Meu Amado Seboso escrita por paddyblack, maribocorny


Capítulo 3
Melhor que todos, melhor que eu


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo é da mari



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O trem não estava lá muito lotado, então eu consegui uma cabine toda para mim. Me estiquei e fiquei escondida atrás de um dos livros que tinha comprado no Beco Diagonal. Não demorou muito e eu ouvi uma batida na porta.

- Oi? – Disse uma menina com cachos absurdamente loiros. – Se importa se eu ficar nessa cabine?

Eu olhei para os lados e dei de ombros. Ela entrou e sentou à minha frente, com um sorrisinho animado no rosto.

- Eu sou Heather Von Tripper. – Ela disse, toda meiga.

- Kassandra Roman. – Eu respondi, apertando a mão da menina.

- E então? Primeiro ano, certo? – Ela falou, olhando para o meu casaco sem brasão.

- É. – Eu respondi, um pouco desconfortável, sorrindo amarelo. – Primeiro ano.

- Legal, eu também. – Ela disse. – Já tem uma idéia de qual casa?

- Hum, não, nenhuma. – Eu confessei. Heather parecia ser uma pessoa legal, eu lembro de ter pensado naquela hora.

- Em que casa os seus pais ficaram? – Ela me perguntou.

- Oh, não. – Eu ri. – Meus pais não são bruxos.

A cor do rosto de Heather desapareceu. Ela nem tentou disfarçar o espanto. Deixou o queixo cair uns centímetros e abriu bem os olhos.

- Eu preciso ir. – Ela disse. E foi.

Eu era nova, mas não era burra. Eu sabia o que estava acontecendo no tal mundo mágico, toda a retaliação aos bruxos de famílias trouxas. Mas o meu maior engano foi pensar que tudo terminaria com aquela menina me abandonando na cabine.

Cerca de meia hora depois que uma moça empurrando um carrinho de doces me vendeu Feijõezinhos de Todos os Sabores (que eu presumi que fossem ter gosto de jujubas, não de cera de ouvido) eu ouvi um novo baque na porta da cabine. E então mais um e um terceiro.

Assustada, eu fui abrir a porta. Senti um impulso me atingir e caí de costas no chão, sem conseguir me mexer ou falar.

- Foi uma péssima idéia você vir pra cá, Sangue-Ruim. – Ouvi um garoto dizer, mas não consegui vê-lo direito, porque... bem, vamos encarar, eu estava estatelada no chão. E um pouco apavorado também, porque nunca tinha experimentando a sensação de não conseguir mover um músculo.

Um outro garoto, de uns quinze anos, se ajoelhou ao meu lado, de forma que eu pude ver seu rosto. Os olhos fundos, a mandíbula quadrada e o nariz pontudo, empipocado de acne.

- Nós não gostamos quando Sangue-Ruins se metem na nossa escola. – Ele disse, mostrando a varinha ameaçadoramente. – Pense nisso na próxima vez que quiser se meter com magia.

Ele me deu um tapinha na bochecha e foi embora, junto com os outros. E eu fiquei ali, apavorada e azarada, sem conseguir mexer nem um dedo.

Horas se passaram até que alguém fosse verificar as cabines, avisando os alunos para colocarem os uniformes da escola. E passaram reto pela minha. Como eu estava caída no chão, quem passasse pelo corredor não me veria. Eu estava começando a pensar que ninguém me veria de qualquer forma, na verdade.

Quem me encontrou, felizmente antes do Expresso chegar a Hogwarts, foi uma garota ruiva.

- Aqui! – Ela disse, e abriu a porta. Uma menina morena, de rabo de cavalo, entrou logo atrás dela.

A ruiva segurou a varinha, nervosa, e murmurou alguma coisa em latim. As amarras do meu corpo pareceram se desfazer e eu comecei a tossir.

- Eu sou Alice. – A morena disse. – Essa é a Lily.

Nenhuma delas parecia ser muito mais velha que eu. A morena, Alice, me ajudava a levantar, enquanto a ruiva gritava para os corredores.

- Canalhas! Covardes! – Lily gritou mais alto ainda, e o rosto ficou da mesma cor que o cabelo.

- Kassie. – Eu tossi uma última vez, me apresentando.

Lily fechou a porta com força e desabou em um dos assentos.

- Faltou alguma cabine? – Alice perguntou.

- Não, olhamos em todas. – Lily balançou a cabeça. – Eles são... São... Ah! Patifes!

- Ano passado, fizeram isso com a Lily. – Alice me explicou. – Ela e mais uns dois alunos ficaram presos no trem. Esse ano nós nos dividimos e vasculhamos os vagões.

- Eles fazem isso porque são imbecis. – A ruiva acrescentou. – Nem todos em Hogwarts são assim, não se preocupe.

Era um tanto óbvio que nem todos em Hogwarts eram como eles. Algumas pessoas eram doces e gentis, como Alice e a própria Lily. Por algum motivo, na curta conversa que eu tive com ela antes de as duas voltarem para sua cabine, eu tive a impressão que Lily era muito nobre. Muito mais nobre que eu, pelo menos.


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Notas finais do capítulo

quem nunca teve raiva da lily-perfeitaa? ninguém? só eu? iiih... ^^

obrigada a todos pelos reviews. fizeram duas patetas-marotas bem felizes. =)