Roses And Demons: Roots Of Rebellion escrita por JulianVK


Capítulo 83
Infância Arruinada


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a Side Story da Luna chegou ao fim e a história vai continuar.
Meu amigo Licínio fez uma pergunta: Quem era Walter Truaim? Creio que este capítulo contém a resposta.



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Luna pegou o pequeno arco em suas mãos e percebeu que a sensação era totalmente diferente. Segurá-lo exigia pouquíssimo esforço, tal como se tivesse em mãos um graveto comprido. A menina até mesmo temia que puxar com força excessiva a corda pudesse partir a arma ao meio.
–Walter: E então, o que achou?
–Luna: Parece que vai quebrar a qualquer momento...
–Walter: Confesso que se você bater nele com algo pesado vai mesmo quebrar, mas não se preocupe, é resistente o bastante para aguentar seu treino.
–Luna: Certo.
–Walter: Infelizmente terá de utilizar as mesmas flechas de ontem, mas creio que logo estará acostumada.
Os dois então se dirigiram até uma árvore que Luna deveria atingir com uma flecha. A distância era aproximadamente a mesma do treino do dia anterior e, desta vez, a pequena manipuladora estava confiante de que acertaria. Puxando a corda com cautela, deixou escapar um disparo que fez um arco próximo ao chão e caiu a cerca de trinta centímetros da base da árvore.
–Walter: Se puxar a corda com medo de estourar o arco, nunca vai acertar.
Envergonhada pela repreensão, Luna decidiu que puxaria a corda com toda a força que possuía. Se a madeira rompesse ela ao menos poderia culpar Walter.
–Luna: Agora vou conseguir.
O desajeitado disparo realmente tinha força o bastante para se cravar no tronco, mas sua inclinação para a esquerda foi tão acentuada que a flecha passou longe do alvo. Ainda mais envergonhada, Luna desejava esconder-se embaixo da terra.
–Walter: Eu creio que isso foi uma evolução...

Eventualmente Luna conseguiu atingir a árvore e foi instruída a tentar realizar a mesma façanha de um ponto mais distante. Agora a dez metros de seu alvo, a menina errava a maior parte de seus disparos, acertando aproximadamente um em cada cinqüenta. Walter não permitiria que ela praticasse tiros ainda mais longos enquanto metade deles não fossem certeiros, e assim o treino se estendeu por toda a manhã.

Faminto, o arqueiro lendário avisou que iria até a cidade buscar algo para que ele e Luna pudessem comer. Seguindo as orientações de seu instrutor, a garota continuou disparando. Sem ver progresso significativo, a sensação mista de fracasso e vergonha cada vez mais dava espaço à raiva.
–Luna: Vamos lá, mais uma vez, agora eu vou conseguir.
Outro tiro desperdiçado. Luna já não aguentava mais e, envolvida em ira por um momento, jogou o arco no chão para então lançar uma esfera de água que estourou ao encostar o tronco da árvore, sem causar nenhum dano visível.
–Luna: Não dá, eu não levo jeito pra isso!
Cada vez mais desejosa que Walter retornasse, Luna virou o rosto na direção da cidade apenas para ver que seu professor já estava a caminho, carregando diversos espetinhos, cada um deles com peixe assado. Inclusive ele estava com um peixe semi-devorado na boca, que caiu no chão segundos depois, afinal o arqueiro estava incrivelmente surpreendido e boquiaberto com a demonstração de poder elemental que vira.
–Walter: Você... é uma manipuladora?!
Desde o dia em que suas habilidades se manifestaram pela primeira vez, Luna havia recebido instruções de não revelar a ninguém a respeito de seu poder, uma vez que isso poderia lhe trazer grandes complicações. Porém, não havia mais como esconder isso de Walter, o que deixava a menina muito nervosa e preocupada.
–Luna: N-Na verdade eu...
–Walter: Eu tive uma ideia!
A pequena manipuladora não esperava tal reação. Por influência dos sacerdotes, ela imaginava que coisas terríveis aconteceriam quando alguém descobrisse seu poder, mas Walter estava incrivelmente animado. Tanto que Luna sorriu sem ao menos perceber, um sorriso amarelo e confuso.
–Walter: Eu ouvi dizer que manipuladores de água podem moldá-la praticamente como querem, até mesmo a ponto de fazê-la permanecer quase sólida. É verdade?
–Luna: Sim, está correto.
–Walter: Então você consegue criar flechas de água?
–Luna: Posso tentar, mas para quê?
–Walter: É óbvio que as flechas que estamos usando são grandes e pesadas demais para você. Eu pensei que mudando apenas o tamanho do arco resolveria o problema, mas estava errado. Crie algumas flechas menores com seu poder e vejamos o que acontece!
Ainda que desanimada e acreditando que decepcionaria ainda mais seu instrutor, Luna concordou. Com alguma dificuldade, estabilizou água próxima ao arco na forma de uma flecha e então a disparou antes que perdesse a consistência. O projétil atingiu o centro do tronco antes de escorrer para o chão e Walter irrompeu em aplausos.

–Luna: Depois disso eu passei a treinar todo dia com o arco que ganhei de Walter, melhorando aos poucos minha habilidade.
–Karin: Incrível!
–Samantha: E a julgar pelo fato de que nunca a vejo usando flechas de madeira, tenho a impressão de que você tem algum tipo de trauma.
–Luna: Besteira. É muito mais prático usar água, já que não preciso carregar uma aljava nas costas, a munição nunca acaba e posso moldar a forma da flecha como eu bem entender.
–Karin: Definitivamente ela tem trauma.
O desejo de dar um cascudo em Karin era grande, mas Luna preferiu ignorar. Sabia que se deixasse o assunto de lado a piada terminaria ali.
–Luna: Eu só espero encontrar Walter Truaim novamente para agradecê-lo e mostrar a ele o quanto eu aprendi.
–Yasmin: Sinto muito, Luna, mas isso não será possível.
–Luna: Por quê?
–Yasmin: Walter Truaim nunca foi um arqueiro lendário. Na verdade ele era um bandido que fingia ser alguém famoso e utilizava suas demonstrações de habilidade como meio de eleger alvos. Depois de cometer muitos crimes ele foi preso e executado, há pouco mais de um ano atrás.
–Luna: Yasmin, isso não tem graça.
–Yasmin: Eu não estou brincando, Luna.
A ex-capitã não mentiu, seu tom de voz e seu olhar denunciavam a verdade. Sentindo a mente embaralhar e o estômago revoltado, Luna quase caiu da cama.
–Luna: Você arruinou a minha infância, Yasmin!
–Yasmin: Mas...! Luna! Não é culpa minha se...! Ah, esquece.
A sacerdotisa colocou-se em pé num instante, observando Yasmin com uma expressão de seriedade extrema.
–Luna: Quem foi? Quem capturou Walter Truaim!?
–Yasmin: Luna, você não está pensando mesmo em...
–Luna: Fale quem foi, Yasmin!
A manipuladora das chamas também se colocou em pé, igualmente séria.
–Yasmin: Luna, pare de pensar em besteiras!
–Luna: Você vai falar por bem ou por mal!

Espreguiçando-se, Fernand estava pronto para uma bela noite de sono. A chance de dormir em uma cama, por mais velha e desconfortável que fosse, por si só levantava o ânimo do rapaz. Contudo, um estrondo o sobressaltou.
–Fernand: William, isso foi uma explosão?
Com sua apatia costumeira, William meramente dirigiu o olhar para o amigo, sem ao menos se levantar.
–William: Pareceu.
–Fernand: Veio da cabana das garotas! Temos que ir até lá!
–William: Elas sabem se virar. Agora, se me dá licença, eu vou dormir.
Como se fosse o homem mais despreocupado do mundo, William se colocou em pé e saiu da cozinha, deixando para trás um ainda preocupado Fernand.


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Notas finais do capítulo

Seu nome é Vladmir Banemare...
Capítulo 84: O Verdadeiro Inimigo
Em Breve



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