Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 31
Capítulo 31




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Rose ficou pensativa e eu também. Eu sabia que ela estava tentando achar alguma solução futura, mas eu me foquei no agora. Para onde iríamos? Não podíamos ficar rodando em um carro roubado a noite toda, também não podíamos ir ao um hotel. Rose estava um trapo. Eu não podia dizer isso a ela, mas ela estava bem diferente, agora, de quando a admirei naquele quarto. Ela estava cheia de ferimentos, seu vestido todo rasgado e seus cabelos desarrumados. Logo, tive a idéia de irmos a algum camping. Não era um local óbvio para os guardiões buscarem, então poderíamos descansar e planejar com calma o que fazer. Precisávamos de uma barraca, então peguei uma saída na rodovia para uma cidade.

 “Hotel?” Rose perguntou.

“Ainda não”.

Chegamos numa área comercial e eu avistei uma grande loja de departamentos. Parei o carro e disse “Fique aqui”

“Mas-“

Eu olhei para ela de um jeito que ela conhecia bem. Não era um passeio. Não tínhamos tempo para este tipo de coisa. Eu seria rápido e ela chamaria muito a atenção, com todos aqueles ferimentos. Ela concordou e eu fui até a loja. Lá, fui direto para seção de camping e escolhi uma barraca simples, com a qual eu tinha familiaridade para montar. Também peguei um cobertor e lanternas. Comprei, ainda, materiais de primeiros socorros para os ferimentos e tornozelo de Rose. Também comprei um pouco de comida pronta. Para Rose, peguei soverte, bata frita e chocolate. Essas coisas que ela adorava, ela ficaria feliz com isso. Em menos de vinte minutos, eu estava de volta ao carro, com nossas compras. Rose me olhou com curiosidade.

“O que é isso?” ela perguntou.

“Uma barraca”

“Por que nós-“ ela protestou “Nada de hotel, hein?”

“Vai ser mais difícil nos encontrarem se estivermos acampados. O carro vai ser especialmente difícil de encontrar. Não podemos nos livrar dele ainda. Não com seu pé neste estado”.

“Aquelas pobres pessoas. Espero que o seguro delas cubra o roubo do carro”.

Pegamos a estrada novamente e eu guiei até um acampamento. Desci do carro e pedi um local bem afastado. Também dei um dinheiro para o trabalhador ficar calado, caso alguém perguntasse por nós. Esse também era um dos motivos para não irmos para um hotel. Um hotel sempre pedia cartões de crédito e todos os nossos tinham ficado com Sydney. Também não poderíamos nos registrar com os nossos nomes verdadeiros. O motorista nos indicou o lado oposto do estacionamento. Fomos até lá e estacionamos perto de umas árvores, assim seria mais difícil de localizarem o carro pela placa. Eu peguei o pacote da barraca e comecei a abrir.

“Eu lhe ajudo com isso” disse Rose.

“Não precisa, eu conheço este tipo de barraca, vou montar mais rápido sozinho”

“Ah, qual é! Deixe que eu lhe ajud-“

Ela não teve tempo de terminar. Eu peguei a barraca e a montei em poucos minutos. Eu acampei bastante na minha adolescência. Sempre usávamos este tipo de barraca. Nós apostávamos sempre quem podia montar mais rápido.  Rose ficou me olhando com um olhar impressionado. Entramos na barraca que era pequena, mas seria útil por hora. Sempre curiosa, Rose inspecionou as compras que eu tinha feito.

“Deixe-me ver seu tornozelo”

Ela esticou a sua perna na minha direção e eu ergui seu vestido até o joelho. Apesar de bastante feridas, suas pernas não deixavam de ser lindas. Afastei estes pensamentos e me concentrei no tornozelo machucado. Apertei suavemente os músculos, verificando a extensão da lesão.

“Não acho que esteja quebrado. Só torcido” falei, soltando logo a sua perna e pegando uma atadura para enfaixar.

“Esse tipo de coisa acontece quando você insiste em pular de telhados. Sabe, nuca praticamos isso nos nossos treinamentos” ela falou e eu não pude deixar de sorrir. Eu sabia que uma piada sempre era feita por ela quando ela estava querendo esconder algum desconforto, só não conseguia imaginar qual seria, já que nada demais estava acontecendo ali. Enrolei seu pé e deixei bem estabilizado, depois peguei um saco de ervilhas congeladas, que havia comprado, e coloquei em cima.

“Um saco de ervilhas congeladas?”

“É mais fácil do que comprar um saco de gelo” respondi.

“Você é cheio de estratégias, Belikov. O que mais você tem escondido?” ela falou começando a mexer na outra sacola. Eu tinha razão sobre a comida. Seu rosto se iluminou num grande sorriso, quando viu o que eu havia trazido para ela comer. Mas logo depois, ela ficou séria novamente.

“Você não comprou roupas, comprou?”

“Roupas?”

Do que Rose estava falando? Como ela podia pensar em algo tão supérfluo naquela situação? Ela gesticulou para o vestido rasgado e continuou falando.

“Não posso usar isso por muito tempo. O que vou fazer? Uma toga com o cobertor? Vocês, homens, nunca pensam nessas coisas”.

“Eu estava pensando em ferimentos e sobrevivência. Roupas são um luxo e não uma necessidade”

“Nem mesmo seu casaco?” Rose perguntou, com ar astuto.

Foi quando me dei conta. Na confusão da fuga, eu deixei o sobretudo, que Sydney me deu, lá na casa dos Mastranos. Eu tinha adorado aquele casaco. Ele havia me caído muito bem. Como eu  poderia arranjar outro agora? Eu realmente não  me sentia bem sem casaco.

“дерьмо!” exclamei em russo, estendendo os cobertores pela barraca.

“Não se preocupe, camarada. Tem mais de onde aquele veio” Rose provocou. Eu me deitei contrariado. Ela não entendia? Não podíamos arrumar outro casaco agora, talvez nem tão cedo. Como eu pude deixar meu casaco lá? Como eu pude ser tão distraído?

“Vamos conseguir outro para você. Assim que encontrarmos Jill, limparmos o meu nome e salvarmos o mundo...” Rose falou numa tentativa de me alegrar.

“Só estas coisas, hein?”

Nós dois rimos e ela deitou ao meu lado. Imediatamente, o sorriso passou e nossos rostos se tornaram sérios.

“O que vamos fazer?” Rose perguntou com uma voz triste. Essa era a pergunta que ela mais tinha feito hoje.

“Dormir” eu falei desligando a lanterna e me focando novamente nos problemas presentes. Para ser sincero, eu também não sabia ao certo o que seria de nós dali para frente. “Amanhã vou entrar em contato com Abe, ou Tasha ou... alguém” eu estive prestes a falar o nome de Adrian, mas me contive, apesar dele ser a opção mais sensata “Vamos pedir para que eles levem Jill para onde ela precisa estar”.

Quando Rose falou novamente, sua voz estava reduzida a um sussurro. Foi quando percebi o quão triste e frustrada ela estava.

“Eu sinto como se tivéssemos fracassado. Eu estava tão feliz há pouco tempo atrás. Eu pensei que tínhamos conseguido o impossível, mas foi tudo por nada. Todo esse trabalho por nada.”

“Nada?” eu perguntei surpreso. Como ela podia achar que foi nada? Nós conseguimos descobrir o que estávamos procurando, foi uma grande conquista e nós ainda tínhamos chance de reverter tudo “O que fizemos... foi enorme. Você encontrou a irmã de Lissa. Outro Dragomir. Você não está conseguindo ver a dimensão disso. Nós não tínhamos quase nada para seguir, mas você foi em frente e fez tudo se tornar realidade.”

“Eu perdi Victor Dashkov. De novo.” Sua voz ainda era triste.

“Bem, acontece que ele não consegue ficar longe por muito tempo. Ele é o tipo de pessoa que tem que estar no controle. Ele vai se manifestar novamente, e quando ele fizer, nós o pegamos.” Ela sorriu, enquanto eu lhe dizia estas palavras, me deixando mais aliviado. Eu não gostava de ver tristeza nela.

“E eu achando que era eu a otimista”

“Você é contagiosa” falei pegando a sua mão e entrelaçando os meus dedos nos dela, apertando com força, como se eu pudesse lhe passar, com este gesto, toda admiração e amor que eu tinha por ela. “Você fez o certo, Roza. Tudo certo. Agora durma.”


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