus dois amigos se perderam entre a multidão. Não fui atrás deles, mas me meti entre as pessoas. A musica era animada e contagiava, eu acompanhava o ritmo numa dança, mas não sentia aquela vontade enorme de dançar. Levantei um pouco a cabeça para me sitiar e fui para o leste, onde ficava o bar.

Encostei-me na bancada olhando a festa e curtindo a musica. As pessoas dançando as vezes é engraçado. Fazem vários movimentos estranhos e totalmente colados, suportando até o suor da outra pessoa.

Virei-me para o bar, afim de pedir algo para beber. Do meu lado havia uma garota que me chamou a atenção. Ela olhava bem para mim, e quando eu virei ela disfarçou. Aproveitei para analisa-la. Era bonita, sem duvida. Era ruiva, tinha mais ou menos a minha idade, sardas no rosto – o que eu sempre gosto em uma menina, mesmo me lembrando a minha irmã que havia se ido quando eu era muito novo – e era tão branca que eu podia ver suas veias. Voltei-me para o bar e chamei a garçonete.

- Moça, me dê o drink mais forte que tiver ai. – Falei um pouco alto para a minha observadora do lado ouvir. A garçonete acenou e virou para as garrafas. O jeito que a mulher mexia nas garrafas, jogava-as de um lado para um outro em um mix de cores era legal.

Dei uma olhada para a garota ao lado e vi que ela também observava a mulher fazendo o drink. A garçonete logo terminou o meu drink que era uma mistura de azul com varias cores em camadas, como gel. Dando uma olhada de esgoela para a menina do lado tomei todo o drink de uma vez.

O drink era forte, mas nem tanto, consegui faze-lo descer sem fazer cara feia. Alguns segundos depois eu comecei a sentir o verdadeiro gosto do drink. Era, assim com sua cor, um mix de sabores. Algumas das melhores frutas estavam misturadas ali.

O álcool do drink rapidamente circulou no corpo. Virei-me sorrindo para a garota ao lado. E arredei minha cadeira para mais perto dela.

- Olá. – disse para ela. Um rubor subiu pelas suas bochechas.

- Olá. – ela disse tímida.

- Qual é o seu nome? – perguntei para ela. Olhando mais de perto eu percebia que seus olhos eram como um caleidoscópio, variava entre verde e azul.

- Rachel. E o seu? – aos poucos ela ia perdendo a timidez.

- Nico. Muito prazer. – estendi a minha mão para ela. Ela hesitou um pouco mais pegou. Sua mão era fria e suava muito.

- Muito prazer Nico. – ela disse. O rubor voltara a seu rosto.

- Aceita uma bebida, por minha conta. – disse, dando o melhor do meu sorriso. Senti-a derreter completamente, talvez hoje eu não passasse a noite sozinho.

- Ok, mas só uma. Sou motorista e não quero acabar com o carro. – ela disse sorrindo. O sorriso dela era lindo, os dentes todos perfeitos. Os lábios dela também eram lindos também, eram um pouco carnudos, mas não em excesso, eram rosas e eu desconfiava que eram naturalmente assim. Me vi imaginando como seria o sabor dos lábios dela nos meus, minhas mãos na sua nuca, enrolando nos cachos ruivos... Eu estava a encarando no meio de meus pensamentos promíscuos. Antes que ela percebesse isso virei-me para o balcão.

Chamei a moça novamente e falei para ela anotar o pedido de Rachel – que na verdade foi um drink simples e fraco, que era a especialidade da casa. Ela tomou o drink bem rápido, mas não de um gole só.

- Ei, quer dançar? – perguntei. Tocava uma musica daqueles artistas que os adolescentes adoram, acho que o nome dela era Can’t Be Tamed de uma cantora chamada Miley Cyrus. E eu não queria ficar parado mais.

Ela largou o copo e me deu um sorriso.

- Claro. – e eu puxei-a para a pista.

O calor de corpo humano ali era forte. Eu e Rachel dançávamos tão colados que eu podia sentir os seus batimentos cardíacos. Ali, eu poderia perceber que era um pouco mais alto que ela, com pouco esforço eu podia colocar meu queixo na cabeça dela.

Ela levantou a cabeça para me olhar e nossos olhos nos encontraram. Foi um daqueles momentos que você esquece tudo ao seu redor e o que te importa é aquela pessoa na tua frente. Me vi tendo aqueles pensamentos de minutos atrás, mas dessa vez eram mais fortes. Nem percebi quando abaixava minha cabeça para colar os meus lábios com os de Rachel, mas em um segundo nos dois estávamos nos beijando.

Era um beijo quente, ardente. Daqueles que te direcionam para o próximo quarto fechado se não tiver controle. E Rachel beijava bem, e como! Nossas línguas travavam uma batalha selvagem, em que nenhum dos dois iriam sair vencedores. A única coisa que impedia nosso beijo de ser para sempre – pois era esse o meu desejo – era que nossos pulmões precisavam de ar.

Separamos nossos lábios com relutância. Colei minha testa com a dela e olhei naqueles olhos multicoloridos. Ela era linda de uma maneira que eu não podia explicar, delicada, pequena e feminina. Tinha medo até de pegar, pois poderia quebrar. Mas tinha um fogo interno, uma força feminina, que só as melhores mulheres sabiam demonstrar. Parecia uma leoa, que poderia atacar qualquer um que lhe desagradasse.

- Ei, quer beber mais alguma coisa? Aqui ta muito quente não? – perguntei ainda arfando. Ela assentiu.

Eu puxei-a pela mão e voltamos para o nosso lugar de partida, o bar. Chamei a garçonete de novo e pedi mais uma vez aquela bebida que havia gostado muito.

- Você não deveria pedir essa bebida novamente. Ela é forte demais, vai acabar com o teu estomago. – Rachel disse olhando para mim. Apesar do tom de aviso, ela sorria.

Sorri de volta para ela e ignorei teu aviso. Essa bebida não era muito forte para o Nicão aqui. A garçonete pos o copo com a mesma coloração de antes na minha frente e sem hesitar eu bebi tudo. O drink parecia mais leve do que antes. Mas o sabor era o mesmo.

Virei-me totalmente para Rachel e dei o melhor do meu sorriso sedutor.

- Você beija muito bem. – disse. Eu esperava que ela corasse, mas ela não fez. Mas um fogo acendeu nos seus olhos.

- Você também não é nada mau. – e riu. O riso dela era um pouco de deboche, como se estivesse rindo de uma piada interna. Não entendi muito bem isso, mas de uma coisa eu sabia, essa garota estava querendo me enlouquecer.

- Isso é uma comparação? – pergunto.

- Com quem estaria te comparando? – ela rebate.

- Não sei. Com algum ex-namorado talvez.

Agora ela ria sem pudor. Era uma risada contagiante e eu tive que segurar para continuar com essa cara de sedutor.

- Desculpe Nico, mas já tive beijos melhores. – Ok, ela estava mesmo querendo me enlouquecer. Como assim? Nós tivemos um beijão ali na pista e ela me joga na cara que eu não beijo bem, tudo bem que ela não disse exatamente que eu beijo mal, mas ela jogou isso na cara quando disse que já teve melhores.

Levantei-me do banco e fui para cima dela, prensando-a na cadeira.

- E agora? Vai jogar mais uma vez na minha cara que eu não beijo bem?

Não dei-lhe tempo de responder, a beijei. Se eu havia achado o beijo anterior avassalador, eu não podia negar que aquele era mil vezes mais. Um fogo subia por mim e nós éramos um emaranhado de braços, lábios e pernas. Era melhor alguém nos impedir, pois daqui a pouco algumas peças de roupas poderiam ser tiradas do jeito que avançávamos.

Mas alguns minutos depois Rachel me parou empurrando-me. Ela ainda ria, e seus lábios estavam mais rosados que antes. Queria voltar a beijá-la, mas as mãos dela no meu peito ainda me impedia. Estava dominado por instintos.

- O que tem em vocês garotos que sempre querem ser melhores que os outros?

- Instinto competitivo.

- Mas não poderiam deixar esse “instinto competitivo” infantil em segundo plano.

- É instinto! É impossível impedir isso.

Ela ria ainda mais. Era lindo de se ver.

- É o que dizem, as garotas são 2 anos – no mínimo – mais maduras que os garotos. Não há como questionar a ciência.

- Mas há uma coisa que esqueceram de comprovar. – dei uma pausa para atiçar a curiosidade dela. Ela levantou as sobrancelhas dizendo para eu continuar. – As garotas são sempre mais exibidas, orgulhosas e metidas que os garotos.

Dessa vez eu deixei Rachel sem palavras. Ela fez uma cara ultrajada e fechou os olhos dramaticamente.

- E isso tudo por que eu disse que você não me deu o melhor beijo da minha vida... Até que ponto os garotos se rebaixam por seus simples egos feridos.

- O ego é a coisa mais importante para um homem.

- Já percebi.

Sorri e voltei-me para o balcão. Estava com sede de novo. Também com aquele calor todo, não se esperava nada mais de mim. Pedi para a garçonete aquele mesmo drink que tomei antes. Simplesmente gostei da mescla de sabores que se encaixaram perfeitamente.

- Não vou lhe avisar sobre esse drink de novo – começou Rachel –, mas eu não prometo levar nenhum bêbado para casa não.

- Você fala que soubesse os efeitos dele. – disse pegando o copo.

- E sei. – respondeu. – Meu irmão tomou uns 5 copos desse em uma noite. Ficou dois dias no hospital fazendo limpeza estomacal.

Ok, eu não tinha resposta para aquilo. Mas eu não ia devolver meu copo. O álcool me fazia bem, e hoje era sábado, dia de se divertir e não pensar em nada. Tudo bem que segunda-feira eu tenho faculdade, mas tenho o domingo todo para me recuperar de toda e qualquer ressaca que vier.

- Então a sua roleta apontou para mim hoje, é isso? – disse.

- O que você quer dizer? – ela me olhava confusa. Certamente acreditava que o álcool já havia feito muito por mim hoje.

- Sorteou que seria eu quem você iria importunar hoje? Por que só parece isso.

- Você parece ter tirado o palitinho da sorte hoje. Eu não estaria reclamando não, a minha companhia é muito requisitada na alta-sociedade.

- Ah, então se sua companhia é assim, tão requisitada na alta-sociedade, porque está aqui na Deoris? Poderia estar em um jantar das pessoas mais importantes de Nova York.

No momento em que disse isso eu me arrependi. Uma tristeza, uma culpa, passou pelos olhos verdes multicoloridos de Rachel. Percebendo o que eu vi ela virou o rosto.

- Eu não ligo para a alta-sociedade. – ela disse com a voz duas oitavas mais baixa.

O silencio que se seguiu foi constrangedor. Nenhum de nós não tinha idéia de como recomeçar a conversa. Mesmo com o barulho da boate o silencio retumbava nos meus ouvidos. Queria saber o que eu havia dito que a magoara tanto. Queria pedir desculpas, mas me desculpar por ter dito o que? Eu não havia dito nada por mau.

Suspirei e voltei-me para ela.

- Ei, quer ir lá fora? To meio tonto, preciso respirar um pouco. – Tudo bem que aquilo era um pouco mentira, eu não estava tonto, mas queria que a conversa entre nós voltasse a fluir. E para isso faria de tudo, até prometer parar de beber e fumar se ela pedisse.

- Tudo bem.

Levantei-me e peguei a mão dela. Fui puxando-a pelo canto, o jeito mais fácil de sair da boate, até que achei uma pequena porta do lado noroeste da boate, que dava para um beco. Não era um lugar muito bom, mas era a porta menos tumultuada e quase ninguém sabia que ela existia. Saímos para o vento frio da noite, mas não soltei a mão de Rachel e ela nem deu sinal que queria se soltar.

Sentei no meio fio da rua e Rachel sentou também. Estávamos em um silencio constrangedor e eu tentava pensar na melhor forma de quebrá-lo, mas nada me passava pela cabeça. No fim não tinha outra escolha senão ficar em silencio.

Quando Rachel quebrou o silencio quase pulei de susto.

- Eles não ligam para a minha presença. – Sua voz estava fraca e sua cabeça abaixada, então eu não conseguia ler sua expressão.

- O que? – perguntei sem entender.

- Os meus pais. Eles sempre tem seus eventos de sociedade para ir, mas nem se importam para onde eu estou, posso ficar 1 semana desaparecida, chegar em casa bêbada e drogada que eles nem vão ligar. – sua voz guardava um pouco de rancor e agora entendia porque eu pisara em terreno proibido.

- Eles não sabem o que estão perdendo. – eu disse. Ela levantou a cabeça com uma das sobrancelhas levantadas. Me deu um pouco de inveja, eu sempre quis saber como fazer isso.

- Como? – ela perguntou.

- Eles não sabem o quanto a filha deles é incrível. – eu disse convicto no que dizia. Ela riu.

- Você acabou de me conhecer e tem tanta certeza que eu sou incrível?

- Eu costumo ter impressões das pessoas que conheço. E normalmente elas estão certas.

- Eu posso ser uma ladra, uma prostituta, uma vagabunda. Você não devia estar confiando em mim plenamente. Eu poderia estar mentindo para poder roubar seu dinheiro.

- Então você não ia conseguir muita coisa, eu não sou a pessoa mais rica de Nova York.

Ela ainda sorria, e aquele sorriso estava me deixando louco. Peguei o queixo dela levantando o seu rosto até o meu e a beijei. Ela retribuiu com força, colocou os braços no meu pescoço e me puxou ainda para mais perto dela. Peguei-a pela cintura e a fiz sentar-se no meu colo sem separar o beijo. Foi quando ouvimos um barulho vindo do inicio do beco. Aquilo era... palmas?

Separei-me de Rachel e olhei o que estava acontecendo. Eram os irmãos Connor e Travis Stoll. Aquilo não era bom.

- Olha só Connor, o Niquinho está pegando alguém. – riu Travis. Por favor, hoje não, agora não, não na frente dela. Eu rezava desesperadamente. Nunca fora religioso, mas em momentos desesperadores acho que nós apelamos a qualquer um.

- Tem certeza que não é uma miragem? – respondeu Connor. Os dois eram irmãos, super idênticos, mas não eram gêmeos, nunca soube dizer quem era o mais velho. Mas naquele momento isso não era o importante, eu tinha que tirar Rachel dali ou as coisas iam ficar serias.

- Quem são eles Nico? – sussurrou Rachel no meu ouvido. Em sua voz senti uma pontinha de medo.

- Connor e Travis Stoll. Mas isso não importa, quando eu os distrair, você volta para a Deoris. Não olhe para trás e nem ligue para mim, eu vou ficar bem. – respondi a ela. O problema era que eu estava mentindo, sabia que não sairia dali bem. A alguns dias eu e os meninos havíamos armado um plano para humilhar os Stolls e eles descobriram que eu estava no meio da armação. E como eles são muito vingativos, isso sobraria para mim.

- E aí Nico, não vai nos apresentar a vadia da vez não? – disse Travis se aproximando da gente.

Rachel se desvencilhou da minha mão que a segurava protetoramente e se levantou apontando um dedo na cara de Travis.

- Eu não sou uma vadia não. Eu sou a namorada dele. – disse corajosamente. Minha mente estava fervendo, namorada?

- Uiii, que medinho. Pegando alguém com personalidade Nico? Pensei que você só pegasse as tolas e bêbadas. – disse Connor.

Levantei-me e puxei Rachel.

- Não mexa com eles, - sussurrei em seu ouvido, mas sem tirar os olhos dos dois irmãos, - deixe comigo. Vá para a boate, eu te encontro lá dentro. – Eu não sabia como iria encontrá-la, eu teria.

Virei-me totalmente para Connor e Travis deixando Rachel fora da minha linha de visão.

- O que vocês querem é comigo, e não com ela. Deixem-na em paz.

- Se é isso que você quer... – disse Travis e os dois vieram para cima de mim. Connor me deu um soco na barrica o que me obrigou a abaixar de dor, Travis me deu um chute nas pernas e eu cai.

Recebi um chute na cara e acho que o meu nariz quebrou. Tentava levantar, mas sempre recebia algum golpe que impossibilitava reações.

- Onde está a sua masculinidade agora, Di Angelo? Quando se está por baixo é que se percebe o quanto se é esperto. – riu algum dos Stoll, não saberia dizer qual era.

E isso foi quando eu desmaiei.

Meu corpo todo doía. Era a única coisa que eu tinha certeza. Da dor. Tentei abrir os meus olhos, mas a claridade quase me seguei, então os fechei de novo. Tentei de novo, abrindo devagar, deixando minhas pupilas se acostumarem com a claridade. A primeira coisa que eu reparei foi o branco. O quarto em que eu estava era totalmente branco. A segunda coisa que eu percebi foi o cheiro, o cheiro de álcool. Eu estava em um hospital, era obvio, mas como eu cheguei ali?

- Até que enfim acordou, Bela Adormecida. – Aquela voz... eu a conhecia de algum lugar, mas não lembrava de onde. Era para lembrar?

Um monte de cabelo ruivo entrou na minha linha de visão. A garota na minha frente sorria para mim, tinha olhos verdes e sardas. Sardas... Eu deveria me lembrar não é? Mas eu não me lembrava.

Alguma coisa incompreensível saiu de minha boca que poderia ser interpretado com um oi ou um estou bem. Ela riu da minha estupidez. Eu estava desesperado, eu não me lembrava dela, muito menos da noite de ontem.

- Você apanhou muito ontem. Sorte sua que chamei os seguranças ou sua situação poderia ser pior. – Ela ainda ria, como se a cena tivesse sido engraçada. Eu havia apanhado? Mas como...

E eu lembrei. Lembrei da noite inteira, da Deoris, dela – Rachel –, dos irmãos Stolls. Eu deveria ter apanhado muito mesmo para ter esquecido-me dela.

Abaixei minha cabeça escondendo o rosto nas mãos.

- Que vergonha.

- Por que? – ela perguntou.

- Ter passado papel de idiota apanhando na frente de alguém tão bonito.  – Ela riu com o meu elogio.

Ela levantou da cadeira que estava sentada.

- Desculpe Nico, mas eu tenho que ir. Passei a noite toda aqui para saber se você ia acordar bem, e pelo visto já vai ter alta daqui a pouco. Preciso ir para casa.

- Vai me deixar aqui sozinho? Não tenho nem o seu telefone. Quando eu sair daqui gostaria de te avisar que estaria bem. – ela riu e apontou para o meu celular na mesa ao lado da cama.

- Guardei o meu celular na memória do seu, espero que não se importe. – ela disse. Veio até mim e me beijou, um beijo de despedida. – Adeus Nico Di Angelo.

Ainda estava entorpecido pelo seu beijo quando ela se foi. Deus, eu precisaria encontrar aquela mulher de novo algum dia.


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Notas finais do capítulo

Merece comentarios?