A Different Point Of View escrita por Justine e Mari


Capítulo 56
Vampiros Parte 1


Notas iniciais do capítulo

primeiramente, todos que estão meio perdidos na minha versão do universo da SM, os próximos tres caps são uma resumidona do que basicamente aconteceu até agora...
bjos e boa leitura
=*



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Capitulo 56 – Vampiros (Parte 1).

–Oh, Bella, sua roupa já está na sua cama – Alice cumprimentou quando os quatro Cullen restantes voltaram de La Push. A vidente já tendo escolhido as roupas da mãe, irmã e os convidados.

–Sim, Alice – a escudo revirou os olhos e seguiu escada a cima, Jasper, Carlisle e Edward logo atrás.

Não foi nem dez segundos depois que a pequena vampira deu um lamento alto, o parceiro ao seu lado quase no mesmo segundo.

–O que foi, Alice?

Antes que ela pudesse responder, um pequeno gemido de surpresa de Bella ressoou pela casa:

–Oh!

–NÃÃÃO! – Alice gemeu de novo, parecendo que, se pudesse, estaria aos prantos. Seus pequenos ombros curvados e seu rosto em suas mãos.

–O que aconteceu? – só que a vidente apenas ignorou o parceiro e correu até o pé da escada, onde uma Bella e um Edward já trocados e limpos estavam descendo, a expressão do leitor de mentes meio contrariada e Jasper pôde ver o motivo de alarde: no esforço que Bella fez para se proteger e proteger a Bree ao mesmo tempo, uma mecha, bem grossa de seu cabelo tão longo que alcançava quase os joelhos foi cortado na altura da cintura. Longe demais do rosto para poder disfarçar igualando o outro lado e grosso demais de qualquer jeito.

O empata só olhou chocado por alguns instantes antes de se unir a Emmett em gargalhadas, podia ver os ombros de Carlisle tremendo enquanto o patriarca tentava suprimir sufocar a própria, a expressão pesarosa de sua parceira a única coisa que o impedia de rir tão alto quanto Emmett.

–Não é grande coisa, eu estava pensando mesmo em cortá-lo – Bella tentou apaziguar as irmãs e à mãe que já a estavam rodeando.

–Mas, mas... MAS! – Alice quase chorou, acariciando o cabelo da irmã como se este estivesse vivo algumas horas atrás e agora jazia em um caixão.

A vidente sempre gostava de brincar de boneca com as mulheres Cullen, e o cabelo extremamente cumprido de Bella sempre estava lá para que ela pudesse fazer os penteados mais extravagantes e agora...

A escudo suspirou:

–É só cabelo.

–Oh querida – Esme lamentou um pouco – venha, eu igualo o resto – e gentilmente conduziu a filha até o sofá da sala, de onde Bree e Fred assistiam o espetáculo. Alice lamuriando o mais alto que conseguia, Esme bem chateada e Rosalie sombria, como se tivesse acabado de assistir uma criança sendo atropelada, Edward sem reação e os demais homens da família se acabando de rir, ou no caso de Carlisle, tentando não se acabar de rir.

Bella se sentou graciosamente em um banco alto e Esme disparou até uma gaveta, tirando de lá uma tesoura enorme de metal e delicadamente cortando mechas do cabelo castanho mas tomando todo o cuidado do mundo para não tirar um único centímetro a mais do comprimento.

–Muito bem, diante do interesse que vocês se juntem a nossa família – Carlisle começou quando todos conseguiriam se controlar. Esme sorriu, radiante e acabando de cortar o cabelo de Bella, para eles e Bree retornou meio tímida – há varias informações sobre nossa espécie que vocês devem saber.

Ele falou a ultima parte mais seriamente e Fred estava alerta no mesmo segundo. Carlisle, de certa forma, parecia o mais... talvez não gentil, esse título era de Esme, mas o mais amigável e, no entanto, sua sabedoria era clara e Fred não estava nem um pouco surpreso pelo respeito que os demais Cullen tinham por ele. Esme rapidamente pegou as enormes mechas de cabelo do chão e os guardou para doar.

Todos os Cullen estavam reunidos na enorme biblioteca nem dois segundos depois, onde havia uma mesa cheia de computadores e outros eletrônicos que Bree não reconhecia, cada espaço de todas as paredes com vários e vários livros ou belos retratos, quem quer que os tenha pintado tinha uma enorme atenção a detalhes, eram tão realistas que a principio e, se não fosse pelo enorme tamanho de algumas das telas, Bree pensaria que fossem fotografias. Mas seus olhos potentes conseguiam perceber cada minúscula pincelada que formavam cada detalhe. Nossa!

–Primeiramente vocês tem de entender que nenhum de nós é velho o bastante para lembrar como...

–Foi nossa origem...? – ofereceu a loira maravilhosa com a voz pingando de desdém, Bree se surpreendeu que uma voz tão agradável pudesse ter um tom tão debochado. Era como ouvir Beethoven tocando The Black Eyed Peas.

–Sim, acho que essa é uma colocação, Rosalie – Carlisle continuou, pelo visto já acostumado com as maneiras da filha fisicamente mais velha – que nenhum de nós sabe como nossa criação diverge dos humanos, se evoluímos assim, por processo de seleção ou se tem algo mais... sobrenatural e místico no que somos.

–Um dos mais velhos entre nós são os Romenos. Stefan e Vladmir foram transformados uns 1000 anos antes de Cristo – continuou Bella com sua voz de soprano.

1000 anos antes de Cristo? Que merda...

–Faziam parte de uma guarda de 12 membros. Agora os últimos dois sobreviventes são conhecidos como clã Romeno.

–Clã? Romeno? – Bree se surpreendeu.

–Qualquer ‘bando’ da nossa espécie com mais de dois integrantes é considerado clã e naquela época Romênia era Dácia – Rosalie respondeu com um revirar de olhos.

É, Bree não gostava muito de Rosalie, apesar de ser grata a ela por participar na luta daquela manhã.

–De qualquer jeito – Carlisle interrompeu – É difícil para nossa espécie desvincular a natureza mais competitiva. Minha família conseguiu isso, assim como outros grandes clãs. Não tenho muita certeza como os Romenos conseguiram isso, teorizo que talvez seja sua idade ou talvez o amor pelo poder.

“Também mantinham uma guarda mais ou menos permanente, vampiros enormes e imponentes, com imensa força física e esse foco foi sua queda. Na mesma época, os Volturi dominavam Volterra, na Itália, apesar dos anciões serem gregos, eles já eram imponentes e faziam seu... recrutamento com mais cuidado, Aro, um dos anciões Volturi transformava apenas aqueles que tinham inclinação a apresentar dons a mais, o que significava que a força bruta dos Romenos de nada valia. Era compreensivo que os Romenos ignorassem vampiros talentosos: dons se aprimoram conforme as décadas, os séculos vão passando. E só mais tarde que os vampiros começaram a procurar por humanos talentosos para serem transformados, hoje em dia, apesar de não podermos dizer que são comuns, não é surpresa para ninguém, no entanto na época eram excepcionalmente raros”.

“Mais ou menos no século IV ou V depois de Cristo os Volturi fizeram ofensiva aos Romenos. Os Volturi faziam propaganda sobre a política de manter segredo sobre nossa natureza, a maioria não via o motivo disso, afinal, mesmo que os humanos saibam sobre nós, que poderiam eles nos fazer?”

“Essa era a mentalidade dos Romenos também. Os Volturi os destruíram. O primeiro combate durou mais de um século, e ambos, Stefan e Vladmir, os sobreviventes, perderam suas parceiras nos combates que se seguiram e isso não é algo que nossa espécie perdoa”.

“Nos séculos que se seguiram, os Romenos recrutaram quase cem vampiros, estavam confiantes de seu sucesso, isso foi mais ou menos uma década depois que Jane e Alec se juntaram aos Volturi, em 800 depois de Cristo, creio eu, vocês conheceram Jane hoje, Alec é seu irmão e é tão perigoso quanto ela”.

Fred percebeu quando os demais Cullens enrijeceram com a menção desses vampiros, a maioria olhou Bella de soslaio que estava com os olhos dourados firmes em Carlisle.

“Foi a primeira vez que os gêmeos viram combate e com eles, os Volturi ficaram invencíveis”.

Fred e Bree franziram as sobrancelhas, por que dois vampiros amedrontariam tanto todos esses habilidosos assassinos?

–Então vivemos em um tipo de ditadura? – foi Fred que perguntou, Bree ainda estava confusa, por que Jane e Alec, que, sendo gêmeo de Jane não podia ser muito maior que ela, eram tão temidos? Naquela noite, com Diego, achou que ‘ela’, Victoria, sua criadora estava morrendo de medo porque os representantes dos Volturi estavam lá, porque chamara a atenção dos Volturi em si, não por causa de alguém em particular.

–Não é bem assim. – Jasper foi quem respondeu – Naquela época, é claro que nenhum imortal iria pensar que os humanos algum dia demonstrariam um perigo para nossa espécie e muitos desdenharam os Volturi, mesmo depois de sua vitória, os obedeciam, mas eu duvido que realmente acreditassem na necessidade de manter segredo. A situação mudou no século XIX em diante. Os humanos criaram tamanha tecnologia que informação e mensagens podem ser mandadas e lidas instantaneamente e não foi só isso, também foram criadas armas que podem nos ferir. Obviamente não estou falando de revolveres, facas ou afins, mas das bombas de larga escala, lasers, granadas, bombas, maçaricos e assim vai. Com seus meios de comunicação, a notícia da existência da nossa espécie causaria caos e agora os humanos estariam equipados para exterminar uma boa porcentagem da nossa espécie se soubessem pelo o que procurar.

Carlisle assentiu e adicionou:

–Os Volturi na verdade incentivam os mitos errôneos de vampiros e tentaram erradicar o que estava ‘certo’, por exemplo: estacas, luz do sol nos queimando, dormindo durante o dia em caixões, crucifixos nos queimarem e assim vai.

–Depois disso, os vampiros que presenciaram as lutas entre Romenos e os Volturis deram a razão para os gregos – concluiu Rosalie.

–Mas vocês precisam entender que na verdade, a nossa... comunidade precisa da presença de algo como eles – Jasper retomou a voz – são eles que fazem a nossa lei valer e punem os agressores.

–Vampiros têm leis? – Bree se sobressaltou.

–Só uma mais importante – a vampira minúscula com cabelo extremamente preto, Alice, finalmente se pronunciou, voz de sininhos retinindo – há outras menores, mas que são mais facções da nossa lei principal.

–E essa lei seria... – Bree prontificou, mas quem respondeu foi Fred, a expressão pensativa.

–Manter segredo – e Bree se sentiu tola, mas por outro lado era tão obvia que talvez seja obvia demais.

–Exatamente – disse Carlisle – faz sentido e a grande maioria de nós não precisa ser policiada, os Volturi silenciam aqueles que fazem noticia, que podem causar alarde.

–Como Riley estava fazendo em Seattle – concluiu Fred para horror de Bree.

–Então é por isso que os Volturi visitaram “ela” – pensou em voz alta.

–Voltando ao assunto. Os Volturi não são os ditadores que vocês pensam, talvez conforme os séculos vão passando, outro clã assuma o dever de silenciar aqueles que ameaçam nos expor, mas eles são necessários.

–A classe dominante – Bella revirou os olhos.

–Nesse sentido, “realeza” é um bom termo – concordou Rosalie.

–Alguma pergunta, queridos? – o termo era tão carinhoso que Bree até se chocou, apesar de começar a se acostumar com o olhar gentil de Esme.

–Até agora não.

–Muito bem, os líderes dos Volturi são aqueles que chamamos de ‘Anciões’ – continuou Carlisle – e a palavra ‘Anciões’ é bem colocada no caso deles, eles são até mais velhos que os Romenos, foram transformados em 1300 antes de Cristo mais ou menos na Grécia, mas se estabeleceram na Itália.

A boca de Bree se abriu, 1300 antes de CRISTO? Não conseguia imaginar viver por tanto tempo e se virou quando Carlisle apontou uma enorme tela na entrada da biblioteca. O quadro era de bom tamanho e mesmo assim não ocupava muito espaço na parede descomunal. Parecia um estilo diferente da maioria dos outros quadros da biblioteca, mais antigo de certa forma. De canto de olho podia ver Fred levantando uma sobrancelha, mas estava ocupada demais ficando de boca aberta ao reconhecer Carlisle um pouco ao fundo da pintura. Com ele mais três homens a frente, os personagens principais do quadro.

O do meio parecia ter uns vinte anos mais ou menos, de estatura mediana, cabelos negros e lisos na altura dos ombros, do seu lado direito havia outro homem com traços ainda mais jovens, o cabelo castanho bem escuro, também nos ombros era levemente ondulado, do outro lado havia um loiro... apesar do cabelo parecer mais branco do que amarelo, parecia bem mais velho que os outros dois, o cabelo liso um pouco acima dos ombros.

–Aro, Marcus e Caius.

–Também há as esposas – continuou Jasper – Athenodora, parceira de Caius, Sulpicia que é a de Aro e Didyme, era a de Marcus, mas morreu há muito tempo atrás, quase no inicio da ascensão dos Volturi.

–Assim como os Romenos, os Volturi também possuem uma Guarda, mas como eu já disse, Aro focou seu recrutamento nos talentos e não na força bruta e é isso que faz os Volturi invencíveis. A Guarda Volturi tem vários membros transitórios e apenas 12 fixos, é quase 10 vezes menor que a dos Romenos algum dia já foi e, no entanto, 100 vezes mais letal. Os Volturi são, com toda a certeza, o mais talentoso grupo de vampiros que existem.

As palavras de Carlisle pairaram no ar, Fred balançava a cabeça, lembrava-se do aviso de Riley, um dos poucos que se provou verdade: os Cullen eram talentosos e isso era uma das coisas que os fazia perigosos. Entendia quando Carlisle falava que os dons dos Volturi, a quem os Cullen pareciam temer ou pelo menos respeitar seu poder se não sua autoridade teriam talentos também.

Bree mais uma vez se sentiu tola. Não sabia por que, mas imaginava que os Volturi eram tão temidos por causa de seu número. Imaginava centenas de vampiros como os do bando de Riley, do tamanho de Emmett, prontos para o abate, se lembrava como a voz de sua criadora estava aterrorizada e, para Bree e para muitos do bando de Riley, ‘ela’ era a criatura mais assustadora no mundo, Bree costumava pensar: quem eram esses de capa negras que eram capazes de invocar tanto medo ‘nela’. E lá estavam eles: 12 membros fixos que faziam todo o trabalho e, no entanto, mandaram apenas 4 para exterminar mais de 40. A pequena vampira tremeu um pouco.

Quando viu que seus convidados processaram tudo o que havia acabado de falar, Carlisle se voltou para Jasper e Bella que estavam em um canto da sala. Bella deu um passo a frente e esperou até Fred e Bree olharem para ela.

–Outro fato... ‘interessante’ da historia de nossa espécie, é sobre as Crianças Imortais.

Sua voz de soprano, que era sempre baixa e calma tinha um tom sombrio e tanto Bree quanto Fred perceberam como os demais reagiram. Muitos tremeram, Esme se encolheu, Edward mostrou os dentes, Rosalie tinha um profundo desgosto no rosto perfeito, até mesmo Carlisle tinha uma expressão maligna nas feições geralmente serenas. Jasper e Emmett tinham caretas, o mais perto de medo que Bree já viu qualquer um dos dois expressar. Mesmo Bella parecia lutar para manter qualquer emoção fora do rosto, mas Fred podia perceber algo que nunca vira a habilidosa vampira mostrar: medo.

Ele se lembrava como a pequena vampira lutava, parecendo uma tigresa que fora atiçada dentro de uma jaula minúscula e fora libertada dentro de um rinque. Ferocidade e habilidade. Fred via como ela relaxava apenas com o restante de sua família, se sentindo até mesmo tímida em certas ocasiões, ela sorria com facilidade para o parceiro principalmente, mas também para os irmãos e para as figuras paternas, mas também viu sua expressão no meio de uma batalha: fria, calculista, seus olhos divertidos eram o único sinal de que, na verdade, estava se divertindo com a matança. Bella claramente não via o bando de Victoria, de Riley, que seja, como seus iguais, apenas uma ameaça a ser eliminada, uma distração divertida. Fora Esme e Carlisle, os demais Cullen também pareciam ter a mesma mentalidade.

Era uma coisa ver Victoria, ‘ela’, com medo, fora criado a temê-la, mas tire toda a fachada que Riley criou ao redor ‘dela’, e Victoria era apenas uma garotinha assustada, literalmente. Mas os Cullen? Principalmente os irmãos? Fred tinha motivos para respeitar sua força.

Por isso que, o quer que Bella esteja prestes a falar, Fred sabia que devia prestar total atenção e, assim como os Cullen, temer a informação.

Bella balançou a cabeça, seu cabelo chocolate recém-cortado balançando com ela.

–‘Interessante’ talvez não seja a melhor descrição, mas não há muito na nossa história que não seja ‘sangrenta’. De qualquer forma isso foi antes do meu tempo, isso foi antes até mesmo de meu pai. – Fred se sobressaltou com o termo, sabia que era assim que os ‘jovens’ Cullen viam Carlisle e Esme, mas a palavra sendo usada em tom tão casual o pegou desprevenido – Foi entre 500 e 750 depois de Cristo. Não há bem uma classificação de idade do que seria uma Criança Imortal, basicamente são vampiros que foram transformados muito jovens.

“Vocês precisam entender que, quando nos transformamos, estamos não apenas fisicamente congelados, mas também nossa consciência foi congelada”

–Não entendi – Fred admitiu depois de pensar um pouco. Pelas palavras de Bella, a única coisa que conseguia pensar era que não tinha consciência e, independentemente de qualquer falha em sua personalidade, o loiro gostaria de pensar que sentiria remorso em circunstâncias normais.

–Ok, deixe me ver se eu consigo achar as palavras certas – Bella mordeu o lábio inferior e trocou um olhar com o parceiro, com Jasper e Carlisle, por fim fez uma careta, como se não gostasse do que estava prestes a falar, mas continuou com sua voz clara – como vocês sabem, meu parceiro, Edward, tem a habilidade de ler mentes, ele viu como os lobisomens nos percebem, como eles nos veem, não sua interpretação do que somos, para eles somos monstros sem coração cujo único interesse é beber sangue, mas sim como eles nos veem fisicamente. Para eles somos como seres de pedras, frios, duros e angulosos. Na prática eles têm certa razão.

Bella ignorou o som de nojo da irmã, Rosalie.

–Somos... compostos dessa maneira: pedras imutáveis. Além de nosso físico, nosso consciente também está congelado. Do mesmo modo como jamais envelheceremos, jamais amadureceremos. Nossas personalidades, gostos, desgostos, defeitos e qualidades estarão exatamente do jeito que estão daqui mil anos, não evoluiremos de alguém infantil para alguém maduro, nós nunca mudaremos, em qualquer sentido da palavra. Por isso, criar um vampiro fisicamente tão jovem é contra a lei, essas crianças, em sua maior parte com menos de seis anos nunca conseguirão desenvolver a consciência de alguém mais velho, são incapazes de se controlar e, portanto, de controlar suas sedes. Imaginem: uma única birra significaria destruição em massa. Vocês, em algum ponto da vida, já devem ter presenciado uma criança esperneando, jogando coisas e batendo e até mordendo, agora imagem essa mesma criança que tem força para destruir casas inteiras, matar milhares, levantar veículos. Sempre incapazes de sequer entender e aprender que o que estão fazendo é errado.

“Na mesma moeda, crianças são adoráveis, com a transformação, toda a sua beleza é amplificada, elas encantaram família e clãs inteiros, cada membro completamente dedicado a zelar e proteger a criança em questão. Foi um massacre”.

Fred podia ver que as expressões generalizadas dos Cullen estavam mais pronunciadas, Bella já não mais conseguia esconder o temor atrás de suas palavras. Ambos, Bree e Fred se lembravam de assistir a birra de uma criança, algumas mais violentas que outras e tentaram imaginar essa criança com sede de sangue e força descomunal. Também tremeram.

Bella percebeu a reação e logo recomeçou a falar:

–Não somente para os humanos, claro que houve um número astronômico de baixas humanas também, mas como eu já disse: vários clãs se dedicavam às Crianças Imortais a tal ponto que morreriam por elas e foi exatamente esse preço que pagaram. Os Volturi foram obrigados a intervir e tiveram de destruir clãs inteiros, a fim de eliminar uma única Criança Imortal. Esse foi um dos episódios que mais marcou a história dos vampiros, deixou marcas mais profundas do que possam imaginar. Por fim, a criação de Crianças Imortais se tornou ilegal e os criadores são punidos, independentemente da criança ter ou não cometido alguma indiscrição, na verdade... eu e Carlisle... – ela estava estranhamente hesitante e Bree e Fred descobriram o motivo quando ela continuou – nós vimos uma... ainda estávamos na Itália naquela época... encantadoras, entendemos bem porque havia tanta devoção para com elas.

Ao parar de falar, Bella deixou que um silenciou agourento se estabelecesse no enorme aposento.

–Desculpe-me. Elas eram tão ruins? – Fred se atreveu a perguntar. Entendia a devastação que aquelas pequenas criaturinhas podiam causar, tinha irmãos mais novos e só de pensar o que faziam quando não conseguiam o que queriam... mas mesmo Jasper parecia se encolher diante da ideia de Crianças Imortais e não conseguia imaginar nada tão ruim que pudesse amedrontar o vampiro mais aterrorizante que Fred já havia encontrado.

Percebendo que Fred lhe fitava, Jasper retribuiu o olhar:

–Hoje em dia, ninguém é burro o bastante para criá-las.

Burro, não suicida. Bree franziu as sobrancelhas. Sempre que os Cullen mencionavam os Volturi, essa mesma frase voltava ‘só um louco os provocaria’.

–Há outro capítulo da história dos vampiros que vocês precisam saber, aquela que, na verdade, vocês faziam parte antes de virem até nós – pelo visto as histórias de horror não acabaram e Fred percebia que custava a Carlisle aumentar ainda mais seu terror e o de Bree. Por fim, Carlisle acenou para Jasper que acenou de volta e deu um passo a frente.

–Vocês já devem ter se perguntado onde eu consegui... minha coleção – e afagou as cicatrizes em seus braços com um olhar sombrio, Bree não gostava de se focar nelas, apesar de não ter escolha – claro a resposta óbvia seria: batalhas, mas vou explicar as circunstancias que me fizeram participar delas, afinal, obviamente, meus irmãos não fizeram parte delas – e acenou para os irmãos Cullen que eram surpreendentemente livres de cicatrizes.

“Edward me disse que às vezes se perguntavam sobre isso, ‘recém-criado’, sobre esse termo. Não é... tão pejorativo como vocês pensam, é apenas a expressão que usamos para classificar aqueles de nós com menos de um ano na nova vida. Só isso. Nunca somos tão fisicamente fortes quanto nos primeiros meses da nova vida, sangue humano nos fortalece sutilmente mais do que sangue animal e é por isso que recém-nascidos são tão fortes: seus tecidos ainda estão encharcados com seu próprio sangue; depois da marca de um ano seu corpo já usou boa parte e sua força descomunal começa a esvanecer”.

“Vocês já tiveram essa mentalidade: uma área de caça populosa, tão populosa que ninguém daria falta de algumas dúzias de humanos, mais facilmente vampiros... tradicionais podem se alimentar sem serem notados. Bom... os Bandos do Sul na verdade não se importam muito com o que os humanos notam ou deixam de notar... os Volturi os controlam bem efetivamente, são os únicos a fazer isso na verdade, os únicos que conseguem fazer isso. Sem eles o restante de nós já teria sido exposto”.

“É por isso que os Volturi se envolveram agora com o bando de Victoria e Riley, o norte é extremamente mais civilizado, apenas nômades com no máximo de uns três integrantes, nunca houve tanto alarde por aqui; o sul é o mundo completamente diferente, até mesmo bem mais diferente do que vocês presenciaram com Riley. No sul, os imortais só saem à noite, passam o dia tramando com o mesmo objetivo que Riley deu a vocês: controle das terras com mais população”.

“Como Riley mesmo lhes dissera: há competição por sangue, principalmente aqueles que bebem exclusivamente sangue humano, ocorreram aos vampiros do sul que, em áreas populosas eles podiam se alimentar duas, três vezes na mesma noite e ninguém ia perceber, então começaram a procurar por maneiras de se livrarem da concorrência. Muitas ideias foram jogadas de um lado para o outro, mas a mais eficaz foi que a Victoria implementou ao tentar nos destruir: exército de recém-criados”

“A tática de criar um exército composto somente por recém-nascidos surgiu na década de 1820, história comparativamente recente, o primeiro a explorar a ideia foi um vampiro de nome Benito, ele vinha de algum lugar do norte de Dallas. Massacrou todos os clãs da área, entre 1820 e 30, quase ninguém conseguiu fazer frente a ele, quando ele se aproximou do México... bom, os bandos de lá fizeram a única coisa que conseguiram pensar: jogaram a mesma moeda, criando um próprio exército”.

Bree percebeu que Bella se encolheu um pouco. Edward colocando um braço ao redor dos ombros finos.

–Foi um inferno na terra – a atenção de Bree voltou para Jasper que parecia quase... traumatizado – e quando uso essa expressão eu quero dizer isso mais literalmente do que possam imaginar. Assim como as Crianças Imortais, essa é uma história que jamais será esquecida – ele sorriu com ironia – o que as Crianças Imortais causaram a nós... em 250 anos, os Bandos do Sul provocaram em menos de uma década... claro, também não era uma boa época para ser humano no México. As mortes chegaram a níveis epidêmicos, na verdade, a história humana culpa uma doença pelas mortes.

Bree tremeu e, assim como Edward fez com Bella momentos antes, Fred passou um braço ao redor de seus ombros.

–Chamaram a atenção dos Volturi, eles reuniram a Guarda inteira e começaram a faxina. Eliminaram cada recém-criado na parte inferior da América do Norte, todos que fossem encontrados com recém-criados eram executados no mesmo instante e, como todos estavam tentando enfrentar Benito... México ficou livre de vampiros por um tempo.

“Os Volturi tiveram de se dedicar inteiramente à tarefa durante quase um ano. Isso também é algo que nunca esqueceremos apesar de não haver muitos sobreviventes que possam contar a história”

Jasper suspirou e olhou para Bella que continuou falar em seu lugar. Seu rosto branco feito osso parecia ainda mais pálido, Edward tinha um braço firme ao seu redor.

–Fui transformada em 1832, em Veneza, Itália por Carlisle, um ano depois fomos para a América.

Bree fez um som de indagação e logo se envergonhou, mas ninguém parecia sequer ter notado, nem mesmo Emmett que Bree sabia que gostava de fazer piada sobre... tudo parecia disposto a fazer uma diante do assunto, mas Bella foi educada e, sem reagir, explicou:

–Carlisle é britânico e me encontrou quase morta, apesar de meu... controle mais do que impressionante, ele queria ter certeza antes de fazer uma mudança tão drástica de cenário. Tive de me acostumar e aprender sobre minha nova espécie, meu pai já estava com a ideia fixa de viajar para o ‘Novo Mundo’, minha criação atrasou um pouco seus planos por motivos além do óbvio, eu também tive de aprender a falar inglês.

É claro que Bree e Fred já perceberam o sotaque texano de Jasper, o britânico de Carlisle e o italiano de Bella, só que Bree, por algum motivo não dera muita atenção nisso. Meu Deus, Bella tinha 174 anos, seu choque não foi tão grande quando pensava nos Romenos e nos Anciões Volturi, mas mesmo assim...

–Nem preciso dizer que... chegamos em má hora. Tivemos mais sorte que Jasper nesse sentido: não participamos das guerras, apesar de termos assistido a seu... clímax à distancia. Fomos espertos o bastante para ver que, se fossemos mais o norte poderíamos evitar os conflitos. Infelizmente, quando alguns bandos do sul... na tentativa de escapar ou a Benito ou dos Volturi também tiveram a mesma ideia, àquela altura já havíamos encontrado nossos primos e eles foram de uma enorme ajuda. E os Volturi interviram a tempo.

Fred percebeu Esme colocando sua cabeça no ombro de Carlisle, este estava tão consternado quanto Bella, por sua vez a vampira deu chance para Jasper retomar a fala.

–Fui transformado apenas em 1863 e fiz parte dos Bandos do Sul por 75 anos.

Jasper deixou Fred e Bree digerirem essa nova informação, assim como Bella os dois pareciam estar ainda mais pálidos. Suspirou.

–Acho que isso conclui todos os aspectos de nossa... história. Carlisle?

–Querem fazer uma pausa?

Não estavam cansados, nem de longe, mas depois de tudo isso, Bree nunca desejou tanto poder ficar inconsciente. Fred também parecia mais pálido, mas agora estava pensativo apesar de ainda parecer meio abalado, quando percebeu que ela o fitava, seus olhos carmesins percorreram seu rosto e ele se virou para Carlisle.

–Acho melhor continuarmos o resto mais tarde.

Carlisle apenas acenou.

Os Cullen dispersaram para vários locais da enorme casa enquanto Fred andava de um lado para o outro no quarto que fora dado a eles, Bree sentava no sofá enquanto repassava tudo o que aprendera na ultima hora.

Era tão ridículo que Bree conseguia até rir da situação. Patético como era tão ignorante e pelo visto, uma vez que Carlisle decidira lhes dar um tempo para processar tudo o que havia sido dito, ainda havia muito mais que desconhecia. Bufou.


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