Roses And Demons: Roots Of Rebellion escrita por JulianVK


Capítulo 72
O Primeiro Passo para as Trevas


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo explica o que ocorreu no anterior, mas quero deixar bem claro o que ocorreu.
William lembrou-se, em sonho, de um pesadelo que teve quando criança e, neste capítulo, de acontecimentos da infância dele.
E sim, a cena no final deste capítulo realmente ocorreu, mas o manipulador do vento não sabe disso.



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A cena do pequeno William despertando em seu quarto se desfez, dando lugar a uma totalmente diferente. Desta vez o menino descia um pequeno morro em direção a um grupo de crianças que brincavam animadamente com espadas feitas de madeira.
–William: Bom dia, Andy. O que estão fazendo hoje?
–Andy: Passamos ontem o dia todo fazendo estas espadas de madeira com a ajuda do pai do James, então é claro que hoje vamos brincar com elas! Somos soldados lutando pelo exército!
William observou, maravilhado, a qualidade daqueles brinquedos artesanais. O pai do tal James, experiente no uso de madeira, havia ensinado bem os meninos a fazer espadas inofensivas.
–William: Eu posso brincar também?
–Andy: Você não tem espada, não pode brincar conosco!
–William: É só você me emprestar a sua.
–Andy: Eu não, que soldado entrega a espada para outra pessoa? Sem contar que você é tão desajeitado que se brincasse conosco acabaria se machucando muito!
–James: Por que você não pega um graveto se quer brincar conosco? Combinaria melhor com você, William!
Os outros garotos riram da zombaria, pois o pequeno William realmente não tinha nenhuma característica física digna de nota. Nas brincadeiras geralmente demonstrava um péssimo desempenho, o que impedia que ele conseguisse se enturmar.
–William: Já entendi...
Sem resposta nem opção, a criança foi embora, deixando que as outras voltassem a brincar.

A cena mudou novamente, desta vez de volta para a casa de William. Entediado, ele virava de um lado para o outro da cama, sem vontade de fazer outra coisa. A mãe dele surgiu pela porta, o rosto da mulher levemente preocupado.
–Mãe: William, eu preciso que faça um favor para mim! Acabo de perceber que seu pai deixou em casa um saco de moedas que ele guardou para pagar os impostos! Leve para ele agora mesmo.
–William: Mas mãe, eu tenho apenas sete anos! Não é arriscado eu levar um saco de moedas sozinho?
–Mãe: Com sete anos eu já ajudava na lavoura do meu pai, portanto deixe de ser preguiçoso. Eu vou colocar dentro de uma cesta fechada, então se alguém perguntar é só falar que está levando comida para o seu pai.
–William: Mas a senhora não pode-?
–Mãe: Eu tenho que fazer o almoço! Agora vá logo!
–William: Tudo bem...

O caminho para a cidade era curto e bastante seguro, uma vez que guardas passavam rotineiramente por lá. Porém, William estava um tanto inquieto por não ter encontrado ninguém para lhe acompanhar. Ele procedia com cautela e, após contornar um pequeno conjunto de árvores, percebeu que havia uma pessoa coberta por uma capa suja e esfarrapada na beira da estrada. A criança paralisou no mesmo momento, incerta.
–???: Não se preocupe menino, não vou te machucar. Sou apenas um mendigo.
A voz era masculina e rouca, carregada com um tom de fraqueza, como se o simples ato de falar fosse doloroso para o estranho.
–William: Tudo bem com você, senhor?
–???: Infelizmente não, menino. Eu estou há quatro dias sem comer, sinto como se fosse morrer de fome a qualquer momento. Por favor, você não teria algo para mim? Um pão, uma fruta, qualquer coisa...
William sentia pena do mendigo, mas também tinha consciência de que não havia como ajudá-lo, uma vez que não levava comida consigo. Porém, preocupou-se, afinal a cesta que levava era do tipo que se usava para guardar alimentos.
–William: Desculpe, eu não tenho nada...
–???: Mas que pena, acho que terei que pedir comida em outro lugar...
O mendigo tentou se levantar, mas caiu logo em seguida. Tentou novamente e então conseguiu se manter em pé, ainda que vacilante. William, que tinha um bom coração e não gostava de ver outras pessoas em situações ruins, tomou uma decisão por impulso.
–William: Senhor, eu tenho aqui comigo umas moedas. Leve-as e compre comida na cidade.
O menino estendeu a cesta, que foi prontamente pega pelo estranho. Ele então segurou uma das mãos de William e se ajoelhou.
–???: Muito obrigado, menino. Você salvou minha vida.

À noite, William estava sentado sobre sua cama. Temeroso, sabia que uma hora ou outra teria que se explicar, portanto buscava desesperadamente uma desculpa que justificasse não levar o dinheiro para o pai. Porém, quando ouviu um grito raivoso o chamando para a cozinha, ainda não havia chegado a uma conclusão.
–Pai: A sua mãe acaba de me dizer que você levou o dinheiro que eu precisava hoje pela manhã. Então por que eu não vi você o dia todo? Onde você colocou o dinheiro?!
–William: E-Eu... eu fui roubado...! Mas fiquei com medo de dizer...
–Pai: Roubado? E por quem?
–William: Por... por um homem estranho...
–Pai: Você está mentindo, William! Fale a verdade!
–William: Eu entreguei o dinheiro para um mendigo. Ele disse que estava morrendo de fome...
Um tapa rápido e forte derrubou o garoto no chão. O pai dele, que até o momento estava sentado, se levantou e dirigiu um olhar de extrema reprovação para o filho enquanto gritava.
–Pai: Seu imbecil! Você tem ideia de quanto dinheiro entregou para um vagabundo?! Pensa que tiramos dinheiro de árvore???
–William: E-Eu... eu não...
–Pai: Você não serve para nada!
–???: “Ele vai te matar.”
Uma voz que apenas William podia ouvir ecoou na mente dele. Assustado pelo tom e o olhar violento de seu pai, o menino estava prestes a realmente acreditar que seria morto, ainda que fosse apenas um exagero de sua mente.
–Pai: Eu vou ter que pensar num castigo muito severo para você, William!
–???: “Ele vai te matar. E você ficará preso para sempre naquele mundo de sofrimento.”
O menino lembrou do sonho que tivera, de todos os mortos sofrendo eternamente, da tristeza e escuridão que reinava lá. William não queria ir para aquele lugar. William não queria morrer.
–???: “É o seu fim, William. Você vai morrer!”
A voz tomou um tom sinistro, como se pertencesse ao próprio espírito da morte. William foi engolido pelo desespero e, para o espanto de seus pais, raios negros começaram a correr pelo corpo da criança.
–William: Eu não quero... EU NÃO QUERO MORRER!!!
Rajadas negras saltaram para todos os lados, incinerando a madeira ao tocá-la. O próprio pai de William foi atingido, ficando gravemente ferido no peito. Em poucos instantes, a casa inteira estava em chamas.

William abriu os olhos. Sentia calafrios e devido a isso seu corpo todo tremia, mas logo voltou ao normal. Relembrar o sonho sinistro que tivera enquanto menino e os acontecimentos que o levaram a matar a própria família era sempre uma péssima experiência, mas ele já estava um tanto acostumado.
–William: Acho que eu mereço mesmo morrer e ir para aquele inferno. É mesmo uma pena que meu orgulho tolo e meu desejo de provar minha capacidade alimentam minha vontade de viver.
Porém, o que o rapaz não sabia é que, na noite em que despertou seus poderes pela primeira vez, alguém observava tudo...

Perto da casa em chamas, o mendigo a quem William entregara as moedas observava a cena com muito interesse.
–???: Magnífico! Eu não imaginava que a criança era um manipulador do vento.
O homem retirou a parte da capa que cobria seu rosto, o qual tinha uma espessa barba e brilhantes olhos amarelados.
–???: Saiu tudo melhor do que o planejado.


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Notas finais do capítulo

Um velho amigo encontra Yasmin.
Capítulo 73: Yasmin e Vincent
Em breve.



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