Trezentos anos atrás, um nobre de nome Vladmir Banemare vivia em um castelo no interior de Empericia, governando as terras adjacentes. A família dele se estabeleceu naquele local muitas décadas antes e garantiu um lugar de destaque. Porém, o solitário Vladmir era muito mais terrível do que aparentava, pois se tratava de um demonologista.

Por algum motivo torpe e desconhecido, aquele homem se aventurou pelos estudos das trevas e aprendeu toda sorte de rituais e magias demoníacas. Contudo, o preço para se utilizar o poder de Pravus é alto, pois frequentemente sacrifícios humanos são exigidos. E Vladmir, em sua loucura, começou a oferecer muitas das pessoas que viviam nas proximidades de suas terras aos demônios.

Não demorou para que as autoridades de Empericia tomassem nota do caso e despachassem um grupo para investigar a causa de tantos desaparecimentos. Descobrir a ligação de Vladmir foi apenas uma questão de tempo e, quando este teve seu castelo atacado, escapou de imediato. Porém, os documentos deixados para trás revelaram muito sobre a verdadeira natureza do homem.

Na verdade, Vladmir sempre foi o único habitante daquele castelo e já contava com uma idade superior a duzentos anos, evidentemente graças a influências demoníacas. Além disso, tornou-se claro que seu objetivo principal era realizar um ritual que permitisse a demônios poderosos tomar posse de cadáveres humanos e liberar seus poderes sem restrições.

Após vários dias fugindo das autoridades de Empericia, Vladmir bolou um plano que o permitiria escapar e, futuramente, levar sua vingança ao reino. Ele viajou tão rápido quanto pôde para Chesord, a nação mais próxima, e invocou diversos demônios menores na fronteira, alarmando os habitantes. Em seguida, foi até a capital e convenceu o rei de que as aberrações de Pravus invadiram Empericia e seria apenas uma questão de tempo até que Chesord fosse o próximo alvo.

Através das instruções de Vladmir, os sábios de Chesord realizaram às pressas um ritual demoníaco sem saber de sua real natureza, o qual selou as fronteiras da nação e impediu que qualquer criatura entrasse no reino ou o deixasse. Aclamado como herói, Banemare tornou-se o conselheiro do rei.

Vladmir passou os anos seguintes estudando Chesord e realizando preparativos para o futuro, como criar a Ordem da Rosa Branca. Porém, não demorou para que seu nome sumisse dos registros históricos do reino, o que leva a população dos dias atuais a crer que ele morreu. Contudo, é evidente que esse não foi o caso e que Banemare influenciou tanto o rei quanto a Ordem durante os trezentos anos que se passaram desde então.

Aprendendo com seus erros, Vladmir passou a recolher vítimas pacientemente para dar continuidade ao seu plano, evitando chamar a atenção. Além disso, para garantir que suspeitas indesejadas não fossem geradas, ele usou sua influência para incriminar as bruxas, obrigando-as a viver em isolamento.

Porém, Empericia não permaneceu de mãos atadas. Incessantemente buscando uma forma de destruir a barreira, eventualmente as autoridades do reino receberam a ajuda inesperada de um clã de bruxas que lá vivia. O clã cedeu um aparato mágico conhecido como Olho de Argenta, que possui um par entre as bruxas de Chesord. O artefato, quando ativado, gera um sinal mágico em seu par e permite comunicação mística mesmo através de grandes distâncias.

Os magos de Empericia, em conjunto com as bruxas de Chesord, bolaram um ousado plano para deter Vladmir. Os dois grupos passaram a pesquisar e desenvolver um par de portais arcanos que permitiriam transporte mágico entre os dois reinos. Então, quando ambos funcionassem, Empericia enviaria tropas para destruir os pilares e, por consequência, a barreira, permitindo que a nação invadisse Chesord para capturar Banemare.

Séculos se passaram e muitas gerações de magos e bruxas pereceram sem ver o final do experimento, até que finalmente este foi concluído. Empericia então optou por, inicialmente, enviar um grupo pequeno e avaliar seu desempenho contra as forças de Chesord, para somente então autorizar a ação de grupos maiores. Contudo, eles não pretendiam avaliar somente o potencial do reino inimigo, mas também a eficiência da arma em processo de desenvolvimento: William Storde.

Desnecessário dizer, a desorganização em Chesord que tanto favorecia Vladmir acabou por se tornar uma severa desvantagem, especialmente devido ao fato de que a equipe enviada por Empericia superou todas as expectativas. Agora, com apenas um pilar restante, falta pouco para que os planos de Banemare sejam destroçados de uma vez por todas.

Todos ouviram em silêncio enquanto Madame Papillon descrevia a longa história. E, quando esta se calou, Yasmin foi a primeira a falar.
-Yasmin: Essa história é difícil de engolir...
-Fernand: Eu, que vim de Empericia, estou com a mente mais embaralhada do que quando me transportaram de lá para cá...
-Samantha: Acreditem no que Madame Papillon disse, certamente esta é a verdade que todos aqui buscavam saber.
-Luna: Sendo assim, significa que receberemos a ajuda de Empericia para derrubar o último pilar?
-Madame Papillon: Lamento, mas não. Parece que eles estão muito confiantes no potencial do seu grupo, uma vez que conseguiram eliminar nove pilares.
-Karin: Mas que bando de aproveitadores!
-Madame Papillon: Não se preocupem, nós bruxas vamos prover apoio a vocês. Além disso, eu confio que vocês são capazes de cumprir a missão em sua totalidade.
-William: Quem liga se aqueles covardes vão lutar ou não? No mínimo apenas atrapalhariam.
O silêncio se seguiu enquanto todos pensavam no futuro próximo, no qual viam apenas batalhas, sofrimento e dificuldades. Contudo, William enxergava esse futuro árduo como seu teste final que definiria se o rapaz é apto ou não a ser livre.
-William: Vamos estilhaçar os sonhos de Vladmir Banemare juntamente com a barreira que ele projetou.