Harley Sanders - a Caçadora escrita por Kuroi Namida


Capítulo 18
Capítulo 18 -Sobre a Luz da Lua




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Na manha seguinte
na escola, depois da primeira aula, fui ate a quadra de basquete ver os meninos
jogarem, enquanto tentava resolver algumas questões de matemática. Sentada na
arquibancada com meu fichário sobre as pernas, e meus fones de ouvido, permaneci
ali por um tempo sozinha ate ver Sammy passando pelo meio da quadra,
cumprimentando os garotos e vindo se sentar ao meu lado. Ele me da uma beijo,
enquanto retiro os fones do ouvido. Ele se senta ao meu lado sorridente e
pergunta:



_Ficou chateada
comigo por ontem?!



_Não! Tudo bem,
você não tinha como saber....



_Mas então onde vocês
foram?



_Fui resolver
aquele problema com a Sarah... Crowley nos levou ate um amigo...



_Humm... E
descobriram o que?



_Nada... Ficamos
sem entender muita coisa... Na real eu ainda nem contei pra Sarah o que eles me
disseram...



_E pela sua cara,
não foi nada bom...



_Na verdade por
enquanto eu preferia não falar sobre isso... –[Olho para a porta do ginásio e
vejo Sarah nos abanando sorridente]. Ela ta vindo ai vamos mudar de assunto!



_E ai? –[Dis ela
enquanto sobe pelos bancos e se senta no meu outro lado]. Como ta indo seu castigo?



_Como esta indo o
seu? –[Respondi com a mesma pergunta, pois sabia que ela entenderia].



_Ah estamos na
mesma então...



_Bom vocês devem
ter muito pra conversar, vou voltar pra biblioteca! –Disse Sammy se levantando,
me dando um beijo e saindo do ginasio].



_Ele é um amor
né?! –Disse ela se referindo ao Sammy].



_Hã?! Ah é sim!!
Um amor!



_Voce ta bem?!
Parece distante...



_Não, eu to legal
sim... Só pensando...



_No que?



_Nada, só meus
treinos... Com minha mãe controlando meus horários vai ser difícil eu sair pra
encontrar o Crow.



_Verdade... Por
falar nele, nem tivemos tempo de conversar sobre o que aconteceu aquele dia...



_Deixa isso pra
la, vamos falar sobre isso quando for mais apropriado..



_Certeza?! Voce
não quer conversar sobre nada daquilo?!! –[Disse ela surpresa pela minha
reação].



_Sim! –[Eu sorri,
tentando disfarçar minha insatisfação]. Vamos falar sobre as coisas de
sempre!!!



_Tah bom! Voce
manda!!



Ficamos por ali
mesmo, já que nossa próxima aula seria de Educação Fisica, então conversamos
sobre as mesmas bobagens de costume, ate sermos chamadas para nos juntarmos ao
resto da turma para praticar algumas atividades, propostas pelo professor...



Depois da aula
fui direto pra casa, seguindo ordens rigorosas da minha mãe... Ela nem estava
em casa quando cheguei, mas deixou meu almoço pronto. Dei comida para o o Felix
(meu gato) e depois de esquentar meu almoço no micro-ondas fui pra sala
assistir TV, enquanto comia.



Fiquei a tarde
inteira assistindo a programação da TV a cabo, ate enjoar. Depois subi e fui
tomar um banho. Ate minha mãe chegar, haviam se passado umas três ou quatro
horas. Ela chegou, e foi ate meu quarto já foi perguntando se eu tinha saído.
Respondi injuriada que era obvio que não. Ela sorrio, e saiu.



Mais a noite, fui
ate o quarto dela dar boa noite. Ela achou estranho, por que eu não fazia isso
desde pequena. Mas respondeu sorrindo “boa noite”. Fechei a porta do quarto
dela e voltei pra cama. Liguei meus fones de ouvido, e fiquei acariciando o pelo
de Felix que estava bem espichado em cima das cobertas por cima de mim.
Cochilei por uns minutos. Quando acordei, já era mais de meia noite, a bateria
do meu mp4 havia acabado. Retirei os fones do ouvido que já estavam me
machucando, e guardei-o na gaveta do criado mudo, ao lado da cama. A janela
estava aberta, então me levantei para fecha-la. Mas como estava sem sono,
decidi pular a janela e me sentar no telhado. Fiquei ali de pijama sentada em
cima do telhado bem na frente da janela do meu quarto, olhando para o céu.
Estava uma bela noite, a lua estava mais brilhante que de costume, parecia
estar mais próxima da terra. Era lua cheia, e tinha uma leve brisa que passava
pelo meu rosto.



Depois de uns
minutos ali, avistei algo se movendo na rua, do outro lado. Não demora muito
ate eu reconhecer o vulto, era Crowley. Ele sai de baixo das arvores da praça,
e caminha ate a beira da calçada. Faz sinal pra que eu desça. Finjo que não vi
nada, e continuo olhando para o céu. Mais uma vez olho para a rua, e ele ainda
la, faz novo sinal pra que eu desça. Ignoro, apenas olho pra ele mexendo os lábios
disendo “não”, e volto a olhar para o céu. Depois de alguns minutos olho para a
rua, e não o vejo mais la.



_Odeio quando ele
faz isso... –[Digo em voz baixa, resmungando pelo fato de Crow sempre
desaparecer sem diser uma palavra].



_Odeia quando eu
faço o que? –[Tomei um susto quando vi Crow ao meu lado no telhado, nem vi ele
subir].



_Mas que merda!! –[Responde
irritada]. Voce quer me matar do coração?



_Desculpa, você não
desceu então resolvi subir...



_A poucos minutos
você estava la embaixo, como subiu tão rápido?



_Me materializei
aqui... –[Ele estava sendo sarcástico]. Voce já notou que tem um aramado que da
direto pra janela do seu quarto bem ali? –[Ele apontou pra baixo, como se eu
não conhecesse os cantos da minha própria casa].



_Vai começar a
dar uma de engraçadinho agora?!



Ele se senta ao
meu lado, e fica me olhando cômo se esperasse que eu dissesse algumas coisa.



_O que foi? –[Perguntei].



_Precisamos
conversar...



_Voce notou que
to evitando você?



_E...



_E, que quando
uma pessoa evita a outra é porque não quer falar com ela. “GENIO”.



_Não tenho tempo
pra suas crises Harley... Precisamos conversar sobre o que aconteceu com sua
amiga...



_Esquece... –[Viro
a rosto para o outro lado olhando para a rua].



_Precisa falar
com ela sobre o que o Dimitry te contou... Eu sei que você ainda não tocou no
assunto com ela...



_Não sei se
quero...



_Não é escolha
sua... Ela deve saber o que pode fazer, e decidir por si mesma o que vai
fazer...



_Crowley, eu não
quero minha melhor amiga mexendo com bruxaria... –[Olhei pra ele rispidamente].



_Eu já disse, a
escolha não é sua... Não pode protegê-la desse jeito... Esconder a verdade
dela, não é a melhor maneira de cuida-la.



Fico em silencio
por um tempo olhando para baixo, enquanto Crowley me observa. Logo respondo com
o olhar meio perdido, e triste:



_Parece que todo mundo
tem o direito de escolha, menos eu...



_Isso não é sobre
você... É sobre ela, o destino dela... Não pode se colocar no lugar dela, no
lugar de ninguém, ser uma caçadora é seu destino. Ninguém vai fazer isso por você.
Mas você tem escolha, a escolha de se lamentar o resto da vida pelo seu
destino, ou agir como uma verdadeira caçadora. Ta no seu sangue ser uma
guerreira, mas so cabe a você decidir se vai agir como uma...



Ele se levanta
pra ir embora, mas antes de ele chegar a beira do telhado eu me viro pra ele e
o chamo:



_Crow... Espera! –[Ele
se vira e me olha]. Fica...Não quero ficar sozinha...



Ele apenas me
olha, ainda parado ali em pé entre a beira do telhado e a chaminé da lareira.
Muitas vezes ele parecia frio, como se não tivesse nenhum sentimento. Mas
outras vezes em seus olhos era como se ele guardasse algo que o perturbava.
Vendo-o ali, parado bem na minha frente, sobre a luz do luar, pude notar pela
primeira vez que ele se importava comigo. Então ele caminha novamente ate mim,
e se senta ao meu lado. Com os joelhos dobrados, e os braços sobre eles, ele
olha em meus olhos e diz:



_Precisa
enfrentar o que esta sentindo agora...



_Eu sei... Mas
não é fácil... Eu só queria ser uma garota normal...



_Não queria
não... –[Ele diz olhando firmemente em meus olhos como se me conhecesse melhor
do que eu mesma]. Voce nunca quis ser só mais uma garota.



_Como assim? –[Olhei
pra ele meio confusa].



_Isso ta no seu
sangue, Harley você jamais se contentaria sem ser uma simples garota. Voce
nasceu pra lutar... Mais que uma missão, essa é a sua vida. Sua batalha pessoal.
Contra seus próprios medos...



_Voce fala como
se soubesse mais sobre mim, do que eu mesma...



_Tenho que
saber...



_É mas eu nem sei
nada sobre você... Nem seu verdadeiro nome eu sabia... Porque não me disse que
seu nome era John?



_Porque isso não
é importante. –[Ele desvia o olhar mostrando-se claramente incomodado com o
assunto].



_É importante pra
mim... Como posso confiar em alguém que não me diz sequer o seu nome?! Não sei
coisa alguma sobre você, e voce sabe tudo sobre mim. To sentada do lado de fora
da janela do meu quarto de pijama conversando com um cara que sequer me diz
quem é de verdade. Nem meu namorado tem tanta intimidade assim comigo!



_Quer que eu va
embora? –[Ele me olha serio novamente com o mesmo olhar frio].



_Não John... So
quero que você fale comigo... Quero confiar em você, mas não é fácil com você me
escondendo coisas sobre você...



_Crowley... Esse
foi o nome que eu disse a você, e assim é como quero que você me chame...



_Acho que nunca
vou entender você... –[Suspiro totalmente insatisfeita pela resposta]. É só uma
droga de nome, não sei o que de tão mau pode haver nisso...



_Volte pra cama
Harley... –[Ele se levanta mais uma vez e caminha em direção a beira do
telhado]. Esta tarde...



_Boa noite pra você
também... E obrigado por ter vindo...



Ele me olha
enquanto se vira pra descer pelo aramado. Não diz uma palavra a mais, e apenas
desce. Eu me levanto e pulo a janela voltando para meu quarto. Quando me viro
pra fechar a janela, vejo Crow indo embora, ele para no meio da rua e olha pra
mim, e depois puxando a gola do casaco pra cobrir o pescoço se vira e segue em
frente caminhando devagar péla calçada, ate desaparecer entre as arvores da
pracinha. Me deito novamente, me ajeito entre o edredom pensando o que havia de
tão ruim em Crow me falar sobre quem ele era... Deixo meus olhos fecharem pelo
peso do sono que começava a vir. E adormeço...


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