Last Sacrifice por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 1
Capítulo 1




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Virei a esquina e lá, no fim da rua estava ela. A casa onde cresci. Olhando tudo em volta, parecia que eu nunca havia saído de lá. Estava tudo da mesma maneira que deixei. Olhei para o céu e o sol estava brilhando. Era uma manhã de verão. O vento batia nas folhas das árvores e o som disso me trouxe de volta memórias da minha infância. Respirei fundo e continuei andando. Cada passo que eu dava sentia meu estomago revirar. Parei em frente a casa. Estava tudo calmo e silencioso. Caminhei até a porta e fechei os olhos, tentado imaginar quem eu veria primeiro. Toquei a maçaneta e uma voz chamou atrás de mim.

“Hey, Belikov!”  Virei e vi Adrian Ivashkov. Ele parecia perfeitamente sóbrio, mas ainda com ar arrogante e com um tom de superioridade em sua voz. Olhar para ele me trouxe de volta os mesmos sentimentos que eu tinha em relação a ele. Uma mistura de irritação, raiva e, é claro, ciúmes. Lembrei imediatamente da mordida no pescoço de Rose, que vi antes dela ser presa, e a sensação de perda me invadiu. Eu não me julgava capaz de ter estes sentimentos novamente, mas eles estavam lá. Quando eu pensei que só havia lugar para culpa no meu coração, eu fui novamente surpreendido por isso.

“Adrian Ivashkov? O que você faz aqui?”

“Você escolheu um cenário curioso para um sonho” respondeu Adrian com um sorriso presunçoso.

De repente, lembrei que Adrian era um usuário do espírito e que podia caminhar nos sonhos das pessoas. Lembrei que ele havia mencionado isso na estação de esqui, quando Rose tinha desaparecido. Isso tudo parecia tão distante agora, que eu quase tinha esquecido. Mas, de qualquer forma, não era real. Eu estava dormindo e sonhando.

“O que você faz no meu sonho” perguntei a ele.

“Isso é o meu sonho” respondeu ele, soando como se isso fosse óbvio. “Foi a única maneira que encontramos de falar com você, você demorou a dormir...” Ele falou deixando claro que não era algo que ele estava gostando de fazer.

Realmente eu havia passado duas noites em claro. As imagens da prisão e da audiência de Rose estavam me atormentando mais do que a minha vida como Strigoi. Não era uma coisa que eu podia controlar. A todo o momento, o rosto de Rose aparecia na minha mente. Por mais que eu pensasse, eu não conseguia encontrar quem tinha interesse em causar tanto dano a ela. Eu não podia imaginar que, em poucas semanas, ela poderia ser executada por supostamente ter assassinado a rainha. Ela seria condenada injustamente. Eu tinha convicção da inocência dela. E não havia nada que eu pudesse fazer, eu estava sendo mantido em prisão domiciliar e não podia falar com ninguém.

“Abe acredita que as cartas do julgamento de Rose já estão marcadas. Não há como ela escapar dessa. Seja quem for que armou isso, fez de uma forma muito bem feita-“

“Abe? Abe Manzur? Eu realmente gostaria de saber o que ele tem a ver com tudo isso. “Porque ele está se dedicando tanto a Rose?” Eu interrompi. De fato, era uma coisa que ninguém tinha me explicado. Qual a ligação de Rose com ele?

Adrian sorriu e respondeu “Abe... é o pai de Rose. Eles se conheceram lá na Sibéria... Ops! Aqui na Sibéria!” ele falou rindo, e gesticulando em volta. “Ele está muito preocupado com Rose. Ele conhece  bem os caminhos tortuosos da nossa gente, esse julgamento não vai ser favorável. A situação já não está sendo. Eles querem coroar um novo rei ou rainha, com o assassino da anterior já punido. Abe tem um plano de fuga para Rose e pretende colocar em prática com a sua ajuda. Bem com a minha também, e com a ajuda de muita gente, mas a sua participação é fundamental. Nem preciso falar que Lissa espera que você ajude.”

Lissa. Apesar de ainda sentir uma necessidade de devoção a Lissa, eu já não sentia que isso era totalmente importante para mim. Claro, eu seria eternamente grato a ela por ter me libertado, mas toda aquela necessidade de servi-la a todo custo estava se dissipando. Mais uma vez eu estava me focando em Rose. Era ela que importava. Eu iria ajudá-la mesmo que ninguém pedisse. Mesmo que Lissa não me pedisse.

“Vocês estão planejando tirar Rose da prisão? Quem está envolvido nisso?” Perguntei com a minha cabeça trabalhando a mil. Eu tinha que participar. De algum jeito.

“Toda a idéia veio de Abe. Mas tem um guardião, amigo de Rose, que está lidando com a parte estratégica, Mikhail Tanner, você deve conhecer. Ele conhece bem o prédio da prisão e é bom de luta. Eles planejam colocar todo plano em prática no dia do funeral da minha tia.” Ele falou estas últimas palavras com a voz um pouco baixa, e com um olhar distante. Mas logo se recuperou “Eu ainda não estou a par dos detalhes técnicos, mas Abe irá dar um jeito de falar com você e lhe passar todo planejamento. Nós precisamos ganhar tempo para encontrar o verdadeiro assassino e provar a inocência de Rose, mas com ela presa, tempo é tudo que nós não temos.”

“Mas o que vocês pretendem depois? Tirar Rose da Corte?” Perguntei.

“Pretendemos mandá-la para um lugar seguro, enquanto nós, os amigos dela, procuramos por provas. Quem fez isso deve ter deixado um rastro, e é na Corte que vamos encontrar este rastro.”

“Rose já sabe deste plano?”

“Não! De jeito nenhum. Achamos que a ansiedade dela poderá denunciar que algo está para acontecer. Nem preciso mencionar que um Guardião notaria de imediato. Não vamos contar para ela, somente quando ela estiver distante e segura.”

“E o que garante a vocês que Rose ficará reclusa, esperando que vocês descubram algo?” Se tinha alguém que eu conhecia bem era Rose. Ela gostava de estar em ação, no comando. Ela jamais concordaria em ficar simplesmente esperando tudo acontecer.

Adrian fez uma careta e falou num tom desaprovador “Você vai estar com ela” ele respirou fundo e continuou “É ai que você entra. Além de ajudar a retirá-la da prisão, você vai ter que garantir que ela ficará segura e distante de tudo. Será como um guarda costas, entende? E além do mais Lissa só confia em você para fazer esta missão.”

De repente tudo foi ficando fora de foco e a voz de Adrian ficou mais distante quando ele falou novamente “Use essa chance de ajudá-la para se redimir de todo dano que você causou a ela. Se você sente culpa por algo, você deve buscar o perdão e não ficar se martirizando. Faça por você e não por ela. Nem por Lissa”.

Acordei com essas palavras dele na minha mente. Isso realmente me surpreendeu. Adrian era mesmo uma pessoa diferente. Acho que ele seria um bom amigo, se Rose não estivesse entre nós. Ou bem, se algum dia não estivesse estado. Novamente eu fui surpreendido com o pensamento em Rose e por todo sentimento que estava vindo. Eu quase não podia controlar. Eu agora sabia que era sim capaz de amar alguém, mas ainda não achava que eu era merecedor dela. Eu não podia submeter Rose a viver com alguém como eu. Eu repetia estas palavras para mim várias e várias vezes. Quanto mais eu lutava, mas esse amor me consumia.  Eu me lembrava das palavras que eu havia dito a ela na igreja, do seu olhar de dor, da sua angústia. Eu realmente queria fazer daquelas palavras uma verdade, mas não conseguia. Isso era uma repetição de quando eu falei com  ela, logo após o seqüestro de Lissa, quando ela me perguntou sobre a noite do feitiço e eu menti, afirmando que não sentia nada e logo após, no primeiro sinal de perigo, meu instinto tomou conta de tudo, quando Natalie a atacou. Foi tudo igual lá na cafeteria. Numa hora eu estava dizendo que ela não representava nada para mim. Na outra, eu estava disposto a morrer por ela.

Levantei da cama e caminhei até a janela. Um dos guardiões que ficava dentro do quarto deu um passo a frente.

“Só um pesadelo. Como sempre.” Eu falei calmamente, olhando para ele. Ele voltou para o seu posto. Ele já deveria estar acostumado, pois sempre me acordava agitado com pesadelos. Tinha dois guardiões no quarto e sei lá quantos do lado de fora. Lutei para me manter controlado. Se uma atitude suspeita de Rose poderia denunciar todo plano, o que dizer se eu também ficasse tenso e agitado? Eu tinha que manter meu auto controle. Eu não podia deixar traçar mentalmente os mais variados planos de fuga para mim e para Rose. E foi o que eu fiz o resto da noite.


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Notas finais do capítulo

*Em Frostbite, Adrian NÃO fala para Dimitri que consegue entrar nos sonhos das pessoas. Mas eu tenho "racunhos" dos 03 primeiros livros no ponto de vista de Dimitri, que precisam ser melhorados, mas que eu pretendo postar também. Em breve!