Samantha observou atentamente enquanto Yasmin e Fernand atingiam Carbon ao mesmo tempo. Toda a raiva que a bruxa sentiu enquanto escapava dos virotes sem ter a oportunidade de revidar agora desaparecia, substituída por um sentimento agradável de vingança. Afinal de contas, mesmo não tento atingido Vincent, a manipuladora das trevas gerou a oportunidade de atingi-lo.
-Samantha: Parece que vencemos.
Apesar de gravemente ferida, Viper ainda permanecia consciente o bastante para se mostrar uma ameaça. Cobrindo seu braço direito de veneno, ela o estendeu na direção das pernas de Samantha, prestes a intoxicá-la. Contudo, uma flecha de água certeira atingiu a mão da controladora.
-Luna: Nem pense nisso.
Percebendo a tentativa fracassada de envenenamento, Samantha ficou muito descontente.
-Samantha: Parece que vou ter que abrir mais uns buracos no seu corpo.
-Carbon: Saia da frente.
Empurrada para o lado pelo braço de Vincent, Samantha não atacou, apesar de suas palavras, enquanto este erguia Priscilla em seus braços. Ignorando seus inimigos, o homem foi embora, carregando a mulher.
-Fernand: Por que não fez nada?
-Samantha: Está insinuando que eu deveria ter matado duas pessoas que abandonaram a luta?
-Fernand: N-Não! É que você é... sei lá, não duvido que você os matasse mesmo...
Confuso, Fernand resolveu não insistir no assunto. Demonstrações de misericórdia da parte de Samantha eram raras, mas sendo contra mortes desnecessárias, o soldado da terra não tinha do que reclamar.
-Yasmin: Bom trabalho gente, nós conseguimos!
-Samantha: Realmente, mas parece que Karin também foi envenenada.
-Luna: Exato, mas não foi uma dose letal. Creio que em breve ela estará correndo por aí como de costume.
Fernand ergueu Karin em seus braços e começou a caminhar na direção da cabana. Sua intenção era deixá-la na primeira cama que encontrasse, para que assim a menina pudesse descansar adequadamente.
-Fernand: Logo venho buscar o William.
-Yasmin: Não será necessário.
Abusando da força física que tinha para manter o manipulador do vento em seus braços, Yasmin, desajeitada, seguiu Fernand. Mesmo sentindo dores graças à ferida que recebera há pouco tempo, a garota não largou.
-Fernand: Você não precisa fazer isso sabe?
-Yasmin: Agora não dá pra simplesmente soltar ele no chão!

Longe dali, Carbon continuava a carregar sua companheira enquanto corria. O esforço físico a que ele se submetia era grande, mas fazia-se necessário levar Viper para um local onde pudesse ser tratada o mais rápido possível. Ainda assim, a própria garota não estava contente.
-Viper: A sua missão é proteger o pilar... não a mim.
-Carbon: Cale a boca, como vou me justificar pro Inferno se você morrer por minha culpa?
-Viper: Desculpe, eu me descuidei.
-Carbon: Não quero desculpas, só me prometa que não vai morrer, desgraçada!
Comovida com a preocupação de Vincent e apesar de sentir muita dor por todo o corpo, Priscilla sorriu.
-Viper: Eu prometo...

Dentro da cabana, Fernand e Yasmin logo perceberam que haviam apenas duas camas, o que não os surpreendeu, uma vez que os únicos habitantes eram Viper e Carbon. Enquanto colocavam William e Karin sobre os colchões velhos, a dupla ouviu o som do pilar desmoronando, seguido de gritos de Luna e impactos que lembravam explosões.
-Fernand: O que é isso?
-Yasmin: Deve ser uma armadilha!
Após correr para fora, Yasmin e Fernand se depararam com uma chuva de bolas de fogo caindo ao redor do local onde uma vez estava o pilar. Devido a uma barreira mágica, Samantha e Luna não conseguiam se afastar da área ameaçada pela armadilha, sendo então obrigadas a desviar dos meteoros que caíam.
-Fernand: Será que podemos fazer algo para ajudar?
Usando o poder de suas garras, a bruxa rasgou a barreira que a prendia e então escapou pela fissura. Luna, percebendo isso, correu até lá, escapando das bolas flamejantes pelo caminho. Ofegando, a sacerdotisa desabou de joelhos no chão.
-Luna: Eu... pensei... que ia... morrer...
-Samantha: Essa não foi nada, a armadilha do dragão foi muito pior.
-Yasmin: Finalmente, derrubamos o penúltimo pilar. Agora precisamos descansar, a viagem até o último será longa.

Milla, a bruxa que ajudou William e seus aliados controlando uma tribo de onis, caminhava sorrateiramente por um bosque. Ela parecia procurar por algo, mas deteve-se quando, ao entrar em uma clareira, foi cercada por um enxame de borboletas.
-Milla: Ah, finalmente nos encontramos novamente, Madame Papillon.
Tão subitamente quanto surgiram, as borboletas lentamente deixaram a clareira. Agora restava apenas uma mulher, vestida com belos trajes cerimoniais brilhantes, das cores negra e violeta. Seus longos cabelos negros eram ainda maiores que os de Samantha e, embora visivelmente bem mais velha, sua beleza era inegável.
-Papillon: Milla, você voltou mais cedo do que eu imaginava.
-Milla: Eu consigo sentir a barreira se enfraquecendo com o tempo. É uma questão de tempo até que esse reino vire um caos.
-Papillon: Entendo. É até melhor, uma bruxa como você será útil para o que está por vir.
-Milla: Mas e você, por que estava aqui? Se não me esperava, então quem aguarda?
-Papillon: Uma garota de outro clã. Ela traz algo muito importante, provavelmente essencial para que Samantha consiga derrubar o último pilar.
-Milla: E quem seria essa bruxa?
-???: Ora, estão falando de mim, por acaso?
A dona da voz logo se revelou, afastando alguns galhos enquanto entrava na clareira. Atrás dela vinha um rapaz com uma espada nas mãos, visivelmente aliviado por chegar ao fim da jornada. Eram Kate e Elbio.
-Papillon: Seja bem-vinda, Kate. Espero que tenha feito uma viagem segura.
-Elbio: Eu garanto que foi, quase perdi um braço por causa dela!
-Kate: Trouxe o que você precisava, Madame Papillon. Todos de alta qualidade, ainda por cima.
-Papillon: Excelente. Logo os manipuladores estarão aqui, devemos cuidar dos preparativos rapidamente.
-Kate: Que bom, estou ansiosa para reencontrar William.
-Milla: Você o conheceu? É realmente um rapaz digno de nota.
-Elbio: De repente eu me sinto tão ignorado...