Começar a Ser escrita por WinnieCooper


Capítulo 6
Eu te amo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/144500/chapter/6


Eu te amo

Hugo andava por sua casa de um lado para o outro inquieto, havia ido passar os feriados de fim de ano com a família. O novo ano já havia começado, e iria voltar para a escola no dia seguinte.

            - Filho, já arrumou suas coisas para voltar à escola amanhã? – questionou sua mãe, sentada no sofá lendo um jornal, enquanto o olhava andar.

            - Aham – ele confirmou com a cabeça.

            - Por que está assim?

            - Assim como mãe? – perguntou nervoso.

            - Nervoso, ansioso, inquieto... – explicou a mulher reparando no rosto do filho que evitava encará-la.

            - Não estou assim – ele respondeu sentando-se no sofá ao lado dela – Mãe, você me responde uma coisa? – Hermione assentiu com a cabeça – Essas cirurgias no cérebro. Podem de alguma forma, dar errado?

            - Você diz ficar com sequelas filho? – ele confirmou com a cabeça não entendendo perfeitamente o que a mãe dizia – Ás vezes sim, ás vezes não, o cérebro é uma área perigosa, um deslize e você pode ficar sem andar, sem falar, depender das outras pessoas para tudo.

            Hugo suspirou e voltou a andar de um lado para o outro pela sala.

            - Hoje é a cirurgia desse namorado da Lily não é? Eu nem imaginaria que ela já namorava, acho que nem seu tio Harry e nem sua tia Gina sabiam também.

O jovem não ouvia mais as palavras de sua mãe, ele estava com o pensamento longe dali, lembrava-se de sua conversa com a prima na noite de Natal.

            “Os dois estavam sentados nos jardins da casa dos avós, fugiam da gritaria e comemoração de dentro d’A Toca, assistindo a neve cair, e a lua brilhar no céu.

            - Eles vão decidir se irão realizar a cirurgia no Sam amanhã, já que é de alto risco – sussurrou Lily olhando para frente.

            - Oh não se preocupe, a cirurgia é um trato feito – Hugo tentou animá-la.

            - É que... – ela virou seu rosto o encarando – Estava em casa essa manhã, passando pelos diversos canais da TV, e em um de ciências tinha um especial de “Coma”. Mostrou pessoas que saíram do Coma depois de um longo tempo, seis meses aproximadamente – ela suspirou cansada – A maioria delas dificilmente se parece um ser humano. Eu me lembro do rosto de um rapaz, estava fixo em um grito silencioso, a maioria delas tinha as mãos distorcidas.

            Hugo engoliu em seco e criou coragem para dizer uma coisa a prima.

            - Não quero soar maldoso Lily, mas você está certa que quer que ele volte? Especialmente se ele... – o ruivo não conseguiu terminar a frase – Quero dizer que talvez seria melhor para ele se...

            - Eu quero que ele volte! – afirmou voltando a encará-lo – Não importa como!”

            - Hugo! – gritou sua mãe despertando-o de seus devaneios.

            - O que?

            - Perguntei sobre o que estava pensando? – ela perguntou quase rindo do filho.

            - Nada é que... Bom, eles descobriram um fragmento de osso numa zona bem perigosa de ser removida no cérebro, e a cirurgia é hoje, e às vezes penso o que seria pior para a Lily.

            - Pior para a Lily?

            - É mãe. Qual das duas opções seriam piores: A cirurgia der errado e ele morrer, ou a cirurgia de certa forma der certo, mas ele ficar com seqüelas, sem falar nada, ser um vegetal.

            - Acho que deve pensar nesse momento que a cirurgia irá dar certo não acha? Para quê sofrer por antecipação?

            - É... Você está certa – ele suspirou voltando a sentar no sofá.

            - Porque essa preocupação exagerada com sua prima? – ela perguntou olhando e sorrindo para ele.

            - Hum – Hugo olhou confuso para a mãe – Não estou preocupado com a Lily – as orelhas dele ficaram repentinamente vermelhas entregando-lhe.

            Hermione apenas balançou a cabeça e disse:

            - Igualzinho ao seu pai.

            - Hermione! – Rony gritou adentrando a sala – A Rose está estranha.

            - Por quê?

            - Ela está no quarto dela ouvindo umas músicas naquele rádio, está segurando um pedaço de pergaminho e suspirando, sorrindo de orelha a orelha, chamei-a para ir comigo até o Beco Diagonal na loja das “Gemialidades Weasley” só pra me acompanhar, disse que ela poderia passar na “Floreios e Borrões” e comprar um novo livro qualquer mas ela disse que não queria.  Ela está doente? – o homem perguntou a mulher inocentemente.

            - Ah, conheço os sintomas – Hermione levantou-se do sofá com um brilho nos olhos – Já era hora não acha? Vou ir lá falar com ela.

            E então ela subiu as escadas indo conversar com a filha deixando o marido confuso para trás.

            - Hugo... – Rony engoliu em seco criando coragem para dizer algumas palavras – A Rose tem algum namorado?

            - Hã? – perguntou o filho olhando para o pai – Não pai, ela nunca sequer beijou.

            Rony suspirou aliviado e exclamou:

            - Sempre soube que a Rose iria me orgulhar em todos os sentidos.

            Ambos ouviram o telefone da casa tocar, Rony fez menção de atender o aparelho, mas Hugo o impediu.

            - Deixa que eu atendo – pegou o aparelho da mão do pai, levantou e saiu da sala, encaminhando-se para a área do fundo de sua casa. Sentou num antigo balanço nos jardins. Apertou o botão e atendeu:

            - Alô.

            - Hey – a voz dela surgiu do outro lado da linha – Sou eu – não havia a necessidade de se identificar.

            - Hey – respondeu o jovem – Você está bem? Já está no Hospital?

            - Estou. Mas não está acontecendo nada ainda, na verdade, acho que estão preparando ele ou algo assim. Seja lá o que isso signifique.

            - Provavelmente raspando a cabeça – ele disse seu pensamento em voz alta.

            A linha onde Lily estava ficou repentinamente muda.

            - Ou quem sabe... – tentou consertar o primo – Eu não sei o que estou falando mais.

            - E você? Vai fazer algo hoje? Último dia antes de voltar às aulas entediantes. Vai fazer algo divertido? – disse ela tentando mudar de assunto.

            - Nada demais na verdade, tenho que terminar aquela redação de “História da magia”, ler umas revistinhas, assistir alguns animes, almoçar, jantar... Já estou caindo no sono só de me ouvir falar – ele riu pelo nariz.

            - Parece muito bom para mim – Lily respondeu sussurrando.

            - Você está bem? – ele voltou a perguntar preocupado.

            - Honestamente eu não sei... Mas essa cirurgia é o que eu estava esperando, então é uma coisa boa, certo? – ela praticamente implorou a confirmação de suas palavras para ele no telefone.

            - Certo. Eu acho.

            - Então é isso – ela voltou a falar enérgica desta vez – Devo desligar...

            - Espera, espera... Eu...

            - Tudo bem Hugo, eu vou ficar perto da sala de operação caso tenha alguma novidade. Só queria voltar para o mundo normal por um minuto – confessou.

            - Você definitivamente ligou para a pessoa errada pra isso.

            - Sempre se subestimando Hugo – ela suspirou – falo com você mais tarde.

            - Espera Lily... – ele ouviu o telefone ser desligado.

            Sabia o que faria naquele seu último dia antes de voltar para a escola.

            xx

            - Sabe, eu estava com vontade de comer aqueles picolés de dois palitos que vem grudados, mas qual a graça de se comer esses picolés sozinho? Precisava de alguém e adivinha. Conheço uma garota que ama tomar sorvete no inverno – foi o que ele disse assim que a viu sentada numa das salas de espera do grande Hospital sozinha.

            Lily apenas sorriu e puxou um dos picolés laranjas da mão do primo.

            Hugo sentou-se ao lado dela no sofá e colocou sua mochila em cima da mesa do centro.

            - Detetive – ele anunciou tirando uma caixa com um jogo de dentro da mochila – Jogo da vida – retirou outra caixa de dentro da mochila – Ou o clássico dos jogos de cartas: “Uno” – retirou um pacote com algumas cartas coloridas – Eu ia trazer xadrez, mas sei como te entedia jogar aquilo.

            - Estou impressionada com a quantidade de coisas que cabem na sua mochila.

            - Minha mãe sabe fazer milagres com a varinha. Então o que escolhe?

            - Jogo da vida – ela escolheu – Sempre gostei mais desse.

            Hugo começou a arrumar o jogo na mesa quando Lily voltou a dizer:

            - Não sabia que cirurgias demoravam tanto. A espera é o que mata aos poucos.

            - Algumas chegam a durar um dia inteiro – Hugo disse inconscientemente – Mas a do Sam não irá durar tudo isso – acrescentou – Você começa?

            Lily olhou para o tabuleiro montado e girou a roleta do jogo e olhou para o primo novamente.

            - Você é um grande amigo Hugo.

            Hugo a olhou em silêncio por um momento, mas respondeu:

            - Você também.

            xx

            - É oficial, não tenho mais nada a dizer – o garoto disse embaralhando as cartas do jogo que jogavam.

            Eles passaram o dia todo ali, já havia anoitecido. Jogaram todos os jogos que Hugo havia trazido, ele tentou convencê-la á comer alguma coisa em determinado momento do dia, o que foi em vão. Agora, estavam em silêncio durante um bom tempo, apenas sentados no sofá. Lily tinha um olhar vago, como se as ultimas horas tivessem-na feito se lembrar de coisas no passado que ela queria esquecer todos os dias.

            - Eu realmente não sou tão chato, é que é raro passar tanto tempo com uma pessoa – o garoto continuou – Não fico prolongando as coisas, na maioria das vezes, eu entro, eu saio, e ninguém se machuca.

            - Não é você – Lily finalmente disse o encarando – Esse dia inteiro está começando a ficar mais longo do que os quatro meses que o Sam está em Coma.

            - Merlin. Quatro meses – Hugo exclamou se dando conta do tempo pela primeira vez.

             Lily mordeu os lábios continuando a olhar vago pensativa.

            - No que você está pensando?

            - Estou pensando no momento que o Sam finalmente acordar – ela sacudiu a cabeça – Pensei nisso um bilhão de vezes.

            - E? – Hugo a encorajou a continuar.

            - E... eu sei o que vou dizer a ele – ela disse as palavras num sussurro encarando o primo que desviou do olhar dela olhando para baixo – Não é o que está pensando. Vou dizer a ele o quanto eu sinto por tudo.

            - Sente? – ele perguntou voltando a encará-la.

            Lily olhou para baixo como que criando coragem de dizer algumas palavras em voz alta.

            - Hugo, tem uma parte dessa história que nunca contei a ninguém.

            O jovem ruivo se ajeitou no sofá e perguntou curioso:

            - O que?

            - Nós brigamos naquele dia, antes dele bater a cabeça nas pedras. Uma briga daquelas – confessou – Eu disse a ele que o amava.

             E então o silêncio voltou a ficar entre eles até que o Hugo o quebrou.

            - Vocês têm um jeito estranho de brigar.

            - Ele não disse de volta – a garota explicou.

             Hugo lembrava-se claramente do dia, da discussão que ambos tiveram, o “eu te amo” que ela disse a ele, o beijo que negou no fim.

            - Bom talvez... Ele só estava com dificuldade com as palavras – ele tentava arranjar desculpas, não sabia ao certo o por quê – Você sabe, às vezes as pessoas realmente querem dizer alguma coisa, mas simplesmente não conseguem.

            - Talvez – ela confirmou sussurrando – Talvez ele nunca tenha me amado de verdade.

            Hugo suspirou pensando como alguém poderia não amá-la. Era tão fácil, tão simples.

            - E você sabe qual a pior parte? Pior que a espera e a operação, os tubos e as máquinas? – Hugo negou com a cabeça – É que ás vezes penso que ele prolongou nosso dia naquele lago de propósito para fugir de mim, estava com tanta raiva de mim que aquele galho se quebrou e...

            - Lily – ele a fez parar de dizer coisas absurdas – Isso é normal, se sentir culpada pelo acidente, se culpar é apenas um modo de tentar dar sentido a alguma coisa que nunca vai fazer sentido, quando a verdade é que foi o que foi, um acidente.

            - É impressionante não é? – ela perguntou como se estivessem falando disso o tempo todo – De todas as pessoas que conheci em toda a minha vida, você é a única que apareceu hoje.

Neste instante o médico responsável entrou na sala de espera e anunciou:

            - Sam se saiu muito bem – Lily sorriu no fundo da sala vendo a mãe de seu então namorado e toda família dele reunida em volta do médico – Removemos o fragmento de osso, mas tivemos uma hemorragia que não esperávamos, e não posso garantir que não tenha nenhum dano – a jovem ruiva suspirou tristemente – Não saberemos onde vamos pisar durante um bom tempo. De fato, por uma semana ou duas, parecerá que nada tenha mudado, mas quero que saibam que fizemos todo o possível. Ele está no quarto se quiserem vê-lo.

            xx

             Era tudo que Lily se lembrava no dia seguinte já em Hogwarts: Ela entrando no quarto para vê-lo, os mesmos aparelhos de antes ligados fazendo os mesmos barulhos de sempre, a cabeça do jovem enfaixada como antes, os olhos deles fechados como sempre estiveram. Estava dormindo como antes. Simplesmente dormindo como se nada tivesse acontecido.

            Era questão de tempo para que ele acordasse. Quanto tempo mais ela conseguiria esperar sem enlouquecer?

            - Ei Lily venha aqui – seu primo chamou-a, estava deitado no sofá do salão comunal da Grifinória – Escute essa música.

            Lily o obedeceu e se encolheu deitando-se com ele no sofá, dividiram os fones do Ipod do primo e ambos escutaram a mesma música. Os braços de Hugo estavam debaixo do pescoço da prima, ela encostava sua cabeça no peito dele, enquanto o jovem colocava seu queixo nos cabelos dela sentindo o perfume que tanto amava.

            - Dizer “Eu te amo” não devia doer, certo? – ela perguntou em voz alta dizendo mais para si mesma – Essas três palavras são tratadas de forma tão diferente nesses últimos tempos. Alguns dizem “Eu te amo” da boca para fora, o que faz tornar o sentimento trivial, alguns demoram tanto para dizer que só o fazem quando acontece um acidente, ou a pessoa amada abandona esse mundo. Não devia ser assim. Então antes que o tempo torne esse sentimento vulgar, antes que seja tarde demais, quero que saiba Hugo – ela esticou seu pescoço o encarando – Eu te amo.

            O coração dele estava disparado, olhava hipnotizado para ela. Abriu a boca uns segundos depois e disse o que sempre sentiu por ela:

            - Eu também te amo.

            Lily voltou a se ajeitar no coloco dele e ambos ficaram assim.

            Ele sabia que o “Eu te amo” dela tinha um significado diferente do dele. Mas o que importava? Ele havia sido o primeiro a dizer que a amava também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/B: Noooossa!! Que final foi esse? Hugo querido, você está cada dia mais perfeito, como é que pode? Ele havia sido o primeiro a dizer que a amava também. Essa frase foi de tirar o fôlego viu Winnie, quase enfartei aqui, fala sério.Ah, nem preciso dizer que adorei a pontinha do meu personagem preferido de todos os tempos. Que rufem os tambores: Ron Weasley!! Tudo bem, eu exagerei, só um pouquinho, mas adorei essa parte: Sempre soube que a Rose iria me orgulhar em todos os sentidos. Morri de rir, o que aconteceria se o Ron soubesse que a Rose andou agarrando um Malfoy por aí? Não quero nem imaginar. E a Mione? Cara, aquela menina (mulher né? Porque ela é casada e tem dois filhos, mas relevem) sempre saca tudo, é por isso que eu a adoro!Bom, a Winnie sempre se supera não é gente? E deixem Reviews, se não vai que ela desanima e decide parar de escrever? Aí eu morro mesmo.Beijos... Andie N/A: Será que pedir desculpas pela demora vocês me perdoam... eu já tinham escrito esse capítulo há muito tempo, mas como gosto e ter 2 caps na reserva eu demorei pra postar...Primeiro estou trabalhando 10 horas por dias, não tenho mais tempo como antes, segundo fui viajar esse Fim de semana... era pra ter postado na sexta-feiraEnfim...Esse foi meu capitulo preferido até agora...Eu normalmente odeio tudo o que escrevo, mas acho que esse Eu te amo foi um dos mais bonitos das minhas fics... eu Gostei e vocês?Me digam sim?Ah e eu prometo abusar de Rony e Hermione sempre que possível nas minhas fics...Daqui há alguns caps o Harry aparece tambémAcho que é só...Escutem minha beta hahahahahhabeijossssssssssss