Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, adorei este! Espero que gostem também!



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Enquanto caminhávamos para a porta, Rose perguntou “Por que você cultivava flores quando você era...como você estava?" Era uma curiosidade dela, embora eu ainda não entendesse porque ela queria saber disso.

"Eu sempre cultivei flores" ela respondeu.

"Eu sei. Eu me lembro. Eram lindas. As daqui também são lindas... É por isso que, eu quero dizer, você queria apenas um jardim bonito, até mesmo como um Strigoi?" Rose insistiu.

"Não. Eu realmente nunca pensei na beleza. Elas eram... Eu não sei. Algo para fazer. Eu sempre plantei flores. Eu tinha que ver se eu ainda podia. Era como um teste... das minhas habilidades, eu acho."

Rose e eu trocamos olhares e eu sabia o que ela queria dizer. Strigois não vêem a beleza. Rose tinha razão. Seus olhos estavam cheios de esperança olhando para mim. Seguimos para sala e encontramos Robert e Victor. Sonya e Robert pararam estudando um ao outro.

“Indo e vindo” Victor murmurou "Já descobrimos o que precisamos?" Eu lhe lancei um olhar duro. Eles não podiam esperar que ela se recuperasse? Não fazia sequer doze horas que ela tinha sido restaurada... Eu sabia que ela precisava de um tempo para colocar as idéias em ordem. Eu precisei também, embora não tenha tido.

"Ainda não" falei duramente.

"Vocês quebraram minha porta" Sonya falou e eu olhei para onde ela estava olhando e mesmo não tendo outra maneira de entrar, me senti culpado por ter feito isso e quase pedi desculpas, mas Rose foi mais rápida.

"Danos colaterais" Rose falou e eu rolei os olhos. Ela nunca perdia a chance de soltar uma piada.

Sônia saiu já olhando para cima, para o céu. Eu observei tudo aquilo. Uma coisa era viver, outra coisa era ver acontecer na sua frente. Sonya parecia que estava descobrindo o sol. Ela levantou o rosto maravilhada, deixando os raios entrarem em seus poros.

"É tão lindo" Sonya falou "Não é? Você já viu algo tão bonito?" Ela perguntou se virando para Rose.

“Bonito” Rose concordou com um ar triste.

Sonya começou a andar pelo jardim, admirando as flores à luz do sol. Era uma paisagem bonita, mas eu realmente não costumava prestar muita atenção em jardins. Era uma explosão de cores e vida. Eu sentia que Sonya teria uma recuperação melhor do que a minha. Ela parecia ser mais expansiva, o tipo de pessoa que vive intensamente suas emoções. Diferente de mim. Toda vida eu me forcei a guardar meus sentimentos. Todos eles, os bons e ruis. Também cultivei dentro de mim padrões rígidos de comportamento e um profundo senso de ética. Eu sempre fui racional, sempre tentando mediar o que acontecia ao meu redor. As pessoas me viam assim, elas esperavam isso de mim. Foi algo que eu tracei para mim, foi o meu objetivo de vida. Tudo isso foi totalmente corrompido quando eu me tornei um Strigoi. E quando fui restaurado, não sabia lidar com a memória de ter ido contra tudo que eu sempre acreditei. Eu achei que tinha que lidar com tudo isso sozinho, trancando tudo dentro de mim.

"Tão diferente..." Sonya continuou andando entre as flores, falando aleatoriamente  "Tão diferente ao sol. Estas não abrem à noite! Você vê isso? Você vê as cores? Sente esse cheiro?"

Eu senti uma estranha sensação de tristeza e alegria. Alegria por perceber que Sonya realmente ficaria bem. Tristeza por mim. Por eu não ter me focado nisso. Na beleza do que estava ao meu redor. Quando Sonya estava admirando as flores, ela estava vendo a vida ali. Eu não conseguia ver a vida. Só a morte. Por isso eu me sentia tão culpado. Sonya se sentou numa das cadeiras do pátio e ficou claro que ela não sairia dali tão cedo. Rose se virou para mim.

"Eu estava conversando com Sydney. Nós achamos que você deveria descansar um pouco. Você vigiou Sonya a noite toda, deve estar exausto, Sydney também notou isso quando você falou com ela"

"Isso é inteligente. Quando Sonya for capaz de falar, nós vamos precisar ir embora. Sydney está se transformando em um mestre da batalha.” Falei sorrindo. Era engraçado como Sydney estava se acostumando conosco.

"Ei, ela não está no comando aqui. Ela é apenas um soldado."

"Certo. Desculpe, Capitã." Involuntariamente passei os dedos no seu rosto, sentido um enorme carinho por ela. Tive a impressão que ela perdeu o ar por alguns segundos. Mas ela respondeu rapidamente.

"General."

Eu acenei para Sonya e entrei na casa. Subi as escadas em direção ao quarto. Eu realmente estava cansado. Deitei na cama e dormi quase que instantaneamente. Eu dormi tão profundamente que pareceu que se passaram apenas poucos minutos, quando fui acordado com o som da voz de Rose que gritava distante.

"Dimitri!"

Levantei imediatamente em alerta e desci as escadas pulando os degraus. Quando cheguei ao pátio me deparei com Rose abraçando protetoramente Sonya, enquanto uma cadeira a atingia nas costas. No mesmo segundo percebi que ela havia sido lançada por Robert, usando o poder do espírito. Eles estavam se atacando. Corri para ele e o agarrei, tentando fazer com que ele parasse. Senti que Victor tentou me deter, mas foi inútil. Ele jamais poderia comigo. Antes que Sonya e Robert tentassem mais coisas um contra o outro, o arrastei para dentro da casa. Entramos e eu o levei para o quarto, onde eu estava dormindo há pouco. Victor nos seguiu. Olhei para ele com o olhar mais perigoso que eu tinha.

“Cuide dele e não deixe que ele saia daqui, se você não quer vê-lo morto” falei rispidamente.

“Eu sei perfeitamente como cuidar do meu irmão” resmungou Victor.

“Ah, eu tenho certeza disso” acrescentei saindo pela porta.

Voltei para o pátio e Rose estava sentada no chão com Sonya que parecia atônita. Eu não conseguia dizer se aquilo era devido ao uso da mágica ou por seu estado frágil. Fui até elas, ajudei Sonya a se levantar e a conduzi para dentro da casa. Depois que conseguimos que ela se acalmasse, nos afastamos e deixamos Sydney com ela. Eu precisava entender o que tinha levado àquela reação.

"Rose, o que foi aquilo lá fora?" perguntei.

“Bem... Eu senti que ela estava bem então resolvi perguntar sobre o bebê secreto. Tudo parecia bem, Sonya estava controlada, até que Victor e Robert interferiram. Robert tentou usar a compulsão nela e isso a deixou furiosa, foi quando eles começaram a usar a mágica para se atacarem.”

Enquanto ela narrava tudo, eu senti uma grande ira crescendo dentro de mim. Como Rose pôde me trair daquela maneira? Eu havia confiando nela para cuidar de Sonya, enquanto descansava, pior, eu tinha me afastado justamente por uma interferência dela. Será que ela me mandou dormir por que estava planejando isso? Eu tinha dito para ela que não era a hora, que Sonya precisava se restabelecer, mas mesmo assim, ela só pensou nos seus próprios interesses, sendo imatura e egoísta.

"Eu disse que não era a hora! No que você estava pensando? Ela ainda está muito fraca!" Eu falei sentindo minha voz elevada.

"Você chama isso de fraca? E, ei, eu estava indo bem até que Victor e Robert se intrometeram e as coisas foram para o inferno."

Aquelas palavras dela me deixaram com mais raiva ainda. Ela realmente estava achando que obter as informações que ela precisava era mais importante do que qualquer coisa. Eu dei um passo à frente, sem me preocupar em não parecer intimidador.

"Eles nunca deveriam ter se envolvido. Isto é você, agindo irracionalmente mais uma vez, pulando dentro loucamente, sem pensar nas conseqüências".

Rose tinha mostrado um grande amadurecimento nos últimos tempos, mas algo nela ainda lembrava aquela imaturidade que eu tanto questionei quando ela era minha aluna. Ela agora não tinha mais a proteção da Academia, onde tudo se resumia na punição de não sair do dormitório. Agora ela estava no mundo real. Era a vida das pessoas que estavam em jogo.

"Ei, eu estava tentando progredir. Se ser racional é sentar e fazer terapia, então eu estou feliz por passar dos limites. Eu não tenho medo de entrar em ação". Ela falou com o ultraje jorrando pelos seus olhos. Ela não entendia. Respeitar o tempo e os limites das outras pessoas não era estar fora de ação. Ao contrário, eram atitudes de um bom lutador.

"Você não tem idéia do que você está dizendo" eu rosnei "Isso pode ter nos atrasado".

"Isso nos fez avançar. Descobrimos que ela sabe sobre Eric Dragomir. O problema é que ela prometeu não contar a ninguém sobre esse bebê".

Eu estava prestes a lhe dizer que os fins não justificavam os meios, quando a voz de Sonya se ergueu.

"Sim, eu prometi."

Eu e Rose nos viramos como se fossemos um só. Foi então que percebi duas coisas. O quanto estávamos perto um do outro e que a nossa briga tinha uma pequena platéia. Sonya e Sydney assistiam a tudo.

“Eu prometi” a voz de Sonya agora era baixa, num tom de súplica.

"Nós sabemos" Sydney falou baixo, segurando sua mão "Está tudo bem. Está tudo bem em cumprir as suas promessas. Nós entendemos."

"Obrigada. Obrigada." Sonya respondeu com uma expressão de agradecimento.

"Mas, eu ouvi que você se preocupa com Lissa Dragomir" o tom de Sydney era bem cauteloso.

"Eu não posso."

"Eu sei. Eu sei. Mas  se houvesse uma maneira de ajudá-la sem quebrar a sua promessa?"

Olhei interrogativamente para Rose. Eu realmente estava ficando paranóico de que tudo era parte de um grande plano dela. Mas ela deu de ombros, tão por fora como eu.

"O-O que você quer dizer?"

"Bem... qual foi exatamente a sua promessa? Não contar a ninguém que Eric Dragomir tinha uma amante e um bebê?" Sonya assentiu com a cabeça "E não dizer quem são eles?" Sonya deu outro aceno com a cabeça. Sydney deu um pequeno sorriso. "Você prometeu não contar a ninguém onde eles estão?" Sydney ficou ainda mais cautelosa "Você prometeu não levar ninguém para onde eles estão?"

"Não"  Sonya falou hesitante.

"Então ... você poderia nos levar a eles. Mas não nos dizer quem realmente eles são. Você não estaria quebrando sua promessa assim”

Era uma lógica maluca, mas eu lembrei que os Alquimistas eram treinados para ludibriarem as pessoas. Eles eram bem diplomatas e sabiam conduzir uma situação para onde eles bem entendessem. Esse era o trabalho deles. Era um dos métodos que eles utilizavam para esconder dos humanos a existência de vampiros.

"Talvez..."

"Você não estaria quebrando a promessa. E estaria ajudando muito a Lissa."

"Isso ajudaria Mikhail também" Rose falou dando um passo em sua direção.

"Mikhail? Você o conhece?" Ela perguntou admirada.

"Ele é meu amigo. Ele é muito amigo de Lissa também. E ele quer ajudar a Lissa, mas não pode. Nenhum de nós pode. Nós não temos informação suficiente."

"Mikhail ..." Sonya olhou para suas mãos e pequenas lágrimas saíram dos seus olhos. Eu sabia exatamente o que ela sentia.

"Você não vai quebrar a sua promessa" Sydney continuou com sua persuasão, falando cuidadosamente. “Só nos guie até lá. É o que Mikhail e Lissa iriam querem. É a coisa certa a se fazer.”

Sonya levantou seu olhos, com um brilho que ainda não tínhamos visto.

“Eu vou levá-los até lá”

“Vamos cair na estrada novamente. Se arrumem” Sydney falou para nós.

Eu olhei para Rose, me sentindo péssimo por ter discutido com ela. Nós estávamos muito perto um do outro e eu tive que controlar o impulso de abraçar sua cintura, pedir desculpas e enchê-la de beijos. Esse pensamento fez com que eu lhe desse um pequeno sorriso. Ela me olhou e a minha vontade de beijá-la aumentou ainda mais. Eu poderia dizer que ela também não tinha gostado nada de discutir comigo. Então, foi a minha vez de fazer uma piada para descontrair.

“Você estava errada. Ela realmente é a nova general da cidade” Falei aumentando o meu sorriso e virando o meu rosto na direção de Sydney.

Ela sorriu para mim, daquele jeito que fazia tudo revirar por dentro. Nós ainda estávamos na mesma posição. Nem eu, nem ela nos afastamos. Para ser sincero, eu não queria me afastar.

“Talvez” Ela respondeu “Mas está tudo bem. Você ainda pode ser o coronel”.

Eu ergui uma sobrancelha, fingindo um ar intrigado e ainda sorrindo. Não tinha como negar, por mais que ela me irritasse eu não conseguia deixar de gostar dela. Eu adorava Rose. Alguma tirada divertida viria dela.

“Ah, você se rebaixou? Coronel está logo abaixo do general. Isto faz de você o quê?” eu a provoquei.

Ela colocou a mão no bolso e com um ar triunfante tirou as chaves da CR-V que Sydney não soltava nunca. Ela tinha pego, sem ninguém perceber, em algum momento.

“A motorista”.


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