-Aurora: Não se preocupe. Tenho certeza de que logo você ficará bem.
A ferida do minerador, antes encharcada de sangue, agora se encontrava limpa.
-Minerador: Ainda estou sentindo alguns calafrios...
-Aurora: Desculpe, eu tive que congelar a ferida por um momento pra deter a hemorragia.
-Minerador: Desculpe te obrigar a usar suas vestes pra limpar o sangue...
De fato, parte da barra do uniforme da garota estava tingida de vermelho. Porém, Aurora não parecia nem um pouco preocupada com isso.
-Aurora: Às vezes é preciso-
Como se pressentisse algo, Aurora deu um passo para trás, evitando que uma estaca negra atravessasse sua cabeça. Porém, outra estaca igual atingiu o peito do minerador, fazendo pequenos jatos de sangue saltarem na guerreira da Rosa Branca. O homem caiu da cadeira enquanto o projétil que o atingira se desfazia em poeira negra.
-Fernand: Eu ainda acho que não precisava fazer isso...
-Samantha: Discuta com o William.
Ainda estarrecida com o que acontecera, Aurora fixou seu olhar nos dois invasores. Enquanto isso, William corria ao redor do pilar, visando atacar a inimiga pelas costas antes que ela se recuperasse do choque. Porém, as lâminas do rapaz foram detidas por um bloco de gelo que surgiu subitamente no ar.
-Aurora: O ataque dos onis... eu deveria ter desconfiado.
William deu um passo para trás, mantendo uma postura de combate. Enquanto isso, Samantha e Fernand sacaram suas armas, avançando para perto de Aurora.
-Aurora: Jamais vou perdoar pessoas como vocês, que não sentem remorso por usar vidas inocentes para cumprir seus objetivos.
-William: Vidas inocentes ou vidas inúteis?
Os olhos de Aurora brilhavam com fúria, mas esta não fez nenhum movimento impensado. Numericamente estava em desvantagem e, como não sabia o quão fortes eram os inimigos, preferiu manter uma postura defensiva.
-William: “Parece que esta garota não é tão fácil de provocar quanto o Sol.”
-Fernand: Não nos leve a mal, estamos apenas fazendo o nosso trabalho.
O guerreiro da terra empunhou seu machado e avançou, buscando dividir sua oponente horizontalmente ao meio. Porém, um bloco de gelo formou-se entre a lâmina e a garota, detendo o golpe sem sequer ser danificado.
-Aurora: Sendo assim, não me levem vocês a mal. Eu também só estou fazendo meu trabalho.
O ar naquela parte da mina estava esfriando rapidamente. A respiração dos presentes gerava fumaça e os membros pareciam se entorpecer.
-Aurora: Se resistirem estou disposta até a matá-los.
-William: Isso me soa tão hipócrita.
William saltou, impulsionando-se com uma rajada de vento, e se preparou para cair sobre Aurora com suas lâminas. Fernand, por outro lado, bateu seu pé direito no chão com toda a força, gerando um tremor que desestabilizou a inimiga.
-Aurora: “Então a informação que recebi estava correta, eles dominam elementos!”
Cada vez mais gelo formava-se ao redor de Aurora, bloqueando o golpe de William e gerando uma verdadeira barreira ao redor da menina. Samantha, aproveitando-se da distração que seus aliados causavam, já estava gerando linhas negras pela superfície do pilar.
-Aurora: Mas será que seus poderes são tão fortes quanto os meus?
Todos os blocos de gelo ao redor da garota se estilhaçaram numa rajada violenta que se espalhou para todos os lados. William protegeu-se com uma barreira de vento e Fernand com uma de rochas, ambas diminuindo o impacto que os pedaços de gelo causavam. Samantha, por outro lado, usou o pilar como escudo, atitude que tirou sua concentração e fez as linhas negras sumirem.
-Aurora: Saia de perto deste pilar!
Um comprido bastão de gelo empunhado por Aurora atingiu Samantha, separando-a do pilar e a derrubando. Em seguida, o trio notou que trilhas de luz dançavam ao redor da adversária, um fenômeno que lembrava a aurora boreal.
-William: “O que ela pretende fazer com isso?”
Em resposta à pergunta de William, uma estaca de gelo surgiu dentre as luzes. Com pouquíssimo tempo para reagir, ele saltou para o lado, sendo atingido de raspão pelo ataque.
-William: Ela está usando as luzes para ocultar os ataques!
-Fernand: Sem essa!
Três estacas, cada uma vindo de uma direção diferente, cruzaram o ar gelado em direção a Fernand. O guerreiro da terra conseguiu bloquear uma e desviar outra, mas a última cravou-se em sua armadura, causando-lhe um ferimento leve.
-Samantha: Desgraçada!
Samantha disparou, garras prontas para fincar na guerreira da Rosa Branca. Porém, antes que pudesse sequer ameaçá-la, foi jogada de volta por um golpe de bastão. William e Fernand tentaram aproveitar a distração, o primeiro atacando com uma rajada de vento e o segundo com seu machado, mas ambos os golpes foram detidos por barreiras de gelo.
-Aurora: Eu lamento muito, mas vocês são perigosos demais. Terei de atacá-los com todas as forças.
Novamente, a menina destroçou as barreiras e as fez virar uma explosão de estilhaços de gelo. Fernand, incapaz de se defender adequadamente, foi arremessado para trás e caiu, inconsciente.
-Aurora: Espero que os deuses permitam a vocês entrar em Utopia.
Dezenas de estacas de gelo saltaram para todos os lados, tornando aparentemente impraticável qualquer tentativa de esquiva.
-Aurora: Ter que sujar as mãos de sangue é horrível... mas este é o preço que alguém tem que pagar para proteger esta nação.
William mal conseguia crer que estava vivo. Embora a barreira de vento que este criou no último instante tivesse impedido sua morte, diversas estacas haviam se cravado em seu corpo. Vacilante, ele arrancou algumas, atirando-as ao chão.
-Aurora: Ah, parece que você ainda está vivo.
As luzes ao redor de Aurora se dissipavam lentamente enquanto William caía de joelhos no chão. A dor e o frio tornavam seus movimentos lentos e imprecisos.
-William: “Mesmo depois de nos esforçar tanto, ainda assim não somos páreo para a Ordem da Rosa Branca...?”
Aurora apontou o dedo indicador da mão direita para William. Uma única estaca de gelo foi disparada, prestes a atingir o guerreiro do vento.