Noite anterior ao segundo ataque contra o pilar de Siral, nas redondezas da cidade, William, Fernand e Samantha contavam apenas com a luz do luar para enxergar.
-Samantha: Eu suponho que você tenha um plano, William.
-William: De fato. Notem que temos três vantagens a nosso favor, enquanto que ele tem apenas uma a favor dele.
-Fernand: A vantagem dele é ser mais forte que nós três juntos, isso é óbvio. Mas quais são as nossas vantagens?
-William: Em primeiro lugar, ele tem um ego gigantesco, quase insuportável. Podemos usar isso a nosso favor.
-Samantha: Acredita que ele baixará a guardar se usarmos provocações?
-William: Não obrigatoriamente, mas pessoas assim geralmente possuem um orgulho frágil e sentem-se propensas a atacar com todas as forças qualquer um que desdenhe.
-Fernand: Faz sentido.
-William: Além disso, eu notei uma coisa muito importante. Ele deixou o pilar totalmente exposto para me perseguir. É sinal de que ele não tem um bom senso de responsabilidade.
-Fernand: Mas a Samantha já havia fugido, não tínhamos como derrubar o pilar naquela situação.
-William: E aí que entra nossa terceira vantagem. Ele não tem como saber que Samantha é a única capaz de derrubar os pilares.
-Samantha: Deixe-me ver se eu entendi. Um de vocês dois servirá como isca para atrair o tal Sol para longe do pilar e permitir que eu o derrube?
-William: Exatamente.
-Samantha: Mas como vamos garantir que ele não perceba o truque?
-William: Deixe isso comigo. Eu farei parecer que o meu objetivo era atraí-lo para uma armadilha com o intuito de derrotá-lo. Preste atenção, Fernand, pois o sucesso deste plano também dependerá de você...

Algum tempo depois.
-Samantha: É um plano ousado, mas eu estou disposta a tentar.
-Fernand: Mas como iremos fugir? Não acho que aquele convencido nos deixará ir numa boa.
-William: Eu sei, mas eu também já pensei nisso.

-William: “Tudo saiu como esperado. Mas eu não imaginava que o orgulho dele pudesse ser ferido tão facilmente.”
Uma esfera brilhante surgiu na mão de Sol, anunciando um novo ataque. Já não restava o menor resquício de paciência no controlador de estrelas, furioso por ter sido enganado daquela forma. Porém, William e Fernand já esperavam por isso.
-William: Agora!
Fernand imediatamente bateu seu machado contra o chão, erguendo uma onda de pequenas rochas e poeira. Em resposta a isso, William criou uma rajada de vento, lançando os detritos e a sujeira sobre Sol. Por fim, os dois dispararam na direção oposta ao inimigo.
-William: Lembra do caminho que temos de seguir?
-Fernand: É claro que sim!
Sol, percebendo as intenções dos dois logo após sair da cortina de poeira, iniciou uma perseguição.
-Fernand: Vejamos se ele gosta disso.
Após um movimento rápido de seu braço, Fernand fez o trecho da rua entre ele e Sol rachar e tremer levemente, visando atrasá-lo. Porém, isto se mostrou ineficiente, pois o guerreiro da rosa branca criou uma trilha de pequenas esferas luminosas sobre o chão, usando-a como ponte.
-Fernand: Mas que cara chato!
-William: Preste atenção! Estamos quase chegando!
A dupla prosseguia com sua tentativa de fuga enquanto Sol, ainda concentrando energia na palma da mão esquerda, esperava o momento adequado para disparar um ataque fatal.
-William: AGORA!!!
Fernand deteve-se abruptamente e então atingiu com violência uma torre estreita, com cerca de seis metros de altura, abalando as estruturas desta com seus poderes e fazendo-a pender lentamente para o lado até começar a desabar. Sol, notando que a torre o esmagaria, lançou por reflexo a esfera explosiva em sua mão, destroçando a estrutura, mas gerando uma nuvem enorme de fumaça e poeira.

Mais tarde, nos arredores da cidade, Samantha encontrou seus aliados no lugar em que haviam combinado. Embora não demonstrasse, ela estava aliviada por notar que ambos estavam vivos. Porém, esse sentimento logo se dissipou após a bruxa observar melhor a expressão vitoriosa de William.
-Samantha: Então você sabe sorrir. Pensei que nunca havia aprendido.
-William: Estou apenas apreciando uma vitória merecida. Cada um de nós fez sua parte com perfeição e, como resultado, estamos todos vivos.
-Fernand: Nem acredito que tudo saiu conforme você planejou. Foi incrível!
-William: Obrigado, mas devo ressaltar que tivemos sorte desta vez. Os próximos inimigos podem não ser tão fáceis de ludibriar.

Floresta Everdread. Feixes de luz surgiam entre as árvores, anunciando um novo dia. Yasmin, Luna e Karin já estavam acordadas, esta última esfregando os olhos, um tanto sonolenta. As outras duas exibiam expressões sérias, ainda que sentissem uma pontada de satisfação por dentro.
-Karin: Esse já é nosso... terceiro dia aqui, certo?
-Yasmin: Sim, mas isso não importa. Finalmente alcançamos nosso objetivo.
As três haviam chegado a uma extensa clareira. No centro desta, em meio à grama e a terra, existia apenas uma coisa: a grande árvore que Kenoh havia mencionado durante sua breve conversa com as manipuladoras.
-Luna: Finalmente. Mas onde está o seu tio?
Um vulto saltou de um dos galhos da árvore, caindo em pé diante do trio. Era Kenoh, não muito surpreso com o fato das três terem chegado até lá.
-Kenoh: “Tinha que ser filha do Agas mesmo.”
-Yasmin: Lindo dia, não acha, tio?
-Kenoh: Ah, mas é claro. Um ótimo dia para ouvir três meninas tolas gritando de dor.