Lucas volta para o carro, mas não o liga. Fica pensando no que Rafael falou sobre Laura e Cauã. Será mesmo que esse namoro estava com os dias contados? E por que ele estava tão esperançoso quanto a isso? Não, a Laura ainda é uma criança praticamente, fora que é irmã do seu melhor amigo.

Vendo que já estava começando a forçar os pensamentos, liga o carro e meio que sai sem rumo.

Ele para em um barzinho, mas não chega a entrar. Decide voltar pro seu apartamento.

Lá ele liga o DVD e se deita na cama.

Cerca de uma hora depois pega no sono. Acorda com uma discussão, que por um momento pensa ser do filme que assistia, mas nota que o mesmo já terminou. Ele se senta na cama, esfrega os olhos e começa a prestar atenção. Nunca foi daquele tipo que ouvia as brigas dos vizinhos, mas ele tinha a forte impressão de que conhecia aquela voz aflita do outro lado. E ele estava certo.

 - Essa é a voz da Laura. Mas o que ela está fazendo aqui?

Ele se levanta e resolve sair e ouvir ao certo de onde vêm aquelas vozes alteradas. Ele percebe que vem do apartamento ao lado do seu. Aproxima-se da porta e tem certeza que Laura está lá dentro.

 - Eu já disse que não quero Cauã, que saco, respeita a minha vontade. – dizia Laura.

 - Porque respeitaria sua vontade se você não está respeitando a minha? Chega de desculpinha Laura, de hoje não passa.

 - Você tem razão, de hoje não passa Cauã. Eu estou terminando com você. – disse com a voz decidida fazendo Lucas satisfeito enquanto ouvia tudo.

 - Você acha que vai terminar assim, sem antes transar comigo?

 - Eu não acho, tenho certeza.

Lucas nota que uma pausa na discussão acontece, mas logo em seguida a voz de Cauã fica mais alta e alterada.

 - Olha aqui Laura, eu fiquei esse tempo todo esperando essa sua frescura de virgindade passar, mas não dá mais. Já transei com metade das garotas da firma do meu pai pra poder esperar o seu tempo – dizia com a voz irônica – Pra mim chega.

 - Eu sabia você não ia trabalhar coisa nenhuma, você ia era sair com outras.

 - Claro minha filha, o que eu queria de você eu nunca tinha. O jeito era buscar fora.

 - Você não presta Cauã, bem que meu irmão me avisou.

 - Sem essa de decepcionadinha Laura, não precisaria ter feito nada disso se você tivesse cedido logo de uma vez.

 - Eu não consigo acreditar. Fiquei mal um tempão por causa do acidente com os meus pais e você nunca esteve comigo, me ajudando em nada, mas agora que supostamente pra você tudo está normal você vem atrás de mim pra isso? Pensei que você tivesse ao menos um pouco de consideração por mim.

 - Claro que eu tenho consideração por você Laura, tanto que quero ser o primeiro cara da sua vida.

 - Olha quer saber? Pra mim já deu Cauã, eu vou embora. – diz fazendo barulho ao pegar sua bolsa.

 - Você vai embora sim, mas não antes de me compensar por todo esse tempo.

 - Você é surdo? Já disse que não tenho mais nada com você e não vai rolar. Ou pensa em me pegar a força?

 - Como você é esperta!

Nisso Lucas do lado de fora começa a ouvir barulhos estranhos dentro do apartamento, barulho de coisas sendo jogadas na parede e no chão.

 - Me larga Cauã, me larga seu animal, socorro!

 - Não adianta gritar sua tonta, quase o prédio todo está viajando e quem ficou são dos andares lá de baixo, não vão te ouvir.

Ao ouvir o pedido de socorro de Laura, Lucas começa a forçar a porta, mas Cauã nem percebe. Lucas então se afasta e arromba a porta.

 - Que palhaçada é essa, de onde você saiu? – diz Cauã soltando Laura que está nervosa e tremendo.

 - Pra sua desgraça sou seu vizinho, pelo menos até a polícia chegar e levar você.

 - Polícia? Você chamou a polícia? – diz Cauã assustado.

 - Estupro é crime, ou você sabe tudo não pensou nisso? – responde Lucas ficando na frente de Laura.

Cauã olha assustado para Laura e Lucas, mas saí correndo em seguida. Lucas olha para Laura que está tremendo muito pelo nervoso.

 - Calma, vai ficar tudo bem. – diz enquanto a abraça. – Quer que eu te leve pra casa?

 - Por favor, Lucas, não quero ficar aqui nem mais um minuto.