Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Adorei esse capítulo... Modéstia à parte, acho que ele ficou bem legal...



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Eu estava seguindo minha intuição. Eu tive que pensar rápido antes que ela se afastasse muito. Se eu fosse Rose, para onde eu iria? Ponderando sobre essa decisão, eu cheguei à conclusão de que Rose iria seguir a para cidade. Mas Rose sabia que eu iria pensar que ela iria para lá, por isso disparei para a floresta. Eu estava contando com a sorte, mas não tinha escolha.

Estava muito escuro e eu não conseguia ver quase nada. Corri, sabendo que meu passos eram mais rápidos que os dela. Mas, logo me dei conta de algo. Mesmo pressentindo que ela estava na floresta, eu não tinha ideia para qual lado ela tinha ido. Resolvi ser o mais racional possível. A única maneira de uma pessoa se guiar, numa floresta daquela, seria pelas estrelas. Eu não estava bem certo se Rose tinha esses conhecimentos de direção, mas eu iria arriscar. Olhei para o céu e localizei a constelação Ursa Maior, que indicava o caminho para o Norte, que não parecia muito promissor, mas não tinha outra direção a seguir.

Fiquei atento ao todo som que vinha, na esperança de algo me guiar a Rose, mas ao meu redor só conseguia ouvir insetos. Continuei correndo e olhando tudo em volta, me perguntando o que ela poderia estar planejando. Logo percebi que correr na ia ajudar. Certamente ela iria ouvir meus passos esmagando as folhas e galhos secos que estavam no chão. Comecei a andar lentamente, me focando nas sombras das árvores. 

Enquanto caminhava,  eu não conseguia parar de pensar sobre o beijo. Eu me sentia péssimo. Péssimo por ter fraquejado daquele jeito. Péssimo por ter ficado tão vulnerável. E péssimo por ela ter me feito de idiota. Naquele momento, eu estava me entregando a ela, enquanto ela conseguiu manter o seu foco de fugir de mim. Apesar de ser uma persistência inútil dela, ela estava determinada a cumprir e não deixou que nada abalasse isso, diferente de mim. Era horrível a minha voz interior me castigando. Tentei tirar isso da minha cabeça, mas eu simplesmente não conseguia.

A última vez que tinha a beijado, eu era um Strigoi. Eu tremia só de pensar sobre aqueles tempos, e não era algo que eu podia considerar como experiências de vida, não era como se tivessem feito parte da minha vida. Aqueles momentos que passei com Rose foram fora da realidade. Eu não tinha sentimentos por ela, aliás, eu não tinha sentimentos por nada, mas o mesmo tempo a queria de forma incontrolável, mais do que qualquer outra coisa. Era como se eu precisasse dela para continuar existindo.Talvez essa fosse a maneira de um Strigoi gostar. E havia um conflito em mim. Eu a queria como aliada e sabia que ela, como Strigoi, seria invencível, mas ao mesmo tempo eu a queria viva, talvez por isso eu nunca consegui matá-la ou transformá-la. Algo em mim não conseguia. Várias vezes eu estava obstinado a terminar com ela, mas quando a encontrava, algo mais forte surgia. Se eu a matasse ou a transformasse, eu não teria mais seu sangue, seu cheiro, sua pele, sua vida. Ela tinha se tornando um vício, sem o qual eu não conseguiria viver. Acho que essa é a explicação mais próxima de como eu me sentia em relação a ela.

Como eu disse a Rose, tudo ao meu redor parecia mais vivo, ser um Strigoi tinha alguma vantagem. Com os sentidos muito apurados, tudo era bem intenso. O cheio das coisas, o toque, tudo. Mas a resposta de Rose, naquele dia, foi muito sábia: “sim, mas você está morto”. Eu realmente estava morto. Hoje eu sei perfeitamente disso. Somente morto eu poderia não amá-la.

O tempo anterior a esse tinha sido uma semana antes do aniversário de Rose, no final de março. Foi quando nos amamos pela primeira e única vez, mais ou menos quatro meses atrás. Hoje eu sei que um tempo não pode ser comparado ao outro. Estar vivo é bem diferente.

Mas, até esse beijo de hoje, eu não tinha tanta certeza de que eu a tinha perdido, mas agora eu tinha certeza. Ela reagiu friamente, me atacando. Ela colocou em prática a lição dada aos guardiões: usar qualquer coisa ao seu alcance como arma. Ela agora estava realmente com Adrian. Agora eu sabia que ela não iria desperdiçar a sua vida comigo.

Se o seu nome fosse limpo, o que eu acredito que vai acontecer em breve, ela poderá, eventualmente, ser perdoada e voltar a ser uma guardiã, talvez Adrian pudesse requisitá-la para sua proteção. Ele tinha demonstrado que era capaz de fazer qualquer coisa por ela. Eu não tinha mais o direito de pensar nela deste jeito. Eu não podia mais a querer deste jeito. Isso era uma coisa que eu teria que trabalhar bastante em mim.

De repente, eu vi uma figura. Rapidamente, me encostei numa árvore, com medo que ela me visse. Era Rose, ela estava de costas. Eu a reconheceria em qualquer lugar. Silenciosamente, cheguei um pouco mais perto, para ter uma visão melhor. Seu rosto estava completamente em branco e os olhos fixos. Ela provavelmente estava na cabeça de Lissa. Aquilo a deixou vulnerável, qualquer Strigoi a teria atacado sem problemas. Respirei fundo e silenciosamente. Dei um passo para trás e  corri em direção a ela.

Eu me arremessei em cima dela e ela bateu no chão. Ela soltou um gemido.

"Oomph!" e eu a seguei contra a terra. Eu podia sentir o cheiro das folhas no chão. Falei baixinho em seu ouvido.

"Você deveria ter se escondido na cidade. Teria sido o último lugar que eu procuraria. Ao invés disso eu sabia exatamente para onde você iria" eu murmurei. Foi quase engraçado a forma como eu estava incerto e agora eu estava agido todo confiante.

"Tanto faz. Não pense que é esperto", ela murmurou, entre os dentes. Ela estava presa, sem conseguir lutar. "Você fez um palpite de sorte, isso é tudo."

Mas uma vez, lá estava ela me desvendando. Ela me conhecia muito bem. Sim, eu tinha tido um palpite de sorte, mas eu não ia dizer isso a ela.

"Eu não preciso de sorte, Roza. Eu sempre vou te encontrar. Então, realmente, cabe a você dizer o quão difícil essa situação pode ser. Podemos fazer isso o tempo todo ou você pode ser razoável e apenas ficar comigo e  Sydney. "

"Não é só ser razoável! É um desperdício." Eu poderia ver sua razão, mas eu continuei. Eu não ia deixá-la fugir novamente.

"Quantas vezes eu tenho que explicar a lógica por trás do que estamos fazendo?"

"Até que você desista." Eu não tinha dúvidas de que ela iria continuar tentando. Ela tentou me empurrar, mas o meu tamanho e força subjugaram a ela. Então a levantei e a dominei, prendendo seus braços atrás das costas. Eu tinha vencido. Eu comecei a arrastá-la de volta para o hotel. Percebi que não tínhamos nos afastado tanto. Na verdade ela tinha andado em círculos, o que não deixou de ser engraçado. Quando passamos por uma árvore, que tinha grandes raízes, ela cravou os pés nelas, nos fazendo parar abruptamente. Percebi que isso seria uma incessante luta, Rose parecia uma criança birrenta. Então, segurei com mais força.

"Eu estou colocando você e Sydney em risco, se metendo em encrenca comigo. Eu posso cuidar de mim mesma, então me deixe  ir!"

"Rose," eu comecei. "Você não pode me vencer."

"Como está o seu rosto?" ela perguntou ironicamente. Havia doído muito, na verdade, mais internamente do que externamente. Eu continuei a arrastá-la e ela fez uma careta no escuro.

"Eu estou apenas há alguns segundos de jogar você por cima do meu ombro." Eu ameacei, sabendo que Rose acharia isso uma humilhação. Talvez isso a  deixasse quieta por alguns minutos.

"Eu gostaria de vê-lo tentar." Rose falou. Parecia que minha ameaça não tinha funcionado, resolvi mudar de estratégia. Eu sabia que força bruta não funcionava com Rose, ela sempre iria lutar até o fim.

"Como você acha que Lissa se sentiria se você morresse? Você pode imaginar o que aconteceria com  ela se lhe perdesse?" Eu tinha ouvido histórias sobre os usuários espírito que tinham ficado loucos quando perderam seus parceiros de laço.

"Tenha um pouco de fé, camarada. Eu não vou morrer. Vou ficar viva." Não era que eu estava esperando. Rose era realmente impossível. Eu já estava quase sem métodos de persuasão.

"Há outras maneiras de ajudá-la de qualquer loucura que você está pensando." Falei aleatoriamente.

De repente, ela relaxou em meus braços. Eu tropecei, pego em surpresa.

"O que há de errado?" Era estranho, mesmo para Rose, espontaneamente se render assim. Ela olhou para a floresta e, naquele momento, eu não sabia o que esperar.

"Você está certo", ela falou baixo.

"Certo sobre ...?" Eu não tinha idéia o que estava acontecendo com ela, não sabia o que tinha feito ela mudar tão rapidamente de ideia. Será que ela realmente tinha mudado de ideia? Será que ela não estava tentando me dar outra volta?

"Correr de volta para Corte não vai ajudar Lissa."

Continuei segurando, eu ainda estava cauteloso com o que viria dela.

"Eu vou voltar para o hotel com você, e eu não vou sair correndo para a Corte. Mas eu não vou ficar sentada, sem fazer nada. Vou fazer algo para Lissa, e você e Sydney vão ter que me ajudar."

Bem, lá íamos nós de novo.


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