Mais tarde na
mesma noite, marquei de me encontrar com Sammy na praça próxima a escola, um
dos lugares preferidos dos vampiros, pois era onde os casais se encontravam ao
anoitecer pra namorar. Estava eu sentada em um dos balanços com meu punhal em
mãos, apenas aguardando que algum dos malditos desse com as caras. Entediada já
desde ás oitos horas da noite, sem o aparecimento de nem um misero vampirinho
pra eu acabar com ele, e nem Sammy havia aparecido ate então, me deixando a
sensação de não teríamos aquela conversa.

_Vampirinhos?
Aqui vampirinhos apareçam... –[Dizia
eu esperando que algum deles ouvisse e aparecesse pra me distrair um pouco].

Nada de nada.
Nem vampiros, nem o Sammy. Já eram mais de onze horas, provavelmente ele não
viria mais. Logo ouço passos atrás de mim, vindo de entre as arvores, quando me
viro toda empolgada pronta pra uma bela luta, vejo que era Crowley.

_Ainda por
aqui? –[Diz ele]

_Não, to em
casa, isso é só uma ilusão de ótica! –[Respondo
como sempre sarcástica].

_Eles não vão
aparecer hoje...

_Não? Por quê?
Como você sabe?

_Só um
palpite... –[Responde ele, se
aproximando dos balanços e se escorando na barra de ferro] Eles já sabem que você estará aqui aguardando, não seriam tão idiotas
de voltar aqui...

_É, logo
hoje... –[Falo baixinho baixando a cabeça e girando o punhal
entre os dedos].

_Você ta bem?

_Eu que devia
perguntar, depois da sua mudança de humor repentina de hoje mais cedo...

_Estava
preocupado...

_Eu sei, mas
isso não ajuda nada... –[Olhei pra ele]. Você entrar em crise.

_Voltei a casa
de Dimmy depois que te deixei em casa... –[Ele
fala enquanto olha ao redor, apenas com os olhos].

_E...?

_Ele vai ate
minha casa, daqui a dois dias... E quer que você e Sarah estejam lá...

_Imagino que
não seja pra uma festinha...

_Ele acha que
como Bethany se comunicou com a SARAH através de um  ritual. Talvez seja o melhor jeito de tentar
contato.

_Por que não
tenta um celular?!

_Não tem
graça... –[Ele me olha serio
depois baixa a cabeça].

_O que foi? Ta
com aquele olhar estranho de novo?

_Preciso ser
sincero com você... –[Ele continua
falando mas sem olhar pra mim, apenas com o olhar meio perdido, em direção ao
chão, enquanto sua mãos segura a barra de ferro do balanço]. Não sei se to pronto pra enfrentar isso...

_Como assim,
não ta pronto? Eu não to pronta...

_Não fui
treinado pra isso Harley... –[Dessa
vez ele me olha] Fui treinado pra matar
vampiros, e nisso eu sou muito bom... Mas demônios... Acho que vai ser um pouco
de mais pra mim...

Neste momento
me levanto guardando o punhal na cintura, e caminho ate ele, passo por baixo
dos ferros do balanço desviando a cabeça, parando na sua frente e digo olhando
em seus olhos:

_Você não pode
me dizer isso... É meu guardião... Preciso de você, preciso que esteja do meu
lado, que me diga que vai ficar tudo bem, que tenho força suficiente pra
encarar isso...

_Você quer que
eu minta pra você?

_Se isso for
ajudar sim, eu quero! Crowley... Eu não to numa boa com isso, na real ainda nem
caiu a ficha... Mas se eu tiver que fazer isso, se eu for a única que posso
fazer... Eu vou... O que você espera que eu faça com essa sua atitude?

_Você devia
fazer a coisa mais inteligente... Se esconder... Quando esse demônio souber
quem você é, quando ele souber que você foi escolhida pra terminar o trabalho
da Bethany. Ele vai vir direto pra cima de você, sem dó nem piedade...

_Fugir...? Me
esconder...? Essa é sua resposta? E o que aconteceu com aquela historia de que
eu não tinha escolha, que esse era meu destino, lutar contra essas coisas, por
mais difícil que parecesse...?

_Isso é
diferente...

_Por que? Você
tem noção de quantas pessoas vão sofrer se eu ficar parada sem fazer nada?
Crowley meu trabalho é proteger essas pessoas, eu não vou ficar de braços
cruzados enquanto vejo essas coisas acontecendo...

_E se eu não
puder proteger vocÊ?... –[Ele se
aproxima um pouco mais de mim, e passa os dedos sobre meu rosto, colocando meu
cabelo atrás da orelha, e me olhando nos olhos com ar preocupado]. Não quero que você se machuque...

_Então fica
comigo... Fica do meu lado, eu não posso fazer isso sem você...

_Harley... –[Me viro e vejo Sammy me olhando, parado em pé
próximo aos balanços] O que ta
acontecendo?

_Sammy? –[Crowley afastava sua mão do meu rosto, enquanto
baixava o olhar e virava para o outro lado].
Eu estava esperando você, achei que não viria mais...

_Pelo jeito
você não se importou muito com isso... –[Diz ele seriamente olhando para Crow].

_O que? –[Me aproximo dele].

_Talvez eu nem
devesse ter vindo... –[Ele se vira pra
ir embora, mas eu o seguro pelo braço].

_Sammy, espera
do que ta falando? Eu chamei você aqui pra gente conversar, eu acho que te devo
um pedido de desculpas...

_Eu vou
embora... –[Diz Crowley logo
atrás].

_Não, por
favor fica... Eu não quero atrapalha a conversinha de vocês... –[Responde Sammy visivelmente enciumado olhando pra
Crowley, que permanece ali].

_Sam? Pára com
isso, o que deu em você?

_O que deu em
mim? Primeiro você me dispensa daquele jeito na biblioteca, fica dias sem me
procurar, e agora isso... –[Ele
fala em voz alterada enquanto levanta o braço, apontando a mão na direção de
Crow].

_Sam não grita
eu não sou surda, e eu não sei do que você ta falando... Alem do mais eu te
procurei sim, mas você não apareceu na escola...

_Tentou me
ligar? Ou você tava ocupada de mais pra lembrar o numero?

_Talvez, eu
tenho um trabalho pra cumprir caso você não se lembre....

_Eu to vendo o
tipo de trabalho que você anda fazendo...

_O que você ta
insinuando?

Crowley agora
estava parado atrás de mim, encarando Sammy. Que indignado com isso vai alem na
discussão.

_Eu não preciso
insinuar nada, eu to vendo... –[Ele
ergue a voz outra vez].

_Ela disse pra
você não gritar... –[Diz Crowley].

_Como é? –[Sammy se inclina pra frente como se fosse peitar
Crowley pra uma briga]. O que você vai
fazer?

_Sammy pára...
–[Eu o seguro colocando
minhas mãos sobre seu peito, enquanto ele e Crow se encaram]. Crow por favor, eu cuido disso...

_Quer saber,
você tem razão Harley... –[Sammy me olha
bem nos olhos ele parecia decepcionado ]
Eu to fora... Não da mais pra mim, se você prefere ele, ótimo... Eu vou
nessa...

_Sammy? Não
faz isso... Sammy volta aqui...

Ele se vira e
começa a caminhar em direção a calçada...

_Sammy?
Droga... Sammy?

Crowley coloca
suas mãos nos meus ombros enquanto vejo Sam descer a calçada e atravessar a
rua. Eu sabia que ele não ia voltar, e também sabia que aquela provavelmente
seria nossa ultima conversa... Me senti extremamente infeliz, tudo aquilo na
minha cabeça e ainda mais isso... Apesar de ter noção de que o ciúme dele em
relação ao Crow estava sendo ridículo, eu ainda tava me sentindo culpada... Mas
não ia ficar correndo atrás dele tentando explicar uma coisa que não havia
acontecido... Se ele queria tirar suas próprias conclusões que tirasse então.
Senti uma vontade enorme de chorar, me virei para Crow que me olhou logo nos
olhos, antes dele dizer qualquer coisa eu me abracei a ele.

_Ta
acontecendo... Todos que eu amo estão se afastando de mim, ou morrendo... Isso
é uma maldição Crow, uma maldição...

_Eu sinto
muito... –[Ele me envolve em seus
braços] A culpa foi minha...

_Não... –[Ergo a cabeça olhando-o] A culpa não é sua... Não é sua... –[Me abraço novamente a ele]. A culpa é minha, não consigo conciliar
minha vida com tudo isso...

_Ninguém
consegue...

_Crowley eu
preciso que você fique do meu lado...

_Eu vou ficar...
Vamos enfrentar isso juntos...

_Não quero
ficar sozinha...

_Voce não
vai... Eu to aqui... Não se preocupe...

Ele me olha
bem nos olhos, enquanto eu enxugo minhas lagrimas.

_Nem pense em
me deixar sozinha... Não posso fazer isso sem você John... Não posso...

Ficamos em
silencio por segundos em seguida ele me olha e diz:

_Vem eu vou
levar você pra casa...

_Ta...

Nos seguimos
ate minha casa. Logo abaixo do aramado nos despedimos... Eu começo a subir pra
voltar ao meu quarto sem que minha mãe veja que estou chegando. Na metade do
caminho eu olho pra baixo, e digo vendo-o ainda no gramado aguardando que eu
entre:

_Vejo voce
Amanha?

_Sim...

Subo ate
chegar na janela do meu quarto, de onde olho novamente pra ele atravessando a
rua agora, ele se vira e faz sinal com a cabeça. Entro no quarto e logo me
deito pra dormir...