Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 46
Capítulo 46




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Quando chegamos ao centro médico da Corte, já havia passado algumas horas desde que Rose tinha sido baleada por Tasha, mas as ruas ainda estavam caóticas. Pessoas se espalhavam por todos os lados e vários grupos ainda faziam manifestações populares. Entramos no prédio e fomos direto a sala de informações, mas a recepcionista disse que Rose ainda estava no bloco cirúrgico. Não nos restava nada mais além de esperar. Esperar pela via ou esperar pela morte? Eu não sabia dizer.

Fui até um sofá no canto da sala e sentei, apoiando os meus cotovelos nas pernas. Fiquei parado olhando as linhas do chão revivendo os acontecimentos deste dia tão tortuoso. Hoje, pela manhã, estávamos no hotel, dormindo juntos. Agora eu estava prestes a perdê-la. Eu já devia saber que essa incerteza sobre o futuro era o natural nesse caminho que eu tinha escolhido seguir. Ser um guardião era isso. Não saber o que lhe aguarda. De qualquer forma, naquele momento mais nada fazia sentido ou tinha tanta importância como antes. Tudo que fiz como um Strigoi, a forma com que tratei Rose na Sibéria e como a persegui depois disso, tudo parecia pequeno. Tudo parecia um tempo perdido. Era um passado que não retornaria e não poderia ser mudado. Algo muito maior estava acontecendo agora. A diferença entre estar vivo ou morto.

O tempo passou lentamente e a impressão que eu tinha era que eu estava ali esperando há anos. Finalmente, a porta do corredor abriu e um médico saiu de dentro dela. Era um Moroi de cabelos grisalhos, aparentando ter por volta dos cinqüenta anos. Imediatamente fiquei em pé e fui até ele, que nos olhou com um ar cansado.

“Foi uma cirurgia complicada, o projétil estava alojado em uma área muito próxima ao coração. Nós conseguimos removê-lo e parar as hemorragias causadas pelo ferimento. No momento, ela passa bem, dentro do seu atual quadro, mas não podemos afirmar nada antes das próximas quarenta e oito horas. Ela deverá ficar por algum tempo na sala de recuperação. Deverá ficar em repouso absoluto e nós a manteremos sob monitoramento constante.”

Com essas palavras, ele nos deixou e eu pensei que não sairia dali até conseguir ver Rose. Olhei para Abe e Janine e algo me dizia que eles pensavam o mesmo. Permaneci aguardando até que uma enfermeira disse que poderíamos vê-la pelo vidro sa sala de recuperação pós cirúrgica. Eu senti um alívio, embora soubesse que aquilo não significava nada, que o perigo dela não resistir ainda existia.

Nós não pudemos entrar, apenas a olhamos por uma janela de vidro. Ela tinha vários fios presos nela e tubos no nariz e boca. Ver Rose naquele estado, para mim, foi uma das piores experiências da minha vida. Era uma sensação de incapacidade absoluta. Ela não podia morrer. Ela tinha que resistir.

Apesar dos protestos dos guardiões que ali estavam nos escoltando e dos enfermeiros do centro médico, nenhum de nós se afastou dali. Ficamos sentados na sala de estar e não falamos um com o outro. Era como se eu, Janine e Abe vivêssemos cada um, uma dor à sua maneira. Quando a noite começou a cair, mais duas pessoas se juntaram a nós.

“Finalmente nos deixaram vir” Lissa falou, entrando na sala  com Adrian “Deixe-nos ver Rose”

Eu fui com eles até o vidro onde podíamos observá-la. Eles olhoram para Rose por um longo tempo até que somente Lissa se virou para mim. Adrian permaneceu com os olhos fixos no vidro.

“Eu sinto tanto não poder ajudá-la, sinto tanto” seus olhos estavam cheios de lágrimas “não deixaram que eu viesse antes, nos mantiveram lá no palácio até que a situação se normalizasse. Não tínhamos informações, a única coisa que nos falavam era que ela estava sendo operada”

“Acredite em mim, você não poderia fazer muita coisa se estivesse aqui. A cirurgia demorou longas horas e nós também não tivemos muitas informações enquanto esperávamos” falei lhe dando um olhar reconfortante.

“Como nós não podíamos fazer nada?” Adrian se dirigia a mim pela primeira vez desde que chegou “somos usuários do espírito e podemos curar as pessoas, como você diz que não podíamos fazer nada?”

Eu olhei para Adrian e percebi que ele estava com uma aparência esgotada. Como todos nós, ele parecia não ter descansado este tempo todo. Mas, apesar de tudo e contrariando seus próprios costumes, estava perfeitamente sóbrio.

“Não foi isso que eu quis dizer, Adrian. O procedimento adotado pelos guardiões foi correto. Eles não podiam expor vocês a um perigo maior  do que o que já tinham passado”

Ele me olhou de forma sombria e falou baixo com uma voz de dar calafrios “Dane-se estas regras estúpidas de vocês. Vocês não podem dizer qual a prioridade da minha vida. Não deveriam ter me impedido de vir até aqui e não deveriam impedir a mim e a Lissa de entrar naquela sala” ele apontou para o vidro de onde podíamos ver Rose. Eu assumi que aquilo era devido a instabilidade do espírito. Lissa parecendo perceber isso também, passou o braço em torno dele.

“Calma, Adrian. Tenha calma, sim? Já passou, ela está fora de perigo agora, de qualquer forma, o que quer que ocorra, agora estamos aqui por ela”

*****

O tempo passou como sempre e, à medida que ele transcorria, as notícias vindas das equipes médicas eram animadoras. Rose tinha uma incrível capacidade de recuperação, e sua melhora podia ser vista a cada dia, embora ela ainda permanecesse em um coma induzido.

Eu continue com a minha escolta de guardiões e, ironicamente, voltei ao quarto de onde eu fugi com a ajuda de Eddie e Mikhail. Meus poucos pertences ainda estavam lá, só que guardados em uma caixa em cima da cama. Não pude deixar de sorri ao pegar os livros trazidos por Abe que continham as orientações para a fuga. Ninguém jamais descobriu aquilo ali. Parecia que tinha sido há tanto, tanto tempo.

O clima na Corte ainda estava longe de retornar à sua antiga calma, mas aquela euforia, aos poucos, ia se dissipando. Todos acompanhavam atentos aos capítulos da descoberta da real assassina da rainha. As provas contra Tasha se tornaram tão claras e transparentes que muitos se perguntaram como foi possível que alguém acusasse Rose com tão poucas evidências.

Tasha, para mim foi uma decepção à parte. Ela era uma grande amiga e uma pessoa na qual eu sentia plena confiança e acolhimento. Eu a conhecia há muito tempo e jamais imaginei que ela fosse capaz de uma sucessão e atos daquela natureza. E pensar que eu cogitei, um dia, formar uma família com ela. Teria sido um terrível erro. Eu pensei em ir até a cela falar com ela, mas depois me removi desta idéia. Eu sabia o que ela iria me dizer e eu assumi que não precisaria acentuar ainda mais a minha decepção.

Da mesma forma que aconteceu com Rose, foi realizada uma audiência que decretou que Tasha era a oficialmente acusada pela morte da rainha, ao mesmo tempo em que declarou a inocência de Rose, que veio juntamente com a restauração de seu título de guardiã.

E quanto a mim, eu me sentia orgulhoso em ver que tudo era obra de Rose. Sua inocência provada, sua vida retomando seu curso natural, os acontecimentos na vida de Lissa. E até o que aconteceu comigo.

Eu fui chamado à sala do conselho dos Guardiões e recebi uma notícia que eu não acreditei. Eu era livre para ir onde eu quisesse, não precisaria mais de escolta. E muito mais que isso. Eu também recebi de volta meu título de guardião.

 “Você sempre foi exemplar, guardião Belikov,” Hans falou ao microfone no dia da sessão que me recebeu de volta. A sala estava repleta de guaridões “Você ainda tem muitos serviços a prestar ao povo Moroi. Não podemos desperdiçar seu talento e vocação”

Lissa voltou ao palácio a tempo de receber a notícia que as eleições ocorreriam em cinco dias. Ela era apta a concorrer e eu não tinha dúvidas de que ela ganharia. Ela seria rainha.

E foi o que aconteceu. Ela foi eleita uma das mais jovens rainhas da história. Sua popularidade e carisma eram tão grandes que todos a idolatravam como se ela fosse uma verdadeira santa. Eu tinha certeza de que ela faria um belo governo.

Mas, para mim, estas não foram as melhores notícias que recebi.

Dois dias depois das eleições, Rose recebeu alta do hospital. Ela ainda permanecia sedada por remédios, mas o médico nos avisou que as medicações seriam diminuídas pouco a pouco, de forma que ela acordaria muito em breve.

Lissa a levou para o palácio e a instalou em um confortável apartamento para hóspedes. Em uma ala destinada aos hóspedes da rainha.


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