— I, vamos parando com o agarramento ai... - escutamos a voz do cara, mas ela era divertida, ele falou brincando, não tinha reconhecido a gente, mas preferimos continuar o beijo em vez de olhar no rosto dele e esperar pelo soco.

Eles passaram e dobraram para outro lado.

Alivio.

Lipe me olhou nos olhos.

— Desculpa Manu, foi preciso...

— Tudo bem... eu entendi... – sorri e ele também.

Ele pegou novamente na minha mão e sorriu outra vez, continuamos andando até chegar ao centro e encontrar Gabi e Rafa num banco se beijando. Eles nos olharam.

— Finalmente hein... achei que não sabia mais o caminho... - Rafa brincou.

— Não foi isso, nós encontramos o cara da boate pelo caminho. - Lipe contou.

Eles olharam assustados.

— E o que aconteceu? - Gabi perguntou.

— Nada... eu e a Manu... bem... ele não viu a gente... - Lipe deu de ombros.

— Menos mal...mas será que ele lembra de ti cara? - Rafa perguntou.

— Não sei mano... mas se lembrar e quiser briga, vai apanhar de novo...

Nós rimos, mas claro que eu e a Gabi estávamos preocupadas... voltamos e sentamos numa mesa, estávamos tomando refrigerante e comendo salgadinho. De repente vimos o cara outra vez e dessa vez ele viu a gente... A turma dele nos olhava e a gente olhava para eles, o tal amigo do cara falou alguma coisa pra ele no ouvido ele ficou olhando pro Lipe e depois pra mim. Ele veio em nossa direção, corrigindo, em minha direção, eu estava tremendo de medo, já imaginou ele chegar e me dar um soco na cara? Lipe se levantou.

— Calma ai cara... sem brigas... – O cara falou pro Lipe que voltou a sentar. - Meu nome é Sandro, olha... vim pedir desculpas. Aquele dia na boate, eu tava com uns problemas, bebi de mais, quase agarrei a garota ai a força e ainda briguei contigo que não tem nada a ver com meus problemas... – ele estendeu a mão pro Lipe.

— Tudo bem cara... desculpado... – Lipe apertou a mão do Sandro.

— E você? Será que pode me desculpar pela ignorância? – ele olhou para mim sorrindo.

— Tudo bem... desculpado... – retribui o sorriso mas logo olhei para outro lugar.

Ele se retirou depois de pedir outra vez desculpas pelo mal entendido. Alivio, foi isso que eu e com certeza o Lipe sentimos... afinal, a gente não queria nenhum inimigo num lugar tão legal...

Como estava tudo bem, ficamos mais um tempo ali, depois fomos para casa, já era tarde, bem tarde... chegamos e fomos direto para nossos quartos, Gabi e Rafa foram se agarrando e fecharam a porta. Eu parei na porta do meu quarto e Lipe na do dele, sorrimos.

— Boa noite, Manu.

— Boa noite, Lipe.

Fechei a porta do meu quarto, troquei a roupa e dormi. Dormi sorrindo.

Narrado por Felipe:

Beijei. Beijei ela outra vez. Dentro do labirinto, beijei, um beijo bom, com medo, tenso e ao mesmo tempo tão solto, tão ligado, tão indiferente ao fato do cara ter reconhecido ou não, nós dois. Só sei que quando deitei na cama sonhei com ela, só posso ter sonhado com ela porque acordei com um sorriso de orelha a orelha. Levantei, troquei de roupa e abri a porta do quarto, Manu abriu no mesmo instante a porta do quarto dela. Rimos porque isso tinha acontecido quase todos os dias na viagem. A gente ia dormir no mesmo horário e acordava no mesmo horário.

— Bom dia, Manu. - falei.

— Bom dia, Lipe. - ela riu.

Descemos e tomamos café. Domingo. Depois do almoço em família, nós quatro decidimos ir pra praça tomar sorvete. Estávamos sentados num banco, Rafa paparicando Gabi e eu e Manu como sempre de vela... mas só porque ela quer... O Sandro, mais três meninos e mais cinco meninas estavam por ali também, uma das meninas que estava com eles era a mesma de ontem a noite, quando eles passaram pela gente notei que ela ficou me olhando, mas eu não dei bola... Sandro veio até nós.

— E ai galera, tudo bem? - ele cumprimento.

— E ai, tudo... - falamos quase juntos.

— Você é o Felipe né? – ele olhou pra mim.

— Sou sim...

— Ela é tua namorada? – ele apontou pra Manu.

— Na.. não.

— Hum.. ta viu.... aquela lá de blusa rosa é a Betina, - ele apontou pra mesma menina de ontem - ela ta afim de ti e quer saber se tu não quer ficar com ela...

A Manu estava com uma sobrancelha erguida olhando para o Sandro e depois olhou para mim, ai ela abaixou a cabeça.

— Valeu cara... mas diz pra ela que... não vai dar. – Gabi, Rafa, Manu e Sandro me olharam, afinal aquela mina era super gostosa...

— Bom... você que sabe cara... – ai ele olhou pra Manu - Se você não tem namorado... será que posso te pagar um sorvete como pedido de desculpas pelo dia da boate?

— é... eu já tomei sorvete... mas valeu pelo convite... e não se preocupe, já esta perdoado. – ela sorriu.

Sandro voltou pra sua turma.

— Amor, é impressão minha ou o Sandro levou dois tocos? - Gabi fez cara de confusa.

— Não é impressão não... ele levou toco do Lipe e da Manu... - Os dois riram.

A Manu me olhou com um sorriso disfarçado.

— Por que será né amor...? - ela fez uma vozinha de ''anjinho''.

— Mas nem sei... - Eles estavam sendo irônicos. é.

Eu entendi o que eles queriam dizer, mas a Manu não entendeu bem eu acho... só olhou torto pra Gabi... Ou eu tava muito enganado, ou ela sentia o mesmo por mim. A noite voltamos pra casa, assistimos TV e fomos dormir, outro boa noite entre eu e a Manu e sonhei com ela, como todos os outros dias desde que a vi pela primeira vez na escola.