8 anos

Acordei e olhei para o lado da cama, recordando-me que ela não estaria ali. Sorri, diferente das outras vezes, não senti o vazio que normalmente sentia sem ter ela ao meu lado na cama. Ao contrário, estava eufórico, ansioso e sentia uma felicidade grande dentro de mim.

Os quatro anos que passei longe da Sam, cursando minha faculdade, foram os piores anos. Não perdendo, talvez, para quando terminamos por uns seis meses.

Agora entendo quando as pessoas falam que a distância desgasta um relacionamento. Enquanto estávamos longe vivíamos brigando por causa dos nossos ciúmes, éramos inseguros sobre nosso relacionamento e o tempo nunca era suficiente para ambos, além do fuso horário que precisávamos enfrentar. As vezes, Sam me ligava na madrugada e eu tinha prova no outro dia logo no primeiro horário. As vezes, eu ligava para Sam e ela estava em sala de aula.

E de repente, falávamos apenas nos fins de semana, quando nenhum dos dois tinha um projeto ou prova para estudar.

Sam uma vez me ligou da França, onde ela cursava teatro (o único curso acadêmico que não exigia muito dela), e a namorada do meu colega de quarto atendeu enquanto estava no banho, ela ficou possessa, terminando comigo assim que a atendi.

Depois desse episódio, só conseguimos no ver novamente durante a comemoração do noivado da Carly e Gibby, já que éramos os padrinhos juntamente com Melanie e Brad, que engataram um romance um tempo depois do baile.

Lembro-me de como Sam apareceu lá com um francesinho babaca, apresentando a todos como seu novo namorado, fiquei por conta. Então, certa noite, saímos os seis para comemorarmos o fim da solteirice dos nossos dois amigos. Fomos ao restaurante havaiano (já que o casamento acontecia no Havaí) ao qual eles tinham uma tradição, era uma brincadeira em que um coco ficava no meio do casal e eles teriam que levar a boca sem usar as mãos. Como o francesinho não foi, obviamente Carly deu uma desculpa de ser só para os amigos íntimos, Sam e eu fomos juntos.

Toda aquela aproximação trouxe lembranças dolorosas, as quais eu deveria esconder quando estava perto dela. O nosso esforço para ficarmos juntos se foi como areia ao vento. Eu sentia a injustiça do destino. Sam deveria ser minha.

Sam tentou, desesperadamente, vencer a competição. O coco chegava a minha boca e ela se contorcia como podia para segurar o fruto no entre nossos corpos. Seu olhar encontrou-se com os meus e eu notei que ela também não estava se sentindo muito confortável. Provavelmente, nossa aproximação devia lhe trazer lembranças.

O coco estava entre nossas bocas, e sem mais nem menos, como se o destino estivesse querendo consertar o seu erro de nos separar, crush irradiou pelo ambiente como música de fundo. Daí já não me segurei mais e fiz o que queria fazer desde que a vi: deixei que o coco caísse sem dar a mínima para o jogo e roubei sua boca para mim, roubando-lhe um beijo apaixonado. No início Sam tentou se afastar, mas, depois, acabou desistindo e entregou-se ao beijo, agarrando a minha nuca e correspondendo na mesma intensidade.

Nós estávamos juntos outra vez.

— Você está preparado? — meu cunhado Brad perguntou. Melanie e ele estavam casados a três anos, e eram felizes juntos.

— Sim! É a coisa certa a se fazer. — respondi, acompanhando-o no meu BMW último lançamento.

— Finalmente. — ele sorriu. — E ai, está nervoso?

— Não tanto quanto você. — Brad deu uma gargalhada amistosa.

— Você está fazendo a coisa certa, Freddie. Tenho certeza que nunca irá se arrepender dessa decisão. — aconselhou Brad, atencioso com a direção.

— Sim. Eu sei. — sorri, me sentindo o homem mais feliz da face da terra.

Chegando avistei vários rostos conhecidos fixos em mim. Reparei Spencer parado a um canto, ele riu ao me ver. Fui na sua direção e fiquei ao seu lado, sua mão pousou apertada no meu ombro, corri o olhar nervoso para ele e ele retribuiu com um aceno positivo de cabeça. Eu estava fazendo a coisa certa, seus olhos me diziam.

As portas se escancaram, e um David mais velho começou a cantar nossa música enquanto Sam seguia a passos lentos, um sorriso formando-se após me ver a sua espera.

Pam a acompanhava, assim como havia feito com Melanie alguns anos atrás. Carly seguia do outro lado, orgulhosa de seu cargo como madrinha do casamento. Ela sorria radiante para os convidados, segurando o que seria as alianças que nos entregaria no momento certo.

Meus olhos não desviaram uma única vez da minha noiva, admirando o quanto ela estava tão linda. O véu de renda caía por cima do longo vestido branco, os cachos presos num coque frouxo, de modo que alguns fios caiam em seus ombros. Segurando um buque com orquídeas roxas, ela estava cada vez mais perto de mim, do nosso destino, do nosso feliz para sempre.

Eu tinha conhecimento que não seria fácil, casamentos são construídos ao longo dos anos, teria dias que brigaríamos e nos magoaríamos, que estaríamos cansados e com vontade de desistir, mas também teria os dias em que lembraríamos porque decidimos passar o resto das nossas vidas juntos, vivendo o nosso amor. Afinal, eu estava disposto a sempre lutar pela Sam sempre. Ela era o meu único amor, e eu nunca mais deixaria ela escapar.

Eu abri o maior sorriso que meu rosto aguentava quando finalmente elas chegaram ao altar. Pam beijou seu rosto e foi se sentar ao lado de Melanie, enquanto Carly ficava ao lado do Spencer. Eu estendi a minha mão, oferecendo um futuro a Sam. Sam não hesitou em se agarrar forte ao nosso futuro, ficando do meu lado para todo o sempre.