Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 25
Capítulo 25




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Subi as escadas ainda refletindo na breve conversa que tive com Rose. Entrei no quarto e  Sonya ainda estava dormindo. Sentei confortavelmente numa poltrona que havia num canto do quarto.

Aquela luz intensa ficou gravada na minha memória. Eu jamais esqueceria daquilo. Era a coisa mais incrível que eu já tinha visto na minha vida. Um verdadeiro milagre que aconteceu diante de mim. Aquela luz era a vida se materializando, era a vida vencendo a morte.

Agora eu conseguia entender tudo. Entender o que Lissa falou tantas vezes, logo que a minha transformação ocorreu. Ela repetia seguidamente para mim que era para eu abraçar a vida. Mas não, eu me recusei a aproveitar essa segunda oportunidade que eu havia recebido e fiquei remoendo meus dias de Strigoi. Indiretamente eu ainda vivia como um Strigoi, quando não deixava aquele passado ir embora.

Agora eu conseguia entender Rose. Ah, Roza... por que eu fiz isso com ela? Ela lutou tanto para conseguir me trazer de volta, arriscou tudo que ela tinha, sua vida, seu futuro ao lado de Lissa, suas amizades... Ela nunca desistiu de mim. E, apesar de tudo, ela foi capaz de perdoar. Verdadeiramente perdoar. Ela assimilou tudo, tentou de tudo. E eu não pude enxergar isso. Eu estava sendo mais do que um tolo. Eu estava sendo mesquinho e egoísta, desprezando toda a beleza daquela atitude, pensando apenas na minha dor, não conseguia enxergar que a dor dela tinha sido ainda maior. Ela tinha passado pela dor de perder um grande amor, pela dor da responsabilidade de matar a pessoa que ela mais amava. Ela tinha sido presa, torturada e perseguida por esta pessoa. Ela teve que reunir forças para ainda continuar lutando para salvar esta pessoa. E, depois de tudo, quando ela finalmente conseguiu, ainda foi rejeitada. Como eu pude ser tão cego? Como eu pude fazer uma coisa terrível dessas? Pensar nisso, fez meus olhos encherem de lágrimas. Essa era a culpa pela maior de todas as mortes que causei. Era a culpa por matar um amor.

Há pouco mais de uma semana, ela estava diante de mim, naquela igreja, praticamente me implorando para voltarmos. Foi ali que eu lhe dei o golpe final. Parecia que fazia tanto tempo. Hoje eu daria tudo para voltar no tempo e não perder mais nenhum segundo longe dela. Eu sei que eu não mereço, mas se eu tivesse uma chance, só mais uma de ver que o seu doce amor não morreu...

Tive vontade de falar com Rose naquela mesma hora, então, num impulso, desci e fui ver como estavam as coisas lá na sala.

Robert ainda estava dormindo e Victor estava ao lado dele, também dormindo. Achei engraçado perceber que eles estavam com os horários trocados. Olhei para o outro canto da sala, Rose estava dormindo na cadeira onde Sonya estava presa. Observei seu sono por breves segundos, quando Sydney falou bem baixo.

“Eu insisti para que ela dormisse. Assim ela poderá lhe render mais tarde.” Eu olhei em volta e tudo estava tranqüilo e em paz. Sydney continuou “Ela estava parecendo um zumbi...”

Não pude deixar de achar engraçado a cena. Sydney estava de guarda vigiando dois Morois, rendendo uma guardiã. Se essa aventura demorasse por mais tempo, íamos acabar fazendo dela uma guerreira.

“Tudo bem, ela realmente precisava descansar. Ainda estarei lá em cima, me chame ao menor sinal de perigo. Estarei atento” ela assentiu com a cabeça, dando o seu sorriso característico. Voltei para o quarto e olhei para Sonya, que ainda dormia pesadamente.

Sentei na poltrona, e minha mente girava em pensamentos. Eu agora sentia um novo Ânimo para vida. Eu agora sentia necessidade de recuperar tudo que tinha sido tirado de mim quando me tornei um Strigoi, inclusive meu status de guardião. Ser um guardião reconhecido foi algo que eu persegui a minha vida inteira e era o que me realizava. Nós tínhamos que levar este plano adiante para podermos retornar à Corte e partir para missão de restaurar, também, as nossas vidas.

Também fiquei pensando nas diversas maneiras de falar com Rose sobre estes sentimentos que me invadiam. Também pensei muito nos acontecimentos da tarde anterior. Aquela cena da transformação de Sonya se repetia incansavelmente na minha memória e eu repassava cada segundo, ainda maravilhado. Horas se passaram, mas, honestamente, eu não senti, apesar de estar bastante cansado. Apertei meus olhos com as pontas dos dedos e dei um longo bocejo.

Quando olhei para cama novamente, Sonya quase me assustou. Ela ainda estava deitada, mas estava com os olhos abertos, me olhando fixamente. Eu realmente não sabia há quanto tempo ela me observava.

"Bom dia" eu a cumprimentei.

Ela não respondeu. Continuou me olhando. Eu fiz minha melhor aparência gentil. Quando ela finalmente falou, sua voz era quase inaudível.

“Sua aura está vermelha, com pontos cinzas. Ela brilha” sua voz era só um sussurro.

“Como?” perguntei, obviamente não esperando por aquilo.

"Eu não sabia mais o que era dormir" ela murmurou, mudando de um tópico a outro “O que aconteceu, não foi um sonho, foi?”

“Não, não foi um sonho. Foi tudo real” falei sem saber a que ela estava se referindo. Se a sua vida como Strigoi ou a sua transformação para Moroi. Apesar de estar curioso sobre o que ela falou da minha aura, não quis insistir neste assunto.

“Quem é você?” ela perguntou com suavidade na voz, bem diferente de quando ela era um Strigoi. Eu, comecei a sentir um imenso bem estar perto dela. Era parecido de quando eu estava com Lissa.

“Sou Dimitri Belikov. Eu era um guardião e fui trabalhar na Academia, depois que você... saiu... Eu era instrutor lá. Eu também era... era... mentor de Rose...” Senti que as palavras saíram pesadas. Era como se eu quisesse falar involuntariamente o que eu era de Rose na verdade, mas consegui me conter “Até que, em uma batalha, eu fui transformado em um Strigoi.”

“Um usuário do espírito transformou você de volta, como aconteceu comigo? Eu nunca imaginei que isso fosse possível” ela falou, ainda suavemente.

“Eu também nunca imaginei isso. Ainda hoje é difícil para mim. Acredite, eu sei exatamente o que está se passando dentro de você. Quem me restaurou foi Lissa, ela foi sua aluna na Academia” realmente as palavras saíam quase sem que eu sentisse. Logo me dei conta que ela podia estar usando uma leve compulsão em mim.

“Vasilisa...” Ela falou pensativa “E Rosemarie, sempre determinada a proteger aqueles a quem ela ama.” Ela fez um olhar vago, como se Lissa e Rose fossem apenas lembranças de um passado distante. De repente, seu olhar vago se tornou em tristeza e seus olhos encheram de lágrimas. Os usuários do espírito tinham essas variações de comportamento. Apesar disso indicar um leve sinal de loucura, naquele momento era um bom sinal. Strigois não ficavam loucos.

"Oh, que coisa terrível! O que foi que eu fiz? Tantas pessoas... Eu matei tantas pessoas! Como eu pude fazer isso?" as lágrimas começaram cair pelo seu rosto e ela começou tremer. Eu conhecia bem aquilo, pareciam as minhas próprias palavras. Rapidamente, sentei na cama, à sua frente e tirei uma parte dos seus cabelos que estavam no rosto.

“Calma, tenha calma” falei num tom baixo e gentil “Eu sei exatamente como você se sente, eu já me senti assim, e ainda estou me recuperando disso tudo. São lembranças terríveis, eu sei, mas não é nada que você possa mudar agora. É passado. O que aconteceu com você foi um milagre. Não deixe que sua vida como Strigoi seja maior do que a nova vida que você ganhou a oportunidade de ter, se foque no presente. Se foque na belez e nas pessoas que você ama, antes que seja tarde demais, mesmo que isso pareça difícil. Não cometa os mesmos erros que eu. ”.

“Como eu poderei viver com essa culpa? Como eu poderei viver com os rostos de todos os inocentes que matei passando na minha memória?”

‘Não era você. Você agia de acordo com o instinto de um Strigoi. Não era algo que você pudesse controlar” eu estava usando as palavras que Rose usou para me consolar. Na verdade, eu estava repetindo aquilo ali para mim mesmo.

“A dor da morte daquelas pessoas está em mim” ela sussurrou e eu percebi que deveria ser mais direto. Palavras desta natureza não surtiram efeito em mim, quando fui restaurado, certamente não serviriam para ela. Realmente a dor da culpa era muito grande.  

"É verdade, e você não pode evitar isso. É por isso que eu falo para você se focar no presente. O passado está lá, nós não podemos mudar. Olhe para você agora. Você é um milagre. Se agarre nisso para se redimir de todo mal. Não deixe iesto lhe controlar. Tome o controle disso, como eu estou tentando fazer agora. Eu percebi que não devemos deixar a vida ser inútil. Eu já perdi algumas coisas, é verdade, mas me recuso a perder outras" ela suspirou e olhou para porta. Eu me virei e vi que Rose havia entrado e nos olhava de forma surpresa.

"Rose?" perguntou ela, hesitante. Percebi que ela não lembrava que Rose estava ali em baixo conosco.

"É bom ver você de novo" Rose respondeu de forma cautelosa "Sydney foi fazer compras. Ela também ficou acordada que eu pudesse dormir, na noite passada."

"Eu sei" eu respondi com um pequeno sorriso "Eu levantei uma vez para verificar você."

Rose corou e senti algo se revirar dentro de mim. Mas ela rapidamente levou a conversa para outro tom, apesar de ainda parecer embaraçada.

"Você pode descansar também. Tome um café da manhã que eu vou ficar de olho em tudo. Tenho razões para dizer que Victor terá problemas com o carro. Além disso, Robert realmente gosta de Cheerios, por isso, se você quer algum, você terá que contar com a sorte. Ele não parece o tipo que gosta de dividir"

Sorri, ainda mais, aproveitando as suas palavras engraçadas. Eu sabia que Rose fazia piadas quando queria quebrar o gelo. E, além do mais, eu ainda tinha aquela mesma sensação de bem estar e agora sabia que era influência de Sonya.  

"Há outro usuário espírito aqui" ela falou "Eu posso sentir. Lembro-me dele. Não é seguro. Não somo seguros. Vocês não deveriam nos ter por perto." Ela falou olhando para nós. Percebi novamente a sua variação de comportamento.

 "Tudo bem" eu disse-lhe baixinho, da forma mais gentil que pude "Não se preocupe".

“Não. Você não entende... Nós somos capazes de coisas terríveis. Para nós mesmos e para os outros. É por isso que eu me transformei, para parar a loucura. E eu consegui... exceto que foi pior. De certa forma. As coisas que eu fiz..." Ela estava começando a se culpar novamente.

"Não foi você" Rose falou de forma urgente "Você foi controlada por outra coisa." Eu senti que aquelas palavras eram para mim também.

“Mas eu escolhi isto. Eu fiz isso acontecer"

"Isso foi o espírito. É difícil de controlar. Como você disse, ele pode fazer você fazer coisas terríveis. Você não estava pensando com clareza. Lissa luta contra a mesma coisa o tempo todo."

"Vasilisa?” Seu olhar se tornou perdido  “Sim, claro. Vasilisa também tem.” Então o pânico tomou conta de sua voz “Você a ajudou? Você a tirou de lá?"

Eu não estava entendendo muito aquela conversa delas. Sonya parecia meio transtornada ainda, não parecia que estava dizendo coisa com coisa.

"Sim. Nós fugimos e depois voltamos, e, uh, formos capazes de parar o que estava no seu encalço. E você pode ajudá-la também. Precisamos saber se-"

Senti que Rose estava prestes a começar um novo interrogatório. Rose era muito ansiosa e não sabia esperar. Aquela não era a hora, Sonya ainda estava bastante fragilizada. Eu lhe dei um olhar duro.

"Não" eu disse-lhe bruscamente "Ainda não".

"Mas" Rose insistiu.

"Ainda não" Coloquei ainda mais firmeza na voz e no olhar para que ela soubesse que não era hora para isso. Tudo ainda era muito recente e Sonya, além da culpa por ser um Strigoi, ainda carregava as conseqüências de ser uma usuária do espírito. Ela precisava deste tempo para se recompor.

Rose me olhou intensamente, obviamente não gostando da minha atitude, mas ela tinha que entender que não tínhamos que respeitar este momento de Sonya.

"Posso ver as minhas flores?" Sonya perguntou ignorando a tensão que havia entre nós "Posso ir lá fora e ver as minhas flores?"

Olhei para Rose, que tinha um olhar questionador no rosto.

"Claro" eu disse a ela.


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Notas finais do capítulo

Parte dos pensamentos de Dimitri sobre Rose deste capítulo foram inspirados na música "always on my mind" de Elvis Presley.



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