Todos sabiam que a declaração de Scythe não era um blefe, mas sim a pura verdade. A falta de forças que os afetava, além de ser prova suficiente, fazia o medo da morte aflorar nas almas dos manipuladores.
–Fernand: E então, William? Algum plano brilhante?
–William: Não morrer já me parece bom o bastante.
Yasmin levantou-se, espada direcionada a Scythe.
–Yasmin: Não temos outra escolha, temos que atacar agora com todas as forças que nos restam!
–Fernand: Gostei desse plano.
–William: Hmpf, então que seja.
Os dois rapazes e a capitã avançaram. Fernand preparava-se para atacar frontalmente enquanto Yasmin e William se deslocavam ameaçando os flancos. Scythe não se mostrou nada abalada.
–Scythe: Nem se comparam aos ataques de antes.
A ceifadora atingiu as pernas do guerreiro da terra com sua foice. A armadura dele impediu que as pernas fossem feridas, mas não ajudou a prevenir a queda do rapaz.
–Fernand: Maldita trapaceira...
Scythe então girou sua foice ao seu redor, obrigando William e Yasmin a se afastar. Isto não impediu que Karin disparasse uma rajada luminosa, mas a lâmina da ceifadora, carregada de energia das trevas, destruiu o ataque sem dificuldade.
–Samantha: “Aí está minha chance.”
Pressentindo o ataque que vinha pelas costas, Scythe gerou uma fina, porém resistente, barreira de ossos logo atrás de suas costas, bloqueando o ataque de Samantha. Ainda assim, a distração gerada pela bruxa permitiu que Luna atingisse a inimiga no peito com uma flecha, empurrando-a contra a própria defesa.
–William: Acerte-a, Yasmin!
Uma forte corrente de vento atingiu a guerreira da Rosa Branca e a ergueu no ar, deixando-a sem defesas contra um ataque da capitã.
–Yasmin: Certo!
Com um movimento brusco da mão direita, Scythe fez um pequeno poste de ossos subir do chão e servir como apoio. Agarrando-se com uma mão a ele, a garota lançou sua foice contra Yasmin, que foi obrigada a bloquear com Draconis. Por fim, aproveitando-se da abertura gerada pelo ataque, a ceifadora atingiu o abdômen da adversária com um soco, derrubando-a.
–Fernand: Isso não fica assim!
Scythe saltou para o lado, desviando-se do machado de Fernand, e girou enquanto se segurava no poste que havia erguido, atingindo o manipulador com uma joelhada na nuca. Depois, a garota soltou-se pouco antes de outra flecha de água destruir o osso.
–Samantha: Você não vai escapar ilesa!
A bruxa disparou uma saraivada de agulhas negras, obrigando a ceifadora a correr até sua foice e disparar uma sequência de lâminas das trevas. Como resultado do fogo cruzado, Scythe agora tinha algumas agulhas presas ao corpo e Samantha alguns cortes superficiais.
–Scythe: É uma determinação impressionante, mas infelizmente você também já não tem mais forças.
Scythe lançou uma única lâmina obscura contra a bruxa. Esta, de tão cansada, apenas conseguiu cambalear para o lado, sendo atingida de raspão na cintura, antes de cair exausta.
–Scythe: Parece que ainda faltam três.
Uma nova rajada luminosa foi desfeita pela foice de uma nada impressionada Scythe. Karin, assustada, deu um passo involuntário para trás.
–Scythe: Você já deu golpes melhores.
A ceifadora arremessou sua foice contra Karin, que já nem conseguia mais se mover. A vida da menina foi salva por Luna, que se lançou sobre a manipuladora da luz e a tirou do alcance do ataque. Porém, o gesto de Luna fez com que esta recebesse um corte nas costas. Com as duas caídas, o único em pé agora era William.
–William: Parece que não há mesmo como vencê-la...
–Scythe: Agora é tarde demais para admitir sua derrota.
Scythe aproximava-se lentamente do manipulador do vento, que visivelmente mal conseguia se manter em pé.
–William: “Só há uma chance de vencer agora, mas se eu deixar aquele poder vir à tona agora que estou tão enfraquecido eu...”
O conflito interno do rapaz impediu-o de perceber que a ceifadora estava muito próxima dele, a apenas centímetros de distância.
–Scythe: Vendo melhor, você me faz lembrar dele. Essa sua expressão de seriedade imutável é tão parecida...
Yasmin abriu os olhos lentamente, constatando que quase nenhum músculo do seu corpo respondia aos comandos do cérebro. Tudo que ela era capaz de fazer se resumia a segurar o cabo de sua espada.
–Yasmin: “Ela vai matar William! Eu tenho que impedi-la, mas minhas forças já acabaram...”
–Scythe: Será que... a sensação é a mesma...?
O rosto da ceifadora se aproximava lentamente do rosto do manipulador do vento. Ele sabia que o toque seria fatal, mas com as energias que lhe restavam não era capaz de se desvencilhar. Quando já se considerava morto, sentiu um calor intenso enquanto Scythe era lançada para longe por uma bola de fogo.
–Yasmin: “Minhas forças já acabaram, mas ainda posso usar as forças da Draconis...!”
–William: Yasmin!
–Scythe: Você não sabe quando desistir?
–Yasmin: Eu vejo agora que foi ingenuidade da minha parte pensar que poderia seguir esse caminho sem ter que matar outras pessoas. Se eu não estiver disposta a fazer isso, quem corre o risco de morrer são meus companheiros!
–William: “Os olhos dela estão em fúria, como se estivesse dominada pela espada, mas por algum motivo ela parece...”
A capitã avançou com Draconis em punho. Scythe estendeu a mão esquerda para sua foice largada no chão e fios escuros saltaram dos dedos até o cabo da arma, trazendo-a para as mãos da dona.
–William: “...estar no controle...”
–Yasmin: Eu vou matá-la se preciso for, Scythe!
Apesar de intimidada com a ira da atacante, a ceifadora não recuou. Pelo contrário, atacou com sua foice, mas para a infeliz surpresa da guerreira da rosa branca, sua arma foi cortada pela lâmina de Yasmin.
–Scythe: “Não pode ser!”
Por reflexo, Scythe saltou para trás enquanto Yasmin continuava avançando. A garota de cabelos cinzentos deu um passo para trás, mas, por não ter notado que estava de costas para a lagoa, perdeu o equilíbrio. Sem misericórdia, a manipuladora das chamas abriu um corte diagonal no peito da oponente.
–William: Ela conseguiu...
Sangue jorrou para o alto e a ceifadora caiu dentro do lago. Segundos depois, um movimento na água indicou que alguma criatura submersa se movimentou na direção da derrotada Scythe.
–Yasmin: Desculpe por isso, não foi nada pessoal.
Yasmin deixou Draconis cair e então ela própria foi ao chão, inconsciente.