Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 77
Capítulo 77: Uma visitinha aos estúdios M.A.C


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii leitores lindos que essa titia má ama tanto! Tudo bem com vocês? ~não precisam me matar, matem meus professores, eu deixo :D ~Então, eu nem vou perder meu tempo me explicando, vocês sabem que é tudo culpa do colégio! Apenas, desculpem pela demora, sério! Mas até que ficou bonzinho, inho, o capítulo!Enfim... Capítulo dedicado a duas super leitoras: Lisa Maclean e Karina Jackson , obrigada pelas MARAVILHOSAS recomendações, esse capítulo é completamente de vocês!E preciso agradecer imensamente as 3 recomendações que recebi na songfic "All Too Well". Obrigada Nai Castellan Chase, Nessie Black e Tina Santos! Muuuuito obrigada! Mesmo! Obrigada por sempre estarem aqui quando eu preciso!E OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA! OBRIGADA A TODOS VOCÊS POR LEREM, OBRIGADA PELOS MAIS DE 1500 REVIEWS E PELAS 44 RECOMENDAÇÕES! OBRIGADA PELOS 245 LEITORES E OS 174 FAVORITOS! OBRIGADA! AMO VOCÊS!Ah! Eu PRECISO QUE VOCÊS LEIAM AS NOTAS FINAIS, É ALGO IMPORTANTÍSSIMO!Bem, obrigada por tudo, mesmo, eu amo vocês, espero que saibam! Boa leitura!PS: Desculpa se estou meio rápida na nota, mas meu dia foi meio ruim, e eu estou com raiva de certas pessoas. A única coisa que me fez sorrir foi o fato de que A BELIEVE TOUR VAI VIR PARA O BRASIL NO MÊS DO MEU ANIVERSÁRIO! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH ~enquanto vocês leem o capítulo, eu corro em círculos (Beliebers entendem).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/142547/chapter/77

Annabeth’s POV

Imagine-se sendo arrastado, puxado de sua vida e sendo levado para a escuridão. Todos os que você ama, todos os seus pensamentos, sonhos, desejos, inclusive seu corpo, tudo para trás, tudo esquecido. Só o que resta é seu espírito indo pela escuridão das sombras em direção ao Estúdio M.A.C (Morto Ao Chegar), em Hollywood, numa viagem de apenas alguns segundos. Não há escapatória, você é diretamente atraído para lá, como dois imãs de polaridades opostas.

Pelo lado de fora, o Estúdio M.A.C parece apenas mais um pequeno estúdio de gravação de Hollywood, mas por dentro, o lugar não era nada disso. Eu já havia estado ali uma vez, há quatro anos, e já havia achado o lugar terrível, agora, em meu atual estado, o achava pior.

Os alto-falantes embutidos tocavam uma música ambiente suave. O carpete e as paredes eram cinza-chumbo. Cactos cresciam nos cantos como mãos de esqueletos. Os móveis eram de couro preto, e todos os assentos estavam ocupados. Havia gente sentada em sofás, gente em pé, gente olhando pela janela ou aguardando o elevador. Bem, não eram exatamente gente, eram espíritos de corpos transparentes, para ser mais exata. Mas nenhum deles se mexia, nem falava, eles não faziam nada.

Então, por um segundo você se sente mal de estar ali, até você lembrar que agora é um deles, apenas um espectro. E sendo assim, tem que usar todas as suas forças para não agir como eles. É, foi exatamente assim que aconteceu comigo.

Concentrei-me em seguir na direção de Caronte, embora minha real vontade fosse não fazer nada, ou lamentar pelo que havia perdido, lamentar pelos sonhos que nunca seriam realizados, por ter abandonado aqueles que amo, por ser fraca e não ter lutado mais, por... Percy. Pensar nele mexia comigo, embora não fosse mais fisicamente ou mentalmente possível ter emoções assim, o engraçado é que eu as tinha.

Quando dei por mim, já me encontrava defronte ao balcão de segurança, olhando para Caronte. Devo acrescentar que ele não mudara nada, assim como o lugar que nos encontrávamos. Continuava alto e elegante, com sua pele na cor de chocolate e cabelo tingido de loiro, cortado em estilo militar. Possuía o mesmo óculos com armação de tartaruga, de quatro anos atrás, e um terno de seda italiano que me parecia novo, mas ainda sim, combinava com o cabelo. Uma rosa negra estava presa à lapela, embaixo de um crachá de prata que continha seu nome.

Eu realmente não sabia o que dizer olhando para Caronte desse jeito. O que eu deveria dizer?

“Oi Caronte! Lembra-se de mim? Annabeth, aquela garota que entrou com outros dois amigos no Mundo Inferior, ainda vivos, há quatro anos, e te deu uma bolsa de dracmas. Mas diz, tudo bem com você? As coisas aqui parecem as mesmas de antes. Aliás, eu morri, poderia me levar lá para baixo?”. – Definitivamente, isso não soava legal, mas eu não sabia o que dizer, ou se conseguiria dizer.

Por sorte, não precisei dizer nada, Caronte me viu antes disso.

— Ora, ora! Olha só quem temos aqui! Annabeth Chase, não? – ele disse, meio sorrindo, ao que eu assenti– Não nos vemos há alguns anos, não? Mesmo assim, eu nunca esqueço um rosto, principalmente quando ele vem aqui e me dá uma bolsa de dracm... Quero dizer, principalmente quando vem aqui vivo. Mas o que posso fazer por você?

Ele me analisou minuciosamente, então, seu sorriso se fechou, e seu tom mudou para algo entre o triste e decepcionado.

— Não me parece que você esteja viva como da última vez. É uma pena Srt.ª Chase, é uma pena. Aqui entre nós, embora eu não quisesse admitir antes, eu realmente pensava que você seria a última a cair, mas vejo que me enganei.

Permaneci calada, não havia o que dizer. Caronte continuava a me analisar, mas por fim, deu de ombros.

—Bem, como você é uma semideusa... Tem dracmas? – perguntou.

— Sim.- respondi.

Isso era estranho, eu tinha um corpo transparente, mas carregava 5 dracmas comigo, e conseguia pegá-los, definitivamente, estranho.

— Creio que isso seja suficiente. – disse eu, enquanto colocava os dracmas em sua mão.

— Claro, é o suficiente para nossa viagem. – Caronte disse enquanto me dava um cartão verde, ao qual peguei rapidamente.

“Viagem essa que ninguém deseja fazer.”— foi inevitável não pensar nisso.

Naquele mesmo instante, Caronte saiu de seu posto, seu terno branco reluzindo enquanto se direcionava ao enorme elevador, me guiando junto.

No caminho, alguns espíritos tentaram nos seguir, outros imploravam por ajuda, mas Caronte era implacável, só os espíritos que possuíam o cartão verde podiam entrar, e eu era um desses.

— Se alguém ousar encostar um dedo no meu rádio, vai se ver comigo! – ameaçou Caronte, um pouco antes de entrar no elevador, olhando diretamente para os espíritos da sala. Se espíritos podiam estremecer, eu tinha certeza de que aqueles o fizeram.

Após isso, entramos no elevador negro.

Mesmo já tendo estado ali, não deixava de ser assustador e triste, tudo ficava pior ainda quando não havia a mão de Percy para segurar, como da primeira vez, apenas para me garantir que existia alguém vivo ali. No entanto isso era impossível agora, eu estava morta, e eu teria que me acostumar com isso.

Caronte fechou as portas. Enfiou um cartão-chave em uma fenda no painel do elevador e começamos a descer.

Durante nosso percurso, fora impossível não notar os outros ocupantes do elevador, aliás, eles eram muitos, mas alguns em particular haviam chamado a minha atenção. Havia um garoto e uma garota, que pelo fato de estarem abraçados e não deixarem de se olhar, pareciam um casal de jovens namorados. Também tinha um senhor idoso, que segurava a mão de uma pequena menina, de no máximo 2 anos, ela era muito nova para estar ali.

Eu quase podia sentir minha garganta se fechando, como se isso fosse possível.

— Isso também me deixa triste. – disse Caronte, seguindo meu olhar em direção ao outro lado do elevador – Mas é a vida! Depois de alguns milênios, você se acostuma com as injustiças.

Eu duvidava que pudesse me acostumar com aquilo: ver todos os dias milhares de espíritos, com seus rostos tristes e confusos, sonhos perdidos, famílias e amigos deixados. Era tão devastador ver algo assim! Eu me perguntava como Caronte aguentava.

Perdida em pensamentos, enquanto meus olhos continuavam fixos na menina e no senhor, reparei em como a menina carregava um ursinho de pelúcia, em como eles ainda davam as mãos e eles ainda pareciam confusos.

Então, fui tirada de meus devaneios graças a uma sucessão de acontecimentos. Primeiro, a pequena garota, que até aquele momento estava quieta, olhou diretamente em meus olhos e fez um movimento com a boca, o que deduzi ser um doce sorriso. Fiquei estática. E depois, devido à mudança de ambiente e direção, atônita.

Esse foi outro acontecimento. Se antes íamos para baixo, agora íamos para frente, e eu sabia que se fosse viva, aquilo teria me dado vertigem.

Logo o ar ficou enevoado, o piso do elevador oscilou.

Olhando tudo atentamente, percebi como o terno creme italiano de Caronte fora substituído por um longo manto negro. Seus óculos de tartaruga haviam desaparecido. Onde deviam estar os olhos havia órbitas vazias. Tudo exatamente igual à última vez. Todos os espíritos do elevador tiveram suas roupas substituídas por mantos cinzentos e com capuz, com um pequeno susto, notei que também usava o mesmo manto que os outros. Por fim, o elevador em que estávamos virara uma barcaça de madeira, e Caronte guiava a embarcação pelo Rio Estige com o auxílio de uma vara, ele nos levava para o fim absoluto.

E foi assim que, novamente, eu me dei conta da verdade: eu estava ali, morta, navegando pelo Rio Estige, meu julgamento se aproximava e tudo estava perdido. Não havia mais escapatória, não havia mais o que protelar, nada mudaria a minha situação, e tudo que me restava agora, era aceitar.

Durante todo o tempo que eu ficara perdida em pensamentos, não notara que me encontrava remexendo a pulseira que Percy havia me dado no nosso “aniversário” de um mês de namoro.

Okay, talvez seja difícil compreender como eu, uma semideusa morta, continuava conseguindo pegar coisas e continuava as tendo comigo. Isso é realmente esquisito, mas minha teoria é que seja possível, antes do julgamento final, tocar e conseguir pegar os objetos, além de, entre outras coisas, conseguir: pensar; lembrar; sentir... Sabe, fazer coisas que, por exemplo, nos Campos Asfódelos não se conseguiria. Outra teoria minha é de que apenas objetos realmente valiosos para a pessoa continuam com a mesma, e isso seria notado por qualquer um que analisasse os espíritos do barco. Por exemplo, eu tinha minha pulseira e a pequena garota tinha um ursinho de pelúcia em mãos, e provavelmente, o ursinho era tão importante para ela quanto à pulseira para mim.

Eu continuava remexendo incessantemente aquela pulseira que tanto me lembrava de Percy, tentando repassar cada coisa que havíamos vivido. E não só ele, eu também pensava em todos que fizeram parte de minha vida, todos que eu amava. Foram muitos os nomes em que pensei, muitos rostos, porém, confesso muito me doeu quando um rosto de um homem de meia idade, cabelos cor de areia e olhos de um intenso castanho me surgiu: o rosto de Frederick Chase, meu pai.

Se eu pudesse chorar, eu teria chorado. Nos últimos tempos, ele e eu nos dávamos tão bem, conversávamos tanto, ele vinha pelo menos uma vez por mês a NY para me ver, então passeávamos, nos divertíamos e... Erámos realmente pai e filha, e eu estava amando aquilo, ele também estava, na verdade, nós dois nos amávamos, sempre havíamos nos amado, porém, algumas circunstâncias não me fizeram ver isso, e agora, que tudo estava certo, tudo estava bem na minha vida... Tudo acabou! Eu só esperava que Percy o avisasse sobre tudo que ocorrera comigo, que avisasse antes que ele viesse à cidade, dali a alguns dias, pois eu não suportava a ideia de que ele poderia chegar a NY, esperando um fim de semana comigo, e então, soubesse que eu morri. Eu sabia que meu pai ficaria triste, não importava a maneira como ele ficasse sabendo, eu sabia como ele iria ficar abalado. Só que, eu também sabia que se estivesse em Manhattan e recebesse tal notícia, seriam altas as chances de ele tentar procurar explicações com alguém, e meu medo é que ele fosse atrás de Athena no Olimpo, que ele se exaltasse, que minha mãe se irritasse e... Bem, você deve ter noção do que os deuses fazem quando se irritam.

— Você mexe muito nessa pulseira, heim! – disse Caronte, me fazendo pular em meu assento, eu havia me esquecido que ele estava ao meu lado, com seus olhos sobre mim. Sua voz sombria me fizera voltar à realidade.

— Ah, alguém especial me deu, só isso. – dei de ombros, como se não importasse muito.

— Espero que saiba, não se pode entrar com objetos pessoais em nenhuma das filas de julgamento, por isso, deve jogar sua pulseira no Estige, assim como todos os outros, que lançam seus sonhos e esperanças nesse rio há milhares de anos, poluindo-o com suas desesperanças. – o tom de Caronte fora simples, mas havia certo tom de ordem nele.

Olhei para a pulseira, não suportando a ideia de me livrar dela, não suportando a hipótese de me afastar da única coisa que me lembrava de uma das pessoas que mais amo, mesmo morta, eu não podia aguentar isso. Eu sabia que tinha que aceitar minha condição, mas eu precisava apenas de uma recordação comigo.

— Srt.ª Chase, recordações servem para ficar em nossas mentes, não relacionadas a objetos.

Assim que Caronte disse isso, me assustei mais. Seria ele capaz de ler mentes? Ou era apenas visível em mim que eu não desejava abandonar a pulseira?

De qualquer forma, mesmo que eu não conseguisse sequer pensar em largar a pulseira no Rio Estige, eu sabia que Caronte não me deixaria desembarcar daquele barco sem antes jogá-la. Então, após vários segundos de hesitação, comecei a tentar abrir o fecho da pulseira.

Antes disso, porém, meus olhos foram parar por um segundo na pequena garota. Ela havia acabado de jogar seu ursinho de pelúcia na água, e parecia feliz. Seus olhos, então, encontraram os meus, e quando ela viu que eu tentava abrir o fecho de minha pulseira acho que compreendeu que eu a jogaria no rio. A menina fez em seguida algo surpreendente, começou a sacudir a cabeça veemente, como se insistisse para que eu não jogasse meu precioso objeto fora. Tomada por uma estranha sensação, a obedeci, e mantive a pulseira em meu pulso.

Estava pensando em como iria enganar Caronte, quando o mesmo soltou uma exclamação alta.

— Deuses, o que está acontecendo com você menina? –perguntou assustado, me olhando com suas órbitas vazias – Em três milênios eu nunca vi tal coisa, não quando já se está a caminho do julgamento. Definitivamente, alguém não desistiu de você.

“Mas, o que?!” – é o que eu gostaria de ter perguntado, porém, senti-me sendo arrastada para cima, exatamente a mesma sensação de quando fui levada para os Estúdios M.A.C., só que dessa vez de forma mais lenta.

O que estava acontecendo?

Olhei rapidamente ao redor, e num milésimo de segundo, vira a pequena garota sorrir para mim, eu só não entendi por quê.

Então, antes de ser puxada de uma vez por todas para longe de tudo aquilo, e sem saber para onde ia, tive um vislumbre de algo do outro lado do rio, era uma figura branca como um albino, com o cabelo preto comprido até os ombros, trajando mantos de seda preta e uma coroa de ouro trançado: Hades.

Sua voz poderosa e ameaçadora invadiu minha mente, enquanto o mesmo sorria para mim.

“Parece que a salvaram dessa vez, Annabeth. É realmente fascinante saber que é possível alguém voltar ao mundo dos vivos quando já se esta tão perto do julgamento, tão perto de meus domínios. E é uma pena que tenha de ir embora, teria sido uma ótima prisioneira, e uma ótima isca para atrair Percy Jackson. Mas, bem, acho que terei de esperar por vocês uma próxima vez, não? Sendo assim, por enquanto, agradeça ao Jackson por tanta insistência em salvá-la, é por causa dele que voltará a vida, como vê, apareci um pouco tarde demais, e nada posso fazer para prendê-la aqui, se bem que... Mesmo voltando à vida, seu corpo não está num bom estado, será necessário um milagre para viver, sendo assim, eu espero. Mas por agora, vá embora! Aproveite sua sorte momentânea.”

Logo após a explicação um pouco confusa de Hades, não tive tempo para fazer outra coisa além de ficar aturdida e sorrir, enquanto olhava para Caronte e para a pequena menina. Em seguida fui arrastada velozmente para longe dali, em direção ao meu corpo, a minha vida, a meus amigos, a minha família, a Percy.

Percy’s POV

Não sei ao certo quanto tempo Bryan e eu andamos, a única coisa que sei é que corremos tempo suficiente para despistarmos os policiais e ficarmos cansados. Por fim, decidimos parar em meio a muitas árvores, talvez aquilo fosse uma floresta, e naquele instante parecia o melhor lugar para estarmos, claro, considerando que não podíamos ir para um hotel, por causa dos ferimentos de Annie; ou sequer leva-la para um hospital, pois fariam perguntas demais; fora que estávamos muito cansados para irmos mais longe. A única alternativa que nos restara fora a pequena floresta, que eu não sabia explicar onde era, eu não havia reparado muito no caminho, eu só correra.

— Acho que aqui está bem, estamos a salvo. – disse Bryan, colocando Annabeth encostada em uma árvore próxima, largando em seguida as coisas que carregava.

Bryan quase não parecia cansado, eu por outro lado... Acabei me jogando ao lado de Annie. Minha vontade agora era desmaiar, devido à energia que havia gastado, mas eu não podia, não com Annabeth ferida daquele jeito.

Por isso, tratei de pegar minha mochila e ingerir o néctar e a ambrosia, para que assim minhas energias pudessem voltar, o que logo aconteceu, e sendo assim, estava pronto para me focar na sabidinha. O que me irritava era não poder dar novamente os alimentos divinos a ela, já possuía muito em seu corpo, e mesmo assim, continuava mal.

— Nós dois podemos estar a salvo, mas Annabeth ainda não. – minha garganta se fechou, talvez você pense que eu deveria estar com sede, mas não, era a ideia de que Annie ainda não estava a salvo que me assustava, fazia minha voz falhar e minha boca secar.

— O que nós podemos fazer? – Bryan, que estava de pé até aquele momento, sentou-se do outro lado dela, ele parecia realmente preocupado.

Analisei-a.

Annabeth, que se encontrava encostada na árvore, possuía muitos ferimentos pelo corpo, sua roupa estava extremamente queimada e ensanguentada, seus cachos loiros estavam bagunçados e sujos, mas o que mais me preocupava não era isso. Era seus olhos fechados, sua respiração fraca, seu pulso batendo lentamente, as perfurações na perna esquerda e no tórax, e mesmo sem tocá-la, era visível que ela possuía costelas e ossos quebrados. O torniquete e a atadura que eu havia lhe feito já estavam empapados de sangue, e mais começava a sair de sua cabeça.

Eu sabia que as chances dela se salvar sem sequelas eram basicamente zero, na verdade, as chances de Annabeth se salvar não eram muitas, mas eu realmente não queria pensar nisso, nenhum pouco. Eu precisava agir, ao invés de pensar.

— Eu vou trocar o torniquete e a atadura, além de fazer algumas outras. – respondi rapidamente- Bryan, você poderia mandar uma mensagem de Íris para o Acampamento? Pedindo ajuda e avisando onde estamos?

— Para um MI precisamos de um arco-íris certo? – ele perguntou, ao que eu assenti. Em seguida, Harpper me olhou como se eu fosse um pobre lunático – Pois então, vai ser meio impossível eu mandar uma mensagem para o Acampamento. Já está de noite, Percy.

Olhei assombrado para o céu, as estrelas já brilhavam nele. Como eu não havia notado isso? Como não reparara enquanto corria? Eu não podia ter ficado tão distraído, não podia! Minha atenção deveria estar triplicada, devido ao estado das coisas, mas ao invés disso, eu ficara fora de órbita, desatento, tanto que nem notara o céu mudar do tom alaranjado para o negro.

— Eu não havia... hum... notado. Deixa para lá! Mandamos uma mensagem amanhã. – tentei mostrar calma e confiança, acho que não deu muito certo- Annabeth ficará bem até de manhã. – definitivamente, não havia confiança em minha voz, pois eu sabia que cada segundo era extremamente precioso para manter Annie viva.

— Quer que eu te ajude a trocar as ataduras dela? – perguntou Bryan, agora ele parecia preocupado com Annabeth e comigo.

Eu pensei em recusar, mas Bryan vinha se mostrando um grande amigo, e aquela não era hora para ciúmes ou orgulho, eu precisava da ajuda do Harpper.

— Claro, por que não?

Pegamos alguns dos materiais de primeiros-socorros que haviam em nossas mochilas. Depois de algum tempo e muito trabalho, já havíamos rasgado algumas partes da roupa de Annie, para que não estrassem em contato com as feridas, e em seguida, começamos a limpar os ferimentos, colocando as ataduras em seguida. Também havíamos desfeito o torniquete improvisado, e fizemos um novo, dessa vez com um cinto que Bryan tinha na mochila.

Conclusão, Annabeth estava enfaixada com ataduras no tórax, nos braços, na cabeça e na perna direita, enquanto a perna esquerda possuía um torniquete.

Após tudo aquilo, a sabidinha parecia relativamente melhor, embora a quantidade de sangue saindo de seu corpo ainda fosse preocupante, não era tanto quanto antes. Mesmo assim, os batimentos dela não haviam mudado, e às vezes, eles pareciam falhar, mas talvez, eu só estivesse indo a loucura.

— Pronto, acabamos. – disse Bryan, voltando a sentar-se, ele parecia contente com nosso trabalho.

— Obrigado Harpper. Sinceramente, obrigado por me ajudar com Annabeth. – eu sentia a necessidade de dizer isso para ele, eu estava realmente agradecido.

Ele pareceu sem graça.

— De nada Jackson, amigos são para isso, não?

— É, e somos amigos. – eu, que estava sentado do outro lado de Annie, não pude evitar trocar um toque com Bryan, ele havia mostrado ser um amigo leal, e... Okay, eu estava até que contente de ter ele como amigo ali.

— Sim, somos amigos Percy, eu espero que não se esqueça disso.

Seguiu-se um momento de silêncio, até que Harpper se levantou do chão, olhei-o em duvida.

— Bem, eu não sei você, mas eu estou morrendo de fome, e considerando que não temos muitos suprimentos, acho melhor eu dar uma volta por aqui e ver se acho alguma coisa comestível para nós, além de madeira para uma fogueira. Fora que seria bom arrumar uma água para Annabeth, duvido que a garrafa que temos vá ser o suficiente para quando ela acordar, e tenho certeza de que ela estará cheia de sede.

Eu sabia o que ele estava fazendo, dando um tempo para que eu ficasse sozinho com Annabeth, porque ele sabia que eu não poderia me separar dela, não agora. Mas eu também sabia que, com aquelas palavras, ele estava tentando me dar esperanças, talvez fosse visível as duvidas em meus olhos, mas não pude evitar sorrir e concordar.

— É, ela vai estar com sede. Boa sorte!

— Pode deixar. – ele disse enquanto tirava o anel de seu dedo e o mesmo se transformava em uma espada.

Logo ele se infiltrou na mata, que eu realmente não sei dizer se era grande, mas em pouco tempo os passos de Bryan já não eram mais audíveis, e os únicos sons que haviam eram os da minha respiração e de Annabeth.

Durante o tempo que Bryan saíra, eu podia muito bem ter arrumado uma espécie de acampamento para nós, ou lido algumas coisas sobre a espada de Athena, ou ter visto o terceiro pedaço da espada, ou, não sei, ter andado de um lado para o outro feito um paranoico. Mas tudo que consegui fazer foi ficar ao lado de Annabeth, segurando sua mão delicadamente, olhando-a, e sussurrando que tudo daria certo, tudo ficaria bem, que eu sempre estaria ali com ela.

Eu acho que, inconscientemente, eu imaginava que ela abriria os olhos e diria que ficaria bem, que ela me beijaria e me chamaria de idiota por pensar que ela estava tão mal quanto eu achava. Mas nada disso aconteceu, e o silêncio foi minha única resposta.

Então, olhando para o céu estrelado, eu decidi fazer algo que é surpreendente para um filho de Poseidon, fiz uma oração à Athena.

— É... Hum... Como eu posso começar uma oração para a deusa mais sábia do Olimpo? Bem... Hum... Athena, deusa grega da sabedoria, filha de Zeus, se pode me ouvir, por favor, por favor, por favor, me ajude a curar Annabeth, por favor, eu preciso dela, eu... Eu a amo, por favor, me ajude, faça com que ela melhore, mande ajuda, eu... Eu não sei. – abaixei a cabeça - Eu fico perdido sem sua filha. Se a senhora se importa com ela, me ajude. – não houve nenhuma resposta, mas eu precisava saber que Athena me ouvia, porém, como saber isso? – Hum... Por favor... Sogrinha?

Um relâmpago cortou o céu noturno, e eu podia jurar que ele fora bem próximo dali.

Foi inevitável não sorrir um pouco.

— Desculpa. Mas, por favor, me ajude! E pai, se o senhor por um acaso também estiver ouvindo, obrigado pela benção de hoje, realmente, obrigado. Ah, e se o senhor pudesse me ajudar com Annabeth agora, seria realmente muito bom.

Eu esperava que assim que eu dissesse essas palavras o silêncio voltasse a se seguir, ou que se algum barulho ocorresse, fosse o de Bryan voltando, porém, nenhum dos dois ocorrera. Houvera um barulho, melhor, uma voz, e por um segundo, meu coração ficou acelerado, para depois, desmoronar.

— Não, não, não! – era Annabeth, que ao meu lado soltava essas palavras entredentes – Fogo, fogo! Não!

Eu quase pensara que ela recuperara a consciência, que minhas preces foram ouvidas, mas nada disso ocorrera, Annabeth permanecia de olhos fechados, e agora se sacudia.

— Annabeth, calma, não há fogo, eu estou aqui, tudo ficara bem, você ficará bem. – tentei acalmá-la, qualquer agitação poderia fazê-la piorar – Sou eu, Percy, eu estou aqui sabidinha, se acalme.

Minhas palavras de nada adiantaram, ela continuava a se sacudir e dizer entredentes coisas sem sentido. Eu não sabia o que estava acontecendo, se ela estava tendo pesadelos, alucinações ou lembranças. O pior de tudo fora vê-la daquele jeito por quase um minuto e não conseguir pará-la, mas por fim, o silêncio voltou, ela havia se acalmado.

Coloquei-a cuidadosamente na posição que se encontrava antes, pensando em como àquela hora eu poderia dar-lhe néctar e ambrosia, porém, enquanto a segurava, notei que ardia em febre. Talvez eu não houvesse notado antes porque estava com um pouco de calor, mas agora eu sentia o quão alta sua temperatura estava, e isso me assustava ainda mais. Eu sabia que nessas condições, dar-lhe néctar ou ambrosia seria extremamente perigoso, assim como cobri-la seria uma péssima ideia, seu corpo já estava quente, não podia esquentar mais.

Rapidamente, peguei um pedaço de pano da atadura que não havíamos utilizado, e umedeci com a água que tinha em minha mochila, logo, coloquei-o sobre a testa de Annabeth, com o intuito de abaixar sua temperatura. É, eu já havia visto filhos de Apolo fazerem isso antes, e sim, eu presto atenção nessas coisas, de vez em quando, só esperava que, agora, isso desse certo.

Passou-se algum tempo, a temperatura de Annabeth parecia não ter diminuído, o sangue continuava manchando as ataduras que a cobria, ela parecia mais branca que antes. E eu estava prestes a ter um colapso, o cansaço mental e a preocupação estavam me causando isso.

Alguns momentos depois, Bryan surgiu dentre as árvores. Trazia em uma mão algumas frutas e água, na outra, carregava sua espada.

— Tudo certo? – ele perguntou, analisando o pano úmido na cabeça de Annabeth e largando os mantimentos de lado.

— Ela está ardendo em febre.

Após Bryan sentar-se, contei-lhe resumidamente sobre o ataque de Annie.

— Se não for um pesadelo, podem ser alucinações causadas pela febre. – ele colocou a mão em sua testa – Ela está fervendo! É melhor tirarmos esse pano da testa dela, molhá-lo e passar por seu rosto.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Bryan já passava o pano, agora quase encharcado, pelo rosto de Annie.

Quando ele acabou, resolvi pegar um pouco d’água para tentar dar a Annabeth, o que não foi nada fácil, mas ao menos assim ela estava hidratada.

Voltamos a nos sentar, cada um de nós de um lado de Annabeth, acho que pensamos que desse jeito poderíamos protegê-la de qualquer coisa.

O silêncio se seguiu por uns bons minutos, até ser quebrado pelo filho de Zeus.

— Percy, tem alguma ideia do que fazer agora? Quero dizer, Annabeth não está nada bem, e essa febre pode piorar tudo. Seria bom termos alguns remédios para diminuir a dor dos ferimentos e abaixar a temperatura dela.

— Eu sei, mas nós não temos, fora que nenhum remédio mortal terá o efeito necessário, ainda mais se os alimentos divinos não tiveram. – eu estava frustrado. - Eu não sei o que fazer. Não temos nenhum filho de Apolo aqui, e não temos como mandar uma mensagem para o Acampamento, não de noite. Nós também não temos medicamentos, e o néctar e ambrosia podem aumentar a febre dela. Eu não sei o que fazer Bryan, eu já rezei para Athena, para o meu pai, e estou começando a pensar seriamente em rezar para todos os deuses, inclusive Ares. Consegue entender o quão desesperado eu estou?

Olhei para Annabeth e então abaixei a cabeça, esperava que Bryan não respondesse minha pergunta retórica, mas ele respondeu.

— Eu imagino como você esteja Percy, eu me sinto do mesmo jeito agora, e eu me senti do mesmo jeito há mais de um mês atrás, quando eu vi minha mãe morta na minha frente e não pude fazer nada. Mas você pode fazer! Annabeth está viva, então, temos apenas que ter alguma ideia. Ir atrás do filho de Apolo mais próximo, rezar para Athena, ou, não sei, fazer a dança-da-cura, mas temos que fazer algo. Cara, você é Percy Jackson não é? O herói do Olimpo. Você salvou o mundo várias vezes, e não deixou que Annabeth continuasse morta, você a trouxe de volta, então vamos fazer isso ter valido a pena, vamos fazer ela viver, okay? Apenas pense em algo e não saia do controle!

As palavras de Bryan foram como um soco na minha cara. O pior é que ele tinha razão, eu podia estar triste, cansado, podia estar a beira de um ataque, porém, aquilo precisava de uma solução, embora a mesma não parecesse existir. Mas, ei, eu precisava fazer algo ao invés de entrar em desespero, eu precisava manter a calma e pensar.

— Okay, precisamos fazer alguma coisa. – olhei ao redor – Acho que seria ideal comermos primeiro, se queremos fazer algo, precisamos estar alimentados e descansados.

Bryan assentiu.

—Por mim tudo bem, eu estou morto de fome. Mas nada de fazer fogueiras okay? – disse enquanto me lançava uma maçã – Eu descobri que saímos do Vizcaya Museum and Gardens, mas não saímos da Villa Vizcaya, ou seja, os polícias podem vir até aqui se virem a fumaça.

— Entendi. – disse entre dentadas que dava na maçã – Encontrou algum perigo na floresta?

— Não, nenhum, parece que não tem nenhum monstro aqui.

Imediatamente parei de comer e olhei para Bryan.

— Você tinha mesmo que ter dito isso?

— Dito o que? Ah, tá. Desculpa?

— Agora já era, cara. Vamos rezar para nada acontecer. – eu disse, mas me arrependi em seguida, pois uma voz sombria invadiu minha mente.

“Ah, mas algo vai acontecer, Perseu Jackson. E nenhum de vocês saíra vivo dessa vez.”

Coloquei-me de pé, Contracorrente já em punho. Bryan seguiu meus movimentos, ambos ficamos de forma protetora em frente à Annabeth, olhávamos para todos os lados freneticamente, até que um barulho do outro lado de onde nos encontrávamos, chamou nossa atenção. E eu não conseguia acreditar no que via.

“Surpreso em me ver, Jackson?”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

IMPORTANTE! ~lê eu parando de correr em círculosPois bem, eu espero que tenham gostado do capítulo e que me façam sorrir com recomendações e reviews, okay? Humpf!Mas enfim... Não sei se vocês sabem, mas a fic faz 2 anos dia 22/05, e eu quero tentar fazer algo diferente, fora tentar escrever capítulo (tentar pessoal). Eu tive uma ideia, graças ao que uma leitora disse para mim. Vocês topariam me mandar uma foto de vocês lendo seu capítulo favorito da fic enquanto comem algum doce/comida/sei lá o que azul? Topariam?Bem, meu plano é pedir para alguém fazer uma capa de 2 anos da fic com as fotos, mas depende de vocês apenas. Se quiserem mandar a foto, digam no review ou em uma MP, e depois me enviem (no meu perfil tem meu face, meu twitter e meu e-mail). Eu quero tornar isso especial, então, espero que me ajudem! *---*Digam o que acham da ideia, e se quiserem participar, só avisar!E mais uma vez: obrigada por TODO carinho pessoal, eu amo MUUUITO vocês! Muuuito! Obrigada por suportarem minhas doideiras, minhas demoras, minhas manias de falar do Justin e da Taylor, sinceramente, obrigada por tudo! Amo vocês!Beijoooos! Obrigada de todo coração!NikkiPS: EU AINDA NÃO ACREDITO QUE EU TENHO MAIS DE 1500 REVIEWS E 44 RECOMENDAÇÕES! SONHO! OBRIGADA A TODOS!PS2: EU TAMBÉM NÃO ACREDITO QUE A BELIEVE TOUR VEM NO MÊS DO MEU NÍVER! CARACA, EU TÔ MUITO ANSIOSA, CHORANDO AQUI!PS3: Okay, vou correr em círculos aqui, então, até o próximo capítulo! Amo vocês!
Ask: http://ask.fm/NickMeiraB