A Different Point Of View escrita por Justine e Mari


Capítulo 57
Vampiros Parte 2


Notas iniciais do capítulo

MUUUUUUUUUUUUUITAS possibilidades de enredo. Várias pessoas ficaram decepcionadas que a Renesmee não apareceria e pediram então uma reviravolta à altura, bem, esse cap mostra parte do futuro dessa fic, WUHAHAHA
boa leitura meu povo
=*



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Capitulo 57 – Vampiros Parte 2.

Todos se reuniram na biblioteca mais uma vez e Carlisle já logo começou a falar, mas dessa vez, não havia quadros para ilustrar e logo Fred e Bree descobriram por que:

–Bom o próximo tópico de discussão é a nossa biologia.

Bree quase franziu o cenho, claro que tinha mais do que perdeu um braço? Lamba o toco e conecte de volta e sede do inferno. Será que tinha alguma coisa que ela sabia dessa nova vida?

–O primeiro problema que enfrentamos desde o segundo em que abrimos os olhos: sede. E muita. Mas acho que vocês já sabiam disso – Alice tomou a vez, sorrindo radiante.

Bree teve vontade de revirar os olhos, mas ainda tinha com muita clareza a imagem daquele minúsculo ser decapitando um vampiro extremamente mais forte e umas cinco vezes maior. E o lembrete desse pequeno problema chamou sua atenção de volta para sua garganta bem seca.

Bella não tinha tantas reservas, nem Edward ou Rosalie.

–De qualquer jeito, sabemos que esse assunto é meio delicado considerando suas idades – Carlisle tentou colocar isso da maneia mais educada possível, mas Bree tinha que dar o braço a torcer porque realmente não tinha maneira de dizer isso de um jeito que no fosse ofensivo – mas temos de ter certeza que vocês fiquem cientes de tudo o que abrange ser o que somos.

Fred não pôde evitar, Carlisle parecia com um dos seus professores da faculdade que estavam começando a carreira, inteligentes, mas desconfortáveis com a nova posição de poder sobre pessoas que nem eram tão mais novas do que ele. E mesmo assim, o loiro percebeu que quando Carlisle falava, mesmo os Cullen mais briguentos e aqueles que mostravam menos respeito geral, ouviam.

–Uma coisa que vocês precisam entender, é que ao completarmos a transformação, o nosso próprio sangue humano ainda está encharcando nossos músculos e todas as nossas veias e artérias, por isso que recém-nascidos são tão fortes. Vocês devem estar se perguntando então por que um vampiro maduro bebedor de sangue humano não mantém a mesma força insana, pelo simples fato do sangue já estar dentro de seus sistemas quando vocês passam pela transformação, há resquícios de veneno nele, aumentando imensamente sua capacidade, o que nos leva a seguinte questão: por que mais vampiros não misturam veneno no sangue? Ou mesmo, por que o próprio sangue que consomem não faz o mesmo efeito, afinal há veneno ali. A resposta é simples, o veneno no sangue de um recém-criado foi usado para cria-lo em primeiro lugar, mas vocês sabem a resposta do nosso corpo ao veneno de vampiro uma vez que já somos transformados: marca nossa pele em uma cicatriz permanente.

“Então vem o próximo problema: a sede. Não é bem uma questão de a sede diminuir, mas como vocês ainda são muito jovens e inexperientes com a nova capacidade de seus cérebros, já vou explicar” Carlisle se adiantou quando Fred abriu a boca “Então apenas parece que a sede é incontrolável, é uma questão mais psicológica do que física, no entanto, essa conclusão é mais... aplicável depois do primeiro ano, apesar disso, é verdade que a sede é uma dor constante e, se não atendida, insuportável. Mas vejam bem: a sede que vocês sentiam no seu primeiro dia como vampiro, é mesma sede que vampiros com décadas de idade sentem, a diferença é que voes vão estar mais acostumados a ela, mais acostumados no próprio corpo e na própria cabeça e serão capazes de se focar melhor, usar seus cérebros com melhor eficiência e controlar essa parte de sua natureza. Isso porque devido ao fato de suas mentes, por falta de expressão melhor, terem mais espaço, vocês conseguem pensar em vários assuntos ao mesmo tempo, como a sede é uma sensação nova, é nisso que suas novas mentes se focam, com o tempo vocês aprenderão a se concentrar naquilo que vocês quiserem e ao mesmo tempo controlar quanta concentração vocês dão para cada tópico”.

Bree percebeu que estava com a boca aberta e rapidamente a fechou, Fred ao seu lado estava com o semblante pensativo.

–Continuando, nossos cérebros, como vocês já devem ter notado, também mudam. Assim como nossos corpos se tornam algo comparável com pedra, nossas mentes, se vocês me perdoam a comparação, também são como pedra, desde o momento em que vocês abriram os olhos para essa nova vida, vocês se lembrarão de cada detalhe que vocês presenciaram daqui a décadas, séculos e, assim como nossos corpos, suas mentes também ficaram extremamente mais rápidos, capazes de assimilar e compreender inúmeras vezes mais rapidamente do que um ser humano.

“Como já explicamos com as Crianças Imortais, nossos cérebros também não mudam na forma como raciocinamos . É extremamente raro passar por mudanças de qualquer natureza, então quando acontece, não há volta. É o que ocorre quando nos apaixonamos. Esse fenômeno nos muda de maneira inimagináveis” a voz de Carlisle se suavizou, mas o assunto faria Bree corar. Tinha que admitir que sempre fora uma otária por romances que a maioria das pessoas fala que é bobo e meloso em publico, mas lê mesmo assim.

“É algo irreversível. Por isso que a dor da perda também nunca esvaece, junte isso com nossa natureza vingativa e competitiva, e o vampiro que perdeu seu parceiro jamais vai parar”.

Carlisle parou por um momento, deixando que Bree e Fred absorvessem isso. Os dois entenderam a implicação: o primeiro amor deles como vampiros, também será o ultimo, em todos os aspectos da palavra.

“Outra questão, apesar de não exatamente importante, mas bem interessante é que quase todas as substancias de nosso corpo se transformaram em veneno; como saliva, esperma e a lacrima dos olhos. Dito isso, não produzimos mais quaisquer outros tipos de secreção”.

Bree sabia que se ainda fosse humana estaria vermelha como um tomate, mas Fred parecia apenas intrigado e a pequena vampira invejou sua indiferença ao mesmo tempo em que se perguntou como ele não estava sequer perturbado com o tópico.

–Parece curioso, querido – Esme interrompeu o marido, percebendo o olhar de dúvida no rosto de Fred.

–Sim, obrigado Esme. Tudo isso quer dizer que não temos sistema circulatório, não é? Nosso coração não bate e, depois do primeiro ano qualquer sangue em nossas veias é sangue de outros e mesmo assim somos imunes a vírus e bactérias já que precisam de um hospedeiro com hemácias, hemoglobinas, células vivas. Mas as nossas estão congeladas, correto?

–Exatamente – Carlisle sorriu, ligeiramente chocado por Fred ter chego a uma conclusão como essas tão rapidamente.

Pelo canto de olho, Bree percebeu que os demais Cullen também estavam impressionados, Bella ergueu as sobrancelhas e trocou um olhar com Jasper que parecia menos entediado que o costume. Emmett e Rosalie não pareciam se importar muito e Edward parecia o menos surpreso, provavelmente já conhecia Fred melhor do que Bree, seus lábios se afinaram involuntariamente, por algum motivo não gostava disso.

– Também estava me lembrando do que Bree havia dito da interação entre nossa criadora e Riley ou mesmo entre vocês e outros casais de vampiros que presenciei. Se todas as substancias de nosso corpo são substituídas por veneno, como é possível uma relação de intercurso?

–Nesse caso, ejacularíamos veneno também. Não na mesma concentração que há em nossas bocas ou mesmo em nossos olhos, mas o princípio é o mesmo – Carlisle era um profissional e ele se recusava a prestar atenção no jeito que Emmett estava tentando conter a risada.

–Sim, eu entendi essa parte, mas se não temos sistema circulatório como nós...

–Veneno também – Carlisle finalmente entendeu a pergunta e teve que tossir um pouco.

–Tudo bem, próxima pergunta, se não produzimos lágrimas ou suor e nosso corpos são basicamente constituídos por pedra como sequer nos movemos e nossos olhos ainda são gelatinosos e... brilhantes?

–Veneno, mais uma vez em uma concentração menor. Nenhum humano vai ser transformado apenas porque entraram em contato com nossas retinas ou pele, no caso dos nossos olhos eles também não são exatamente gelatinosos, é verdade que são feitos de uma substância bem mais maleável que nossas peles, mas acredite quando eu digo isto: se você pegar um revolver e apontar diretamente para o olho de um vampiro, o revolver perde. Agora há um processo de... empedramento, se não nos movermos, nossos olhos, nossas feições e corpos, eles têm uma reação semelhante a de uma pedra também. Começam a esfarelar, a... diluir. Agora, isso não afeta nossa mobilidade ou visão de qualquer maneira, apenas a nossa aparência e isso também só ocorre se o vampiro em questão ficar milênios na mesma posição, sem nunca se mover. Não há nenhuma pergunta sobre o funcionamento de nossas mentes?

–Não, obrigado – Fred deu um meio sorriso.

–Bree?

–Até agora não – sua voz saiu meio fraca.

–Muito bem, ainda na questão do nosso físico, já explicamos a vocês que o sol não nos... queima – mesmo Carlisle não pôde evitar um meio sorriso – mas temos uma reação que põe dúvida se não há algo mais... mítico do que científico no que somos. Quando caçamos ou quando somos tomados por nossos instintos, nossos rostos revelam nossa natureza. Veias arroxeadas desde as maçãs do rosto, cheias de veneno, chegam aos olhos e torna as escleras vermelhas e as íris de um azul que nenhum humano jamais conseguiria ter, quase branco. No entanto, aqueles de nós que abdicaram do sangue humano, as íris continuam douradas e, se com sede, não importando a dieta, as íris serão pretas. Nossos caninos também se tornam presas, nunca acumulamos tanto veneno como nesse momento, nunca somos mais fortes e tão pouco humanos também. No sol, não temos escolha quanto a isso, mesmo que estejamos em perfeito controle sobre todos os aspectos de nossos corpos e mentes.

Bree já havia visto isso antes, em um bando de recém-criados, era impossível não ver, mas não sabia o motivo. E entendeu o que Carlisle quis dizer com ‘mais mítico do que científico’. Lembrava-se do que o patriarca havia dito algumas horas antes. Se a origem dos vampiros era como a dos humanos, por um processo seletivo e natural ou se havia algo a mais algum lugar. A presença de veneno e a biologia em geral sugeria a primeira hipótese. No entanto a reação aos instintos e ao sol, sugeria algo além. Também estava meio conturbada com a historia de Carlisle sobre eles se transformarem em farelos, não conseguia imaginar isso, o mais próximo que sua mente lhe trazia eram gárgulas no topo de edifícios e o pensamento era assustador.

Fred estava fazendo uma careta e Bree estava começando a entendê-lo melhor. Antes eles estavam falando de um processo cientifico, biológico, mas agora estava quase nos limites de falar de magia. Ela estava certa. Se Bella era uma psicóloga e Jasper um militar, então Fred era um médico. Mas como qualquer outra pessoa, Fred voltou ao tópico que lhe era mais familiar:

–Em teoria, poderíamos sair ao sol... se escondêssemos nossos olhos.

–Mais ou menos – Alice ficou ao lado de Carlisle – se vocês acharem uns óculos de sol grande o bastante talvez, mas eles são muito frágeis para manusearmos, então a maioria de nós prefere o norte, onde há pouco sol e, portanto, onde podemos nos locomover mais facilmente.

–Já cobrimos nossa história, conflitos, biologia e política. Só falta mais um: outros imortais – a voz de Rosalie estava impaciente como sempre, mas o tópico a fez empalidecer, o que era assustador considerando que ela já era branca como osso.

– No geral tentamos... – Carlisle suspirou – não entrar um no caminho do outro. Não sei se é instinto, algum conflito antigo demais para nos lembrarmos mas que iniciou toda essa situação, mas... diferentes tipos de imortais raramente convivem pacificamente.

–Há outros, além dos lobisomens que já vimos? – dessa vez foi Bree quem perguntou, curiosa demais para frear o impulso.

–Sim. Assim como o nosso mistério, também não sei se há qualquer registro ou sequer conhecimento sobre como essas outras espécies surgiram, mas nossos encontros nunca são amigáveis. Edward?

–Nas ocasiões em que nos encontramos com os Quileutes, consegui ouvir algumas de suas lendas. Aparentemente seus ancestrais tinham uma habilidade peculiar, seus espíritos conseguiam... sair de seus corpos, patrulhavam seu território dessa maneira. Não tenho os detalhes, mas um dos guerreiros... traiu sua tribo, eu não consegui ouvir essa parte, mas ele teve a ideia de roubar o corpo do líder e desesperado, o líder entrou no corpo de um lobo e assim ocorreu a primeira transformação no que conhecemos hoje, a habilidade de se transformar em lobos é passada por sangue, então todos do bando tem aquele líder como ancestral em comum.

–Um nome um pouco mais apropriado para eles seria transmorfos – Bella falou em voz alta quase distraída.

–Então... tecnicamente eles não são lobisomens?

–Por esse ângulo, não, Bree – Carlisle concordou.

–Eu só não entendi como pode simplesmente não existir qualquer tipo de registro sobre o começo de tudo isso? Quer dizer, os humanos tem a bíblia, e com o passar do tempo certamente algum vampiro teve a curiosidade de pesquisar a própria origem.

–Olha, Fred – Alice começou dessa vez hesitante em vez de efusiva ou provocativa – a simples existência de um documento desses é uma transgressão das regras, uma prova de que existimos mesmo se algum humano ler e achar eu é apenas ficção. E... a maioria da nossa espécie está perfeitamente satisfeita em apenas ser imortais, se acostumaram com o poder e não se importam muito de onde ele veio. Há bem poucos com o mesmo interesse e até onde sabemos a... pesquisa nunca foi muito longe. Não é como se fosse um quebra-cabeça que falta uma única peça para entendermos a imagem, é mais como um efeito dominó que ninguém nunca começou, simplesmente não ninguém mais velho que os Volturi e eu aposto qualquer coisa que mesmo seus criadores já viraram poeira há milênios.

–As lendas são passadas por voz no caso dos Quileutes – Jasper concordou – e a espécie é jovem e restrita demais em um único local, isso é uma vantagem e uma desvantagem, um dos dois: ou eles vão se extinguir por conta própria ou se espalharão pelo continente. Eles ficaram protegidos do resto do mundo por causa do habito de nossa espécie em viajar em dois ou no máximo três, não é um perigo para eles, portanto poucos têm conhecimento sobre eles, se fossemos contra verdadeiros lobisomens seria uma história diferente.

–Há diferentes espécies do mesmo tipo de imortal?

–Só nesse caso – Emmett bufou – lobisomens reais se chamam ‘Filhos da Lua’ e a maioria só se transforma na lua cheia.

–Então essa parte do mito é verdade, estava começando a me perguntar se havia algo que os humanos não inventaram e como assim ‘a maioria’?

–Na verdade isso foi trabalho dos Volturi – Carlisle retomou a fala – eles tentaram abafar o máximo possível os fatos reais sobre os imortais e até criaram sinais falsos como repelidos por alho ou água benta ou lugar sagrado, dormir em caixões, mas há aspectos que eles não conseguiram tirar da mente humana como beber sangue, olhos que mudam de cor, pálidos. Ou mesmo os lobisomens, se não me engano foram eles que inventaram o mito sobre prata queimá-los.

–Eu pensei que imortais não tivessem amizade entre si.

–E não têm. O problema é que não dá para proteger uma espécie e simplesmente ignorar a outra, tudo o que basta é um único humano provando a existência de uma única criatura sobrenatural para as especulações começarem, afinal se lobisomens existem por que não vampiros?

–De volta para os ‘Filhos da Lua’, os mais novos só conseguem se transformar na lua cheia, mas os mais velhos se transformam na hora que quiserem – Emmett recomeçou, bem mais entusiasmado e pela primeira vez contribuindo para a explicação ao invés de ficar apenas rindo das reações de Bree, quando Fred lançou um olhar indagador para onde Bella e Jasper estavam revirando os olhos, Bella tentou sufocar uma risada e Jasper explicou:

–Emmett, Edward e eu encontramos um casal há algumas décadas em uma viagem de caça, Emmett gostou do desafio. Eles são durões – dessa vez Jasper fez uma careta. Selvagens como recém-criados sentindo sangue fresco, não tão fortes quanto, mas Jasper sabia que uma luta de um para um seria difícil, eles tinham a vantagem numérica e mesmo assim não foi brincadeira.

–De qualquer jeito, não sabemos com qual idade eles conseguem se transformar a vontade, eles são bem fortes e não se parecem muito com os Quileutes. Os ‘Filhos da Lua’ têm mais semelhanças com as lendas humanas, primeiramente eles são bípedes, a forma como andam é mais próxima com a de um primata do que um canino, polegares funcionais e opostos e, assim como nós, eles perpetuam sua espécie por veneno. Ainda conseguem procriar, mas só como humanos e não transmitem suas habilidades, e quando em sua forma lupina, os ‘Filhos da Lua’ não têm consciência humana, se houver um confronto, vampiros têm a vantagem de uma mente racional e, mesmo assim, se não houver um instinto prévio, ‘Filhos da Lua’ não atacam um ao outro.

–Também há o problema de não conseguirmos identificá-los quando são humanos – Rosalie fez uma careta – vocês já sentiram o cheiro dos Quileutes, ‘Filhos da Lua’ pelo que Jasper, Edward e Emmett falam, é mais ou menos semelhante, mas só quando na lua cheia, na forma humana eles têm apenas cheiro de humanos, não são particularmente apetitosos, mas nenhum vampiro conseguiria dizer a diferença. O que só os torna mais perigosos, já que o único momento que sabemos que estamos enfrentando o cara certo é quando eles podem lutar também.

–Por que não só segui-los? E qual é a diferença entre os cheiros?

–Os sentidos deles são tão aguçados quanto os nossos, como Carlisle já disse, eles não pensam racionalmente transformados, se nos ouvirem ou sentirem nossa presença, eles vão começar a caçar, mas assim como animais eles têm instintos afiados ao extremo, podem sentir quando seu tempo como lobo está chegando ao fim, não é fácil encurralar um deles. Bem, se os Quileutes têm cheiro de madeira podre, cachorro molhado e carne queimada... os ‘Filhos da Lua’ têm um cheiro mais... animalesco. Ainda com cheiro de cachorro molhado e carne queimada, mas não madeira podre, é mais como... mofo, cheiro de fumaça. Semelhante, mas não iguais – concluiu Edward, sorrindo de lado quando Esme lhe repreendeu.

–Outro aspecto da natureza deles é serem imunes ao nosso veneno, e nós somos imunes ao deles. Mesmo se os mordemos quando são humanos, eles não vão se transformar, já os Quileutes, se tiverem uma única gota de sangue transmorfo, mesmo nunca tendo passado pela transformação então nosso veneno é fatal – Alice balançou a cabeça – Mas assim como vampiros, eles são criaturas mais solitárias. Viajam sozinhos ou com um parceiro, há alguns séculos eles eram bem numerosos, mas os Volturi os caçaram a extinção na Europa e em grande parte da Ásia. Há alguns aqui na América, tentamos evitar os locais onde sabemos que eles têm residência.

–Mas se eles não têm a mesma... missão dos Quileutes de proteger a vida humana, por que a inimizade? – Bree franziu as sobrancelhas.

–Bem... temos o mesmo... ‘alimento’ e somos uma das poucas exceções para a imortalidade do outro. A competição e a ameaça já são o bastante para iniciar a disputa, imortais não estão acostumados a terem uma ameaça tão óbvia à própria vida – Esme parecia cabisbaixa ao explicar.

–Alguma outra criatura mítica? – Fred tentou brincar, qualquer coisa para afastar aquele silencio pesado, o único que deu um meio sorriso foi Emmett, mas o ar parecia mais leve.

–Alguns. Bruxos, eles são mais rápidos e fortes que um ser humano normal, mas nada que possa ser comparável a um vampiro, eles não são imortais, só envelhecem mais lentamente, a média é: a cada dez anos eles envelhecem um, os únicos que são uma ameaça são os mais velhos e aqueles que outros imortais deram motivos, seus poderes só começam a se manifestar mais ou menos com a puberdade, alguns mais cedo e outros mais tarde, a verdadeira ameaça está naqueles que parecem ter uns trinta ou quarenta anos, no geral eles preferem ser neutros, não ajudam, mas não atacam, o problema é que vários outros imortais os manipulam e os usam para ganho próprio então a maioria não gosta da presença de outro ser mítico. Não há muitos motivos para discórdia além desse, eles ano são apetitosos para nenhuma espécie, e mesmo seu sangue não nos faz efeito. Não os mata, nem transforma e seu sangue não nos satisfaz. Conheci apenas um, na Europa, ele ainda era jovem na época, uns vinte anos, foi antes de eu transformar Bella.

–Há sereias também – Bella comentou em tom casual.

Ah qual é? Bree pensou abismada.

–Bella não está brincando – Jasper comentou com uma expressão divertida – mas vocês muito provavelmente não terão muito contato com eles, se tiverem. Ás vezes cruzamos os oceanos a nado, mas eles tendem a nos evitar e a maior parte de sua população está em um local ensolarado demais para nós, apesar de que humanos também fazem parte do cardápio deles. Para falar a verdade, desde que os humanos inventaram novos meios de transporte e melhoraram aqueles que vão pelo mar, a maioria das sereias se reuniram para caçar melhor. Isso já faz alguns séculos. Querem adivinhar onde é o ninho? – e Jasper sorriu, realmente achando graça de toda a história. Fred só suspirou, mas o canto de seus lábios também estava puxado para cima.

–Triangulo das Bermudas? – todos deram uma leve risada coletiva. Não era exatamente engraçado, mas era tão óbvio que eles não puderam evitar.

–Eles estão mais bem organizados desde ‘45 – Bella comentou.

–O desaparecimento daqueles aviões – os olhos de Fred se arregalaram.

–É. A ideia de se reunirem em um único local para ajudarem um ao outro não era nova, e muitas famílias sereias gostam daquele local, os gazes de metano provém uma fonte natural de luz, mas em ‘45 houve uma superpopulação. Não sabemos exatamente o que eles fizeram, mas eles estavam famintos, não era para menos, no geral eles andam em clãs, famílias, uns cinco ou seis membros na média, pai, mãe, irmãos, às vezes primos, o mais comum são relações imediatas. Naquele ano eram tantos que chamaram a atenção de outros imortais no meio dos continentes – Bella fez uma careta.

–Foi um enxame que quase expos a todos nós – Rosalie bufou.

–Então por que os Volturi...? – Bree perguntou, confusa. Não era esse o tipo de notícia que os Volturi deveriam policiar e punir? Mas os Cullen apenas deram sorrisos amarelos.

–Os Volturi são vampiros, Bree – Esme explicou delicadamente – as sereias não os veem como autoridade e mesmo se os Volturi decidissem intervir em seus assuntos, o máximo que aconteceria seria eles serem ignorados.

–Os Volturi sabem disso e não arriscariam passar uma vergonha dessas, então dão a desculpa que eles não estão sob sua jurisdição – Edward revirou os olhos.

–As sereias podem simplesmente fazer isso? – Bree estava chocada, os Volturi pareciam uma força da natureza, mas lá estava uma espécie inteira que os tratavam como se fossem parte da paisagem? Ela se virou para Jasper quando o loiro começou a explicar, completamente absorta na ‘aula’.

–São muito difíceis de matar. O problema é que, em água, nossa maior vantagem também é nossa maior fraqueza: não precisamos respirar, mas dependemos demais do nosso olfato que é negado debaixo d’água, nossas habilidades de caça também são debilitadas e as sereias estão em seu reino, por assim dizer. São exímios caçadores que, diferente de vampiros que são competitivos demais para se alimentarem em uma mesma área muito confinada, eles caçam em bando, trabalhando em equipe, mais rápidos do que nós em terra firme apesar de não tão fortes e dons dos vampiros só nos levam até certo ponto. Pois todos eles têm um limite, seja de espaço ou de intensidade e as sereias podem ir até o fundo do mar, milhares de km para baixo quando quiserem e nos arrastar junto se assim desejarem, controlam as correntes ao seu redor e têm certa habilidade para manipular o clima.

–Os redemoinhos – Fred arregalou os olhos, um click mental estalando em sua cabeça.

–Exatamente, então eles são completamente indiferentes a vampiros. Se é possível para nós os matarmos? Sim. Mas o esforço não vale a recompensa. Eles são imortais, não envelhecem um dia sequer assim que atingirem o ápice de suas condições físicas, sejam elas adquiridas na idade física que seja, são numerosos, mas dificilmente se proliferam para estender sua espécie por causa da falta de competição, afinal não há outras criaturas no mar que podem fazer frente a eles, provavelmente e, na minha opinião, o mais antigo dos imortais está entre eles.

–Então é disso que vem a frase ‘a vida vem do mar’?

–Provavelmente – Jasper repetiu com um dar de ombros – é claro que essa hipótese levantaria outra questão: será que temos um ancestral em comum? De alguma forma evoluímos deles? Duvido. E duvido que seja algo que podemos comprovar apesar de termos certas semelhanças como força, velocidade, imortalidade e a mesma fonte de alimento. Por outro lado, eles nascem naturalmente e se desenvolvem naturalmente... bom, o natural para eles.

–Se eles nos ignoram a esse ponto, por que vocês sabem tanto sobre eles? – Bree estava cheia de perguntas, mas decidiu ignorar o fato de que talvez seja uma vampira porque existiam sereias. Meu Deus! Fez uma nota mental de nunca dizer isso em voz alta, soou estranho o bastante em sua própria cabeça.

–Por causa da infâmia daquele lugar – Carlisle voltou a falar – os Volturi estavam e possivelmente ainda estão inquietos há séculos sobre a atenção que as sereias estavam chamando para si sem qualquer preocupação com o que isso podia causar ao resto da sociedade imortal, afinal eles vivem na maior parte do tempo em águas profundas, só emergindo para caçar e, como Jasper falou, são habilidosos demais para deixarem suas presas lhes avistarem. Há registros, registros humanos sobre ‘estranhos acontecimentos’ naquela área desde 500 antes de Cristo.

–Felizmente, Aro conseguiu chamar a atenção de uma das famílias. Apesar não de ligarem muito para o que acontece na superfície, as sereias não estão dispostas a enfrentar todos os imortais que estariam em perigo se elas continuassem assim. Em ’72, eles concordaram em serem mais discretos... depois de terem afundando três cargueiros – Rosalie debochou.

Sua cabeça estava zunindo, imagens diferentes, pensamentos, perguntas. Estaria doendo se fosse humana tinha certeza. Criaturas saídas de contos de fada e de terror passavam pela sua mente. Bree balançou a cabeça.

–De qualquer jeito, não é provável que cruzemos os caminhos, a maior colônia: o Triangulo das Bermudas fica perto do Caribe, sol demais – Edward deu de ombros.

–Há outras colônias? – Fred estava com os olhos semicerrados, parecia estar pensando bem unilateralmente, Bree mais uma vez invejou o jeito direto e sem distrações que ele conseguia se concentrar.

–Algumas. Eu sei que tem uma colônia de tamanho razoável perto da costa africana e outra nos redemoinhos japoneses. A maioria das famílias gosta de se estabelecer em um único local – explicou Bella.

–Como elas se parecem? – a perguntou soou infantil até para ela, mas Bree realmente queria que ‘A Pequena Sereia’ e ‘O Monstro do Pântano’ saíssem de sua cabeça.

Todos deram de ombros. Menos Jasper e Bella que pareciam divertidos e Carlisle que ficou pensativo, sem dúvidas tentando achar as palavras certas.

–Os humanos acertaram em algumas características para falar a verdade. Mais uma vez, as sereias nunca foram muito cautelosas. Da cintura para cima são humanoides, da cintura para baixo... não se assemelham muito a peixes para falar a verdade, a cauda aparenta mais a de uma enguia, mas a pele se assemelha a de um golfinho, sem escamas, bem longa e fina, quase invertebrada de tão maleáveis que são os ossos, isso sugere um parentesco com mamíferos. Acinzentada ou azulada, com barbatanas nas laterais e atrás por toda a extensão. Possuem guelras em todo o pescoço, sobrevivem tanto do oxigênio na água quanto fora dela, os braços também possuem barbatanas nos antebraços e eles têm membranas interdigitais – Carlisle recontou com cuidado, afinal ele não tinha dados o bastante para fazer suposições quanto a sereias.

–Alguma pergunta sobre eles?

–Por enquanto não – Fred quase perguntou sobre a competição por alimento, mas não era como se sereias fossem caçar suas presas em terra firme. Era mais o habitat que faziam as duas espécies quase ignorantes uma da outra.

–Na verdade há vários outros seres sobrenaturais, bom... haviam, mas a maioria foi erradicada pelos Volturi – a voz de Esme não era tão penetrante como a do marido e os filhos. Era mais suave.

–Eles não queriam dividir os humanos?

–Na verdade, o motivo principal, o primeiro e mais urgente é que assim como os ‘Filhos da Lua’ e as sereias até certo ponto, eles atraiam atenção demais. Eu vi alguns deles. Nem sei os nomes das espécies, mas sequer eram humanoides, verdadeiras feras saídas da noite – Carlisle estava com os olhos meios vagos, visitando lembranças de séculos atrás – hoje em dia há apenas esses cinco: sereias, transmorfos, ‘Filhos da Lua’, bruxas e nós, os vampiros.

Ah, só isso?


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