Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 45
Capítulo 45




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Pouco tempo depois, Hans entrou na sala. Sua expressão continuava inelegível, mesmo em meio a tanto caos. Ele nos olhou por breves momentos, colocou uma pasta em cima da mesa e sentou.

“Creio que vocês podem nos ajudar a descobrir como tudo isso saiu do controle dessa maneira” ele começou “Aquela reunião na sala do Conselho Moroi não deveria ter passado de uma eleição polêmica, mas de alguma forma, virou um grande palco de revelações”

Abe o olhou, retomando a sua postura perspicaz e desafiadora, se endireitando na cadeira.

“Exijo saber o que está acontecendo com Rose Hathaway. Ela foi gravemente ferida, e seu estado nos interessa, antes de tudo. Vocês não podem nos manter aqui, sem nos informar do que ocorreu com ela” o tom perigoso da sua voz tinha retornado e não havia mais vestígios da expressão abalada que ele carregava quando entrou na sala poucos minutos atrás.

Hans o observou com cautela. Ele era um guardião frio e experiente, mas devia conhecer bem a fama de Abe. Ele também devia saber a ligação dele com Rose. E eu também acredito que, à essas alturas dos acontecimentos, ele não tinha mais códigos de condutas de guardiões para seguir.

“Seu estado é grave. Seus ferimentos são bastante ruins. A bala se alojou a poucos centímetros do coração e ela perdeu bastante sangue. Ela está passando por uma cirurgia agora, mas devo adiantar que suas chances são remotas. Não existe outra coisa a ser feita a não ser esperar”.

Com essas últimas palavras um grande uivo de choro tomou conta da sala. Janine tinha quebrado toda armadura que carregava e tinha desabado em prantos, revelando que, por trás de sua postura de guerreira, havia uma mãe que amava muito sua filha. Ninguém se moveu até ela. Eu não conseguiria lidar com aquilo e, aparentemente, os outros também não. Ela chorou por um longo momento e, pouco a pouco, foi se acalmando. Eu evitei olhar para ela, assumindo que a dor que se passava no meu interior já era o bastante para mim. Aquela informação que Hans trouxe quase me fez desabar também, exceto que, eu tentei me focar na primeira parte de tudo. Rose estava recebendo os socorros médicos necessários para ficar bem. Ela ficaria bem, eu precisava a acreditar nisso.

Tentei manter minha postura dura, mas minha voz me traiu quando falei, saindo trêmula.

“E quanto os demais? O que acontece com a Lady Ozera agora?”

“Os guardiões a levaram. Ela está passando por um interrogatório agora. Como ninguém tem certeza do que realmente está acontecendo, também estamos mantendo em segurança a Princesa Vasilisa, o Lordy Adrian Ivashkov, o Lord Christian Ozera e a Moroi que foi pega como refém. Eles estão no palácio, sob forte escolta. Não sabemos se as informações dadas pela Srta Hathaway são confiáveis ou verdadeiras. Por hora, ela ainda é suspeita de matar a rainha. Você ainda é seu cúmplice na fuga e quanto a Lady Ozera, por agora, ela é acusada por tentativa de homicídio, mas devo acrescentar que cada fato alegado será minuciosamente averiguado”

Eu sabia que iria ser. Era a maneira dos guardiões agir: com frieza, não deixando que comoções interferissem nos seus trabalhos. Mesmo com todo aquele caos que ocorreu, eles ainda manteriam a sua forma típica de lidar com situações adversas.

“E quanto a Princessa Vasilisa? Ela está bem?” eu tentei me manter calmo, mas ainda sem sucesso.

“Sim. Ela não se feriu, mesmo com aquela multidão exaltada.”

Ele abriu sua pasta e leu alguns papéis, se voltando novamente para mim, mantendo sua imparcialidade.

“Bem, Sr. Belikov. Eu tenho aqui um depoimento da Princesa Vasilisa que cita o motivo pelo qual o Sr. foi indulzido a ajudar a Srta Hathaway naquela fuga ousada e absurda. É um motivo que certamente afasta de você as suspeitas por ainda possuir algum vestígio de sua vida como Strigoi. A Princesa afirmou que você a ajudou por que vocês eram romanticamente envolvidos”

“Como?” a voz de Janine ecoou, na sala silenciosa, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa “Você e Rose tinham um envolvimento amoroso?”

Eu olhei para Janine que estava com os olhos afiados em mim, apesar da expressão de choro. Honestamente, eu nunca tinha me imaginado numa situação tão constrangedora. Com todo o desenrolar dos acontecimentos, ainda tinha o peso de lidar com os pais de Rose. Eu olhei para Abe que me observava com o mesmo olhar questionador, muito embora algo me dizia que ele já tinha chegado a essa conclusão há um bom tempo. Eu reuni todo autocontrole que pude, não havia mais nada a fazer a não ser admitir.

“Sim, é verdade. Nós estamos romanticamente envolvidos” falei, fazendo questão de enfatizar o tempo do verbo, olhando somente para Hans.

“Devo avisar que isso afasta as suspeitas sobre você ainda ter algo de Strigoi, mas pode lhe trazer algumas complicações... acho que esse é um assunto sobre o qual lidaremos mais tarde... o que eu gostaria saber agora é como vocês conseguiram armar toda aquela fuga sozinhos? Pelo menos é o que nos parece, visto que todos que poderiam ter ajudado possuem álibis incontestáveis”

“Foi uma questão de sorte, na verdade. Minha intenção era somente aproveitar a distração que o funeral da rainha causaria para escapar. Não tivemos nada a ver com as explosões que ocorreram”

“Em outras condições eu diria que o envolvimento de vocês nas explosões era algo certo, mas não posso imaginar como conseguiriam explosivos militares, se ambos estavam presos”

Hans continuou com seu interrogatório e eu narrei toda nossa fuga para ele, omitindo, é claro algum detalhes que comprometeriam os nossos amigos e cúmplices. Aquilo ajudou a passar o tempo, mas não conseguiu afastar a preocupação que eu sentia com o estado de Rose. Quando eu terminei a minha parte, Hans se voltou para Abe e Janine que ouviam tudo atentamente. Muitas das coisas que contei não eram do conhecimento deles e eu sabia que Abe me cobraria algumas explicações, quando fosse a hora.

“Quanto a vocês, gostaria de saber quando tomaram ciência do que estava acontecendo.”

Abe assumiu a frente, como era esperado.

“Nós não tínhamos idéia do que tinha acontecido com Rose e nem com Belikov e, muito menos, do que estava por vir naquele salão, até encontrarmos com eles ali. Ela nos atualizou do que viria, e é claro, nós a apoiamos, visto que somos seus pais. Fomos movidos por um instinto natural. Só isso.”

Hans se voltou a Mikhail “e quanto a você, Guardião Tanner? Como diabos se envolveu nisso?”

“O mesmo que ocorreu com o Sr. Mazur e a Guardiã Hathaway. Um instinto natural. Rose é minha amiga” ele falou soando sincero.

Hans nos olhou, estudando uma a um, sem demonstrar qualquer expressão do que se passava em sua mente. Por fim, fez algumas anotações em seus papéis e fechou a pasta.

“Eu acho que vocês não nos oferecem perigo, mas vou mantê-los aqui até termos maiores detalhes do caso. Como disse, não sabemos ao certo se a Lady Ozera possui cúmplices. Para segurança de vocês e para evitarmos maiores problemas, fiquem aqui, até que eu volte.”

“Espere” exclamou Abe. “Não vamos ficar aqui, esperando que você se lembre de nós. Eu exijo que você nos autorize ir até o centro médico. Precisamos estar próximos a Rose, não importa o que ocorra com ela.”

Hans continuou inelegível, quando se virou para Abe, e eu esperei que ele fosse negar aquele pedido. Então, aquela expressão dele se suavizou um pouco.

“Vou providenciar uma escolta para levá-los ao centro médico”.


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