Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 47
Capítulo 47




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/143639/chapter/47

Lissa acomodou Rose em um confortável e luxuoso quarto, o mais próximo que ela conseguiu do seu. Sem pedir autorização a quem quer que fosse, eu me coloquei sentado em uma poltrona em frente à cama, a observando, esperando pacientemente que ela acordasse. Mas ninguém reclamou por eu estar ali. Todos os seus amigos vierem para vê-la, apesar dela ainda estar inconsciente.

Lissa a checava a todo momento, mas seu tempo estava muito corrido nestes dias que antecediam a sua coroação. Em uma das vezes, ela veio com Christian.

“Dimitri,” ela começou “eu tenho certeza que muito em breve Rose estará recuperada... então eu a requisitei para ser minha guardiã pessoal. Eu sei que como rainha  eu terei muitos, mas eu só confio nela. Ela já demonstrou do que é capaz para me proteger”

“Eu tenho certeza que você não estaria em melhores mãos. Rose sempre sonhou com isso e foi para isso que ela se preparou a vida inteira” falei, sentindo uma mistura de alegria e tristeza. Alegria por Rose. Ela iria adorar essa notícia. Tristeza por mim, eu sabia que seria difícil ter alguns momentos com Rose, se ela iria cuidar da guarda da rainha. Rose estava sendo considerada uma heroína pelas pessoas. Mas eu, apesar de ter meu título de guardião de volta, ainda não tinha a confiança de todos. Eu teria um longo trabalho para provar que não havia mais nada de Strigoi em mim. Eu tinha certeza que, para mim, não me restaria nada além de trabalhos administrativos e burocráticos.

“Então...” Lissa continuou com um sorriso malicioso, olhando para Christian. “Christian lhe requisitou para protegê-lo. Ele não irá para a Universidade comigo, mas nós iremos nos ver sempre. Então você e Rose também poderão se ver. Não é perfeito?” Lissa falou com um sorriso aberto. Eu fiquei sem palavras. Não sabia como agradecer aquilo. Realmente era perfeito.

“Lissa, Christian... eu só tenho a agradecer, realmente eu não esperava ser requisitado para a guarda de alguém, tão cedo” não consegui esconder as emoções das minhas palavras.

“Agradeça, Belikov, mantendo a Rose distraída e distante de nós para que possamos ficar juntos em paz” Christian falou em um tom de brincadeira, apesar dele ainda estar bem abalado pelos acontecimentos com sua tia.

*****

Já era tarde quando percebi Rose se mexendo na cama. Ela primeiro moveu as mãos e braços. Eu observei com atenção. Logo depois, ela abriu os olhos. Atenta olhando tudo em volta. O meu coração disparou. Ela tinha retornado.

“E a bela adormecida desperta...” falei, mal conseguindo conter a felicidade que estava em mim. Levantei e fui até a cama para vê-la melhor.

“Você é a minha enfermeira?” ela falou sorrindo e já tentando se levantar.

“Não, não, você precisa se deitar”

Percebi pela sua expressão que ela ainda sentia muita dor. Talvez por isso, e só por isso, ela me obedeceu prontamente e se manteve deitada.

“Então se aproxime, eu quero ver você”

Eu ponderei sobre aquilo por uns instantes. Eu já tinha me colocado a uma distância que eu considerava adequada para observá-la. Toda vida ouvi falar que não devíamos sentar na cama de uma pessoa enferma, pois ela fica vulnerável demais e propensa a infecções. Mas a minha vontade de ficar próximo a ela era maior do que qualquer bom senso. Então, retirei os meus sapatos e a afastei um pouco para o lado da cama. Deitei em um pequeno espaço ao seu lado, de forma que dividimos o mesmo travesseiro. Nós nos olhamos por um bom tempo. Eu nunca ficaria cansado de olhar para ela.

“Melhor?” perguntei.

“Muito”

Passei meus dedos por seus cabelos, retirando uma mecha que caía no seu lindo rosto. Depois deslizei por sua bochecha, ainda sem acreditar que ela estava viva e bem.

“Como se sente?”

“Com fome”

Eu tive que rir disso. Claro. Rose sempre está com fome. Isso era um sinal de que ela estava se recuperando. Eu passei o braço por suas costas, lhe abraçando e ao mesmo tempo a trazendo mais próximo a mim. Era uma das melhores sensações que eu podia sentir.

“É claro que está. Eu acho que até agora eles só conseguiram lhe alimentar com uma espécie de caldo. Bem, isso e fluidos intravenosos. Você provavelmente está com carência de açúcar”.

Ela fez uma careta e eu não sabia dizer se era por causa do caldo ou por causa dos fluidos.

“Quanto tempo eu estive inconsciente?”

“Alguns dias”

“Alguns dias...” ela falou e eu senti seu corpo tremer em baixo dos meus braços, rapidamente, puxei o cobertor para cima dela. “Eu não deveria estar viva” ela sussurrou e permaneceu pensativa por uns instantes. De fato, ela não deveria. Foi um ferimento muito grave e ela resistiu a ele bravamente. E venceu.

“Oh Deus! Lissa me curou, não foi?”

Era uma conclusão óbvia a se chegar, se você tem uma amiga que tem o poder de curar doenças e já lhe trouxe do lado da morte uma vez. Mas agora, por mais incrível que isso parecesse, Rose tinha se curado sozinha.

“Não, ela não lhe curou”

“Não?” ela falou, franzindo o rosto. Eu podia ver que ela esta realmente confusa. Para Rose, tinha sido tão normal passar por várias curas vindas de usuários do espírito que os métodos convencionais lhe pareciam estranhos.

“Então... Adrian? Ele nunca... depois de como eu lhe tratei... não. Ele não teria...”

“O quê? Você acha que ele teria deixado você morrer?” perguntei sem acreditar que ela realmente não conhecia os sentimentos de Adrian para com ela. Ele tinha provado, a todo tempo, que a amava e que ela estava acima de qualquer coisa para ele. Até mesmo acima da decepção que ela lhe causara. Ela ficou pensativa.

“Não importa como ele se sente...” lembrei de todo rancor que vi nos olhos dele e seu comportamento no hospital, ao ver Rose na sala de recuperação “Bem, ele não teria deixado você morrer. Ele queria lhe curar, mas ele também não pôde.”

“Então, quem? Sonya?”

“Ninguém. Você mesma se curou, eu suponho.”

“Eu... o quê?”

Eu não pude deixar de achar aquilo divertido. Ela realmente achava estranho a sua recuperação ter se dado por sua própria capacidade de reação.

“As pessoas podem se curar sem mágica, de vez em quando, Rose. E seus ferimentos... eles eram bem ruins. Ninguém pensou que você sobreviveria. Você foi para cirurgia e então, todos esperamos” eu sentia um aperto no peito em lembrar daquelas longas horas de espera pela qual passamos.

“Mas porque... porque Adrian e Lissa não me curaram?” ela ainda não aceitava que eles não tivessem participado de sua recuperação.

“Oh, eles queriam, acredite em mim. Mas depois, naquele caos que se seguiu... a Corte foi fechada. Ambos foram levados sob forte proteção antes que pudessem agir. Ninguém deixou que eles se aproximassem de você, não quando todos ainda pensavam que você era uma assassina. Ele tinha que ter certeza sobre Tasha antes, embora suas próprias ações já fossem bem claras”.

“Tasha ainda está... viva?”

A decepção que eu tive com Tasha ainda doía muito em mim. Eu também sentia muito remorso por ser, indiretamente, a causa por esses acontecimentos terríveis na vida de Rose. Ele só havia incriminado Rose por que queria o caminho livre para ficar comigo. E aquele tiro, apesar de ter sido aparentemente para Lissa, eu não duvidada que Tasha fosse capaz de atirar friamente em Rose.

“Sim. Eles a pegaram logo depois que ela atirou em você – antes que ela machucasse mais alguém. Ela está presa e, a cada dia, mais provas aparecem contra ela.”

“Desmascará-la foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz. Lutar contra Strigois foi mais fácil do que isso.”

“Eu sei. É uma coisa difícil para eu ver, para acreditar. Mas ela fez suas próprias escolhas e todas as acusações contra você foram retiradas. Você é uma mulher livre agora. Mas que isso. Uma heroína. Abe está se gabando que tudo isso é devido a ele.”

A lembrança do pai que ela havia conhecido há tão pouco tempo lhe trouxe um sorriso doce aos lábios “É claro que ele está. Eu provavelmente vou receber uma conta dele em breve.”

Eu sorri junto com ela e a abracei com mais força. Ficamos ali aproveitando aquele momento, de rara paz,  juntos. Eu me sentia aliviado por todo perigo ter passado. Bem, pelo menos, por hora, e que pudéssemos ficar ali, sem nos preocuparmos com qualquer formalidade, sem qualquer protocolo a seguir ou satisfação a dar, a quem quer que fosse.

“Então, e agora?” ela perguntou. Essa era uma pergunta que ela me fazia bastante. O pior era que nem sempre eu tinha uma resposta concreta para dar.

“Não tenho certeza” falei, descansando o rosto em sua testa. Sinceramente, eu não conseguia me preocupar com o futuro. Eu tinha passado por tanta aflição e tanto medo de perder Rose, que só conseguia sentir a felicidade daquele momento presente “Só estou tão feliz... tão feliz por você estar viva. Estive tão perto de lhe perder por tantas vezes. Quando vi você naquele chão, e toda aquela comoção e confusão... eu me senti tão incapacitado. Eu percebi que você tinha razão. Desperdiçamos as nossas vidas com culpa e autopunição. Quando você me olhou, daquele jeito, no final... eu pude ver. Você realmente me ama.”

“Você duvidava” seu tom era de brincadeira, mas as palavras soaram ofendidas.

“Não. Eu quero dizer, eu soube, naquele momento, que você não apenas me amava, mas que realmente tinha me perdoado.”

“Não havia nada para perdoar, realmente não havia” suas palavras pareciam completamente sinceras. Ela havia me falado isso várias vezes, mas tudo que eu tinha feito com ela foi de uma tal atrocidade, que eu nunca imaginei que pudesse haver remissão para isso, eu sempre pensei que algum tipo de mágoa tinha que ficar em Rose. Ninguém podia perdoar tão plenamente e ninguém podia ser perdoado tão plenamente. Assim eu achava. Mas eu estava errado.

“Mas eu sempre acreditei que havia” Eu me afastei um pouco, para poder olhar melhor para seu rosto “E era por isso que eu estava me segurando. Não importava o quanto você dissesse, eu não podia acreditar... eu não podia acreditar que você perdoaria tudo que eu fiz com você na Sibéria e depois que Lissa me restaurou, eu achei que você estava se enganando”.

“Bem, não seria a primeira vez que eu faria isso. Mas não, dessa vez eu não estava.”

“Eu sei, e com aquela revelação... naquele segundo que eu soube que você me perdoou e que eu realmente tinha o seu amor, eu finalmente fui capaz de me perdoar também. E todo aquele fardo, todo aquele laço com o passado... eles se foram. Foi com se...”

“Você tivesse se libertado? Voando?”

“Sim. Só que veio tarde demais... parece loucura, mas quando eu lhe olhava, com todos aqueles pensamentos se formando em minha mente, foi como se... eu pudesse ver a mão da morte lhe levando. Não havia nada que eu pudesse fazer. Eu não podia ajudar. Eu me senti indefeso.”

“Você ajudou. A última coisa que vi, antes de desmaiar, foi você e Lissa. Eu não sei como sobrevivi, como eu superei todas as chances. Mas eu tenho certeza que o seu amor – o amor dos dois – meu deu forças para lutar. Eu tinha que voltar para vocês. Só Deus sabe em que tipo de problemas vocês se meteriam sem mim.”

Eu não tinha mais palavras para responder tudo aquilo que ela me dizia. Então, acreditando que algumas atitudes falam mais alto do que palavras, eu a puxei para mim e a beijei, com todo amor que eu sentia por ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Last Sacrifice por Dimitri Belikov" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.