Narrado por Felipe:

Estava esperando a Manu, e quem apareceu? A Cristini. Perguntei o que ela fazia ali e ela falou que precisava me mostrar uma coisa. Escutei a voz da Manu chamar por mim.

— Lipe!

Não tive tempo de falar nada, a Cristini me agarrou e começou a me beijar, a Manu viu tudo, me soltei da Cristini, mas a Manu já estava no meio do morro, ela saiu de lá correndo, foi para a praia, eu estava correndo atrás dela, a vi correr para a rua, vi o carro chegar. Gritei, mas ela foi atropelada. Corri até ela me ajoelhei ao seu lado.

Narrado por Manu:

Ele chegou ali e se ajoelhou ao meu lado, vi que estava bem, o carro não vinha rápido, me levantei.

— Manu, o que foi isso? Porque você correu para a rua como louca? - Gabi chegou ali.

— Você esta bem? Vamos, vou te levar para o hospital. - o motorista do carro veio ali também.

— não, não precisa, eu estou bem, estou bem, eu preciso ir embora... preciso ir Gabi, tchau... - falei.

Atravessei a rua e continuei indo rápido para casa, eu chorava, não conseguia segurar, meu peito estava dilacerado, era como estar sendo cortada viva, era horrível aquele sentimento, aquela dor.

Narrado por Felipe:

Vi que ela estava bem e agradeci a Deus, se algo a acontecesse... eu matava a Cristini.

— Manu, espera! - falei.

Ela não me ouviu e sumiu na esquina. Meu coração estava doendo, eu me sentia totalmente culpado por aquilo, imaginava a dor dela, para ela ter tido aquela reação, só podia... só podia gostar de mim, será que ela estava apaixonada por mim ou só achou que eu queria zoar com ela? Afinal ela me viu beijando a Cristini, ou melhor acha que viu.

— Felipe, o que você fez? - Gabi me encarou.

— eu.. eu não fiz nada... ela viu a Cristini me beijando, mas eu não queria beijá-la, ela subiu o morro e me agarrou, ai a Manu chegou viu tudo e entendeu tudo errado, me ajuda Gabi.. por favor, conta pra ela...

Nesse momento Cristini chegou até nós.

— Lipezinho, porque você saiu de lá correndo?

— Cala boca sua vagabunda, pena que eu sou homem porque se não eu quebrava essa tua cara, sua vadia, nojenta, é melhor você se manda antes que eu esqueça que você é mulher!

— Mas o que eu fiz? E duvido que me bata, porque é homem!

— Ele pode ser homem, mas eu sou mulher!

A Gabi grudou um tapa na cara da Cristini que a fez cair no chão, ela começou a chorar e a Gabi pulou em cima dela e a socava.

— Você é mesmo uma vagabunda, eu vou quebrar essa tua cara de vadia, sua cobra invejosa, você é uma puta! Vai estraga a vida da tua mãe sua cadela e deixa minha amiga e meu irmão em paz!

A Gabi estava enchendo a Cristini de tapas e socos, até que um guarda veio e a tirou de cima da Cristini.

— chegou as duas, vamos parando antes que eu leve todo mundo pra cadeia!

A Gabi ainda deu um ponta pé na Cristini.

— isso não vai ficar assim! Não vai mesmo. - Cristini ameaçou.

— Se manda! E meche com a Manu ou com a Gabi pra vê, porque ai eu esqueço que sou homem e quebro tua cara sua vadia. - falei.

A Cristini foi embora, eu a Gabi e o Rafa voltamos pra casa, pelo caminho a Gabi tentava entender o que havia acontecido, eu tentava explicar mas não conseguia, eu precisava chorar, mas não ia fazer isso ali na rua. A Manu deveria estar pensando tanto coisa, ela nunca ia me perdoar... Meu Deus me ajuda eu pedia.! Chegamos em casa e eu subi pro meu quarto, o Rafa tinha ido embora, fechei a porta e comecei a chorar. Essa história de que homem não chora não é verdade... ta certo que é difícil, mas todo homem chora, ainda mais quando dói como tava doendo. Eu queria ver a Manu, tocá-la, sentir seu cheiro, isso já era difícil assim, agora ia ser impossível, ela nunca mais ia falar comigo... E se ela desistisse da viagem? Ela precisava saber a verdade... depois peguei no sono.

Narrado por Manu:

Quando cheguei em casa fui direto para o chuveiro, fiquei um tempão por lá pensando no que tinha visto, ele não me amava, eu era só mais uma na lista dele... Depois que sai do chuveiro deitei, dormi. No domingo acordei com o olho ainda inchado, levantei, me lavei coloquei um moletom azul fraco, uma calça jeans, minhas pantufas, fiz um rabo de cavalo e deitei no sofá, fiquei olhando desenho a manhã toda, depois do almoço a Gabi me ligou:

— Amiga, tudo bem?

— Tudo sim...

— Manu, eu preciso te contar uma coisa, vem aqui em casa?

— Não sei... vem você aqui... é melhor...

— Não, venha aqui amiga, to te esperando. Beijo.

Ela desligou e não tendo escolha fui trocar a roupa. Coloquei outro jeans, uma blusinha preta meu Nike rosa e preto, soltei o cabelo e passei um make levinho. Desci e sai, fui para a casa da Gabi rezando para o Felipe ter saído, cheguei lá e ela atendeu a porta. Subimos e ficamos no quarto dela, a porta do quarto do Lipe estava fechada, ele estava ouvindo uma musica em inglês, que é super romântica, é linda, fala de um cara que morre e ai a namorada dele vê a noticia no jornal, ela fica desesperada e ele está ali com ela mas em espírito vendo tudo, ela sai com o carro e ele tenta impedi-la mas não pode evitar e ela é atropelada, ela morre e os dois se encontram em espírito e se abraçam (Nickelback - Someday), sentamos na cama e ela começou a conversar comigo.

Sabe quando você me ajudou com aquele lance do Rafa e da Cristini? - assenti com a cabeça - Pois é... o Lipe me contou o que aconteceu, a Cristini viu o bilhete, deve ter lido ele naquela hora que ela estava la nas bolsas, lembra?

— aham...

— Pois é amiga, o Lipe não beijou ela, ela que agarrou ele, assim como fez com o Rafa, e o beijou e bem na hora você chegou.

— Gabi... eu não sei se posso acreditar nisso... até porque isso é ele que falou...

— Isso porque você não viu como ele falou com ela, só faltou bater, mas ele é homem né... e ai eu fiz o trabalho por ele e por você. - ela sorriu.

— Como assim? - falei confusa.

— Eu quebrei a cara daquela vadia!

— Jura? - dei risada - que bom! Eu to com tanta raiva daquela cobra invejosa!

— Pois é Manu, então... porque você não dá uma chance pro Lipe ao menos se explicar...

— Eu não sei Gabi...

— Manu, o Lipe passou a noite toda chorando. E nem desceu pra almoçar...

— Porque? - perguntei surpresa, Gabi me encarou.

— Eu acho que ele te ama.

— Gabi... - falei negando com a cabeça, ela estava louca, o Lipe gostando de mim? Nunca.

— Ele ta ouvindo Nickelback Manuela! E você acha que ele ouve isso normalmente?

— Ok... eu vou falar com ele sobre isso... mas hoje não... eu ainda não tenho certeza do sentimento dele, nem do meu. E tem outra, se ele quiser ficar com a Cristini o problema é dele, eu não sou namorada dele pra ter o ataque que eu tive...

Eu e a Gabi descemos e fomos olhar um filme, ficamos lá enroladas numa coberta porque tava um pouquinho frio, logo o Rafa chegou e como nós estávamos vendo filme ele subiu e foi ver o Lipe.

Narrado por Felipe:

Não ouvi a Manu chegar, porque se não tinha ido falar com ela. O Rafa chegou e subiu no meu quarto, bateu e entrou.

— E ai irmão? Beleza? - ele cumprimentou.

— Uhum... - falei sem vontade nenhuma.

— Ta mal né cara?

— Nem fala...

— Mas você já falou com ela? - Rafa perguntou.

— Não... nem sei se ela vai aparecer aqui hoje.

— Ela ta lá em baixo com a Gabi olhando filme. - Ele deu de ombros.

— Sério? - levantei na cama num pulo.

Desci com o Rafa, vi ela rindo com a Gabi de uma palhaçada do filme, ela se virou e me viu, parou de rir.

— Manu... eu preciso... falar contigo.

— A gente não tem nada pra conversar, você faz o que quiser da sua vida... eu não tenho nada a ver com isso, só não sei porque me mandou subir lá? Pra te ver beijar a Cristini?

— Mas não foi isso que aconteceu...

Minha mãe chegou na sala e falou para mim ir comer alguma coisa porque eu não tinha almoçado, a Manu voltou a olhar TV e eu não continuei o assunto, fui comer porque tava morto de fome. O Rafa foi comigo.

— Quer sabe cara, eu to de saco cheio. Eu não tenho que ficar me explicando pra mina nenhuma. Vou deixar quieto.

— Você que sabe mano.

Comemos e depois eu sai para dar uma volta, o Rafa ficou com a Gabi e com a Manu.

Narrado por Manu:

Lipe almoçou, depois ele saiu todo arrumado, eu fiquei vendo TV com a Gabi e o Rafa. Mais tarde decidimos sair. Saímos e fomos para a praça, logo vimos o Lipe lá, ele estava com os outros amigos da escola, mas a Cristini não estava lá. Eu e a Gabi ficamos conversando em um banco e o Rafa foi lá com o pessoal um pouco, depois voltou. Mais de tardinha fomos embora, fui pra minha casa e dormi, amanha era segunda da ultima semana antes das férias! E a viagem? Será que eu ainda iria? Será que a Gabi estava certa? A Cristini tinha mesmo beijado o Lipe? Fiquei com esses pensamentos na cabeça resolvendo o que faria, depois de um tempo adormeci.

Segunda-feira, ultima segunda antes da férias, nossa que bom, eu adorava a escola, mas é preciso um descanso no meio do ano... Levantei fiz minha higiene, coloquei um jeans, uma blusinha de um ombro branca, meu Nike, e saí. Fui para a escola com a Gabi e o Rafa, o Lipe estava atrasado e iria depois. Eu fiquei um pouco triste porque achei que ele não queria encontrar comigo, mas logo afastei esses pensamentos afinal, eu não tinha beijado ninguém! Cheguei na escola e fui para a sala, o Rafa ainda ficou com a Gabi, logo o Lipe chegou e sentou atrás de mim. Eu ia virar para falar com ele e nós dois falamos juntos:

— Lipe – falei e ele ao mesmo tempo disse meu nome.

— Fala... - Lipe disse com um meio sorriso.

— Não.. pode falar... - retribuí o sorriso.

— Olha, o que você viu na pedra... não era pra ter acontecido aquilo... ela que me beijou.

— Ta... mas olha.. tudo bem... mesmo que você tivesse beijado ela, eu não tinha porque dar um ataque e quase ir para o hospital...

— desculpa? - ele falou pegando na minha mão por cima da classe.

— mas você não precisa me pedir desculpas...

— é que... que... ta ok... mas podemos voltar a nos falar.. to com saudade das tuas cortadas... - ele disse passando as mãos nos cabelos e dando um sorriso torto lindo.

— Ok. - falei e dei risada.

— então, vai na viagem com a gente?

— vou... vou sim. - Sorri. - Vou ter que te aturar mas fazer o que né...

— valeu hein. - ele riu.

A aula passou super rápido, o recreio também... eu passei o intervalo com a Gabi, o Rafa e o Lipe... A Cristini nem veio na aula... nem na segunda, nem na terça e nem no resto da semana. A semana custou passar, mas logo chegou a quinta. Nós três estávamos super ansiosos já, afinal, amanha seria o ultimo dia de aula e o primeiro da viagem!