Ao chegar ao aeroporto Laura está desesperada. O local está uma confusão, cheio de pessoas chorando, gritando, com celulares em ligações desesperadas. Uma dessas pessoas era seu irmão Rafael.

 - Rafa, o que aconteceu? – diz abraçando o irmão.

 - A mãe e o pai decidiram pegar um vôo mais cedo pra voltar pra casa, mas teve problema na decolagem e parece que o avião acabou caindo em uma mata fechada.

 - Aí meu Deus. – diz Laura abraçando o irmão enquanto chora.

 - Mas não tem notícias de sobreviventes Rafael, nada? – pergunta Lucas.

 - Até agora não, estão todos os familiares dos passageiros aqui aguardando informações, mas ninguém diz nada.

Cerca de meia hora depois Liz chega também desesperada.

 - Oi meu amor, desculpa, vim o mais rápido que pude. E aí, alguma notícia?

 - Nada ainda amor, to desesperado.

Laura está muito nervosa e Lucas tenta acalma-la.

 - Calma Laura, vai dar tudo certo. Ainda há uma esperança.

 - To com tanto medo Lucas. Meus pais não podem ter morrido, não podem.

Lucas abraça Laura que de tanto chorar acaba pegando no sono em seus braços.

Depois de horas de espera um comunicado.

 - Laura, maninha, acorda, acho que tem alguma coisa pra dizerem. – diz Rafael acordando a irmã.

- O que é Rafa, o que é?

O presidente da empresa aérea reúne todos os familiares em uma sala separada e dá uma noticia. Notícia que ninguém gostaria de ouvir. Infelizmente não havia sobreviventes daquele vôo.

Pessoas desmaiam, choram se desesperam. Rafael chora como uma criança e Liz tenta conforta-lo. Laura passa mal e Lucas a leva pra fora da sala. Ela chora até não ter mais forças. Lucas tenta abraça - lá o mais forte que pode e sente que sua camisa está completamente ensopada pelas lágrimas dela.

 - Não Lucas, meus pais não podem ter morrido, por favor, fala que eles se enganaram que é mentira, por favor. – diz aos prantos.

 - Laura, juro que se eu pudesse eu traria seus pais de volta, mas eu não posso. – diz também chorando ao ver a garota chorar.

Depois de um tempo Rafael e Liz saem da sala e vão pra junto deles. Rafael diz que não há mais o que fazerem lá, que eles têm que ir pra casa esperar notícias sobre o resgate dos corpos.

 - Lucas, o Rafael está completamente desnorteado, não tem condições de dirigir. Vou levar ele pra casa no carro dele. Você pode levar a Laura no seu? – pergunta Liz.

 - Claro, posso sim.

Eles então vão embora, Laura com Lucas e Liz com Rafael. Laura vai o caminho todo chorando. Lucas quer muito fazer alguma coisa, abraça - lá, conforta - lá, mas ele não sabe se pode fazer isso, pelo menos não do jeito que gostaria.

Ao chegar em casa, Laura vai para o quarto. Ela não para de chorar. Liz fica um pouco com ela e Lucas tenta consolar o amigo.

 - O que eu vou fazer agora Lucas, o que? Como vou fazer com a minha vida, com a minha irmã? To perdido.

 - Imagino Rafa, mas você tem a Liz do seu lado e vocês podem contar comigo também, pra hora que for.

 - Valeu cara, de verdade, porque juro que não sei o que fazer, não sei mesmo.

 - Quais os procedimentos da companhia aérea agora?

 - Já iniciaram o resgate dos corpos e as identificações. Assim que identificarem o dos meus pais vão me ligar pra eu acertar todos os tramitis, papelada de enterro, essas coisas. Nem sei por onde começar.

 - To com você irmão, pode contar comigo.

 - Valeu. Vi você cuidando da Laura, obrigado. Na hora fiquei tão desnorteado que acabei meio que esquecendo dela.

 - Não tem que agradecer por nada cara, a gente é amigo e amigos são pra essas coisas. Agora vai dar uma olhada na sua irmã, ela precisa de você.

Rafael vai até o quarto de Laura e a encontra dormindo no colo de Liz.

 - Ela acabou de dormir, acho que perdeu as forças de tanto chorar. – diz Liz olhando para Rafael. – E você meu amor, como você está?

 - Perdido, triste, acabado Liz. Não sei o que vou fazer daqui pra frente.

Liz com delicadeza tira Laura de seu colo e a coloca deitada no travesseiro. Pega Rafael pela mão e o tira do quarto. Ela o abraça e ele começa a chorar.

 - Eu não posso dizer que sei como você está se sentindo Rafa, mas você tem que ser forte, por você e pela sua irmã. Agora vocês só têm um ao outro.

 - Sei disso Liz, mas não sei se vou conseguir segurar essa barra.

 - Vai sim, você é forte, sei disso. E vou estar com você, não vou te deixar numa hora dessas. – diz o abraçando forte.

 - Espero conseguir ser forte como você diz que sou Liz, espero de verdade.