Rose chamou Jill. Por um momento ela pareceu congelar. Rose lhe falou logo e a guiou até o palanque.

“Essa é Jillian Mastrano Dragomir. Ela é filha ilegítima de Eric Dragomir. Mas ela é sua filha e oficialmente parte da linhagem sanguínea.”

Um grande silencio tomou conta de tudo. Eu tinha certeza que não só a multidão do salão tinha ficado em choque, mas também a multidão que estava lá fora. Jill pegou timidamente o microfone da mão de Rose.

“Eu sou uma Dragomir. Nossa família tem seu quorum e minha i-irmã tem todos os seus direitos”

Antes que a multidão começasse o barulho novamente, Abe tomou o microfone dela e soltou “Para aqueles que não acreditam nisso, um teste de DNA vai esclarecer as dúvidas sobre sua herança”

Mal ele terminou suas palavras, as vozes começaram novamente na platéia. As pessoas gritavam opiniões e o caos foi tomando conta de tudo novamente, até que uma voz se sobressaltou às demais. Daniella Ivashkov tomou a palavra e todos se voltaram para ouvi-la. Ela tinha grande influência e poder na realeza, isso deu a ela alguns minutos de silêncio para que sua voz ecoasse clara e autoritária.

“Eric Dragomir teve uma filha ilegítima com uma mulher chamada Emily Mastrano – uma dançarina, se lembro bem. Ele queria manter o segredo e precisava que certas coisas fossem feitas – coisas que não podia fazer sozinho – ele precisava de alguém que o ajudasse. Fui eu quem o ajudou.” Ela sorriu amargamente “E, honestamente, eu não teria me importado se continuasse em segredo também”.

“O bastante para fazer certos papéis desaparecerem” Rose falou sem precisar de microfone, soando como se estivesse juntando as peças em sua mente. Eu lembrei de quando ela faloum com Sydney que alguém tinha vaculhado os arquivos dos Alquimistas.

“Sim” Daniela falou, ainda sorrindo amargamente.

“Porque se os Dragomirs sumissem, o espírito poderia sumir também. E Adrian ficaria seguro. O espírito estava atraindo atenção demais e rápido demais e você precisava se livrar de Jill para matar a credibilidade de Vasilisa. Então porque admitir tudo agora?” Rose concluiu seu raciocínio fazendo com que Daniella lhe desse uma expressão de confirmação. Ela deu de ombros.

“Por que vocês têm razão. Um teste de DNA confirma a verdade.”

Isso provocou um grande agito na multidão, que não durou muito, pois Daniella falou novamente, atraindo a atenção de todos.

“O que eu queria saber é: quem diabos é você?” ela perguntou para Rose.

Eu assumi uma postura rígida. Eu sabia que o feitiço podia começar a cair se alguém associasse a imagem que estava ali à Rose. Ao mesmo tempo, eu conhecia bem aquela expressão dela. Ela estava se sentindo desafiada. E logo percebi que aquela era a hora que tudo seria revelado. Eu ainda não sabia se já era o momento propício para nos mostrarmos. Não parecia ser seguro ainda. Ela encarou a multidão corajosamente e retirou o bracelete.

“Sou Rose Hathaway”

Um grande clamor veio da multidão e tudo pareceu sair do controle. Rose olhou fixamente para mim. Logo soube que o meu disfarce também se fora. Adrian havia baixado sua ilusão. Os guardiões cuidadosamente se aproximaram apontando as armas para nós. Janine e Mikhail rapidamente assumiram uma postura defensiva em volta de Rose. Eu sabia que ela seria a prioridade deles. Eu jamais deixaria que eles a prendessem novamente, principalmente quando já sabíamos quem era a verdadeira assassina. Eles não a levariam sem que eu lutasse para que ela conseguisse terminar tudo que tinha para dizer. Mas Rose me segurou com uma mistura de força com delicadeza.

“Não” ela falou me olhando e eu me mantive onde estava. Entendi perfeitamente o que ela quis me dizer com aquele olhar. Nós não podíamos ser vistos como ameaças. Ao mesmo tempo, o circulo de guardiões se fechava ao nosso redor.

“Esperem. Nos escutem primeiro” ela falou, olhando em volta. Abe e Jill se colocaram junto a nós, formando um escudo, trazendo desaprovação dos guardiões.

“Nos prendam depois, se quiserem. Não vamos resistir. Mas vocês têm que nos escutar. Sabemos quem matou a rainha.” Rose continuou falando com eles, com voz firme.

“Nós também” falou um dos guardiões que nos cercava “Agora, o resto de vocês... se afastem, antes que se machuquem. Eles são fugitivos perigosos”.

“Eles precisam falar. Eles têm provas” Abe falou, exagerando um pouco, mais ainda muito confiante. Ele acreditava em Rose e confiava nela.

“Deixe-os falar” Lissa falou em meio a confusão. Ela sempre era doce e suave, e isso se refletia em sua voz, mas ela sabia quando usar um tom típico de uma pessoa da realeza. Ela passou com firmeza pelas pessoas, até que alguém a impediu de chegar a nós. “Eles chegaram até aqui. Eles têm razão sobre... Jill. Vocês já os tem. Ele não podem mais ir a lugar algum. Deixem que eles falem. Eu tenho prova para apoiar o caso deles também”.

“Eu guardaria isso Lissa” Rose falou baixo para ela. Lissa ainda pensava que a assassina era Daniella.

“Vamos ouvir então. Depois daquela fuga que fizeram, eu realmente gostaria de ouvir o que os trouxe de volta” Hans falou, saindo entre os guardiões. Isso me surpreendeu. Ele era o chefe da guarda da Corte. Muito duro e frio. Também parecia interessado no que viria dali, embora eu soubesse que ele não deixaria que aquilo se prolongasse por muito tempo.

“Mas,” ele continuou “Eu tenho certeza que vocês dois entenderão que temos que prendê-los, ante de fazerem sua grande revelação”

Eu olhei para Rose, esperando que ela assentisse com aquilo. Ser presa à essa altura era melhor do que ser executada. E, pelo menos, ele estava nos dando a chance de falar. E depois que terminássemos, o cenário certamente seria outro.

“Ok. Está tudo bem. Deixe-os passar” falei para os que nos protegiam. Nem Janine e nem os demais se mexeram.

“Façam o que ele disse. Não terminem como nossos colegas de cela” Rose falou para eles. Mikhail se afastou primeiro e isso abriu caminho para os guardiões, que retiraram Abe e Jill de perto de nós. Em seguida, dois guardiões vieram até mim e dois até Rose. Lissa permaneceu onde estava, e apesar da sua confiança, havia uma grande expectativa em seus olhos. Adrian se afastou um pouco também, saindo de perto de nós.

“Vamos logo com isso” Hans falou, segurando o braço de Rose. Ela olhou para platéia e brevemente os olhos de Christian. 

“Eu não matei Tatiana Ivashkov” o murmúrio de dúvida cresceu entre a multidão. “Eu não gostava dela, mas eu não a matei” ela olhou para Hans “Você interrogou um zelador que testemunhou onde eu estava na hora do assassinato, não foi? Ele identificou o homem que atentou contra Lissa como o mesmo que pagou para ele mentir sobre onde eu estava?”

Hans acenou com a cabeça e fez um gesto para que ela continuasse. Mikhail havia nos dito que Joe, o porteiro do prédio, havia admitido em um interrogatório que recebeu dinheiro do Moroi.

“Não havia registro de sua existência – pelo menos não entre os guardiões – Mas os alquimistas sabem quem ele é. Eles o viram em um de seus prédios, agindo como uma espécie de guarda costas.” Ela olhou diretamente para um guardião que estava na porta, chamado Ethan More. Este era uma guardião que, segundo Rose, nos últimos tempos estava com uma ‘amizade’ bem afinada com Tasha. Ethan teria a ajudado entrar nos aposentos reais sem ser notada. “Um guarda costas para alguém que teve permissão para ver Tatiana na noite que ela morreu: Tasha Ozera”

A platéia ficou silenciosa. Todos estavam extasiados com o desencadear dos fatos, quando Tasha se levantou em meio a todos, quebrando o silêncio.

“Que diabos você está dizendo, Rose? Você está louca?”

Rose lhe deu um olhar triste e desapontado.

“Eu queria estar... mas é verdade. Nós duas sabemos. Você matou Tatiana.