Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 37
Capítulo 37




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Rose falou aquelas palavras com tanta simplicidade que eu demorei a associar tudo. Se eu me iluminava porque a amava, ela se iluminava por que me amava também. Ela estava, como eu, trancando tudo dentro dela. No final das contas, ela tinha razão. Nós éramos iguais e agíamos da mesma maneira. Tudo estava tão claro. Tão óbvio.

Ela ficou parada na janela, olhando a cidade que se movimentava lá fora e ficou pensativa por alguns minutos.

“Se eu deixar isso me parar” ela murmurou “se eu não fizer nada... então será o mal maior. Eu estaria apenas sobrevivendo. Continuaria a lutar e proteger os outros”.

“Do que você está falando?” perguntei sem saber ao certo onde ela queria chegar. Eu ainda estava sob efeito da revelação que ela tinha feito, não conseguindo mais conter tudo dentro de mim.

“Eu estou dizendo... que eu me perdôo. Isso não deixa tudo perfeito, mas é um começo. Quem sabe? Talvez aquela explosão toda lá no estacionamento fez sair parte da escuridão que Sonya diz estar na minha aura. Cética como eu estou, eu tenho que dar a ela alguma credibilidade. Ela estava certa sobre o limite, sobre o que ela falou que tudo que eu precisava era uma faísca”.

Sonya estava certa sobre tudo sim. Certe sobre Rose, que estava vivendo num limite e explodiu por guardar tudo dentro dela. E certa em relação a mim. Eu ainda amava Rose mais do que tudo. E agora eu sabia que ela me amava, mas de alguma forma nos perdemos um do outro. Eu não podia cometer o mesmo erro que ela e guardar tudo dentro de mim, isso iria me destruir. Esse amor que eu tinha por ela podia ser mais destrutivo para mim do que aquela escuridão do espírito que ela guardava. Rose ainda estava de costas para mim, olhando pela janela.

“Ela também estava certa sobre outra coisa” falei, sentindo minha voz sair trêmula, tudo estava se agitando dentro de mim, os meus sentidos estavam fora de controle. Ela deve ter percebido isso, pois ela virou imediatamente, assim que falei.

“O que seria isso?”

“Que eu ainda amo você”.

Aquelas palavras saíram de forma simples e espontânea, nem de longe refletindo a grande pressão que elas faziam dentro de mim. Eu só conseguia olhar para Rose, como se assim eu pudesse transmitir para ela tudo que se passava em meu interior. Seu rosto estava iluminado e ela sorria suavemente. Eu vi nela aquela companheira que sempre me entendia.

“Desde... desde quando?” ela perguntou, tropeçando nas palavras.

“Desde sempre”.

Não existia outra resposta para essa pergunta. Eu sempre a amei e por mais que eu negasse, não havia como não amar. Era parte de mim. Também não era algo do qual eu tinha o domínio. Eu não tinha mais o direito de esconder isso dela. Mesmo que nunca mais ficássemos juntos novamente.

“Eu neguei quando fui restaurado. Eu não tinha espaço para nada em meu coração, exceto culpa. Eu me sentia especialmente culpado por você, pelo que eu fiz, e a afastei de mim. Eu ergui uma parede para manter você distante. Funcionou por um tempo, mas meu coração começou a aceitar outras emoções. Então tudo voltou. Tudo que eu sentia por você, isso nunca me abandonou. Só estava escondido, até que eu estivesse pronto. E de novo... o beco foi o ponto de mudança. Eu olhei para você... vi sua bondade, sua esperança, sua fé. São essas coisas que lhe fazem tão bonita. Tão, tão bonita.”

“Então, não era o meu cabelo?” era uma atitude típica de Rose, fazer uma piada para esconder seu nervosismo.

“Não. Seu cabelo também é bonito. Tudo em você. A primeira vez que nós nos encontramos, você estava incrível, e inexplicavelmente, a cada dia você foi se tornando melhor. Você sempre teve uma energia pura e crua, e agora você controla isto. Você é a mulher mais incrível que eu já encontrei, e eu estou feliz por ter tido você como o amor da minha vida. Eu me arrependo por ter perdido isso.”

Eu pensei naquela garota que eu capturei em Portland e como ela tinha se tornado uma mulher bem diante dos meus olhos. Ela tinha amadurecido em pouco tempo e hoje eu só podia admirar isso, e mais nada. Como eu queria poder ter Rose de volta. Como eu queria...

“Eu daria qualquer coisa - qualquer coisa – no mundo para voltar e mudar a história. Para ter corrido para os seus braços depois que Lissa me trouxe de volta. Para seguir a vida com você. Mas agora é muito tarde, é claro, mas eu aceito isso.”

“Por que... Por que é muito tarde?” ela perguntou suavemente. Senti a tristeza tomar conta de mim.

“Por causa de Adrian. Porque você seguiu em frente. Não, escute-“ falei interrompendo um protesto dela “Você estava certa em fazer isso, depois da forma como lhe tratei. E, mais que qualquer coisa, eu quero que você seja feliz, depois de limparmos o seu nome e fizermos Jill ser reconhecida. Você mesma disse que Adrian lhe faz feliz, que você o ama.”

“Mas... você acabou de dizer que me ama. Que você quer ficar comigo” ela falou visivelmente afetada com aquelas minhas palavras, pouco se importando com Adrian.

“E eu disse a você: eu não vou perseguir a namorada de outro homem. Você quer falar em honra? Aí está na sua mais pura forma.”

Ela caminhou lentamente em direção a mim. Cada passo que ela dava eu sentia meu corpo ficar cada vez mais tenso e o controle fugir de mim. Ela me olhou dentro dos olhos por um longo tempo, ergueu as mãos e colocou no meu peito, onde o meu coração batia disparado. Eu segurei os seus pulsos, numa tentativa frustrada de afastá-la de mim. Eu não conseguia. O amor e o desejo que eu tinha por ela era mais forte do que qualquer senso de honra que eu pudesse ter.

“Você devia ter me contado. Você devia ter me contado há muito tempo. Eu amo você. Eu nunca deixei de amar você. Você tem que saber disso”

Eu senti que minha respiração estava forte e meu coração não cabia mais dentro de mim. Eu estava diante de Rose dizendo que me amava, que nunca deixou de me amar, apesar tudo, tudo que aconteceu. Aquelas palavras dela era a melhor coisa que eu já tinha ouvido na vida. Ela já tinha me dado várias provas de amor, mas ouvir isso dela era incrível.

 O conflito tomava conta de mim eu queria ceder aquele desejo, mas eu não podia trair meus princípios. Mas quais eram esses princípios? Eu apertava os pulsos de Rose, tentando buscar forças para me livrar do seu toque, mas eu estava cada vez mais entregue a ela.

“Não teria feito diferença alguma. Não com Adrian envolvido. Eu estava falando sério. Não serei esse cara, Rose. Eu não sou um homem que toma a mulher de outro. Agora, por favor, Deixe-me ir. Não faça isso ser mais difícil.”

Ela não me atendeu. Ao contrário, espalhou ainda mais as mãos no meu peito e se aproximou, ficando perigosamente perto. Ela inclinou o rosto para mim e me observou atentamente. E eu pude olhar o seu rosto com clareza. Como ela era linda.

“Eu não pertenço a ele. Eu não pertenço a ninguém. Eu faço as minhas próprias escolhas” sua voz era extremamente baixa.

“Você está com Adrian”

“Mas eu deveria estar com você”

Com aquelas palavras o pouco de controle que eu ainda tinha se esvaiu. Tudo que me impedia de chegar a ela, todas as barreiras que ergui, caíram por terra. Eu me entreguei aquela paixão, deixando o meu instinto e desejo tomar conta de mim.

Eu a segurei pela cintura, com um braço, enquanto o outro segurou seu pescoço, a puxando para perto de mim e a beijei. Foi um beijo feroz, cheio do sentimento que eu tanto guardava dentro de mim. Eu sentia que ela também me queria. Eu buscava seu corpo com rapidez, querendo tocar em cada pedaço de sua pele, tocar onde eu pensei que nunca mais tocaria. Eu queria aquilo, eu precisava dela.

Em pouco tempo, nossas roupas saíram e eu a levei para cama. Eu sentia seu corpo quente embaixo do meu, e podia ver o quanto ela queria também. Eu me sentia excitado e sentia a luxuria tomando conta de mim, mas era mais do que isso. Eu sentia que aquilo ali estava me trazendo a minha vida de volta. Tudo que havia se perdido e se corrompido quando me tornei um Strigoi, estava sendo realmente restaurado naquele momento. Eu beijava todo seu corpo, não cansando de repetir seu nome, como se isso fizesse o que estava acontecendo se tornar mais real.

Eu tinha revivido, por tantas vezes na minha memória, aquela nossa noite na cabana, mas a minha imaginação nem de longe podia ser comparada a sensação daquilo acontecendo realmente. O calor dela, os seus beijos me faziam sentir vivo. Vivo.

Quando terminamos, eu a abracei com tanta força, como se isso pudesse diminuir o tempo que passamos longe um do outro. Eu me sentia inundado por Rose, sem imaginar que uma dia pudesse ser tão feliz assim novamente. Eu percorria meus dedos pelo seu corpo perfeito, não cansando de admirá-la.

“Estou feliz por você ter se entregue. Estou feliz por seu autocontrole não ser tão forte quanto o meu” sua voz era sonhadora. Isso me fez sorrir. Eu realmente não me contive com nada, mas tudo que ela não tinha demonstrado ter era autocontrole.

“Roza, meu autocontrole é dez vezes mais forte do que o seu.”

Ela ergueu o rosto, de forma que pôde me olhar nos olhos, jogou os seus cabelos para trás, num gesto gracioso, e sorriu. A expressão dela era incrível. Nunca tinha visto alguém tão linda.

“Ah é? Não foi esta a impressão que eu acabei de ter”

“Espere até a próxima vez. Vou fazer coisas que farão você perder o controle em segundos”

Eu me preparei para uma resposta à Rose Hathaway. Mas esta resposta não veio. Ela ficou séria, me surpreendendo como que ela falou em seguida.

“Talvez não haja uma próxima vez”


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