No dia seguinte depois de contar da aula para Patrick, Lorena aproveita que acordou cedo e resolveu dar um jeito na casa.

Havia cinco anos que ela morava com Patrick, seu melhor amigo desde a infância. Seus pais eram aposentados e moravam no litoral. Todos os meses ela mandava dinheiro para ajudá-los. Eles tinham muito orgulho da única filha, que assim que completou 18 anos resolveu ir para a cidade tentar uma nova vida.

Após arrumar a casa e almoçar, acabou pegando no sono no sofá. Acordou com seu celular tocando. Era sua colega de grupo Suzana.

 - Oi Lorena,tudo bem? Vai à facul hoje?

 - Oi Suzana, vou sim.

 - Podemos marcar de nos encontrar em algum lugar lá perto, o que você acha? – diz empolgada.

 - Pode ser. Qual lugar?

 - Pode ser no ponto de ônibus que tem lá do lado?

 - Pode sim, eu desço nele também.

 - Então quando eu estiver chegando te ligo. Beijão.

Suzana desliga o telefone e Lorena sorri. Aquela garota era realmente cativante.

À noite elas se encontram no lugar combinado e vão para a sala de aula. Como chegaram cedo encontraram a sala praticamente vazia. Aproveitaram para conversar.

 - E ai Lorena, o que você achou da aula ontem?

 - Normal. Não gosto muito de dinâmicas do tipo que ele fez, de se levantar e se apresentar pra sala. É constrangedor.

Suzana ri.

 - Eu não ligo, gosto de falar, você deve ter percebido. Você é tímida, mas com o tempo você vai se acostumar com a gente, afinal vamos ficar juntos um bom tempo.  

Lorena sorri timidamente. Enquanto elas continuam conversando Tales entra na classe e as cumprimenta, sentando ao lado de Lorena.

 - Boa noite. – diz um pouco mais animado que na noite anterior.

Lorena agora repara no rapaz. Como diria Patrick, ele era um bofe e tanto, o tipo de cara que ela gostaria que olhasse pra ela, mas que certamente não olharia.

 - Alguma de vocês tem o horário? Eu não peguei ainda.

 - Eu não tenho ainda, nem a Lorena, mas talvez a Karina tenha, será que ela vem hoje?

 - Ela veio, está lá fora com um cara, deve ser namorado dela ou sei lá o que. – diz Tales abrindo sua mochila.

Os três conversam mais um tempo e os demais alunos vão chegando. Pouco tempo depois entra uma senhora que se apresenta como professora de economia. Ela fica boa parte da aula conversando com a turma. Um tempo depois ela passa uns exercícios e Karina chega em seguida.

 - Professora de que? – pergunta para Suzana.

 - Economia.

 - E já fez chamada?

 - Ainda não. O seu atraso deve ter sido por uma boa causa imagino...

 - Mais ou menos, mas porque do comentário?

 - Seu batom esta todo borrado. – diz Suzana rindo e fazendo Lorena e Tales fazerem o mesmo.

 - Fala serio, ninguém merece! – diz Karina se olhando no espelho que tira da bolsa em seguida.

Todos riem e Lorena nota que Tales esta olhando para ela. Na mesma hora ela para de rir e desvia olhar para o quadro, copiando a matéria. Os demais fazem o mesmo.

Depois de longas duas horas, eles saem para o intervalo. Lorena e Suzana ficam na classe conversando.

 - Querem alguma coisa,posso trazer pra vocês. – pergunta Tales.

 - Por favor, você pode me trazer um refri? – diz Suzana pegando dinheiro em sua bolsa.

 - Trago sim. E você Lorena certo? Quer alguma coisa?

 - Não, obrigada.

Tales sai e Lorena o acompanha com os olhos.

 - Esse cara é muito fofo não acha? – diz Suzana.

 - Pra mim ele só foi educado, nada demais. – Responde Lorena folheando seu caderno.

 - Pois pra mim ele é um fofo e gatinho. Se eu não tivesse namorado eu pegava. – diz rindo. – E você Lorena, tem namorado?

 - Não e nem quero. – diz de uma vez.

 - Nossa, desculpa ai, foi só uma pergunta.

Elas falam de outras coisas e pouco depois Tales chega, entregando uma lata de refrigerante para Suzana e um bombom para Lorena.

 - Obrigada Tales. – agradece Suzana.

 - Eu não pedi nada Tales. – diz Lorena se referindo ao bombom.

 - Eu sei, mas o rapaz não tinha troco e me deu um bombom, não comprei pra você. – diz seco sentando-se em seguida.

Suzana da um gole no refrigerante e Lorena joga o bombom com raiva em sua bolsa.

Karina volta para a classe e pergunta se seu batom esta borrado. Ela nota um clima pesado e olha para Suzana, que faz sinais dando a entender que Lorena e Tales tiveram um desentendimento.

As horas passam e a aula termina. Tales pega sua mochila e sai dizendo um boa noite por educação. Lorena pega seu fichário e sai apressada. Suzana e Karina vão logo atrás.

 - Lorena, espera vamos com você. – diz Suzana.

 - Nossa alguém pode me dizer o que aconteceu? Desde que voltei do intervalo vocês estão estranhos, o que aconteceu? – Pergunta Karina.

 - Não foi nada não, só aquele Tales que é um grosso. – diz Lorena nervosa.

Karina olha novamente para Suzana que não diz nada.

 - Bem, já que vocês dizem que esta tudo bem, vou indo, tchau pra vocês. – diz Karina indo buscar seu carro no estacionamento.

Lorena e Suzana ficam um tempo no ponto de ônibus. Suzana tenta puxar assunto para distrair a amiga.

 - Relaxa Lorena, ele não falou por mal, deve ser o jeito dele.

 - Jeito dele? Não, claro que não, todos os homens são iguais Suzana – diz cuspindo as palavras – de primeiro momento são uns amores e depois mostram quem são de verdade. Odeio os homens, odeio.

Um carro para em frente a elas e buzina. É o namorado de Suzana.

 - Bem, vou indo, quer uma carona?

 - Não, obrigada, meu ônibus já esta chegando. – diz dando sinal para o mesmo.

Ela entra e senta em um dos últimos acentos. Fica pensando no jeito que Tales falou com ela. Quem ele pensava que era pra falar com ela daquele jeito por causa de uma porcaria de bombom?

Ela chega ao apartamento e enquanto mexe na bolsa procurando sua chave retira o bombom que Tales lhe deu e percebe que esqueceu sua chave mais uma vez.

 - Droga! – diz tocando a campainha.

 - Loren, esqueceu a chave de novo? – diz Patrick cruzando os braços.

 - Desculpa Patrick, mas sai apressada hoje.

 - Tudo bem Loren, sem estresse.

Lorena vai direto para o quarto, joga suas coisas em qualquer canto e vai tomar um banho. Quando sai nota que Patrick já foi dormir. Ela volta para o quarto e se joga na cama. Se cobre com o edredom e fica pensando até pegar no sono.