Roses And Demons: Roots Of Rebellion escrita por JulianVK


Capítulo 48
O Homem Entre as Bruxas




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A bruxa de cabelos negros sorriu. Um sorriso sincero de quem acredita no que ouviu. Ela se aproximou e estendeu o braço direito para William.
–Kate: Prazer em conhecê-lo, William Storde, meu nome é Kate.
O manipulador do vento estendeu seu braço também e apertou a mão da bruxa, porém sem retribuir o sorriso.
–William: Devo concluir que você acredita em mim?
–Kate: Sim, o que você falou é muito interessante. Eu não fazia ideia de que um plano tão ousado estava em andamento.
–William: Sendo assim, gostaria de abrigo por esta noite, se possível.
–Kate: Não precisa ser tão formal. O fato de você ter recebido um amuleto do Clã Datch o torna uma espécie de “membro honorário”. E é regra de cortesia para as bruxas receber e tratar bem membros de outros clãs. Venha.
Kate e as outras pessoas encapuzadas começaram a caminhar pelo túnel, sendo seguidas por William.
–Kate: Espero que aprecie nossa hospitalidade.
–William: Agradeço desde já.

William e Kate atravessavam corredores de pedra que faziam o manipulador do vento se sentir em um labirinto. Chamas vívidas e azuladas flutuavam no teto, iluminando o lugar. Ocasionalmente cruzavam o caminho de bruxas sozinhas ou agrupadas, até que finalmente chegaram a um local amplo e cheio de enormes estantes recheadas de livros.
–Kate: Elbio!
Em resposta à voz de Kate, um rapaz com aparentemente a mesma idade que William surgiu dentre as estantes. Ele tinha cabelos curtos e escuros, levemente desarrumados, e uma expressão amigável no rosto. As vestes dele eram as mesmas que as das bruxas: um longo manto que deixava apenas a cabeça exposta.
–Kate: Temos visitas!
–Elbio: Não me diga que ameaçou matá-lo, Kate.
–Kate: Só um pouquinho...
–Elbio: Desculpe pelo comportamento dela, amigo. Ela exagera um pouco...
William permaneceu calado, limitando-se a observar o comportamento de Kate e Elbio.
–Elbio: Enfim, o que quer de mim, Kate?
–Kate: Vou pedir que preparem um jantar para ele. Enquanto isso pode fazer compania ao rapaz? O nome dele é William.
–Elbio: Sem problemas, Kate.

Algum tempo depois, os dois rapazes estavam sentados em lados opostos de uma mesa naquela biblioteca. Elbio estava visivelmente impressionado com o que acabara de ouvir.
–Elbio: História interessante a sua, William. Mas diga, você está fazendo isto de livre e espontânea vontade?
–William: Eu não tenho liberdade desde meus sete anos. Apenas cumpro com minhas obrigações.
–Elbio: E não significa nada pra você realizar algo que pode resultar na aniquilação de uma nação inteira?
–William: E que alternativa eu tenho?
–Elbio: Colocando desta maneira, acho que nenhuma...
Os dois permaneceram em silêncio por algum tempo.
–William: Na verdade eu confesso que estou surpreso. Não imaginei que homens vivessem entre as bruxas.
–Elbio: Não me admira, afinal é o tipo de detalhe que somente as próprias bruxas sabem. Mas há uma razão para isso.
–William: Que razão?
–Elbio: A perseguição contra os clãs começou há pouco menos de 300 anos atrás. Como um grupo destes poderia sobreviver por tanto tempo sendo composto apenas por mulheres?
O manipulador do vento ouvia atentamente a explicação.
–Elbio: Quando os clãs se refugiaram, várias bruxas levaram os homens que amavam consigo. Além disso, muitas que viveram um tempo disfarçadas como mulheres comuns em vilas e cidades do reino voltaram com namorados.
–William: Entendo, mas ainda não faz sentido.
–Elbio: Realmente, não faz. A predominância feminina nos clãs se deve ao fato de que todas as bruxas são submetidas a um ritual durante a infância. Devido a isso, se alguma engravidar, a criança sempre será uma menina.
–William: Então este é o segredo das bruxas. Interessante.
–Elbio: De nada. Se quiser saber mais algo eu direi, se souber.
–William: Então explique por que as bruxas chamam umas às outras de irmãs. Eu ainda não entendi o motivo.
–Elbio: Ah, isso...
William notou que Elbio parecia um tanto desconfortável, mas o rapaz respondeu a pergunta assim mesmo.
–Elbio: Antigamente, como haviam pouquíssimos homens entre os clãs, as líderes decidiram que eles não pertenciam a uma bruxa em específico, mas ao clã inteiro. Como as bruxas que nasciam naquela época eram todas meio-irmãs, o tratamento “irmã” se popularizou.
O manipulador do vento dirigia um olhar incrédulo a Elbio. As informações que recebera o faziam questionar a integridade das bruxas.
–Elbio: Não faça essa cara! As coisas mudaram desde então!
–William: Tudo bem. E pelo que vi até agora cada pessoa tem uma função específica dentro destas comunidades, inclusive os homens.
–Elbio: Exatamente, recebemos tarefas de acordo com a capacidade de cada um. Eu, por exemplo, sou responsável por cuidar desta biblioteca.
–Kate: Ah, vejo que já viraram amigos.
Com um grande sorriso no rosto, a bruxa revelou sua presença antes despercebida pelos rapazes.
–Kate: Venha, William. Aposto que você vai adorar o que prepararam pra você!

William, agora num amplo local parecido com um refeitório, terminou de comer, sentindo-se satisfeito. A culinária das bruxas o surpreendeu, pois era deliciosa. Tanto que o rapaz se sentiu na obrigação de elogiar o jantar.
–William: É realmente delicioso, eu nunca comi algo igual.
–Kate: Uma pitada de magia sempre deixa as coisas melhores, William.
–Elbio: É, mas agora temos um pequeno problema pra resolver. Onde o William vai dormir?
–Kate: É verdade, todas as nossas camas extras estão ocupadas neste momento. Acho que você vai ter que dividir a sua com ele, Elbio.
William e Elbio se entreolharam, chocados.
–Elbio: COMO É? SEM CHANCE!
–William: Olha, se for necessário eu posso dormir em outro lugar...
A bruxa suspirou, um tanto irritada com a reação dos rapazes. Em especial irritada com a reação de Elbio.
–Kate: Qual o problema? Tem medo que ele faça coisas estranhas com você durante a noite?
–Elbio: Já que é assim, por que não divide VOCÊ a cama com ele?
–Kate: Está me desafiando?
–Elbio: Estou sim, sua metida!
–Kate: Você vai ver só! Venha, William!
A bruxa agarrou o braço do pasmo manipulador do vento e o arrastou para fora do refeitório, conduzindo-o ao seu quarto.
–William: “Definitivamente, não é só a Samantha que é assustadora. Todas as bruxas são!”


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