5°dia

— Já volto. — disse flertando após pegar meu pijama no guarda roupa.

Flertar já estava se tornando natural entre nós.

— Freddie, me faz um favor? — A loura me chamou assim que cheguei a porta do banheiro. — Se mata lá dentro.

Ri da piada e negando com a cabeça respondi:

— Posso tentar me afogar na pia.

— É um começo.

— Oh Sam, eu sei que você me ama, não precisa fingir me odiar.

— Nos seus sonhos garanhão.

Com a cabeça deitada no braço direito, ela me observou entrar no banheiro, sorrindo. Troquei-me rápido, tentando não ficar muito tempo longe dela. Estava animado com a hipótese de dormir junto com ela novamente.

— Eu não trouxe roupa limpa, então peguei uma camisa no meio das suas coisas. — ela avisou quando eu saí.

— Tudo bem. — disse sem problemas.

Sam simplesmente me deu as costas e trocou a camisa que vestia pela minha, ficando milésimos de segundos somente com o sutiã preto na parte de cima. Foi o suficiente para eu observar melhor a sua silhueta esguia e acinturada. Sam era sexy, definitivamente.

Quando ela voltou a virar nossos olhos se cruzaram e fitaram intensamemte. A sensação era que aqueles 10 segundos foram horas. Eu me senti aparvalhado com a situação, finalmente entendendo o que estava acontecendo mesmo tentando me sabotar. Eu tinha sentimentos por Sam, sentimentos que até quatro dias atrás poderiam se resumir a raiva e amizade, mas que agora estava condenado queimar no inferno porque começava a gostar dela.

— Aproveitando a vista? — Sam brincou, atraindo minha atenção para si.

Bufei fingindo estar indignado com o comentário, camuflando o horror dos meus pensamentos.

— Eu não vi nada! — minhas bochechas coraram me denunciando.

— Gostava mais de você antes. —brincou Sam naturalmente.

Olhei curioso e não identifiquei nada mais que gozação no seu rosto. Ela tinha um sorriso incógnito e seus olhos brilhavam de maldade. Desesperava não saber o que ela pensava realmente.

Ainda meio encabulado, peguei uns lençóis e comecei a improvisar onde iria dormir. Sam tirou as calças e se deitou na cama.

— Não vai deitar aqui? — perguntou baixinho.

— E não tem problema? Afinal eu já fui expulso duas vezes. — retruquei, relembrando as quedas doloridas.

— Então fica aí no chão, idiota! — Sam exclamou, virando-se para o lado da parede, irritada.

Não questionei uma segunda vez, guardei os lençóis e entrei sobre a coberta, feliz por estar ao lado dela. Me aproximei mais do seu corpo e procurei por sua mão tentando uma reconciliação, encontrando-a no meio de nós. A agarrei e apertei de leve os dedos longos e meio frios, Sam lutou para se livrar do toque, mas eu fui mais forte e a impedi.

— Sobre o que falaram depois que fui embora? — perguntei despreocupado, logo depois dela se acalmar.

— Nada demais, a Carly só ficou falando de como ela conheceu um garoto lindo e legal. — Sam girou olhos, sarcástica. — E pelo jeito se deram muito bem porque ela está toda encantada. — disse de maneira pretensiosa.

— Espero que sejam felizes. — comentei verdadeiro e senti seu olhar cair sobre mim.

— Não está com ciúmes? — perguntou admirada.

— Por que eu estaria?

— Fredward Benson falando isso?! — fiz uma careta para o meu nome completo, enquanto ela continuou: — Será que ele está doente? Ou é um alienígena?

Sam se apoiou nos braços e me encarou séria, mas seus olhos denunciavam a zombaria.

— Eu vim para terra estudar o comportamento humano e comer cérebros. — disse mudando a minha voz e entrando na brincadeira. — Mas não conte pra ninguém.

— Coma o cérebro da mãe dele e se torne um herói para a humanidade.

— Sam!

— Eu sabia que vocês eram vilões!

Ela gargalhou e me contagiou, logo nos dois estávamos rindo com cuidado para não acordar minha mãe.

— Boa noite! — disse Sam no pé do meu ouvido, se deitando corretamente.

— Boa noite, Sam! — respondi, abraçando sua cintura e me encaixando no seu corpo.

— Freddie. — uma voz doce me chamou, mas recusei-me abrir os olhos.

— Hum? — gemi sonolento.

— Freddie, estou voltando para a casa da Carly. — era Sam.

— Hãn?! Humrum. — acenei positivamente, continuando a dormir.

De repente algo quente e macio pressionou e apertou a minha bochecha, um pequeno estalo ecoando assim que a pressão diminuiu. Parecia um beijo, mas estava com preguiça para abrir os olhos e confirmar.

A porta abriu devagar, porém eu não a ouvi fechar.

— Bom Dia, Freddie! — Carly cumprimentou animadíssima, assim que eu abri a porta do apartamento dos shay's. — Pronto para retornar as aulas depois do longo recesso?

— Quando eu não estou pronto?! — respondi empolgado. Corri os olhos em volta da sala e cozinha, inconcientemente. — E Sam?

— Está terminando de se arrumar, mas vou logo avisando que ela está de mau humor. Você tem que pegar leve se não quiser sair machucado. — Carly avisou baixinho, próxima ao meu ouvido.

— Aula com o Sr.Howard e Sra.Briggs. Depois detenção até às nove da noite. — adivinhei. Eu já tinha decorado todo o horário escolar dela.

— WOW. Parece que temos um stalker. — Carly sorriu.

Quase isso. — pensei divertindo-me.

— Bom dia Carly. Coisa. — disse Sam, descendo as escadas sonolenta e já abusando do humor.

— Spencer! Spencer vamos! — Carly gritou da sala chamando-o. — Spencer?! Vamos nos atrasar! — a morena correu até o quarto do irmão, indo verificar a demora, deixando-nos a sós.

Sam foi até a mesa posta com o café e eu acompanhei atrás, querendo conversar.

— A Carly desconfiou de alguma coisa? — perguntei distraido com ela devorando seu sanduiche.

— É claro que não. Eu não sou boba que nem você manézão, sei como ser discreta. — disse com a boca cheia.

— Sabe Sam, hoje eu tive a impressão de ter recebido um beijo bem aqui. — a provoquei, apontando com o dedo indicador para a bochecha beijada.

— Não sei do que está falando. — respondeu como se eu tivesse falado um insulto, corando levemente. — Eu sei que você quer muito que eu te beije Freddie, mas já pensou na possibilidade de ter sido sua mamãezinha querida?

— Acho que quem deseja um beijo é você.

— Você está achando mesmo que fui eu? — disse com uma expressão de nojo, apontando o indicador para si. — Prefiro beijar um sapo a beijar você.

— Não me lembro de você reclamando quando me beijou... — dei uma pausa dramática, fingindo procurar uma recordação. — Ah! Duas vezes. — sorri com escárnio.

— Se liga, romeu! Tu beijou a Melanie e não eu.

Eu estava pronto para rebater o comentário, mas fomos interrompidos pelos irmãos Shay's.

— Não quero! — Spencer gritou birrento no corredor, aparecendo na sala com o cabelo despenteado e o pijama bagunçado.

Carly vinha ao seu encalce, nervosa.

— Isso que da jogar até tarde aquele jogo idiota.

— Não é jogo! Eu já disse que é estilo de vida!

— Estilo de vida o caramba! — remendou Carly com sarcasmo. — Por que será que eu não ligo. — ela nos chamou com o olhar irritado.

— Vamos... Eu te odeio! — disse Spencer, pegando a chave e atravessando a porta. Carly seguiu reclamando.

Sam foi à frente e segurou a porta para mim. Eu decidi provocar mais um pouco.

— Se não foi você quem me beijou que pena, porque eu gostei muito dos beijos. — cochichei inclinado nos seus ouvidos, e atravessei o portal. Parei e me virei de uma vez, chocando nossos corpos de tão próximos que estávamos. Sam se assustou e deu um passo para atrás, desconfortável. — Estou te esperando a meia noite.

— Você não manda em mim! — disse irritada.

Com um pequeno sorriso torto no rosto, lancei meu pescoço para frente e encostei nossos lábios num singelo selinho. Sam ficou em choque, segurando a porta petrificada.

Porém no corredor para o elevador ela me puxou pela capuz do casaco e me jogou contra a parede, se aproximando ameaçadramente.