Férias Insanas escrita por flamells


Capítulo 4
3. ISSO É SÓ O COMEÇO


Notas iniciais do capítulo

let's go!



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Passamos uma hora, ou mais, correndo e tentando nos disfarçar ao mesmo tempo. Eu já estava completamente perdida naquele lugar. Sentamos em um dos poucos baquinhos vazios, na calçada.

- Assim que eu conseguir respirar novamente irei espancá-lo até a morte. - Alice falava ofegante, ameaçando Roney.

- Pode deixar amiga, eu mesma quero fazer isso. – Encarei Roney, enfurecida.

- Vocês deviam começar a beijar o chão em que piso, isso sim. Eu quem salvou a vida de vocês, suas más. Morram! – Roney se abanava com um leque, resolvi não perguntar de onde ele tirou aquilo. Sabia que me arrependeria depois.

- Salvou?! – gritei, - E se fossemos pegos pela polícia? Ou coisa pior! Sem contar que eu tropecei e cai umas cinco vezes até aqui. Estou começando a considerar aquela sua história de ficar por Paris mesmo. – falei exausta.

- Bem que eu gostaria de ficar por aqui e desfrutar dessas coisas perigosas e divertidas que a vida nos proporciona. Mas, como eu salvei vossas vidas, estão comigo até o talo, candangas. – Assim que Roney terminou de falar, Alice voltou a choramingar e eu comecei a contar para não voar no pescoço de ninguém.

Contudo, esse não era o momento de castigar Roney, tínhamos que arrumar um jeito para voltar até o hotel.

- E então Roney, qual a sua brilhante idéia agora? – ergui uma sobrancelha em sinal de sarcasmo.

- Vamos “alugar” uma bicicleta de passeio. – respondeu, fazendo aspas com os dedos na parte do alugar.

- Roubar uma bicicleta? Você é o que?! Um criminoso é isso?! Primeiro quase deixamos um taxista cego, agora vamos roubar uma bicicleta... – levantei-me do banco. – Deus! O que eu te fiz para me castigares dessa forma? – falei, olhando para o céu nublado.

- Perguntinha. – Alice ergueu seu dedo indicador, como se fosse pedir algo a um professor, na escola. – Como vamos fazer isso sem sermos pegos? Se a resposta for convincente, eu topo! – arregalei os olhos com o que ela acabara de falar.

- Céus, será que só eu tenho juízo neste grupo. Alice! Não acredito que você está dando ouvidos a um absurdo como esse. - Tentei repreende-la, que apenas deu de ombros.

Enquanto isso Roney batia palmas, como se aceitação de Alice à sua idéia fosse a melhor coisa do mundo.

- Mon chèri, estou parecendo um trapo. E por um banho e outra roupa, em uma hora como essa, eu topo de tudo. – falou fazendo uma careta.

- Pensando por esse lado... – neste instante meu estomago clamou por comida. Roney me olhou com uma sobrancelha arqueada.  – O que?! A última vez que eu comi foi no avião, a quase 24horas. Não sei como ainda não desmaiei. –refleti.

- Eu não disse nada... – Roney deu uma risadinha. – Então topam minha idéia? – Seus olhos brilhavam a espera do nosso sim. 

Alice concordou rapidamente e eu muito relutante aceitei. Mesmo sabendo que me arrependeria, e muito, mais tarde.

- Qual o plano? – Alice perguntou, assim como o meu seu estômago roncou tão alto que parecíamos duas britadeiras ambulantes.

Roney nos explicou todo o plano enquanto caminhávamos para o local onde Alice havia visto um lugar onde se alugava as tais bicicletas.

 “Alugaríamos” duas bicicletas de passeio, uma com dois lugares e uma normal. Fiquei responsável por distrair a pessoa que alugaria enquanto eles pegavam as bicicletas, disfarçadamente. Claro que depois nós devolveríamos, acho.

- Certo, mas como acharemos o caminho certo para o hotel? – Era uma pergunta que precisava ser feita. Pois eu continuava mais do que perdida.

- Memória fotográfica meu bem. – Alice apontou para sua testa. – Decorei todo o caminho que fizemos até agora. Qualquer coisa, perguntamos. – disse me virando as costas. Como se falasse a coisa mais óbvia do mundo.

- Ah claro! Vamos abordar os franceses e perguntar: Olá, somos turistas e estamos passeando por aqui. Mas aconteceu um imprevisto e tivemos que roubar essas bicicletas. Para poder devolvê-las temos que encontrar o hotel em que estamos. Você sabe onde fica? – Carreguei minha fala com ironia. – Seremos presos na certa!

Eu estava convencida de que essa seria a coisa mais surreal e imbecil que eu já poderia ter feito. Mas algo me dizia, lá no fundo, que coisas muito piores estavam por vir.

- Credo, que garota pessimista. “Sai pra lá coisa ruim” – Roney fazia uma cruz com os dedos, em minha direção. – Relaxa mundiça, vai dar tudo certo. Eu acho. – falou a ultima frase só para ele, mas eu ouvi. E encarei-o chocada.

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Saímos em busca do local onde se alugava as tais bicicletas. As pessoas passavam por nós na rua e nos encaravam com desprezo, provavelmente por estarmos parecendo três maltrapilhos.

Por fim encontramos o tal lugar, se tivéssemos ido caminhando para o hotel seria mais rápido, sem dúvidas. Cheguei perto do atendente, que por sorte não era tão mais velho que eu e nem tão feio.

Aproximei-me dele, sozinha, e perguntei com muito esforço em espanhol quanto custava o passeio. Ele respondeu algo em francês, bem provável que tenha dito que não falava minha língua. Enquanto isso, Alice e Roney vinham por trás do rapaz, escondendo-se entre as bicicletas. Perguntei-me como ninguém havia as roubado ainda. Mas logo mais vim a descobrir que o aluguel era pago antes que a pessoa levasse a bicicleta, e que alguém da “empresa” iria junto.  

Consegui todas essas informações com o rapaz, que por sorte sabia falar inglês. Fiquei admirada com minha capacidade.

Assim que percebi que o atendente tentava flertar comigo resolvi ceder às suas tentativas. Assim eu o distrairia mais facilmente.

Quando finalmente Alice e Roney conseguiram pegar as bicicletas acabaram derrubando uma terceira. O garoto ameaçou olhar para trás, mas eu totalmente sem pensar puxei-o para um beijo digno de cinema. Eu jamais fizera tamanha estupidez na minha vida, contudo a situação era precisa. Empurrei o garoto com força e sai correndo, deixando-o com cara de tonto, indo ao encontro dos dois retardados no lugar combinado.

- Mas o que foi aquilo Senhor Amado? Você mal se esqueceu do gato do avião e já parte para cima de um francês? Quem te viu e quem te vê heim mundiça. Quando chamo de “imã de bofe” você faz careta. Sempre soube que por trás desse jeito certinho havia uma gata selvagem. – Roney sempre com seus inúteis comentários.

- A-MI-GA! – Alice chegou saltitando ao meu lado. – Eu não conhecia esse seu lado diva. De onde veio tanta coragem para fazer aquilo?

 Eu não tinha resposta para essa sua pergunta, também me perguntava a mesma coisa.

- Vocês têm que me agradecer e muito. Caso contrário nossos pais teriam que vir à Paris nos tirar da prisão. –resmunguei.

- Ok. Vamos sair daqui cambada. Antes que o gatinho da Bella se de conta que foi roubado. – começamos a rir. Alice olhava de um lado para o outro.

Roney foi com Alice, na bicicleta de dois lugares, alegando não saber andar. Fui sozinha. Tentamos agir normalmente, óbvio que não dava certo já que olhávamos para todos os lados. Uma hora dessas já estávamos sendo procurados pela polícia, definitivamente.

Alice nos guiou perfeitamente até o hotel. Já se passava do meio-dia, teríamos que almoçar ali e depois só Deus sabe onde iríamos parar. Mas tínhamos que devolver as bicicletas.

- Já sei! Como não pensei nisso antes...- Alice parecia pensar alto, bem alto.

- Estou fora, seja lá o que for. Os planos de vocês só nos meteram em problemas até agora. – clamei por piedade.

- Pois eu estou dentro. Faço de tudo para não ser preso em Paris. Isso acabaria com meu glamour. – Roney lixava as unhas e lia uma revista, que tinha trazido consigo.

- Tenho uma prima que está aqui em Paris, talvez não seja tão longe daqui. Posso ligar para ela e perguntar se podemos passar alguns dias lá na casa dela. - Alice parecia empolgada com a idéia

  Eu sabia que sua prima morava em Paris, ela era modelo e estava fazendo alguns trabalhos na cidade. Contudo decidimos não ficar em sua casa, seria compromisso demais.

- O que?! Você tem uma prima que mora aqui e queria me fazer passar uma semana nesse muquifo? – Roney apontou para as paredes do restaurante, se referindo ao hotel. – Queime mundiça, queime! – esbravejou.

Resolvi ignorar de uma vez por todas as crises de Roney e me focar na conversa com Alice.

 - Claro! Se ela deixar que fiquemos lá, óbvio. Então podemos fazer uma ligação anônima, daqui hotel, para a polícia falando sobre o paradeiro das bicicletas. – estranhei minha idéia. Estava pensando como uma foragida, talvez a essas alturas eu fosse mesmo.

Subimos ao nosso quarto e Allie foi direto tentar falar com sua prima, enquanto Roney e eu conversávamos amenidades. Passaram-se dez minutos e Alice se aproximou, com um largo sorriso de satisfação.

- Arrumem as malas, partiremos em instantes. – Assim que disse isso ela e Roney começaram a pular e bater palmas, comemorando. Suspirei aliviada, finalmente uma boa notícia. – Falei com ela, Rose disse que está de férias e que iria me ligar amanhã para perguntar se poderia se juntar a nós nessa viagem. Então respondi que era óbvio que sim, e aproveitei e perguntei se podíamos ficar lá. Ela disse que sim, como já falei, e que nos aguarda.

Alice havia se acalmado de seu momentâneo surto de alegria, porém Roney ainda cantarolava a música dos Sete Anões, de Branca de Neve, ao seu estilo. Claro.

- Eu vou, eu vou, eu vou brilhar em Paris agora eu vou, eu vou...- Ele saltitava pelo quarto, arrumando suas malas. Balancei a cabeça para os lado, pra tentar excluir essa  cena de minhas memórias e voltei minha atenção à Alice.

- Vou ligar para a recepção e pedir para que chamem um taxi, e dessa vez cada um fica responsável pelo seu dinheiro. – Falei, olhando para Roney. E o indivíduo fingiu que não era com ele.

Fui fazer a ligação, enquanto Allie e Roney conversavam sobre alguns estilistas, assim que desliguei o telefone ouvi ele perguntar de alguém, provavelmente de Rose.

- Quantos anos sua prima tem? Como ela é? O que ela faz? – Era incrível como Roney tinha que saber tudo, sempre.

- Ela tem vinte anos, é linda, loira, alta, superligada em moda, e as vezes parece viver no mundo da lua. Ela é modelo e vive cercada de gato. – Allie respondia suas perguntas da forma mais realista possível.

Eu não saberia descrever Rosalie de outra maneira. Éramos muito amigas antes dela precisar viajar para fora do país, dois anos atrás.  Vivíamos sempre juntas, apesar de ela ser mais velha Alice e eu dois anos.  Apesar da idade, eu ainda conseguia ser a mais coerente do grupo. Alice tem uma cabecinha de borboleta e Rose é muito desligada. Me pergunto como ela ainda consegue manter esse emprego.

- Ai achei minha alma gêmea!- Exclamou Roney, com os olhos brilhando de felicidade.

- Achei que você fosse gay. – Não consegui segurar a pergunta, quando vi já havia feito-a. Acabei por entrar na conversa.

- Mas é claro que eu sou, e com muito orgulho. – Fingiu jogar seu cabelo para trás. – O que eu quero dizer, catiroba burra, é que encontrei alguém parecido comigo  e isso é raro. – Começou a rir, e nós o acompanhamos.

- Voltando ao assunto principal: acho que já devemos descer. Ainda temos uma denúncia à ser feita. – Alice finalizou sua frase com uma risada maléfica e arregalou os olhos para fazer mais efeito. Confesso, deu medo.

- Certo, bem eu já estou pronta. Lice, você está? – ela confirmou, olhei para Roney. E você? – ele também assentiu. – Lembrou de pegar o dinheiro? – perguntei sarcástica e em resposta ele me mostrou o dedo médio. Alice riu e eu rolei os olhos em desaprovação.

- Roney, você foi a pior coisa que nos aconteceu nessa viagem. – falei e Allie confirmou. – Mas acho que sem você isso seria monótono demais. – tentei parecer um pouco emotiva.

- Eu sempre soube que lá no fundo vocês me amavam. –disse secando uma lágrima invisível, com seu lenço rosa. Correndo para nos abraçar.

- Só não sem empolga muito. –falei, dando um tapa na testa do pobre coitado, que acabou caindo estatelado no chão. Fazendo com que eu desatasse a rir.

- Raxa, juro, que se você me bater de novo eu te processo. Uma bixa não aguenta tanta humilhação... - Roney se fazia de vítima. Viado sem vergonha.

Descemos até a recepção do hotel, enquanto eu “fechava” a nossa conta, Alice fazia a denúncia e Roney fazia o taxista de escravo, o pobre coitado teve um grande trabalho em arrumar espaço para todas as nossas malas e o viado não ajudou.

Finalmente tudo saiu como esperado, a sorte estava incrivelmente do nosso lado agora. Passamos o endereço do prédio de Rose ao motorista e seguimos viagem.

- Atenção senhores passageiros, próxima parada Zona Norte de Paris! Ai que sonho! – Roney quicava de felicidade, no banco do carro.

Eu já não estranhava mais esse seu tipo de reação exagerada, mesmo que tivesse convivido apenas um dia com ele, Roney é sempre Roney. Ele não tem limites.

- Então, pelo que posso ver nosso passeio pela cidade ficará para amanhã. Já que perdemos a manhã e metade da tarde criando planos mirabolantes para escapar da polícia. –fui realista em meu comentário.

- Mas a tarde só está na metade e ainda temos a noite. Vamos ter que fechar esse dia com chave de ouro. Nós merecemos um pouco de diversão depois de tudo o que passamos, não é mesmo Rô?! – Era óbvio que Alice não desistiria de sua noite com uma balada, a baixinha não tinha sossego.

- Falou e disse amiga! – Ela e Roney fizeram um cumprimento estranho, e só deles, resolvi prestar atenção na estrada antes que começasse ficar igual aos dois. Além do mais alguém tinha que usar o cérebro neste grupo.

Logo que o carro estacionou, vi o prédio deslumbrante em que Rose estava morando. Roney já foi logo saltando do taxi e gritou para que pagássemos. Pelo canto do olho vi minha amiga resmungar algo inaudível, possivelmente xingando ele.

- Não, para tudo! Eu não consigo acreditar que vocês trocaram isso – apontou para o luxuoso prédio. – por aquela gaiola de ralé. São muito burras mesmo, tenha dó.-Roney ainda não havia se conformado com a idéia de não termos vindo direto para o apartamento de Rosalie, logo que descemos do avião.

- Se você falar isto mais uma vez, eu juro que vou arrancar isso que você chama de cabeça. – Ameacei-o, enquanto ele me encarava com desdém.

- Certo, vamos subir logo. – Alice choramingou.

Rosalie já havia dito ao porteiro que nós estávamos autorizados a subir, portanto passar pelo homem não foi problema. Subimos no elevador e paramos no 20º andar, o andar de Rose, encontrar seu apartamento fui a coisa mais fácil do dia.

- Amigas! – Rose gritou assim que abriu a porta. Abraçou Allie e eu fortemente, não se dando conta que estávamos acompanhadas. Logo que notou a presença de Roney gritou, provavelmente assustada com a roupa dele. – O que é isso? – no perguntou, apontando para ele.

- Acredite eu fiz a mesma pergunta quando vi... – Alice provavelmente se lembrou de quando Roney chegara em sua casa.

- Sai da frente, - nos empurrou e ficou de frente para Rose. – prazer sou Roney com “y” no final. Futuro ícone do fashion Word. - Dando uma risadinha para completar.

- Er, prazer Rosalie Brandon Hale, prima de Alice. E sou modelo. – respondeu fazendo uma cara estranha sem compreender nada. Resolvi explicar.

- Roney foi despachado para cá conosco. – simplifiquei, dando de ombros.

- Ah ok. - disse, mas ainda parecia estar processando a informação. – Certo, agora posso saber o por quê de vocês virem para cá? Não entendi muito bem Alice no telefone.

- Fácil. Alguém nos meteu em problemas desde o momento em que saímos da cama, hoje. – Falou Alice, olhando para Roney.

- Se me amas porque me xingas? – o descarado disse, ofendido. O olho esquerdo de Alice tremeu e ele se encolheu atrás de mim. – Ai sai garota, credo. Bipolar! – ele ainda tirava sarro da situação.

- Me empresta o telefone amiga? – Me dirigi à Rose. – Vou ligar para a polícia e dizer que há um foragido tentando se esconder aqui. – Quando terminei de falar, mandei um olhar maligno para ele. Alice disse um obrigada mexendo os lábios e Roney se jogou aos meu pés.

 - Não! – gritou ele. – Você não pode fazer isso comigo, – lhe mandei um olhar desafiador. – por todas as grifes famosas. Eu lhe imploro. – fingia chorar, de joelhos na minha frente. –Por favorzinho? – pediu me fazendo rir. É claro que eu não faria isso com ele.

- Desta vez passa, mas apronte mais uma e esse seu showzinho não vai adiantar em nada. – sai de perto dele.

- Ai eu sabia que você me amava, mundiça, eu sabia! – Roney levantou e veio me abraçar, dei uma passo para o lado e ele deu com a cara na parede. Alice já rolava no chão de tanto rir e Rose olhava e pela cara que fazia não entendia nada.

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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, mil beijinhos.



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