O grupo de Yasmin parou a cerca de seis metros de onde se encontravam Viper e Carbon, detido por William. O manipulador observava atentamente os olhos de Carbon, como se esperasse uma reação dele. O impasse gerava tensão entre os presentes, especialmente Fernand.
–Fernand: Eles estão bem diante de nós, William! Vamos atacar!
–William: Espere só um momento.
Perplexo, Vincent tentava imaginar que motivo teria levado seus inimigos a deter o avanço. Ele tentava evitar reações ao olhar penetrante de William, fazendo todo o esforço possível para se manter impassível, pois temia que algum comportamento estranho revelasse que haviam armadilhas ocultas na neve.
–Carbon: “Aquele desgraçando está me testando! Com certeza já desconfiava que eu prepararia algo.”
Storde sorriu. A expressão era a mesma de alguém que, após algum esforço mental, chega a uma conclusão favorável. E, no caso de William, ele sorria por ter cada vez mais certeza de que Carbon escondia algo. Tal provocação arriscava arruinar todo o plano de Vincent e levou o homem a tomar uma ação.
–Carbon: “Se eu não fizer algo, os outros também vão perceber. Tem que ser agora!”
O guerreiro da Rosa Branca deu um passo adiante e começou a andar lentamente, em linha reta pela neve. Como as armadilhas foram criados através de seu próprio poder elemental, ele era capaz de senti-las, portanto não corria o risco de ativar por acidente uma sequer.
–Carbon: Já que vocês estão com tanto medo de vir até mim, então eu irei até vocês! Viper, mantenha o pilar em segurança!
–William: Eu vou enfrentá-lo frente a frente. Vocês devem ficar aqui e atacar à distância com golpes elementais.
–Yasmin: Você tem certeza disso, William?
–William: Confie em mim, é quase certo de que ele alterou o campo de batalha a seu favor.
Nem um pouco convencido pela atuação de Carbon, o manipulador do vento gerou uma poderosa corrente do seu elemento que o ergueu ao ar. Posicionando-se acima do inimigo antes que o vento perdesse força, William deixou-se cair sobre ele.
–William: Quem você pensa que está enganando?
–Carbon: E quem disse que preciso de truques? Veja em que situação se colocou!
Vincent imediatamente materializou sua arma: uma pequena besta de repetição construída de forma a disparar um dardo por vez, mas que possuía diversos dentro de um cartucho. Aproveitando-se da situação de William, que o impedia de se esquivar, Carbon disparou várias vezes contra ele.
–William: Só isso?
O manipulador do vento nem sequer precisou se defender, pois uma rajada luminosa e projéteis de trevas destruíram todos os dardos que o ameaçavam. Em seguida o rapaz foi ao chão, realizando um corte cruzado com suas espadas. Porém, apenas neve se espalhou, pois Carbon saltou para o lado.
–Carbon: Tem mais, muito mais.
Enquanto desviava de diversos ataques elementais, Vincent lançou uma saraivada de bolas de fogo envolvidas em uma massa negra contra William. O ataque foi detido por uma muralha de vento, mas a visão do manipulador de vento foi encoberta por fumaça, o que concedeu a seu inimigo a chance de atacá-lo com um chute mesmo em meio à incessante chuva de golpes lançados contra ele.
–Carbon: Você não consegue evitar um ataque que não pode ver!
Quando William foi ao chão, imediatamente ativou uma das armadilhas na neve. Uma enorme cortina de fumaça se ergueu ao alto, encobrindo totalmente o manipulador. Porém, ela se dissipou tão rapidamente quanto surgiu, lançada ao alto pelos ventos. Com a visão livre novamente, Storde notou que colunas de fumaça subiam de vários outros pontos na neve, todos locais atingidos pelos ataques de seus aliados.
–William: Então era só isso a sua terrível armadilha? Enquanto eu estiver por aqui, ela não significa nada. Avancem!
–Fernand: Agora sim! Vamos lutar!
Yasmin, Fernand e Samantha lançaram-se adiante, sem se preocupar com as armadilhas de Carbon. Luna e Karin permaneceram onde estavam, pois pretendiam continuar prestando apoio à longa distância.
–Carbon: Maldição...
Carbon, ao perceber que seu plano havia sido completamente inutilizado, sentiu vontade de cair de joelhos no chão. Porém, ele era um guerreiro e tinha uma missão muito importante a cumprir: capturar Yasmin. O que ele não imaginava é que suas armadilhas seriam sim eficientes.
–William: O que... é isso?
Por estar tão concentrado em Carbon, William não percebeu que Viper se movimentava ao redor da batalha. Um grave erro que permitiu à manipuladora disparar um líquido verde contra o rapaz, que prontamente penetrou pelos poros da pele. Tonto, ele tombou para o lado.
–Viper: Acabo de injetar uma toxina em seu corpo, menino. Já deve estar sentindo seus músculos adormecendo enquanto perde a sensibilidade.
O avanço de Samantha, Yasmin e Fernand ativou diversas armadilhas, mas como William estava incapacitado no momento, eles não tinham meios de dissipar a fumaça. Aproveitando-se disso, Carbon despejou esferas flamejantes contra eles.
–Karin: Temos que fazer alguma coisa, Luna!
–Luna: Não podemos, Karin! Lançar um ataque nessa fumaça é um risco muito grande.
Suor escorria pela testa da sacerdotisa, pois ela sabia muito bem que seus aliados estavam numa situação perigosa. Porém, ela também tinha ciência de que invadir a fumaça não seria de nenhuma ajuda, logo tentava desesperadamente pensar em uma solução.
Yasmin, quase se engasgando com toda aquela fumaça, mantinha os olhos fechados. Sem saber como agir, sua mente também tentava encontrar uma solução, mas seus pensamentos foram detidos ao ouvir a voz de Vincent.
–Carbon: Por favor, desista Yasmin. Eu realmente não quero machucar você.
–Yasmin: Não seja tão piedoso, Vincent. Eu vou te machucar o quanto for necessário para derrubar o pilar.
–Carbon: Péssima escolha. Mas não precisa se preocupar, prometo que não vou matá-la.