Como não vê outra saída, Lorena acaba aceitando passar o fim de semana com Tales. Depois da conversa que tiveram depois de abrirem seus corações ou o que sobrou deles, ela percebeu que ele não era tão idiota quanto pensava. Na verdade ele tinha até certas justificativas pra ser como era. Ela o entendia bem.

Eles vão até o apartamento de Tales e assim que chega ela liga para Patrick dizendo onde vai passar a noite.

– Loren, você vai passar o fim de semana com um bofe? Que tudo!

– Não é nada disso seu engraçadinho, ele se ofereceu por educação, nada do que você está pensando.

– Ele se ofereceu por educação? Sei...Se ofereça você agora Loren, aproveita tu-do!

– Aí Patrick, você tem cada idéia, pervertido!

– Não é perversão fofa, é diversão. E vamos combinar que há muito tempo você não sabe o que é isso e em todos os sentidos.

– Patrick, ta me deixando sem graça!

– Loren, aproveita o bofe, aproveita sua vida fofa, está na hora não acha?

Lorena assim que vai responder dando um corte em Patrick vê Tales entrando na sala com umas roupas nas mãos e indo até ela. Ao ver que ela está ao telefone resolve esperar.

– Tenho que desligar agora, nos falamos depois. Beijos.

– Beijos Loren e arrasa!

Lorena desliga o telefone rindo e Tales lhe entrega as roupas.

– São da minha irmã, mas acho que vão servir em você.

– Obrigada. Onde posso me trocar?

– Onde você quiser, pode ser no banheiro ou no quarto mesmo, já que você vai dormir lá.

– Eu? Mas e você?

– Durmo no sofá.

– Não Tales, isso não seria justo. Você mal cabe no sofá.

– Nada a ver Lorena, já dormi nele várias vezes, dá pra me virar de boa. Agora se troca. Ali é o banheiro e ali o meu quarto – diz mostrando os lugares – Fique a vontade.

Lorena fica sem graça, mas decide se trocar no banheiro. Ela coloca a roupa que Tales lhe dera. Um pijaminha rosa claro que serviu perfeitamente.

Ao sair do banheiro encontra Tales sentado no sofá vendo televisão. Ele está de bermuda e sem camisa, completamente diferente de como estava há algumas horas atrás. Ele não era forte, mas era bem definido.

Ela fica sem jeito em vê-lo daquele jeito, mas a casa era dele e ele ficava como bem entendia. Ela fechou a porta do banheiro e ouvindo o som ele olhou para ela.

– Serviu?

– Serviu sim, obrigada.

– Ta com fome? Pensei em pedir uma pizza, não comemos nada além da porção de batatas.

– Você que sabe.

– Porque toda mulher vem com isso de “você que sabe”? Se eu pedir você vai comer ou não?

– Como, claro.

– Então pronto, vou pedir. Alguma preferência?

– Bom, o que eu gosto talvez você não goste. Aliche.

– Eu gosto sim, é forte, mas gostosa. Vou pedir essa então.

Tales pede a pizza. Enquanto esperam ficam conversando sobre banalidades, coisas sem importância. Em certa parte da conversa Lorena sorri algo raro para Tales, já que ele sempre a via com a cara fechada.

– Você devia sorrir mais.

– Por quê?

– Você fica linda.

Lorena fica sem graça, mas não tem tempo de falar nada, pois o interfone toca anunciando que a pizza chegou.

Tales levanta e vai até a portaria buscar. Lorena fica sem graça esperando ele voltar.

Quando ele volta age normalmente e eles comem a pizza enquanto conversam mais um pouco. Pouco depois Lorena começa a bocejar.

– Já quer dormir? – pergunta Tales.

– Desculpa, é que hoje acordei muito cedo, e ainda tomei cerveja. Fiquei mole. – diz sorrindo sem jeito.

– To cansado também. Vou arrumar lá o quarto pra você e pegar umas coisas pra mim.

– Tem certeza que não que eu fique na sala?

– Tenho e não se fala mais nisso. Já volto. – diz indo ao quarto.

Enquanto o espera, Lorena decide lavar a louça. Ela está distraída lavando um copo e nem percebe que Tales está parado na porta olhando para ela. Ele sempre viu Lorena bem formal tanto na faculdade como agora no trabalho. Mas ela tinha um jeito mais leve e menos carrancudo agora que estava com um pijaminha sem atrativo algum e nem um pouco sexy. O pijama não era nada sexy mesmo, mas porque Tales não conseguia parar de olhar para ela?

Ele fica atrás dela e fala a assustando.

– Não precisava lavar, eu fazia isso depois.

– Aí, que susto! – diz com a mão no coração.

– Já arrumei o quarto, pode ir dormir já. – diz tirando o pano de prato das mãos dela.

– Obrigada. Que horas você costuma acordar de sábado?

– Depois das nove, por quê?

– Eu ia pedir pra se você acordar primeiro pra me chamar. Vou ficar sem graça se continuar dormindo e você já acordado.

– Tudo bem, se você prefere assim, eu te chamo se acordar primeiro.

– Por favor. Vou deitar, boa noite e obrigada.

– Não tem que me agradecer de nada. Boa noite.

Lorena vai para o quarto e deita. Ela pode sentir o perfume de Tales no travesseiro.

Eles passaram por situações parecidas e na mesma época. Porque não se conheceram antes? Tudo poderia ter sido tão diferente. Ela ainda teria um coração e Tales não seria tão frio. Foi com esses pensamentos que Lorena pega no sono.