Carbon seguia um oficial de armadura, membro do exército de Chesord, pelo corredor de um forte. Enquanto caminhavam em direção ao pequeno portão aberto no final, ambos conversavam em tom amistoso.
-Tenente: Já deixamos um quarto preparado, agora temos apenas que resolver alguns detalhes.
-Carbon: Vocês devem ter ciência de que nunca vim para cá e, portanto, precisarei de um guia.
-Tenente: Sim, já imaginávamos e, portanto, escolhemos alguém adequado.
Após cruzar o portal, Carbon percebeu que estava num extenso salão de paredes de pedra, adornado com várias armaduras e uma bela pintura que expunha a luta de um soldado contra um ogro. O local estava repleto de jovens guerreiros que treinavam arduamente.
-Tenente: Está vendo aquela garota?
O tenente apontou para a jovem Yasmin Pyrath, que desferia golpes violentos contra seu oponente de treino, derrubando-o com facilidade após uma sequência de socos e chutes.
-Carbon: Estou sim, e ela é bem bonitinha, diga-se de passagem.
-Tenente: Senhor, ela é Yasmin Pyrath, filha de Agas Pyrath.
-Carbon: Oh... vou manter uma distância respeitosa, obrigado por avisar!
-Tenente: Ela é uma recruta que chegou há pouco tempo, mas se mostra muito promissora. Como tem reclamado muito que quer participar de uma missão, o comandante a escalou para acompanhar você.
-Carbon: Compreendo, mas esses recrutas não são um tanto jovens demais? Parece que eles têm uns treze ou catorze anos...
-Tenente: Está correto, mas como adolescentes são aceitos como recrutas e recebem pagamento, muitas famílias optam por enviar seus filhos. E geralmente eles retornam inteiros para suas casas.

Mais tarde, Yasmin tentava engolir uma refeição não muito apetitosa juntamente com os outros soldados do forte. Porém, apenas Carbon estava sentado diante da mesma mesa que a garota.
-Carbon: Como vocês conseguem comer isso todo dia?
-Yasmin: Fazemos um esforço. Mas o que eu realmente queria saber é o que alguém como o senhor veio fazer neste fim de mundo. Vocês da Rosa Branca devem receber uma missão mais importante que a outra.
-Carbon: Não é bem verdade, Yasmin. O fato é que geralmente permanecemos em nossas áreas de atuação, ajudando a manter a ordem. Mas desta vez realmente me enviaram para cá para resolver um problema sério.
-Yasmin: Que tipo de problema?
-Carbon: Parece que foi detectada uma instabilidade nesta região, possivelmente com origens mágicas. Querem que eu investigue e descubra a fonte.
-Yasmin: E o que essa instabilidade pode gerar?
-Carbon: Isso eu não sei. Envenenar a água, matar todas as plantas, deixar os animais raivosos, transformar os soldados daqui em monstros verdes, musculosos e irados...
-Yasmin: Ok, parece ruim, mas fico contente em poder acompanhá-lo. E se a situação ficar perigosa, não se preocupe, eu vou protegê-lo.
-Carbon: Sim, claro, obriga- espere! Como assim “me proteger”?!

Yasmin fitava Carbon com desconfiança. Embora a confirmação de que suas suspeitas não eram infundadas aliviasse a consciência da ex-capitã, o fato de ouvir isso de um amigo a deixava preocupada. Afinal de contas, seria Vincent um cúmplice?
-Yasmin: Então existe mesmo alguém influenciando as decisões do rei.
-Carbon: Eu não diria exatamente influenciando. Está mais para praticamente tomando as decisões pelo rei.
-Yasmin: E quantas pessoas sabem disso?
-Carbon: Eu não sei ao certo, mas creio que sejam apenas quatro. O rei, eu, Vortex e Quartzo.
Ouvir o nome “Vortex” animou um pouco a manipuladora das chamas, pois ela sabia da atitude que o homem tivera de abandonar o pilar que protegia. Ela imaginava que isso  representava uma tentativa de prejudicar a figura misteriosa. Ou seja, ela não estava sozinha na empreitada.
-Yasmin: E quanto ao resto da ordem?
-Carbon: Não sabem de nada. Seguem as ordens do rei cegamente, sem saber que na verdade estão obedecendo aos desejos de outra pessoa. Na verdade a ordem não passa de uma tropa de marionetes de elite.
-Yasmin: Mas se você sabe a verdade, então permitirá que o pilar daqui seja derrubado, assim como Vortex nos deixou destruir o que ele protegia?
-Carbon: Nada disso. Se vocês forem até o pilar, vou enfrentá-los com tudo que tenho.
-Yasmin: Não me diga que você traiu Chesord, Vincent!
-Carbon: Não me importa o que Vortex acha que pode fazer, não adianta tentar lutar contra “aquele homem”. Só o que ele vai conseguir será morrer, e eu terei o mesmo destino se “aquele homem” sequer desconfiar que estou desobedecendo suas ordens.
-Yasmin: O que quer dizer com isso?
-Carbon: Quando eu descobri a existência “daquele homem”, fui obrigado a obedecer suas ordens, começando por entrar para a Ordem. Se eu tivesse recusado, certamente eu estaria morto agora. Portanto, se eu não tentar impedi-los de derrubar o pilar, pode dizer adeus a Vincent Blacdow.
-Yasmin: Já entendi. Sendo assim, não há mais nada para conversar, Vincent. Vejo você em breve, quando nos enfrentaremos em batalha.
-Carbon: Como quiser, Yasmin.
Vincent retirou um cigarro de dentro de um bolso do sobretudo que vestia e o acendeu gerando uma chama na ponta do dedo indicador. Após colocar o cigarro na boca, saiu do quarto de Yasmin.
-Yasmin: Droga, Vincent! Por que tem que ser assim?

Do lado de fora, Vincent olhou uma última vez para a estalagem antes de seguir seu caminho. Estava triste, porém sabia que não havia outro caminho. Yasmin não desistiria de seu objetivo, ainda mais agora que sabia que estava certa, mas o homem tinha de combatê-la se quisesse continuar vivo.
-Carbon: “Como fui estúpido. Eu deveria saber que contar a verdade para Yasmin só a deixaria mais determinada. Só o que eu consegui... foi acelerar o encontro dela com a morte certa...”