Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 22
Capítulo 22: Annabeth me deixa no chão


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Novo capítulo!
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/142547/chapter/22

 

Percy’s POV

O barulho horrendo que veio do mar fez com que Annabeth e eu nos sobressaltássemos. Olhamos um para o outro e logo em seguida para o mar, algo estava prestes a surgir dali.

— Não é possível que não tenhamos paz!- eu soava reclamão até para meus próprios ouvidos.

— Essa é a vida de um semideus Percy, pensei que já soubesse. – disse Annabeth enquanto olhava ao redor — Aliás, pode me explicar exatamente por que você parou esse iate fora da barreira de proteção do acampamento?

— Eu parei? - olhei ao redor atentamente pela primeira vez e percebi que realmente havia prendido o iate numa pedra que ficava poucos metros depois da barreira mágica que protegia o acampamento da entrada de monstros — Oh, eu não tinha reparado.

— Percebi. - ela revirou os olhos — Só não sei como EU não notei isso antes. Pelos deuses, começo a achar que estou passando tempo demais com você.

Eu deveria ficar chateado com o comentário, mas sabia que ela só estava dizendo aquilo pois estava nervosa, sendo assim, me mantive de boca calada.

Enquanto eu pegava minha caneta no bolso da calça, Annabeth levantou um pouco seu vestido do lado direito (que, a propósito, era o lado que eu estava mais próximo). Eu provavelmente devo ter ficado com cara de idiota olhando para ela, não me julguem, eu nem ao menos consegui virar o rosto para o outro lado e muito menos me focar em destampar minha caneta. 

Quando retirou sua adaga da bainha em que estava presa, Annabeth olhou para mim e percebeu que eu a observava. Ela abaixou rapidamente o vestido, corando, e claro, revirou os olhos como quem dizia: “Homens!”

Após recuperar a fala perguntei:

— Por que você guardou a adaga aí?

— Porque eu não estou de calça jeans e neste caso, colocá-la presa à perna é a melhor solução porque é o lugar mais acessível para mim. - ela disse como se aquilo fosse óbvio. – Espero que isso na sua mão seja Contracorrente.

— É claro que é. – disse enquanto tirava a tampa e minha caneta esferográfica virava uma espada.

— Que bom, porque o que quer que seja aquilo, está se erguendo.

Mal Annie terminou de dizer e um enorme monstro aquático surgiu do mar. Ele provavelmente entraria na categoria de peixe enorme, embora sua aparência seja mais para a de um lagarto aquático do que qualquer outra coisa.

— O que é isso? Um Kraken?

— Não, não é o Kraken. É o irmão dele, o Leviatã. – Annabeth olhava fixamente para o monstro que nos observava com seus olhos raivosos.

Ele primeiro veio em minha direção, me atacando.

— Cuidado! Ele cospe fogo! – berrou Annie de algum lugar.

Rolei de lado exatamente na hora em que o monstro tostava o lugar que eu estivera um segundo atrás.

— Acabo de reparar. – disse.

O Leviatã virou-se para me atacar novamente.

— Ei, monstro horroroso. – berrou Annabeth – Não sei por que os humanos tinham tanto medo de você, já enfrentei coisas bem piores quando era pequena.

O Leviatã se virou para Annabeth, que agora eu via, havia descido da para a parte debaixo do iate enquanto eu continuava na parte onde havia a mesa de piquenique.

O enorme monstro cuspiu fogo em sua direção, mas Annie fora esperta e usou uma bandeja de metal (que havia pegado da mesa onde tínhamos feito o piquenique) como escudo, o que a ajudou a se proteger por alguns segundos antes do metal derreter completamente. Porém, fora tempo suficiente para Annabeth conseguir sair de onde estava. 

Desci as escadas e fui em sua direção, de alguma forma consegui ficar ao seu lado enquanto corríamos pela lancha.

— Acho melhor irmos para água. – disse eu – Tenho mais poder lá.

— Não! – gritou Annie – Ele também tem mais força na água, além de ter nadadeiras, o que o torna mais rápido, temos que continuar aqui.

Assenti com a cabeça. O Leviatã cuspia colunas de fogo, Annabeth e eu nos abaixávamos e fazíamos o melhor que podíamos para nos proteger, o iate estava ficando torrado e nós sem lugares para nos escondermos, até que o monstro parou de fazer barulho. Eu e Annie olhamos ao redor, não havia nada ali, no entanto, algo fazia bolhar no mar. 

Olhei em dúvida para Annie, que deu de ombros.

— Ele ainda é um monstro marinho, depois de certo tempo tem que voltar a água. – disse ela – E nós precisamos de um plano.

Estávamos frente a frente um do outro.

— Qual o ponto franco dele? – perguntei.

— Bem, que eu saiba, ele nunca foi derrotado, então, ainda não se sabe se ele tem um ponto fraco.

— Que ótimo! - eu disse sarcasticamente - Mas...Se eu conseguir, por um acaso, cortar a cabeça, vão nascer outras?

— Não, Percy!- ela sacudiu a cabeça - Ele não é a Hidra, mas eu duvido que o bronze celestial vai conseguir passar por suas carapaças, já reparou como parece impenetrável?

— Sim... Mas podemos tentar. - não que eu acreditasse muito que isso fosse dar certo.

 Ouvimos um barulho vindo do mar, provavelmente o monstro se levantando.

Annie e eu andamos calmamente até a proa do iate. Nós estávamos com nossas armas em punhos, apontadas em sua direção, quando algo pulou do mar. 

— Oh! Não apontem essas armas afiadas em minha direção. – era meu pai quem estava diante de nós, não o Leviatã. 

Eu e Annie abaixamos as armas e as guardamos, completamente envergonhados e confusos. Afinal, a maioria dos deuses não ficariam nem um pouco satisfeitos em ter dois semideuses apontando armar para seu pescoço.

— Pai? – eu estava confuso – Hum, nos desculpe, mas... Hum... Onde está o Leviatã? – olhei ao redor atônito - Nós estávamos lutando contra ele, então, ele ainda deve estar ali embaixo.

— Não, Percy. – meu pai colocou uma mão em meu ombro – Eu levei o Leviatã.

Eu o interrompi.

— O Senhor matou o Leviatã? Mas por que...

Annabeth olhou do meu pai para mim.

— Percy, creio que não seja isso que Poseidon tenha feito...

Olhei totalmente confuso para ela.

— Percy, Poseidon é...

— Eu cuido do Leviatã, Percy. –disse meu pai enquanto dava um dos seus sorrisos faceiros.

Arregalei os olhos.

— Ele é tipo... Seu bichinho de estimação?

— É, acho que você pode colocar nesses termos.

— Mas...

—Ele e o irmão, Kraken, ficam sob meus cuidados. Embora eles não cooperem muitas vezes comigo, considerando que eles são basicamente obrigados a ficar comigo.

Tentei me acostumar a ideia de que meu pai tinha dois monstros horrorosos e malvados como bichos de estimação, bem, na verdade, sob seus cuidados. Não seria melhores ter cavalos marinhos?

— O senhor não mandou esses bichos para gente, certo?

— Não. – seu tom ameno deu lugar a algo sombrio – Mas também não sei como ele fugiu, bem, ele não é de obedecer, fora que ele detesta ficar preso lá embaixo, perto de meu palácio. Pois bem, eu vim até aqui porque ele é minha responsabilidade, e claro, não queria que fosse morto, nem que matasse vocês.

Não sei porque, mas senti que ele havia ficado mais preocupado com a vida do Leviatã do que com a nossa. 

Annabeth permanecia extremamente calada.

— Obrigado, pai! – disse a ele.

— Obrigada, senhor. E mil desculpa por termos apontado nossas armas em sua direção. - disse Annabeth.

— De nada, e me desculpem vocês por atrapalhá-los... Novamente. – ele parecia estar sem jeito.

— Não foi nada, senhor. – disse Annie.

— É pai, não se preocupe.

— Então tá! Estou indo!

E assim, sem abraços nem nada, ele foi embora do mesmo jeito como surgiu.

Annie e eu nos olhamos, estávamos chamuscados; com as roupas completamente amassadas; os cabelos bagunçados, mas mesmo assim estávamos contentes de estarmos juntos.

Abraçamos-nos.

— Não foi nada? – perguntei.

— Ahn? – ela me olhou em dúvida.

— Você disse para o meu pai que não foi nada ele ter deixado o “bichinho de estimação” fugir.

Ela ergueu uma sobrancelha e disse:

— Ás vezes é necessário mentir.

— Você acha?

— Não entre nós, mas sim quando seres que podem nos fulminar estão por perto e podem se sentir extremamente ofendidos com qualquer coisa que façamos.

— Você tem razão.

Eu me aproximei, segurei sua cintura, ela entrelaçou seus dedos no meu cabelo, e definitivamente, aquele foi o melhor beijo que eu poderia ter ganhado, o beijo da garota que eu amo.

*****************************************************

Depois do episódio do Leviatã nada mais veio nos atrapalhar (ok, em parte porque eu levei o iate de volta para os limites de proteção do acampamento) e o dia seguiu como deveria ter sido desde o início. Nós almoçamos (pizzas, mas almoçamos), conversamos, nos beijamos, andamos de iate por um tempo, enfim, uma comemoração perfeita.

Estávamos de pé, com as mãos entrelaçadas, assistindo o pôr-do-sol. Conversávamos sobre nossas aventuras ao longo dos últimos anos.

— Então, minha mãe falou com você que não aprovava nossa amizade e você perdeu toda coragem de falar comigo? – perguntou ela sobre aquela vez em que, depois de resgatá-la, pensei que fosse se juntar as caçadoras e descobri que sentia algo por ela. Como ela não se juntou a caçada, iria contar o que sentia quando Atena basicamente disse que eu não servia pra sua filha e eu decidi que o melhor era ficar calado mesmo. 

— É, foi exatamente isso.

Ela riu.

— Não perdeu a coragem ao enfrentar Atlas e teve forças para segurar o céu, mas foi só minha mãe aparecer que você desistiu?

— Ei! Eu só tinha 14 anos e ela é a deusa da sabedoria. E eu não perdi toda coragem, afinal te convidei para dançar.

— É verdade.

Nós rimos.

— Mas eu pelo menos não fiquei morrendo de ciúmes da Rachel.

Ela sacudiu os ombros.

— Fiquei com ciúmes sim, mas só porque você não reparava em como ela te olhava e em como ela falava com você. Fora que... – ela parou e desviou o olhar.

— Fora que?

Ela suspirou e abaixou a cabeça, o que não era típico dela.

— Fora que você se dava muito melhor com ela do que comigo, não viviam brigando, conversavam e riam, passeavam juntos, ela ficava com você sempre enquanto eu estava lá em São Francisco. Isso fazia eu ficar com bastante ciúme. – ela murmurou.

— Ela era minha amiga, só isso. - ela olhou pra mim como se não acreditasse nem um pouco nisso — E o fato de que eu e você vivíamos discutindo só prova o que sentíamos um pelo outro e que nós não queríamos admitir isso. Não precisava ter ciúmes, sabe, eu nem desconfiava que sua implicância com a Rachel fosse ciúme, só descobri depois, e fiquei surpreso de que a filha da deusa da sabedoria deixasse seus sentimentos a comandarem.

Ela direcionou seus olhos cinzas intensos para mim.

— Lembra que uma vez eu disse que até a força tinha de que se curvar para sabedoria? – perguntou Annie.

Assenti.

— Claro que lembro, foi em nossa primeira missão juntos, quando Ares pediu para que você, Grover e eu recuperássemos o escudo dele.

— É. Sabe, descobri que a sabedoria, bem, às vezes tem que se curvar para os sentimentos bons. E... Eu não era a única aqui a ficar com ciúmes.

Avaliei-a.

— Lembro de que você ficava todo estranho quando eu falava algo do Luke. – ela soava bastante convencida quando disse isso.

— Você o defendia como se ele não tivesse mudado de lado, como se ainda fosse seu melhor amigo, como se sentisse... Como se sentisse algo por ele. –disse olhando para nossas mãos.

— Ele e Thalia sempre foram minha família, Percy, cuidaram mais de mim do que meu próprio pai jamais cuidara. Ele era como um irmão, mas confesso que só me dei conta de que o amava como irmão quando... Quando senti que gostava muito de você.

Eu sorri. Ela riu.

— Esse seu sorriso bobo é por que está satisfeito com o que eu disse, né? Pois então, confesse que sentia ciúmes de Luke porque eu já admiti que sentia de você com a Rachel. 

Olhei em seus olhos.

— O.k, eu confesso que sempre que você falava dele parecia que ia explodir de tanto ciúme.

— Sério? - ela parecia surpresa e satisfeita com tal revelação.

— Sério, Annabeth. Mas não temos que nos preocupar mais com isso, estamos juntos e é o que conta.

— É verdade.

Nos beijamos, um beijo tranqüilo e calmo.

— Que horas são? – perguntou Annie após o beijo.

— Hum... Pouco mais de seis e meia da tarde. Por quê? - eu estava brincando com uma mecha de cabelo dela antes de ver a hora no meu relógio de pulso.

— Não tínhamos que estar no acampamento antes das sete? Segundo o seu pai, ao menos.

— É verdade. Eu tinha me esquecido disso.

Ela sacudiu a cabeça.

— Ou podemos ficar aqui e fazer algo mais interessante. – seu tom era malicioso enquanto se aproximava mais de mim.

— Tipo o quê? 

— Tipo isso. – ela me beijou e eu retribui instantaneamente.

Minhas mãos percorreram sua cintura e as dela foram para o bolso de trás da minha calça jeans.

— Quieto! – Annabeth se afastava de mim enquanto apontava Contracorrente para o meu peito.

Tive que pensar no que aconteceu durante o beijo para que eu pudesse entender o que havia acontecido, fora um esforço tremendo, já que sempre que ela me beijava meu cérebro virava gelatina.

Ah! Ela havia colocado a mão no meu bolso de trás, pego Contracorrente e a destampado; logo depois disso, ela a apontou pra mim. Por quê? Isso eu ainda não sabia.

— O que é isso, Annabeth? – perguntei confuso.

Ela deu o seu melhor sorriso vitorioso e eu soube que ela estava se divertindo imensamente com a situação.

— Eu disse que podíamos fazer algo melhor, no caso, algo como treinar. E eu acabo de comprovar uma teoria: tirar sua atenção é muito fácil.

Arregalei os olhos. Não era possível que ela realmente se aproveitou do beijo para me desarmar. 

— Não valeu!

— Não tinha regras, Percy!

— Eu não sabia.

— Aí é que está a graça.

— Me devolva minha espada e vamos lutar. 

— Ok, se você acha que é páreo para mim.

Ela pegou sua adaga e jogou minha espada.

— Vai usar a adaga?

— É claro que sim! – os olhos dela me analisavam atentamente.

Girei a espada no ar.

— É difícil eu ver você como inimiga. – o que era completamente verdade.

— Faça um esforço. - era bem claro que ela não sofria do mesmo problema que eu ou, ao menos, seu lado competitivo falava mais alto nessa hora.

Ela atacou em direção ao meu braço com uma agilidade surpreendente, mas eu impedi seu golpe. Fiz um movimento como se fosse acertar seu pescoço, entretanto, ela deferiu um golpe e roubou minha espada, me desarmando. Em menos de um minuto eu estava caído no chão enquanto ela apontava para minha garganta com Contracorrente e sua adaga, além de usar um de seus pés contra meu peito para me manter no chão. 

— Parece que eu venci. - eu deveria estar chateado por perder, mas o sorriso vitorioso no rosto dela valia a pena tudo aquilo.

— É, venceu, desisto.

Ela me ajudou a levantar e me devolveu minha espada.

— Bem, agora temos que ir para o acampamento, capitão.

— Sim, senhorita. Às suas ordens. – disse fazendo voz grossa, ela riu.

Só os deuses sabem como era bom ouvir aquela risada.

Fizemos uma pequena arrumação no iate (o melhor que se podia fazer considerando que ele estava todo chamuscado e danificado por causa do ataque do Leviatã) e, então, dei meu melhor assovio.

Blackjack apareceu em pouco tempo. Annabeth o cumprimentou e subiu nele, eu fiz o mesmo logo em seguida. Dessa vez, eu ia na frente e ela atrás, segurando em mim. 

Foi bom o encontro, Chefe?”

— Ótimo! – sussurrei. - Totalmente ótimo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Boa semana para vocês! Beijos!