Roses And Demons: Roots Of Rebellion escrita por JulianVK


Capítulo 36
Draconis




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Kenoh sentia sua consciência se esvaindo lentamente. Embora as estacas de cristal houvessem perfurado apenas seus braços e pernas, uma quantidade considerável de sangue escorria pelas feridas. Sentindo-se culpado pela situação deplorável em que estava, o Pyrath concluiu que só lhe restava uma coisa a fazer.
-Kenoh: Não pense que sou tão incompetente assim, Yasmin...
-Yasmin: Tio...? Não gaste suas forças, nós... nós vamos encontrar uma forma de te ajudar!
Ao observar novamente a situação de seu tio, a capitã esqueceu suas preocupações com a Draconis, pensando desesperadamente numa forma de ajudá-lo, mas sem sucesso.
-Kenoh: Escute, Yasmin. Quando eu avisei meu irmão que passaria a viver em Everdread, ele me fez um pedido...
Cada frase dita por Kenoh era seguida de uma rápida pausa.
-Kenoh: Ele me disse que famílias nobres e outras pessoas de influência desejavam a Draconis e que temia que a espada pudesse ser roubada. Por isso que ele a entregou para mim, pedindo que eu a mantivesse escondida.
-Luna: Que espada mais desejada...
-Kenoh: Porém, ele não me deu apenas a Draconis. Ele também me entregou uma réplica, uma espada falsa.
-Yasmin: Então, a espada que o tal Quartzo levou...?
-Kenoh: Sim, é a falsa Draconis. Somente uma espada enfeitada e com a lâmina coberta por uma camada de ouro.
Reunindo todas as forças que tinha em seu corpo, Kenoh forçou seu braço direito para frente até que este passou por toda a extensão das estacas de cristal. Agora, com um braço solto, o homem arrancou as outras estacas que o prendiam. Devido a isso, muito mais sangue escorria, deixando as garotas ainda mais desesperadas.
-Yasmin: Tio, o que está fazendo!?
Ignorando a sobrinha, Kenoh ajoelhou-se no chão e começou a escavar com as próprias mãos até tirar uma pequena barra de metal reluzente e dourada da terra. Segurando o objeto com firmeza, Kenoh pronunciou algumas palavras.
-Kenoh: Incendia... Draconis...
Reagindo às palavras de Kenoh, a barra metal brilhou fortemente e aumentou de tamanho enquanto mudava sua forma. Agora o objeto nas mãos do Pyrath era idêntico à espada que Quartzo levara.
-Yasmin: Essa é a legítima Draconis!
-Kenoh: Eu pretendia testar melhor a sua determinação antes de lhe entregar, Yasmin...
Kenoh, ainda ajoelhado, estendeu a espada para a sobrinha.
-Kenoh: Mas agora... será impossível...
A capitã tomou a lâmina, ainda que de forma receosa, e a admirou por um rápido momento.
-Kenoh: Use-a com sabedoria... e diga ao seu pai... que eu sinto muito...
Kenoh foi ao chão e não mais se moveu. A perda de sangue havia causado sua morte, a qual, por sua vez, levou às lágrimas Yasmin e suas amigas. Embora ele tivesse sido um homem severo e um professor cruel, as três tinham respeito e afeição por ele. Jamais imaginaram vê-lo daquela forma e isso enchia seus corações de tristeza. Porém...
-Yasmin: Nosso treinamento termina aqui. Partiremos amanhã ao raiar do dia!
-Luna: Yasmin, está tudo bem com você?
-Yasmin: Não é hora para lamentos. Ele podia muito bem ter apenas nos entregado a espada na forma de cabo de metal, mas ele optou por nos entregar ela na sua verdadeira forma. Isso só pode significar uma coisa: ele acreditou na nossa capacidade.
-Luna: Faz sentido...
-Yasmin: Sendo assim, não temos o direito de fraquejar agora. Vamos honrar o que aprendemos com ele seguindo nosso caminho e destruindo todos os obstáculos que aparecerem!

Mais tarde, naquela noite, Luna realizou uma pequena cerimônia improvisada em honra a Kenoh, segundo os costumes que aprendera como sacerdotisa. Yasmin então ateou fogo ao corpo de seu tio e permaneceu observando as chamas por um tempo.
-Karin: Yasmin, pode me responder uma pergunta?
-Yasmin: Sim, vá em frente.
-Karin: Por que tantas pessoas querem essa espada, a Draconis?
-Yasmin: Segundo os registros históricos, esta espada é capaz de atravessar qualquer material, mesmo os mais resistentes. Porém, meu pai me contou que a Draconis responde à determinação de quem a empunha.
-Karin: Isso significa que quanto mais forte for a pessoa, mais afiada fica a Draconis?
-Yasmin: Exato, mas infelizmente não é apenas isso. Há outro detalhe que meu pai me revelou e que provavelmente não é de conhecimento geral. Esta espada faz seu usuário sentir uma enorme sede de batalha. Se a pessoa tiver a mente fraca acabará dominada pela Draconis e se tornará um ser que existe apenas para matar.
-Karin: Entendo. É por isso que ninguém a usou durante tanto tempo...
-Luna: Desculpem interromper a conversa, mas eu também preciso pedir algo a Yasmin.
-Yasmin: O que foi, Luna?
-Luna: Gostaria de saber para onde iremos a seguir.
-Yasmin: O pilar mais próximo daqui é o que fica nas redondezas da Cidade dos Mineradores. Este será nosso próximo destino.

Três dias depois, William, Samantha e Fernand seguiam por uma região íngreme e rochosa nas arredores da Cidade dos Mineradores.
-Fernand: Afinal de contas, onde mora essa bruxa de quem você falou? Aqui, no meio do nada?
-Samantha: É claro que não! Ela tem uma casa na cidade, mas não podemos simplesmente entrar lá como se fôssemos pessoas normais.
-Fernand: Então o que estamos fazendo aqui?
-Samantha: Existe um caminho secreto subterrâneo que leva até o porão da casa dela. Agora pare de reclamar e me deixe procurar a entrada.
-William: Vejam aquilo.
O manipulador do vento, que estava à frente de seus companheiros e havia alcançado o topo de uma elevação do terreno, estendeu o dedo na direção de algo que havia do outro lado. Os outros dois apressaram o passo e logo notaram, vários metros abaixo, dezenas de onis reunidos entre várias estruturas precárias que lembravam cabanas.
-Fernand: O que são aquelas criaturas?
-Samantha: São chamados de onis.
-William: Interessante. Não há criaturas assim onde nascemos.
-Samantha: Eles não são nem um pouco amistosos. A partir daqui é melhor agirmos com mais cautela e discrição. Se eles notaram nossa presença teremos muitos problemas.


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