A Different Point Of View escrita por Justine e Mari


Capítulo 9
Mãe...


Notas iniciais do capítulo

ora ora ora, tem mais reviews (=D êeeeeee) hahaha, enfim...OBRIGA MSM! a todos que começaram a colocar reviews e aqueles que ainda nao escreveram nada... ¬¬, porque o que ia colocar aqui não tem classificação +13, TA BOM???? HUNF!ainda tá meio desproporcional... VINTE E CINCO leitores e tem menos de 60 reviews? esse já é o NONO (9º) cap gente T.Tto triste!mas ao msm tempo feliz (eita bipolaridade eu sei) haha que as reviews aumentaram (um POQUINHO - beeeeem pouquinho).por isso esse cap ta GIGANTE, mas eu NAO DEIXO de estar triste... o proximo cao vai demora um pouco graças à isso e tbm... meu pulso tá doendo e eu só to no começo do proximo, hahahaha, mas é sério!TÔ DE OLHO no número de reviews e no númmero de leitores, se não tiver pelo menos um poquino mais proporcional ao numero de caps, eu NAO vou deixar de postar, mas também não vou fazer esforço nenhum pra postar mais rapido!PS - É serio, meu pulso tá começando a ter sinais de sindrôme do túneo carpico (enfraquecimento da cartilagem, ligamentos e articulação por uso excessivo) e TÁ doendo, tambem é por isso que eu vou demorar mais pra postar, mas em compenssação os caps serão maiores.PS2 - a falta de reviews é um incentivo AINDA MAIOR pra que eu NAO poste rapido!boa leitura (voz MUITO mal humorada)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/146583/chapter/9

Capítulo 9 – Mãe...

Bella sabia que Carlisle e Esme iam acabar se apaixonando, claro que não pensou isso na primeira vez, quando Esme só tinha 16 anos, mas agora? Com certeza ia acontecer.

Pensou novamente em Esme como mãe, esse sentimento estava aumentando cada vez mais.

Logo depois de Carlisle explicar tudo a ela, os dois foram caçar.

-E quanto a Edward e Bella?

-Eles vão nos esperar lá em casa.

Bella e Edward se despediram dele na porta da casa, Edward tinha uma mão na cintura mínima de Bella, Esme começou a se perguntar que relação eles teriam quando o fogo em sua garganta varreu todo e qualquer pensamento são.

Atacou o ser mais próximo com coração pulsante.

Na casa, Edward lia um dos livros de Bella enquanto esta trocara o vestido de antes por outro, mais velho e já cheios de manhas de tinta e pintava uma enorme tela ainda branca. Tinha mais ou menos dois metros e Bella já havia começado com os olhos da protagonista, era um azul céu com alguns pontinhos mais claros ali e aqui. Bella colocava tantos detalhes que era perceptível uma aura de infantilidade e distração ao seu redor bem como a cor e o brilho ressaltavam um lado brincalhão e avoado. 

Renée Swan deu à luz quando tinha 19 anos, era recatada e educada em sociedade, mas Bella conheceu sua verdadeira face. Sozinha com a filha, ela mostrava uma face mais gentil, mais infantil, irresponsável era bem fácil de ser distraída e sorria com facilidade. Fora ela quem ensinara Bella a ler e escrever. Renée sempre gostou de aventuras, mas seu caráter aventureiro não era próprio para a sociedade em que vivia, para agradar à família, que amava demais, ela era uma perfeita senhorita, encarava isso com facilidade uma vez que fingia atuar ser desse jeito.

Bela riu, para Renée o mundo era um palco, literalmente, sentia falta da mãe. Às vezes pensava no pai, mas este era fácil de esquecer uma vez que nunca estava presente e quando estava só lhe dirigia olhares e expressões frias, com a presença de Carlisle, pensava cada vez menos em Charlie Swan.

Sabia que o pai era um bom homem, vinha de uma família com inúmeros títulos, os Swan eram quase da nobreza italiana na época, vinham do ramo de exportações, mas podiam sobreviver fartamente sem ele, nos negócios Charlie eram sempre honesto, o dinheiro que conseguia era limpo, seguia a ética e era um adorador dos seres marinhos.

Com o seu dom, fez flutuar uma tinta laranja para mais perto e com o pote ainda suspenso no ar, mergulhou o pincel fino na mistura, nem olhou para o pote.

Mas Bella sempre pensava mais na mãe, agora sabia que o pai também a amara, mas a mãe sempre seria uma figura especial. Com o tempo suas memórias foram ficando mais claras, mas ainda era difícil se lembrar direito.

O quadro ficou pronto no fim do dia seguinte, agora uma mulher ligeiramente mais baixa que Bella tinha vida no quadro. Usava um vestido pomposo cor terra, no fundo, as ruas de Veneza estavam movimentadas com pessoas igualmente pomposas, todos banhados por uma leve luz alaranjada, como se o sol estivesse se pondo quando o artista começou a pintar o quadro.

Ouviu os passos do pai e de Esme se aproximarem e junto com Edward já estava parada na porta de entrada.

Quase riu ao perceber o estado de Esme, o vestido que lhe emprestara estava rasgado e cheio de sangue e terra, felizmente já tinha tirado suas medidas e mandado fazer alguns novos. Os cachos já não mais existiam, cheio de folhas e pequenos galhos, o cabelo de Esme parecia uma cidade atingida por um tufão.

Edward revirou os olhos, os pensamentos de Carlisle e Esme estavam na beleza um do outro.

Ela fica bela mesmo suja de terra.

Carlisle é um amor, tão lindo e paciente.

Achou que teria de se acostumar e com um suspiro um sorriso de boas vindas surgiu em seu rosto jovem.

Bella novamente ajudou Esme a se limpar e se arrumar, o que esta agradeceu profundamente.

Edward, Bella e Carlisle sabiam que assim que Esme se ajustasse, teriam de se mudar novamente, mas por enquanto, iam desfrutar da nova companhia.

Final de junho de 1921...

Ainda em Ashland...

A mulher de 26 anos estava se provando um verdadeiro conforto. Amável e era verdadeiramente preocupada com todos na casa, reagindo bem ao ter seus pensamentos lidos ou objetos voando para cá e para lá, enquanto observava um livro de literatura medieval passar zunindo em direção ao quarto de Bella, riu ao pensar que essa casa era “mágica” ao que foi acompanhada por uma risada baixa e grave um andar a baixo.

Estava se acostumando de pressa a escutar tudo e a todos, seus sentidos ficando por vezes desfocados e tendo que ser parada por alguém, mas ninguém a culpava ou estranhava seu comportamento, afinal todos ali, exceto Bella, passaram por essa fase.

-Não se preocupe Esme, logo passa – respondia Bella com um sorriso tímido.

Era ela quem mais estava auxiliando Esme, como única companhia feminina que possuía, as duas estavam cada vez mais próximas, o que assustava Bella e confortava Esme.

Mas não foi até aquela tarde que as situações desandaram.

Esme sabia que Bella e, apesar de ser recente, Edward viam Carlisle como pai, ambos já haviam contado a ela como eram as suas vidas humanas e nenhum dos dois “jovens” teve um pai muito presente, Carlisle fez e continua fazendo para eles o papel de pai.

Alguém que pudesse instruí-los, com mais idade e experiência, alguém que fosse indulgente e paciente para responder a todas as suas duvidas sem criticá-los, alguém que se preocupasse com eles e os perdoasse por seus erros. Carlisle era assim.

Não tiveram isso na vida humana.

Esme não estava começando a vê-los como filhos pelo simples fato de saber que estava se apaixonando por Carlisle, e sim pelo carinho e amor que estava, gradualmente, sentindo por aquelas “crianças”.

Bella, educada, delicada, tímida, porém com um caráter forte e decidido.

Edward, cavalheiro, gentil, era carinhoso e atencioso.

Ambos eram responsáveis e tinham um forte senso de certo e errado, claro que tinham seus defeitos, mas afinal era isso que os tornava quem são. E o que eram, simplesmente, era o sonho já perdido de Esme, a mulher apenas queria ter filhos como aqueles.

Quando humana, nasceu e cresceu na periferia de Columbus, Ohio, teve uma boa infância, mas quando cresceu se desentendia com os pais e os costumes da época, queria ser professora, o pai não achava próprio uma dama ensinar e viver sozinha, a família a obrigou a se casar com Charles Evenson, um homem muitos anos mais velho que ela que era filho do amigo da família, como tinha um emprego rentável, a família de Esme a pressionou a aceitar, não era apaixonada por ele, mas para não contrariar ainda mais a família, se casou com ele.

Foi um grande arrependimento. Charles abusara dela tantas vezes! O sentimento de humilhação, as dores, Esme estava para enlouquecer.

Então ele fora recrutado para a guerra (N/A – 1ª GM), e Esme finalmente pôde desfrutar de um pouco de paz, quando ele voltou em 1919, o pesadelo recomeçou, as surras, os abusos e ele ainda se comportava como o “marido perfeito” em público.

Quando engravidou, fugiu daquela casa, não podia permitir que uma criança inocente crescesse junto àquele homem, conseguiu refúgio com uma prima em Milwaukee, no entanto o marido a descobriu. Mudou-se para Ashland, às pressas conseguiu carona na charrete de uma senhora de idade, se acomodando com montes de feno, nunca teve uma boa situação financeira portanto não se incomodou. Na cidade fingiu ser uma das viúvas da guerra, eram tantas que passou despercebida.

Sustentou-se com o antigo sonho de ser professora, sua vida parecia estar começando a ser promissora, entre tudo, seu bebe morreu de infecção pulmonar dois dias depois de nascer.

Desesperada pela dor, sentia que já não possuía nada e se atirou do precipício perto de onde estava morando.

Recobrando a consciência, ganhou com o seu novo estado, uma vida calma, na qual estava rapidamente se acostumando. Estava feliz, mas o instinto materno nunca foi superado e ele estava começando a se embrenhar em Bella e Edward, Esme via neles, os filhos que ela queria para si, eram pessoas ótimas com um passado triste, não gostava de vê-los assim. Já os amava como filhos e só os conhecera há alguns meses.

Foi por isso que naquela tarde, cometeu um deslize.

Ela estava assistindo Bella pintar outro quadro, desta vez a talentosa garota estava retratando a si mesma e a Edward, ambos estavam sentados em uma grande pedra envoltos de uma densa floresta, a qual Esme reconheceu como sendo a que rodeava a cidade de Ashland. Estavam com os rostos virados um para o outro, com sorrisos nas faces pálidas, aparentemente conversando.

Era incrível observá-la, Esme via com fascínio como sua mão pequena e delicada voava sobre a tela branca e continuamente reproduzia o que parecia ser uma fotografia de tão real. A tela ganhava cores e tons vivos, não era tão grande quanto as que vira nas salas e nos corredores, portanto foi terminada um dia depois. Era apenas uma lembrancinha para Carlisle que pedira isso a Bella.

Bella limpou as mãos e os vários pincéis, os potes de tinta flutuavam ao seu redor, as tampas encontrando os respectivos recipientes e estes voltando às prateleiras junto com os pincéis que voavam por toda a parte encontrando seus suportes. Combinando isso com o fundo de madeira polida das paredes do quarto de Bella e suas prateleiras e estantes ricamente entalhadas, parecia um conto de fadas, no qual Bella era a fada madrinha.

Esme sorriu maravilhada e não conseguiu se refrear a tempo.

-Você é ótima, filha.

Bella congelou, os potes, palhetas e pincéis que ainda não estavam arrumados caíram com baques surdos no chão, manchando o carpete cor de areia de seu quarto.

Esme estava igualmente estática, queria ir devagar com Bella, assim como estava indo com Edward e Carlisle, mas sem querer deixou escapar a palavra que deseja que Bella fosse.

Filha.

Filha.

Filha.

Filha

A palavra ficava ecoando na cabeça de Bella.

A sua mente antes em branco foi ocupada pela imagem de uma mulher de olhos azuis gentis e meio exaltada, estatura mediana que sempre possuía um sorriso para ela, cabelos claros, cor de mel, iguais aos de Esme.

Balançou a cabeça furiosamente e com um estalo voltou para o quarto com o soalho sujo de tinta e bagunçado com materiais para pintura e uma mulher usando um dos vestidos que desenhara, verde musgo que ressaltava a pele branca, a sua expressão revelava atordoamento, por ter falado sem pensar, preocupação e uma leve tristeza, por Bella ter reagido daquele jeito, um meio pedido de desculpas, por ter apressado tanto as coisas.

Só estava na vida da menina há três meses! Claro que ia ficar na defensiva!

-Bella, eu...

-Ahm... eu preciso ir... – murmurou de um jeito quase inaudível.

E ela desapareceu, seus passos mal podiam ser ouvidos enquanto corria escada a baixo e desaparecia pela porta.

Edward tomou seu lugar um segundo depois, sua expressão preocupada e ansiosa.

-Esme?

-Ah, Edward! Eu... eu não queria dizer... ah! Me desculpe!

-Não... não foi inteiramente sua culpa. Bella sempre foi meio ahm... vulnerável, creio que seja a palavra certa, quanto à mãe dela.

-Oh! Meu Deus! Que fui fazer? – Esme estava começando a se desesperar.

Carlisle não estava na casa, havia saído para trabalhar e enquanto não se mudavam, tinha de manter a farsa de que tudo estava perfeitamente normal.

Esme escondeu o rosto nas mãos e seus ombros se curvaram na direção do corpo, Edward não sabia o que fazer, por um lado queria imediatamente sair à procura de Bella, por outro não podia abandonar Esme desse jeito.

Mas quem estaria mais frágil? Bella ou Esme?

Não parou para pensar, apenas colocou gentilmente a mão sobre o ombro de Esme e disparou até o telefone ligado para Carlisle, sabia que teria de inventar alguma coisa, afinal uma das telefonistas fofoqueiras estaria ouvindo a conversa*.

*Antigamente alguém, geralmente uma telefonista, encaminhava as ligações para a pessoa desejada, conectando o fio telefônico da residência da pessoa que realizou a ligação no conector da residência daquele com quem se deseja falar. Elas ficavam ouvindo toda a conversa para saber quando a ligação terminaria e assim desconectar os fios já que não havia tecnologia que realizasse esse serviço. É por isso que, antigamente, quando se quisesse manter uma informação em sigilo nunca se falava por telefone.  

-Por favor, me contate com o hospital local, é Edward Cullen.

-Hospital Ashland, boa tarde Edward – Katherine Patrick infelizmente atendeu, a intimidade que esta mulher vulgar parecia ter ao ronronar o seu nome lhe deu repulsa, estava tão tenso que nem se preocupou em esconder isso.

-Queira deixar-me falar com Dr. Cullen? Por favor – emendou de má vontade.

-Espere um momento, sim? – se ela notou o nojo na voz do jovem Cullen, fingiu que não havia percebido.

-Sim, Edward, o que aconteceu?

-Ahm... preciso que volte para casa urgentemente, Bella teve um pequeno acidente e nós discutimos – sabia que ao dar tanta ênfase, Carlisle entenderia que Edward nada tinha a ver com a situação.

-Entendo – agora o médico parecia ansioso e nervoso – estou à caminho.

Nem um minuto depois, Carlisle passava pela porta de metal e madeira, mais alarmado do que um dia Edward o viu estar.

-O que aconteceu?

-Er... Esme estava olhando enquanto Bella terminava seu quadro, mas quando foi elogiá-la, sem querer lhe chamou de “filha” – disse o mais rápido e baixo que conseguira, Esme ainda estava na mesma posição em que a deixara, no quarto de Bella e felizmente não havia escutado nada.

-OH! – Carlisle mordeu o lábio inferior, se não fosse à situação tensa, Edward teria rido, tinha certeza de que o loiro adquirira essa mania com Bella.

-Vou procurar por Bella, ela correu para fora de casa alguns instantes depois do... ahm... incidente – explicou o que conseguira, estava ansioso demais, preocupado demais com Bella, para dar mais detalhes e desapareceu porta à fora.

Carlisle olhou para o teto, na direção do quarto de Bella quase como se conseguisse fitar a figura encolhida de Esme, voou até ela e seus braços a alcançaram.

Esme reagiu instantaneamente, retribuindo o abraço, ela ainda era bem forte, mas o desconforto que sentia não iria afastar Carlisle agora que Esme precisava dele.

Começou a alisar o cabelo ondulado, calmamente, a segurando pelas costas enquanto a outra mão continuava a deslizar pelas mechas macias.

-Eu estraguei tudo, não? – uma vozinha pequena e chorosa surgiu.

-Claro que não.

-A essa altura, creio que ela deve me odiar, deve pensar que estou tentando roubar o lugar de sua mãe, ou que estou...

-Claro que não – repetiu – Bella não está brava nem triste com você, ela só está... atordoada, você vê os vários quadros que Bella pinta da mãe, ela só sente muita falta dela, vi como vocês estão cada vez mais próximas, ela deve estar assustada e confusa por, de repente, ver outra pessoa como uma figura materna.

Esme pareceu se acalmar o suficiente para levantar o rosto para Carlisle, que ainda a segurava.

-Mas... ela... eu não...

-Por favor, acalme-se. Bella não vai ficar com ressentida com você, há muito tempo, ela já havia superado a morte e a perda da mãe, as lembranças da mãe e o relacionamento de vocês devem estar entrando em conflito na mente de Bella. Claro que ninguém poderia saber – deu uma risada e suspirou aliviado por dentro quando Esme o acompanhou – mas conheço Bella, deve ser isso. Com o tempo, você vai ver, tudo vai dar certo.

Esme balançou a cabeça afirmativa e descansou a testa no peito de Carlisle, este a evolveu mais fortemente.

Ergueu novamente a cabeça na direção do loiro.

Carlisle colocou uma das mãos no rosto de Esme que parecia meio perdida, deslizou os dedos desde a têmpora até o queixo, o qual foi levantado, estava se curvando em sua direção e esta estava começando a se esticar.

Corria pela floresta, seguindo o cheiro floral, lembrava frésias e tinha um leve toque de alguma fruta vermelha, morangos...

Bella não podia ter ido tão longe... o cheiro se desviava e então subia por uma árvore, meio confuso, mas sem paciência para começar a divagar, escalou a árvore o que não levou nenhum um décimo de segundo.

E lá estava ela, sentada, encolhida em dos galhos mais altos, os joelhos junto ao peito, mas seu rosto virado para esquerda, observando o topo das outras árvores mais baixas. Uma bela vista.

Se apoiando em um galho mais baixo, seu rosto ficou no nível das pernas de Bella, e apoiou os braços nela e sua cabeça repousou no colo da namorada.

-Ela não queria dizer aquilo...

-Queria sim – sua voz não era mais alta que um murmúrio, mal abrira a boca.

-Bella...

-Eu estou bem, desculpe ter te preocupado à toa.

-Como à toa? Como pode dizer isso? Sei o que sente em relação a sua mãe, sei que a vinda de Esme está te deixando meio desnorteada, mas não acha deve dar chance...

-Eu sei, eu sei, eu já sabia que Esme estava se sentindo desse jeito em relação a mim e a você, mas ela ter me chamado de filha, eu não sei, senti como se estivesse traindo minha mãe. Sei que Esme merece essa chance e...

-Mas eu não estava falando de dar uma chance a Esme, estava falando de dar uma chance a si mesma.

-A mim? Como vou dar uma chance a mim?  

-De ser feliz novamente – explicou calmo.

A resposta calou Bella por alguns instantes.

-Eu sou feliz – disse ela por fim.

-Eu sei que é, mas sei também que Renée sempre vai ser uma sombra. Não estou querendo dizer de forma negativa – se apressou em explicar quando Bella abriu a boca indignada – quero dizer que, talvez, deva começar a, não se esquecer de sua mãe, e sim, deixá-la para trás. Para que a memória se liberte e você não sofra tanto com a ausência de Renée e comece a desfrutar da presença de Esme.

-Você deixou as lembranças sobre Elizabeth para trás? – perguntou baixinho depois de um tempo. Não queria retrucar, só queria saber, se Edward foi forte o bastante para isso, então pelo menos saberia que teria forças o bastante também. Passara quase um século daquele jeito, se lembrando o máximo que conseguia de sua mãe, teria ela, forças o suficiente para deixar Renée para trás depois de tanto tempo se agarrando às suas lembranças com tanto desespero?

-Não, não no começo. Sentia falta dela, do tempo que passávamos juntos, você viu como era, meu pai era como o seu, ausente e frio, por isso eu cresci apegado à minha mãe. No entanto, comecei a lembrar dela, não com saudade, mas feliz, fiquei feliz pelo tempo que passamos juntos e grato por ela ter feito tanto por mim, afinal graças a ela e a Carlisle, eu tenho você.

Os dois sorriram um para o outro, o beijo tinha sido curto, mas apaixonado e de certa forma saudoso.

Apesar de toda a felicidade que Esme sentia ao admirar as belas íris douradas daqueles olhos que ficara lembrando por uma década, não deixava de pensar: e quanto a Bella? Agora que finalmente havia expressado seus sentimentos para Carlisle, como reagiria? E Edward? Sabia que este estava mais receptivo quanto à idéia de vê-la em um papel maternal, mas agora que oficialmente o era, como se sentiria?

Tinha lutado para adiar esse momento por respeito aos dois e por querer calma no relacionamento com Carlisle, depois de tudo que havia acontecido com Charles, um relacionamento às pressas não lhe parecia convidativo, entretanto só mirar aquela face gentil, os olhos sábios, carinhosos e tudo isso era varrido da sua mente.

Felizmente, a transformação havia apagado as lembranças de Charles, ainda humana já tentava se esquecer, agora tudo era nebuloso e nem fazia questão de lembrar, contudo o sentimento de humilhação e dor persistia e estavam sendo apagados calmamente por Carlisle.

O sorriso de Esme se apagou e junto com o dela o de Carlisle.

-O que foi?

-E Bella?

Carlisle ficou em silêncio por alguns segundos.

-Apenas haja como si mesma, Bella já a ama – e estava sendo sincero.

Deu um sorriso pequeno ao companheiro, Edward suspirou, com toda a confusão de Esme, não tinha tido a oportunidade de pedir sua mão. Já havia pedido a bênção de Carlisle, e agora pediria a de Esme, mas não antes que toda essa situação se aquietasse, não queria colocar mais peso emocional sobre os pequenos ombros de sua Bella e queria dar tempo à relação que começara a se desenvolver entre Bella e Esme.

Reprimiu um suspiro, podia imaginá-la vestida de branco o braço entrelaçado com o de Carlisle, seguindo lentamente pelo tapete vermelho coberto de, talvez rosas brancas e vermelhas*, ou quem sabe frésias? Faria um belo ressalte ao seu cheiro natural, os olhos grandes contornados por uma leve maquiagem, como se ela precisasse disso para ficar linda, o cabelo solto, riu ao imaginar a careta de Bella por ter de prender o cabelo. Não era para menos, os fios pesados e lisos na maior parte de sua extensão, realmente eram bem difíceis de prender, se não fossem arrumados com perfeição e firmemente, ao final de algumas horas, já estariam completamente soltos.       

*a rosa branca significa pureza, paz, amor espiritual a vermelha admiração, desejo e paixão.

-O que foi? Ficou quieto de repente.

-Não... foi nada, amor.

Bella revirou os olhos, mas conhecia Edward, sabia que ele não ia lhe falar nada, pegando na mão do companheiro, saltaram juntos daquela altura absurda de mais de trinta metros, absorvendo o impacto com um leve, quase imperceptível ângulo nos joelhos e correram para casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

é isso, LEIAM as notas iniciais que SÃO importantes, não tenha nada mais a falar...