Loops, Rolls And Soundtracks escrita por JennyNightray


Capítulo 1
A histérica, o idiota e a maliciosa. - One-shot




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Levantei da cadeira, andando em círculos como um caçador tentando desvendar a chave do tesouro perdido. O caçador era eu, uma garota parcialmente sã, mentalmente falando, que estava perdidinha com pensamentos masculinos e complexos. Os homens são seres complicados, tanto quanto as mulheres.

Esse negócio de homens de Marte e mulheres de Vênus, eu acho tudo isso uma palhaçada sem fim. Porque, homens e mulheres são complexos demais para vir de um planeta sem fim, oras. Ambos não conhecem seus sentimentos, não sabem realmente o que guardam dentro de si. E não existe planeta mais complexado do que a Terra.

Essa é uma característica humana, não saber o que se passa no coração alheio. Como saber disso se não entende nem o próprio? Tão dificil quanto julgar é ser julgado. Tão dificil como falar é ser ouvido, tão dificil quanto amar é ser amado.

Enfim, hoje, nesse momento, não vim falar de planetas distantes. Nem de nada dessas coisas triviais. Vim falar de um garoto, que atormenta meu ser, mesmo que longe. Seu nome? Fujisaki Nagihiko, o implacável.

Chamo ele assim por causa do seu dom de me deixar com cara de tacho com suas respostas, suas perguntas e sua maneira de me deixar falando com o nada. Tipo agora. Ele vai ser o DJ da festa da primavera hoje, e não sei o que vestir. Antes de uma descrição repentina, Nagihiko é dono de uma beleza incontestável, por mais constrangedor que seja admitir, isso, mesmo que mentalmente, seus cabelos são lisos, sedosos e macios.

Seus olhos são tão profundos quanto uma enciclopédia sobre Alquimia, alguma bem profunda. Eu fico trêmula quando ele me olha nos olhos, pois sei que vou ceder a sua tão desejada vontade. Seja ela qual for.

Hoje, no dia da organização do comitê, foi tudo complicado.

Primeiramente, estou cada vez mais longe da Amu, minha amiga de pernas magras e um coração gordo. E tudo por causa do galinha, trapaceiro e mulherengo Nagihiko. Eu odeio esse cara.

Segundo, Yamabuki Saaya, a garota das pernas que mais parecem coxas de galinha, está aos poucos começando a conquistar minha simpatia. Sempre gostei das garotas obcecadas e sei que seus problemas não se reduzem ao Tadase. Ou, eu acho que não.

Enfim, ela está me ajudando a lidar com ele, com o Nagihiko, que fique bem claro. Disse que tem experiências com garotos. Isso eu duvido, mas gosto de ouvir ela falando mal dos ex-namorados. Falar mal daqueles que já provou é um pecado, mas é tão divertido. Isso é o que ela diz.

E o pior, eu vou ter que dar um jeito de juntar ela com o Tadase. Tarefa dificílima. Problema: Amu. Solução: Nagihiko. Mas eu não quero que ele seja a solução, então, assim que vai ser. É decadente, simplória e nada glamourosa, mas é a MINHA verdade. Não consigo vê-lo com outra pessoa, me dói.

— Nem me reconheco mais. — sussurrei, com o silêncio do raiar do dia me acompanhando junto com o cantar dos pássaros.

— Rima-chaan ~ Konichiwaa ~ — bradou Kusukusu, cantarolando. Ela é minha Chara, meu alter ego, meu outro eu ou como eu prefiro chamar: Kusukusu. Animadíssima, com seu bom humor.

Nem esbocei um sorriso. Kusukusu soltou um suspiro.

— Nagihiko. — ela deduziu, sorrindo e com uma sobrancelha arqueada em minha direção. Geralmente eu a repreenderia e repreenderia seus pensamentos pervertidos, mas só tenho humor para mandá-la ir para um cantinho profundo do submundo.

— Vou sair com a Saaya. — respondi, apesar da minha Chara não ter indagado nada. Talvez eu esteja maluca, talvez eu precise de um macho. Ou talvez eu esteja andando demais com a Saaya e a Yaya.

Duas malucas.

Sai, deixando meu corpo desagasalhado contrastar com o vento frio e andei a passos corridos para a Seiyo. Meu amado colégio. Na entrada vi Amu e algumas garotas, evitei olhar para elas e corri para a organização do comitê.

Vi Saaya e seu sorriso brilhante se destacarem no recinto. Ela estava acenando para mim, acenei levemente, respondendo-a. Mas não era ela que eu procurava. Era Nagihiko. E como uma luz, ele apareceu no recinto, carregando um... ah, um troço de DJ que meu vocabulário limitado não reconheceu. Saaya me puxou pelo braço até um banquinho.

E eu, como uma perfeita idiota parada deixando que uma maníaca que arranca a cabeça de suas Barbies me guie.

— Ohayou, Mashiro-chan! — ela estava muito sorridente, como se tivesse ganhado dinheiro ou acabado de topar com o Brad Pitt. — Como você tá?

— Péssima. — deixei o lamento falar por mim mesma.

— Oh... sei, sei. Acalme-se, Mashiro-chan! Eu tenho a cura! — Saaya tentou filosofar, subindo em cima de um dos bancos de praça fictícios e segurou uma dos lírios da decoração. — Yeeeah! Your love shines the way into paradise... — Saaya começou a cantar Leona Lewis. Eu ri do jeito que ela parecia amenizar minha confusão interna.

— Do que está rindo? — ela cruzou os braços — Hoje o Tadase-sama não veio, e estou enfezada. Enfim, te ajudando com o bonitinho dos cabelos compridos... Ouvi a vaca da Midori falando coisas... — Saaya mordeu o lábio. — Odeio muito essa garota.

— Deve ser por causa que ela ficou com o Tadase ano passado. — provoquei. Kusukusu me cutucou, maliciosa. Sorri para ela, igual a Yaya. Tremi ao perceber essa comprovação, mas ela era verdadeira.

— Aquela cachorra ficou com o Tadase-sama ano passado?

— Ops — ironizei, rindo muito por dentro.

— Enfim eu ouvi ela falando: Maldita seja aquela que conquistará o coração dele, minha cara. BWAHAHAHAHA! — a histérica subiu em cima do banco.

— Por favor, Saaya. Desce daí!

E o pior, eu estava me acostumando com essa garota me seguindo para todo o lado! Deus, o idiota do Nagihiko estava me deixando maluca.

— Eu. Odeio. Essa. Garota. Muito. E você há de me explicar que raio de história é essa do Tadase-sama ficar com essa acéfala.

— Há — ironizei — Vai sonhando. Só digo essas palavras: Amu viajando.

— AAAAAH! PORQUE MINHA SORTE É TÃO PEQUENA, AAAAAAAAAAAAAH! DROGA, DROGA, DROGA! — Saaya bateu perna feito uma bebezinha.

Mas, não era nela que eu estava prestando atenção. Nagihiko me olhava, e pude sentir seus olhos me penetrando como uma câmera, observando cada movimento enquanto eu ficava tentando acalmar a Saaya, que estava realmente brava. Será que ela realmente gostava do Tadase? Hn, vai dar merda. E merda das grandes, quando a Amu descobrir.

— Ohayou, Rima-chan. — Nagihiko me cumprimentou. Ele tinha um cheiro bom, de lavanda, chiclete e... amaciante?

 — Ohayou — fui seca, direta e rápida sem nenhuma expressão convidativa, para que ele não alimente esperanças.

— Pode me ajudar a escolher as músicas para hoje? — ele perguntou, ainda com aquele sorrisinho enigmático no rosto que me fazia tremer. Dentro daqueles olhos castanhos eu senti que ele queria que eu me rendesse.

Há. Mashiro Rima nunca se rende. Só numa dieta, mas isso não vem ao caso.

— Tá — e andamos para o lugar onde ele estava escolhendo as músicas, com vários CD's diferentes jogados no chão. Sentei no chão também, enquanto ele me olhava com cara de "você não vem?". — Você não vem?

— Ah, claro. — e sentou do meu lado. — Quais eu posso escolher?

— Acho que na primavera, algo romântico seria mais apropriado. Qual é o tema mesmo?

— Desabrochar dos Lirios. Aquela coisa clichê que tem todos os anos. — respondeu ele, com uma pitadinha de desapontamento. Esse tema clichê e cansativo é feito todos os anos no baile da primavera.

— Ah... que chato. Enfim, acho que musica romântica seria mais apropriado. O amor desabrocha na fileira dos lírios, enquanto o coração transborda em uma magia inimáginável! — debochei. Quando do diretor anunciou o tema, achou mesmo que os alunos iriam se apaixonar ali? Todos os anos aquelas árvores são só daqueles tarados que ficam com as garotas lá.

Nagihiko riu da minha imitação. O som da risada dele era tão doce que me deixava nervosa. Ele em si, me deixa nervosa.

— É... E assim, o sentimento de amor, carinho e afeto desabrochará em vossos corações. — Nagihiko fez uma voz anasalada — Romântica, certo?

Assenti e dei meia-volta. Bem, são coisas do destino, acho eu. Não, não são. Tudo que iria acontecer comigo naquele momento não era coisa do destino, e sim coisa de... ah, sei lá, uma coisa sobrenatural.

Ele pegou na minha mão. Ela instantâneamente ficou quente, mas eu estava evitando isso. Evitando que ele tivesse uma brecha, evitando o contato corporal, por mais pequeno que ele seja. Com o primeiro toque, uma grande brecha se abre. Aquilo que me faria perder o controle que ando tendo de uma vez por todas. Aquilo seria o fim.

— Pode me ajudar a escolher:

Aquela cara, aquele sorriso, aqueles olhos! Tudo nele conspirava para que ele não fosse a solução que a Amu procurava; Por mais doloroso e embaraçoso que seja, ele era a minha solução.

Nada mais.

— Claro.

A minha resposta foi rápida demais. Isso poderia me fazer ficar arrependida no futuro. Ele sentou em uma cadeira, fiz o mesmo. Ficamos revirando CD's e pensando em um bom tema. Claro, que combine com o tema clichê rotineiro.

— Rima-chan, posso falar com você um segundo? — ele perguntou. Se eu estivesse ao menos sã, eu negaria essa possibilidade no ato, mas, não. Eu não estava sã e queria urgentemente uma solução.

— Sim.

Então, ele me puxou para o corredor, onde estavam as "fileiras de lirios". Pensei em quanto tempo a Saaya perceberia nossa presença e viesse me chamar, berrando e meio depressiva. Pensei também em quanto tempo a Amu vai demorar para chegar. Mas, meus pensamentos mudaram.

— Ahn... Você é a melhor amiga da Amu-chan, certo?

Decepção. Continuei ouvindo, esperando para pular da janela.

— Certo. — respondi, com amargura indesejada.

— Já sentiu sentimentos fortes por alguém? Alguém que você não queira perder de jeito nenhum, mas não tem coragem de fazer um movimento?

As palavras dele me surpreenderam. Tanto quanto uma nevasca no verão ou uma insolação no inverno. Sempre pensei que ele não fosse o tipo de cara que nutrisse sentimentos profundos por alguém. Principalmente desse jeito, não pude esconder minha surpresa. Só fiz uma maldita afirmativa com a cabeça.

Infelizmente, essa minha afirmativa deu chance para que ele chegasse mais perto. Aí, o desespero chegou. Pensei em pular da janela, mas não podia. Uma fresta dela estava aberta, e senti o vento rodopiar ao meu redor. Aquilo foi assustador.

— O que você faria? — ele parecia angustiado. Não gostava de vê-lo assim. Isso me deixou angustiada também.

— Eu falaria. Ou pelo menos, teria coragem para fazer. Se não contar, a pessoa vai ficar tão nervosa quanto você. Se ela gostar de você de verdade, vai ficar muito agoniada com você. Mas se ela não gostar, azar. Todo amor verdadeiro é correspondido, porque a dor é grande demais se não for.

Tapei a boca no mesmo instante, percebendo o que eu acabei de falar. A idiotice que continham aquelas palavras eram tantas, que se me perguntassem se eu tinha tido aquilo, eu mataria. Mataria. Sem dó. E se alguém dissesse que um dia eu iria me apaixonar pelo Fujisaki, eu perguntaria quantas drogas ela tomou. Mas, essa é a realidade. E ela não pode ser mudada.

Aí, ele mexeu nos cabelos, inquieto.

— Não sei mais o que fazer... — sussurrou. Se o corredor não estivesse silencioso o suficiente, eu não ouviria. — Obrigado.

Se alguém me falasse há dois minutos que eu acabaria beijando Fujisaki Nagihiko, o implacável, eu diria que essa pessoa tem problemas ou sua mente limitada não estava regulando bem. Mas, eu nunca pensei que estaria fazendo isso por puro impulso. Foi algo que, definitivamente, saltou da minha consiência. Por que eu tinha feito isso? Porque é minha verdade, simplesmente.

Não posso mudar minha verdade. E eu decidi minha verdade quando selei meus lábios no dele. Foi tão rápido, porém, foi de um significado enorme. Eu estava indignada, surpresa e embevecida, principalmente quando ele correspondeu.

Não foi como em filmes, foi molhado, não senti borboletas no meu estômago, só senti que havia me apaixonado, e que não deveria gostar daquilo, deveria me afastar, deveria chorar e sair correndo. Deveria, mas não fiz. Foi bom, ótimo, e eu queria fazer de novo.

Vivendo em altos e baixos, essa é a minha verdade. E eu acabei de cometer o maior erro da minha vida, e o maior acerto ao mesmo tempo.

Como ele poderia ter sido a melhor e a pior coisa que havia me acontecido?

Ano que vem, quem sabe, eu posso repetir. E aproveito para tentar resolver o problema da Saaya. Problemático...


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Notas finais do capítulo

WHUUUUUUUUUL. ONE BOBOQUINHA -q

Tragic Note: ESTOU COMEÇANDO A GOSTAR DE SAAYADASE D: Sério, kill me.

Reviews? :3

Façam uma autora boboquinha e reprovada feliz :3



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