Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 63
Capítulo 63: Enfim chegamos à São Francisco


Notas iniciais do capítulo

Oiii leitores que querem me matar! kkkk Ai gente, sei que esse capítulo deveria ter saído fim de semana, mas estou passando as férias na casa da minha tia, com minhas primas lindas, aproveitando um pouco. Mas tudo bem, sem mais atrasos!
Ah! para compensar, esse capítulo é ENORME! E o capítulo especial sai apenas fim de semana (ou sexta, ou sábado, depende dos vencedores do sorteio kkk). Nas notas finais eu vou repetir sobre o sorteio, e não se esqueçam, só concorrem quem deixar review nesse capítulo!
Agora boa leitura! Obrigada pelos reviews,eu amo vocês!
LEIAM AS NOTAS FINAIS!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/142547/chapter/63

Annabeth’s POV

Eu estava acordada há algum tempo, sabia que estávamos na carruagem e que Destemido nos guiava em direção a Chicago, sabia que Bryan estava deitado a minha frente, dormindo, mas não era por nenhum desses motivos que eu permanecia de olhos fechados. Eu os matinha assim pelo simples fato de querer continuar sentido um dos braços de Percy ao meu redor, sua respiração suave em contado com minha cabeça, queria continuar a ouvir o martelar de seu coração tão perto de mim, enquanto que ele com sua outra mão brincava com meus cachos loiros que estavam presos em um rabo-de-cavalo. Essas pequenas coisas eu adorava, faziam parecer que meu estômago estava cheio de borboletas, e que elas voavam nas mais diversas direções, e eu me sentia flutuando.

Mas bem, nem tudo é para sempre, e logo eu fui tirada das nuvens.

— Sabidinha! Acho melhor você abrir os olhos, pois acho que já estamos quase chegando. – sussurrou Percy em meu ouvido, porém resolvi continuar a fingir que dormia, me aconchegando mais em seu braços. E Percy pareceu rir disso – Eu sei que está acordada Annabeth, vamos, não adianta fingir!

Mesmo com essas palavras resolvi continuar de olhos fechados, como um desafio à Percy.

— Então é assim? – perguntou ele tão próximo de meu pescoço que apenas com seu arfar já havia ficado arrepiada – Você que sabe, apenas não diga que não tentei te fazer abrir os olhos de forma pacífica.

E de repente as mãos que antes brincavam com meu cabelo ou que me protegiam, foram em direção a minha cintura, por baixo de minha blusa.

“Meus deuses o que esse Cabeça de Alga vai fazer?” – foi a primeira e única coisa que consegui pensar antes de sentir uma vontade incontrolável de rir.

Abri os olhos e sentei, mas nem isso fez o Cabeça de Alga parar de me fazer cócegas.

— Para Percy! – disse entre risadas controladas, afim de não acordar Bryan, bem, quase controladas – Para, assim vai acordar o Bryan!

Mas como Percy não parou, continuei rindo histericamente, até que consegui tirar suas mãos de mim, segurando-as firmemente.

— Eu disse para parar! – falei séria, dando uma breve olhada em Bryan que ressonava baixinho, dormindo. Bem, acho que Percy pensou que eu fosse brigar com ele, mas pelo contrário, vendo que Bryan continuava a dormir, me aproximei mais, colando nossos lábios num beijo – E pare de tentar me fazer cócegas, se não vamos acordar Bryan! – disse contra seus lábios.

Percy riu, descolando nossos lábios, mas colando nossas testas.

— Você que não quis abrir os olhos, e sendo assim, tive que fazê-la abri-los.

Arqueei uma sobrancelha.

— Como você sabia que eu estava acordada? – perguntei olhando os olhos verdes mar do Cabeça de Alga e me deixando perder neles.

— Fácil! – respondeu ele descolando nossas testas – Você ficou toda arrepiada e depois corada quando fiz isso. – em seguida ele beijou meu pescoço, pude sentir um arrepio percorrendo meu corpo e minhas bochechas ficando rubras. – Viu, ficou quando fiz isso ainda pouco e ficou agora. Fora que sua respiração tinha se acelerado um pouco, então, eu soube que estava acordada.

— Então Percy Jackson é um bom observador no final das contas? – perguntei arqueando uma sobrancelha, tentando fazer com que minha bochecha deixasse de ficar vermelha.

— Sim, mas apenas quando se trata de pessoas ou coisas que me interessam muito. – disse ele sorrindo e dando de ombros.

— E eu te interesso? – perguntei enquanto o encarava e sorria.

— Não faz ideia do quanto! Prova disso é que eu fiquei te assistindo dormir pela última hora.

Corei violentamente, de novo, Percy ficara me vendo dormir, e bem, às vezes eu falava enquanto dormia. Eu temia que tivesse falado algo! Não que eu tivesse tido sonhos, eu apenas havia apagado, mas mesmo assim... Bem, ele era meu namorado, ficara me olhando dormir pela última hora, mas mesmo assim eu ficava sem jeito por causa disso.

— Você ficou me olhando?

— Sim, e estava linda. – disse ele segurando uma mecha do meu cabelo que havia fugido do rabo-de-cavalo – Sonhou com algo?

— Não. – respondi surpresa com a pergunta, temendo ter falado algo – Por quê?

Percy e eu estávamos sentados de lado, de modo a ficarmos de frente um para o outro.

— Nada, apenas parecia muito tranquila, pensei que houvesse sonhado.

Suspirei de leve, aliviada, afinal ele não havia ouvido nada. Eu estava aliviada, pois podia ter acabado falando algo embaraçoso, como por exemplo, daquele sonho no hotel...

—Não, eu apenas apaguei. – respondi simplesmente, mas devolvendo sua pergunta – E você? Sonhou com algo Cabeça de Alga?

Para minha surpresa Percy ficou vermelho, quase como um tomate.

—Na verdade não, eu apenas lembrei de um sonho que tive outro dia. – ele falou baixo, olhando para o chão, mas ficou mais vermelho que antes. E eu apenas não conseguia entender tal reação.

— O sonho que você não conseguia lembrar? Sobre o que era? – perguntei curiosa, pois eu queria muito saber o que era capaz de deixar Percy vermelho como ele estava.

— Bem... – Percy coçou a cabeça, sem graça e mais vermelho.

— Vamos Cabeça de Alga, conte, estou curiosa. – insisti – Por que está vermelho?

Eu sentia que deixava algo escapar, mas mesmo assim não consegui pensar no que Percy poderia ter sonhado.

— Acho que aqui não é o melhor lugar para eu contar. – e ele fez um gesto em direção a Bryan que começava a se mexer. – Argh! – disse em seguida, e ao perceber meu olhar confuso, completou - Destemido e seus comentários fora de hora, nada demais.

Dei de ombros, me sentando corretamente e me encostando no banco da carruagem, ao meu lado Percy, que permaneceu segurando minha mão.

Em menos de um minuto Bryan acordou, esfregando os olhos enquanto se sentava, em seguida nos cumprimentou com um bom dia, ao qual Percy e eu respondemos igualmente.

— Já estamos chegando?- perguntou Bryan enquanto voltava a esfregar os olhos.

— Segundo Destemido, já estamos em.. – Percy ficou chocado por um momento, e em seguida falou – Estamos em Emeryville, Califórnia.

— O que?- perguntamos Bryan e eu, basicamente gritando, surpresos.

—Mas Destemido não iria nos levar apenas até Chicago?- perguntei.

Percy fez uma careta.

— Bem, segundo o mesmo, ele queria conhecer o oeste do país, a terra do sol dourado, ele disse que nunca veio aqui. – Percy fez outra careta – Algo sobre aqui ter bastantes unicórnios fêmeas e... Argh! Pare com isso ok?

Do lado de fora ouvi Destemido relinchar, mas era mais como uma risadinha.

— Okay, isso foi estranho. – disse Bryan – Mas não mais do que essa viagem, afinal, demoramos o que? Umas quatro horas e meia? - perguntou Bryan olhando o relógio e ficando surpreso – Nossa! Ele fez uma viagem que levaria mais de dois dias de trem em apenas quatro horas? Sério?

Eu estava chocada, e Percy também, mas Destemido parecia extremamente feliz, como se tivesse provado algo. Eu podia até não ouvir cavalos e unicórnios como Percy, mas naquele momento nem precisava disso, pois era como se Destemido falasse em voz alta: “Eu sou demais, vocês tem que admitir!”. E mais alguns palavrões.

Tive que rir.

— Você é demais Destemido. – disse Percy como se lesse minha mente e não a do unicórnio. – Isso todos temos que admitir.

— É! – dissemos eu e Bryan.- Você é demais!

Olhei rapidamente pela janela, tudo passava como um borrão por nós, tive até que desviar o olhar porque se não iria passar mal.

— Percy, você não sabia que ele estava nos trazendo para Emeryville? Em nenhum momento Destemido pensou para onde estava indo? – perguntei intrigada, afinal, Percy podia ouvir unicórnios, então, a lógica era que soubesse para onde Destemido estava indo, ainda mais que ele ficara acordado pela última hora.

— Na verdade não, eu realmente pensei que estávamos indo para Chicago. – disse Percy – E o tempo que fiquei acordado a única coisa que Destemido pensou foi em músicas, Stairway to Haven então ele repetiu umas 5 vezes.

Sorri.

— Não sabia que gostava de Led Zeppelin, Destemido.

Do lado de fora o unicórnio relinchou.

— Okay, okay, eu digo para ela! – disse Percy- Ele pediu para dizer que adora eles, principalmente essa música, Stairway to Haven. E disse que também gosta de coisas modernas, como por exemplo, Coldplay.

— Coldplay? – perguntou Bryan – Sério? Mas se você passou os últimos 20 anos no clube, como os conhece?

Destemido relinchou.

— Agora sou porta-voz de um unicórnio. – disse Percy reclamando – Enfim... Ele disse que o clube podia ser um saco, mas ao menos tinha caixas de som espalhadas por ele, e assim ele conhece alguns famosos da atualidade. – de repente Percy mudou de expressão – Por Zeus, não, por favor, pare!

Bryan e eu olhamos confusos para ele.

— O que foi? – perguntei preocupada enquanto Percy levava a mão a cabeça.

— Nada demais, é que Destemido está cantando Paradise, e digamos assim, ele não é um dos melhores cantores do mundo.- Percy sacudiu a Cabeça – Pare, por favor!

Destemido pareceu rir, e Percy suspirou.

— Obrigado por parar.- Percy fez uma careta tão estranha que Bryan e eu tivemos que rir.

Até que Bryan pareceu ter uma ideia.

— Percy, não teria como perguntar se o Destemido poderia nos levar a São Francisco? Sei que ele já fez muito, mas como fica a quase uma hora daqui de ônibus, seria apenas alguns minutos para ele. – falou Bryan, e de certa forma eu iria perguntar a mesma coisa, mas Destemido ao ouvir relinchou, reclamando.

— Ele disse que poderia nos levar até o Canadá se quiséssemos, mas que à São Francisco não. – disse Percy como se editasse o que Destemido falava – Ele disse que tem muitos monstros por lá, e digamos, unicórnios são comida para alguns deles.

Nós três fizemos uma espécie de careta.

— Tudo bem Destemido. Você já fez muito! E nós não queremos que vire comida de monstro. - disse eu alto o suficiente para ele ouvir – Nós só temos que te agradecer.

Em seguida ele parou, mas eu só soube disso porque a minha volta eu conseguia ver as construções e as pessoas andando para todos os lados.

— Chegamos a Emeryville. – disse Percy pegando sua mochila enquanto Bryan e eu fazíamos o mesmo.

Saltamos da carruagem, surpresos pelo fato de termos chegado tão rápido e ainda ser uma da tarde. Cada um de nós foi falar com Destemido, primeiro Bryan que agradeceu e disse que ele era um unicórnio muito legal, e que sempre seria agradecido a ele por tirá-lo daquele clube maluco, em seguida foi minha vez.

— Obrigada Destemido! – disse fazendo carinho em sua crina branca feito nuvem – Você foi um grande amigo, e o único unicórnio que eu conheci. Obrigada por me tirar daquele clube, e muito obrigada por nos trazer aqui garoto! Você é um grande amigo.

Destemido pareceu sorrir e se esfregou em mim.

— Ahn, ok, pode parar! – disse Percy interrompendo, parecia... Hum... Meio enciumado, meio aborrecido. Encarei-o – Você já falou com ele Sabidinha, agora é minha vez.

Sorri, sem entender muito o porquê de Percy ter me interrompido, mas deixei-o conversar sozinho com Destemido. Ficando assim ao lado de Bryan.

— Ferrari legal a de vocês! – disse um garoto que passava de skate.

— Ferrari? – perguntamos eu e Bryan, mas o garoto já havia se mandado.

Era engraçado como os humanos interpretavam as coisas pela névoa, ao invés de verem uma carruagem sendo puxada por um unicórnio, viam uma Ferrari. Que imaginação a deles!

Percy fez um carinho em Destemido, falando com ele, e deu em sua boca algo, que logo reconheci como os torrões de açúcar que ele costumava dar para Blackjack.

— Boa viagem garoto! – disse ele se afastando de Destemido e vindo em nossa direção.

Destemido relinchou, sorrindo, e saiu galopando, ou melhor, correndo, deixando um rastro atrás. Ele sorriu como quem dizia até breve, e nós ficamos ali mais um pouco, acenando.

— Um unicórnio! – ouvi uma criança dizer para a mãe – Um unicórnio puxando a carruagem!

A mãe olhou para ele confusa, mas por fim deu de ombros e puxou-o pela mão.

Percy estava ao meu lado, e Bryan olhava um mapa da cidade que estava em um anúncio publicitário.

— Por que você pareceu enciumado quando fiz carinho em Destemido? – perguntei à Percy, aproveitando o afastamento momentâneo de Bryan.

— Então... – disse Percy coçando a cabeça – Parece que unicórnios se dão melhor com donzelas, digamos que Destemido estava gostando demais do seu carinho e me provocando mentalmente.

Eu ri, havia me esquecido que unicórnios gostavam mais da companhia de moças, e por isso era comum serem vistos ajudando as caçadoras de Artémis.

— Você estava com ciúmes de um unicórnio? – perguntei rindo – Você deveria saber que não precisa ter ciúmes, nem de um unicórnio nem de ninguém Cabeça de Alga, afinal, eu gosto é de você.

Percy sorriu feito bobo.

—Eu sei, e você também não precisa ter ciúmes, pois você é a única garota que eu amo, minha Sabidinha. – ele me puxou num abraço- Mas não é isso, é que Destemido adora falar besteiras na minha cabeça. – Percy fez uma careta e eu ri mais.

Em poucos segundos Bryan havia voltado para o nosso lado, e sendo assim, Percy e eu nos afastamos, Para raio comentava algo sobre o mapa ser confuso.

— Bem, chegamos a Emeryville, e eu conheço um pouco aqui. – disse eu olhando ao redor, conhecia aquela cidade, não tão bem quanto São Francisco, mas o suficiente para saber onde era a rodoviária – E o ônibus que nos leva a São Francisco fica a duas quadras daqui. Vamos!

Peguei minha mochila, colocando-a nas costas e ia começar a andar quando Percy segurou minha mão.

— Annabeth. – disse Percy me fazendo parar e olhar para ele – Nós não comemos nada desde que acordamos, antes de pegarmos um ônibus e irmos enfrentar o desconhecido, não é melhor comermos?

— Apoiado! – disse Bryan – Estou morrendo de fome.

Quando eles disseram isso, senti meu estômago se contorcer, eu também estava com fome, mas havia deixado de lado graças a viagem e a ansiedade.

— Vocês tem razão. – disse – Tem uma lanchonete no caminho da rodoviária, podemos parar lá.

Os garotos assentiram, e começamos a caminhar.

**********************************************************************

— Para onde Destemido foi no final das contas? – perguntou Bryan enquanto devorava seu sanduíche com batatas fritas.

Estávamos sentados em uma mesa redonda de numa lanchonete local, que ficava a duas ruas da rodoviária. Nós três quase não havíamos conversado, havíamos preferido devorar nossas comidas, até que Bryan interrompeu esse silêncio com uma pergunta que também me intrigava.

— Segundo ele, queria ir para San Diego, como disse antes, algo com unicórnios fêmeas em abundância e muita diversão.

Tomei um pouco da minha Coca-Cola, sorrindo.

— Há essa hora ele já deve estar chegando a San Diego. – disse eu – E definitivamente ele é bem diferente do que eu pensei que eram os unicórnios, mas ainda sim, foi um grande amigo que fizemos.

— Concordo. – disse Percy pegando algumas batatas fritas – Ele é único, embora seja bem boca suja!

Nós três rimos, deixando o clima descontraído.

— Bem, ele salvou nossas vidas naquele clube, não fosse por ele eu teria virado ração de lagarto. – disse Bryan.

— E eu de grifo. – disse rindo, e fiz uma pergunta que me intrigava – Mas afinal, quem comandava aquele lugar?

— Éris, a deusa da discórdia – disse Percy com aspereza, eu e Bryan o encaramos – Eu tive uma pequena luta com ela.

— Explique. – pedi enquanto deixava meu refrigerante de lado e Bryan esquecia momentaneamente seu sanduíche.

Então Percy nos contou sobre como ouviu um barulho nas árvores, e que quando o seguiu viu que era Bryan e eu, ou melhor, uma ilusão nossa se beijando.

Bryan e eu nos engasgamos nessa parte, e Percy parecia meio constrangido pelo fato de ter acreditado no que viu. Eu até pensei em falar algo, mas eu sabia como as ilusões podiam enganar e muito bem, a única coisa que me confortou foi Percy reparar que aquela não era eu. Mesmo assim, segundo ele, já era tarde demais, e Éris já havia o levado para uma clareira, depois de uma pequena luta ela o jogou contra umas plantas sufocantes, que se eu bem me lembro pertenciam aos Campos de Punição. Enfim... Percy contou que Éris parecia estar do lado da mulher que havia aparecido nos sonhos dele e também nos meus, mas ele não descobriu muito, há não ser que a tal mulher dos nossos sonhos queria nos usar. Percy também contou sobre como conseguiu se comunicar com Destemido, que antes ele havia visto e pensado que era um cavalo, e como o mesmo mostrou ser um unicórnio e o ajudou muito a sair de lá. E logo depois os dois foram atrás de Bryan e eu.

— Então a mulher que você sonhou, e que eu também sonhei, está mesmo querendo nos usar. – disse eu – E para pegar a espada. Eu só não entendi o motivo da espada ser importante para ela.

— Nem eu. – disse Bryan – E mesmo não tendo sonhado com ela, pelo que vocês disseram, ela parece muito má e vingativa.

— E é.- disse Percy estremecendo levemente, assim como eu– Mas eu contei pelo que passei, e vocês?

Então Bryan começou seu relato, de como havia saído do banheiro e visto um homem com terno risca de giz azul sentado num banco próximo, e sem nem conhece-lo, Bryan sabia que se tratava de seu pai, Zeus. Ele dissera que em nenhum momento havia suspeitado se tratar de uma ilusão, até que seu suposto pai lhe propusera dar uma volta na floresta e em seguida aparecera um lagarto gigante, e Zeus sumiu.

— Foi isso, depois eu tentei lutar com aquele bicho, mas mesmo sendo uma ilusão, ele não some há não ser que seja mandado, e sendo assim, não pode morrer, Eu reparei isso e sai correndo, ainda bem que você estavam lá. – ele suspirou, voltando a dar uma mordida em seu sanduíche – E você Annabeth, o que houve?

Rapidamente, sem querer me demorar e sem querer lembrar com detalhes o que passei, conte-lhes sobre minha ilusão com Percy, que me levou até uma das piscinas, com o propósito de querer falar algo, e em seguida sacou uma espada. Claro que eu havia notado que não era Percy, não só pela espada não ser Anaklusmos, mas também pelo fato de seus olhos estarem sem vida, sem parecerem duas esmeraldas. Então, eu e a ilusão de Percy lutamos, espada contra faca, eu acabei por derrubar lhe com um golpe no chão, e depois, por livre e espontânea vontade, ele virou fumaça. Pensei que estava tudo bem, mas em seguida apareceu um grifo, uma espécie de águia com corpo de leão. Lutamos, e para minha sorte não era um ilusão, então, foi mais fácil de matar.

— E depois Percy apareceu com Destemido. – disse enquanto voltava a beber minha Coca, os garotos ainda me encarando, desviei meu olhar para o relógio na parede da lanchonete, nos encontrávamos um pouco distante do resto das pessoas, mas mesmo assim era possível ver o grande movimento da lanchonete. - Meus deuses! Nós vamos nos atrasar!

— Hum? – perguntou Percy.

— São quase duas horas, o próximo ônibus sai às 14:30. Vamos!

Nos levantamos quase correndo, pagamos a conta e fomos em direção a rodoviária, rumo a uma viagem de uma hora e meia.

**********************************************************************

— Podem me dizer o que é isso? – perguntou Bryan enquanto nos escondíamos em um lugar da ponte Golden Gate.

— Estinfales. – disse Percy com Contracorrente em punho – São aves que atacam utilizando afiadíssimas penas contra o inimigo, no caso nós. Elas nos atacaram uma vez no Acampamento, há 3 anos atrás.

Segurei minha mochila mais firme contra o corpo, me certificando que as duas partes da espada estavam ali, então voltei a coloca-la nas costas, em minhas mãos agora apenas o arco e flecha, mas devido a quantidade de aves, aquilo seria inútil. Comecei a pensar, lembrando de como havíamos acabado naquela situação.

*****************************************************

Nosso ônibus havia demorado quase duas horas para chegar à São Francisco, e durante toda viagem ficamos preocupados com a possibilidade de sermos atacados, mas mesmo assim tentamos entender algo da missão. Sabíamos que para entendermos o porquê de a espada ser tão importante para a mulher que desejava se levantar, precisaríamos da profecia da espada, a qual não fazíamos ideia de onde achar, se é que conseguiríamos acha-la.

Quando chegamos ao nosso destino já eram quase quatro e meia da tarde, e logo o sol estaria se pondo, por isso tínhamos que ser rápidos, fora que aquela era a cidade dos monstros.

Mesmo assim, não pude evitar uma sensação de aperto no meu coração, ali era a cidade onde minha família: meu pai, meus irmãos e minha madrasta moravam, e de algum modo, também era meu lar, minha casa. Eu não os via há exatos 4 meses e sentia falta deles, ainda mais porque nos últimos tempos havíamos nos aproximado, como uma família de verdade, sempre nos falando por telefone. E sendo assim, tive que resistir ao impulso de fazê-los uma visita.

Sacudi a cabeça, estávamos em missão, eu não podia pô-los em risco, mas quando tudo isso acabasse, eu viria vê-los, iria voltar a ver minha família.

— Você está bem Annabeth? – havia me perguntado Percy, sabendo que estava assim porque ali era a cidade da em que minha família morava. Respondi com um aceno. Bryan não tocou no assunto, para ele família era um tema delicado, mesmo quando se tratava dos outros.

Nós tínhamos caminhado alguns poucos quilômetros até a ponte, chegando lá por volta das cinco da tarde. E eu tive que sorrir ao ver a construção magnífica de Joseph Strauss, mas depois meu sorriso se apagou, a ponte tinha mais de 2 quilômetros de comprimento, a segunda parte da espada poderia estar em qualquer canto.

— Onde será que está a segunda parte? – perguntei tentando pensar em algo.

Caminhamos mais um pouco, até que a parte abaixo da ponte, onde havia um pouco de areia e podia até ser confundida com uma praia não fosse o lixo, entrou em nosso campo de visão

— Nossa, quantas aves! – disse Bryan olhando a praia, seguindo seus olhos, Percy e eu vimos que aves pretas de olhos vermelhos se encontravam naquela direção.

Percy xingou em grego antigo.

— Acho que já sei onde está a segunda parte da espada. – disse ele – No meio das aves!

Demoramos poucos minutos para chegar ao local, mas mesmo assim o céu já estava quase negro, mas não tanto quanto as aves. Assim que nos aproximamos, foi possível ver uma pequena arca marrom encardida.

— Com certeza está ali. – disse Bryan também notando a arca – Mas como vamos chegar nela sem que essas aves nos vejam?

— Precisamos de uma distração. – disse Percy – Mas o que?

Uma ideia surgiu em minha mente.

— Acho que tenho a solução perfeita. – em seguida abri minha mochila, tirando de lá um arco e flecha, Bryan e Percy me olharam confusos. Peguei uma, das duas flechas especiais, que havia recebido como presente do chalé de Apolo devido a uma ajuda do chalé de Athena a eles. Encaixei a flecha no arco, apontando para as aves.

A flecha seguiu reta, baixo, atingindo uma pedra próxima as aves, uma sucessão de explosões de luzes vermelhas se seguiram. E as aves começaram a basicamente berrar, voando nas mais diversas direções, assustadas.

— O que foi isso? – perguntou Percy, que assim como as aves e que Bryan, estava assustado.

— Flecha especial, ela solta fogos de artifício, meu chalé ganhou depois de uma troca de favores com o chalé de Apolo. – respondo enquanto sorria – Agora vamos, elas voaram!

Rapidamente nós três chegamos a areia, e foi incrivelmente fácil para nós abrir a arca, bastou Percy passar Contracorrente no cadeado delicado. Dentro da arca havia uma bolsa de couro marrom, e dentro desta, havia a segunda parte da espada, brilhando intensamente, guardei-a na minha mochila.

— Corram! – gritou Bryan – Elas estão voltando!

Percy e eu nos viramos, uma nuvem de aves pretas vinha e nossa direção, suas penas afiadas mirando em nós.

Começamos a correr rumo à ponte, mas as suas penas nos atingiram, provocando cortes em nossas roupas e em nossa pele, e machucados intensos, tirando Percy que só sofreu pequenos arranhões.

Peguei rapidamente meu arco e flecha, que ainda mantinha em mãos, saquei a segunda e última flecha especial, mais fogos se seguiram, as aves se afastaram, dando tempo de chegarmos à ponte, subindo por escadas e chegando a uma parte da ponte, um pouco antes o lugar onde os carros passavam.

— Essa foi por pouco. – disse Bryan, mas era cedo de mais, as aves nos acharam, e estavam vindo com tudo para cima de nós.

**********************************************

— São muitas estinfales. – disse voltando ao presente – O que vamos fazer?

Percy pareceu se concentrar, as aves cada vez mais próximas. E então, água da bacia de São Francisco explodiu em direção a elas, e por um momento o silêncio se seguiu, pensei que haviam morrido. Mas me enganei, apenas uma parte tinha afundado, a maioria ficara apenas molhadas, ainda vinham em nossa direção.

— Alguma ideia nova? – perguntou Bryan, mas nada vinha em minha mente, e Percy estava um pouco fraco por ter usado seu poder e por causa dos leves arranhões, fora que a maldição de Aquiles o fazia ficar cansado mais rapidamente.

A seguir os berros delas aumentaram, em poucos segundos estávamos cercados, cansados e feridos. Percy estava ao meu lado direito, e Bryan do outro.

— Então é isso, morremos aqui? – perguntou Bryan – Mortos por aves assassinas?

Sem resposta. Eu, pela primeira vez, não consegui pensar em nada. Eu me lembrava de como aquelas aves eram, nem os arqueiros do chalé de Apolo conseguiram abater todas na época em que elas nos atacaram no Acampamento. Que chances Percy, Bryan e eu tínhamos?

Então, como chuva, milhares de penas afiadas como navalha nos atingiram, aumentando nossos cortes, nos ferindo cada vez mais fundo. Eu podia sentir minha blusa fina sendo perfurada, minha pele sendo arranhada.

Os carros passavam a alguns metros acima de nós, mas não pareciam reparar o ataque.

As penas continuavam a nos acertar, e mesmo que tentássemos lutar, mesmo que desviássemos algumas das penas e que conseguíssemos matar algumas aves, ainda havia muitas, e consequentemente, uma saraivada de penas vinham em nossa direção.

— Estamos perdidos. – disse Percy- Fracos e perdidos.

E então, algo na bacia de São Francisco começou a se mexer, a ponte chegou a estremecer levemente.

Da água saiu um peixe enorme, embora sua aparência seja mais para a de um lagarto aquático, o certo é falar que se trata de um enorme peixe. Eu me lembrava dele, fora uma das adoráveis surpresas que Percy e eu tivemos no nosso aniversário de um mês de namoro.

— O que é iss..? – começou a dizer Percy, mas então se calou, provavelmente reconhecendo nosso adorável "amigo". As aves pararam de jogar penas, pareciam preocupadas em fugir.

— É o Leviatã. – eu disse séria- Mas como?

Eu me perguntava como ele havia se soltado novamente do domínio de Poseidon, mas achava que a pergunta era bastante óbvia: definitivamente não era ele que cuidava do Leviatã, e sim, algum servo. Bem, isso era o de menos agora.

— Leviatã? – perguntou Bryan, encarando o monstro que ainda terminava de se erguer – Não é um monstro da Bíblia?

— Sim. – respondi, me lembrando de uma passagem biblíca – Mas ele faz parte da mitologia grega, por isso ele está presente na Bíblia.

Os garotos permaneceram calados, Percy trocou um olhar comigo, lembrando da mesma coisa que eu, do episódio do barco.

— Parece que nos livramos da aves. – disse Bryan, e em seguida, o Leviatã abriu a sua enorme boca, soltando fogo e tostando milhares de estifales, e em seguida as engolindo, todas de uma vez só.

— Uau. – dissemos.

— Eu havia me esquecido do detalhe do fogo. - disse Percy, fazendo Bryan o olhar - Annabeth e eu já lutamos contra ele, bem, não o matamos porque é meio impossível, ainda mais com o fogo e as carapaças.

— Então como?

— Poseidon cuidou dele para nós, digamos que ele é meio que o "dono" do Leviatã. - eu respondi, Bryan ficou confuso, e depois deu de ombros - Mas me parece que não vamos ter muita sorte dessa vez.

Ele abriu novamente a boca, devorando outras milhares, logo ele havia devorado todas as aves, e nos deixado de boca aberta. Por um momento fiquei me perguntando o que os humanos viam, tentando imaginar o que enxergavam pela névoa. Tentando pensar no que os humanos que passavam de carro pela ponte enxergavam ali.

— Acho que nos livramos das aves, mas não do Leviatã. – disse Percy, e nessa hora voltei a olhar para a bacia de São Francisco, o Leviatã devorado todas as aves, mas não parecia satisfeito, parecia que ainda estava com fome, e sendo assim, no encarou com seus grandes olhos pretos.

— Corremos agora ou contamos até três? – perguntou Bryan quando o Leviatã abaixou e ficou com a boca em nossa direção.

— No três. – eu disse.

— Três! – respondeu Percy, no exato momento em que o bicho abria sua boca e soltava fogo, rolamos para o lado, o pedaço que antes estávamos agora era comida tostada na boca do peixe-lagarto.

— Okay, sou só eu que quero as aves de volta? – perguntou Bryan.

Guardei o arco e flecha, que ainda estava em minha mão, e peguei minha adaga na mochila Contracorrente brilhava na mão de Percy, e Bryan possuía sua espada em punho.

— Isso não vai dar certo. – eu disse – Estão vendo as enormes escamas que o envolvem? Então, aquilo, assim como Percy disse, é como uma carapaça, é duro e impenetrável, é mais fácil o bronze celestial entortar do que nós o acertarmos.

—Eu sei disso. - murmurou Percy- Mas... Bem, vocês disseram que ele aparaceu na biblía, na mitologia ninguém o matou, mas no livro sagrado, quem o fez?

— Bem, segundo a Bíblia, Deus o matou.

—Que ótimo! – disse Percy com sarcasmo - No nosso caso, duvido que algum deus venha nos salvar, então, estamos mortos.

O Leviatã voltou se para nós, abrindo sua boca, rolamos novamente, menos um pedaço da parte de baixo da ponte, novamente tudo tostado.

— Temos que sair daqui. – gritei, os garotos até tentavam esfaquear o animal, mas a carapaça impedia-o de se machucar, fora que o fogo era preocupante – Agora, antes que acabemos com a Golden Gate!

— Vamos subir nele. – disse Bryan.

— Endoidou? – perguntamos Percy e eu.

— Eu tenho uma ideia. – ele sorriu - Fora que ele não vai atirar fogo em si mesmo né?

Fazia sentido.

Assim que o Leviatã se aproximou, nós três, com nossas armas em mãos e mochilas nas costas, pulamos e subimos em sua cabeça.

— Qual é o plano Harpper? – perguntou Percy, o vento intenso da noite fazia seu cabelo ficar bagunçado.

— Distraiam o Leviatã. – berrou de volta.

— Quer distração melhor do que nós estarmos em cima da cabeça dele e ele estar se sacudindo? – eu disse, logo em seguida o Leviatã levantou a cabeça, quase nos derrubando.

— Apenas o enrolem.

Percy e eu começamos a tentar esfaqueá-lo, mas nossas armas apenas se chocavam contra sua carapaça. Ficamos nisso alguns minutos, não sei o que Bryan planejava, e também não podia ver o que fazia. Teria que confiar nele.

— Ande logo Harpper, não vamos conseguir mantê-lo distraído por muito tempo. – disse Percy trincando os dentes, ele estava cansado, e eu também, assim como Bryan, nós já estávamos com a segunda parte da espada, mas ainda não havíamos vencido.

O Leviatã levantou a cabeça em direção ao céu, fazendo com que Percy e eu escorregássemos por sua carapaça. Na verdade, eu quase seria mandada para fora do bicho, não fosse Percy ter conseguido se segurar numa das escamas com uma mão e depois conseguir me pegar pela cintura com a outra.

—Obrigada Cabeça de Alga! – disse enquanto ele me segurava.

— Não precisa agradecer, ainda não estamos salvos. Fora que você faria o mesmo por mim.– ele sorriu, mas foi interrompido por outro movimento do Leviatã e um estrondo horrível.

— O que foi isso? – perguntei.

Então um trovão rimbombou, um raio cortou o céu, atingindo o Leviatã em cheio, levantando-o do chão, como se uma bomba o tivesse atingido. De repente Percy e eu não estávamos mais segurando no monstro, nós estávamos voando, sendo jogados no ar, lançados a milhares de quilômetros por hora.

Enquanto éramos lançados, só consegui pensar em Percy e em Bryan, pensar no que havia acontecido. Depois disso, tudo ficou escuro, os machucados doíam, e eu apaguei, ainda no ar, com Percy me segurando pela cintura.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então gente, obrigada pelos reviews, eu vou tentar responder mais alguns agora, me desculpem pela demora, tentarei colocar tudo em ordem aqui.
Bem, aqui vão as regras (de novo) do sorteio:
— Participará do sorteio os leitores deixarem reviews nesse capítulo aqui (no caso 63). Os reviews podem ter escrito frases pequenas, ou textos gigantes, não importa, desde que não tenha xingamentos, todos estarão concorrendo.
— Serão escolhidos os três leitores por meio de um sorteio, ou seja, todos os leitores que deixarem o review estarão concorrendo igualmente.
— Para fazer o sorteio irei usar um site específico: o random.com . Por isso, cada leitor que deixar um review, receberá o número que condiz com o seu review. Ex: primeiro review foi de Fulano,Fulano será o número um.
— Só estará participando do sorteio leitores que deixem reviews até 48 horas depois que eu tiver publicado o capítulo atual(capítulo 63), pois após isso será feito o sorteio.
— Os não ganhadores serão comunicados por resposta no review, assim como os ganhadores. No entanto, os ganhadores também receberão uma M.P, e terão que me responder informando nome, idade e e-mail (informações necessárias para que eu envie o capítulo). Cada ganhador terá até 24 horas para me responder, se isso não acontecer, terei de escolher outra pessoa.
— Não me responsabilizarei se lerem algo no capítulo que não gostem, este é um risco que correm ao participar do sorteio.
Bem, considerando que agora são 20:05 horas do dia 17/07/2012, serão válidos os reviews que forem enviados até as 20:05 horas do dia 19/07/2012. Após isso não serão mais aceitos reviews para o sorteio (ok, eu irei considerar até meia-noite, não sou tão má kkk).
Enfim... Boa sorte para todos, responderei os reviews dia 20, falando sobre ganhadores e não ganhadores.
Espero que tenham gostado do capítulo, que gostem do especial (nesse capítulo especial terei de fazer uns ajustes, depois explico). Por enquanto é isso, se precisar de mais alguma coisa, eu volto aqui depois.
Beijos com sabor de néctar e ambrosia!
Boa sorte!
PS: se o capítulo ficou confuso, desculpa!
PS2: o capítulo especial será postado apenas fim de semana! Beijos!