Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 81
Capítulo 81: Unicórnios roncam como britadeiras


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! Tudo bem com vocês? Antes de mais nada, espero que saibam, se esse capítulo está saindo hoje, agradeçam ao fato de na sexta passada meus ingressos para a BELIEVE TOUR TEREM CHEGADO (TÃO FELIZ), e que isso me fez ficar com uma louca vontade de escrever, então... Agradeçam ao Jubs! hahahaPois bem, esse capítulo (por mais monótono que esteja, me desculpem por isso) é dedicado para duas pessoas muito especias. Primeiro para o Lucas Soares que escreveu uma LINDÍSSIMA recomendação para fic, e eu ainda estou pulando de alegria por isso! Obrigada Lucas, mesmo, de todo coração, obrigada por tudo! Em segundo, mas não menos importante, é dedicado a KimMonrooe, MINHA SUPER LEITORA LINDA QUE FEZ ANIVERSÁRIO EM AGOSTO! Parabéns linda, te desejo tudo de bom, saúde, paz, amor, felicidade, muitos livros e muuuitos anos de vida! Te amo! ♥ Okay, acho que isso já está ficando grande (para variar), por isso, vou dar um sossego para vocês, ao menos até o fim do capítulo. Vejo vocês lá embaixo! PS: Desculpa, mas ainda não terá Percabeth! Sorry! LEIAM AS NOTAS FINAIS! Boa leitura!



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Bryan’s POV

— Percy... – sussurrara a voz fraca e falhada de Annabeth .

Naquele instante eu estava de costas para ela, indo na direção das mochilas, em busca de arrumar um jeito para dormir, porque o sono já me dominava. No entanto, no instante em que ouvi sua voz, foi como se todo meu sangue começasse a ser bombeado mais rápido, como se o cansaço tivesse me abandonado.

Rapidamente, virei-me, pronto para correr para seu lado, porque, por mais que eu não tivesse demonstrado, eu havia ficado em pânico diante da possibilidade de perder Annabeth. E saber que a cura que Destemido lhe aplicara parecia ter dado certo, apenas me deixava extremamente feliz. No entanto, Percy já se encontrava lá, ajoelhado ao seu lado, segurando firmemente sua mão.

Senti uma pontada estranha em meu peito diante tal cena, era mais do que me sentir excluído ou deslocado, coisa que eu vinha me sentindo constantemente nessa missão, considerando que eu não era tão importante quanto Percy ou Annabeth. É, eu me sentia menos importante do que eles, não importava o que ambos diziam, nem o quanto eu tentasse pensar o contrário, não importava o fato de eu ser filho de Zeus, eles já eram uma dupla antes de mim, o que só me tornava um membro a mais na equipe. De qualquer forma, o que eu vi naquela hora não fora nada disso, não fora o sentimento de exclusão ou insignificância, não! Fora uma pequena cutucada no peito, uma dor interna. Eu queria estar no lugar de Percy, eu queria ser a pessoa que segurava a mão de Annabeth, e isso era um sentimento estranho.

Desviei os olhos de ambos, eu sabia que aquele momento era só deles, depois de tudo que tinham passado, era o mínimo que poderia acontecer, fora que olhar só tornava mais doloroso, embora eu não entendesse o motivo. Sendo assim, tentei me concentrar no ato de pegar minha mochila e ver o que tinha dentro dela, mas, para ser honesto, só consegui sentar e segurar a mochila, sem olhar para eles, mas prestando atenção na conversa, queria saber como Annie estava.

— Annabeth! Graças aos deuses, você está bem! – dissera o Jackson, e fiquei surpreso com o fato de conseguir ouvi-lo dali, ou mesmo por ele não estar sussurrando. Pois, bem, em seguida ele completou a frase com um: - Eu te amo muito!

Eu juro por todos os deuses, eu tentei de todas as formas não olhar, mas a curiosidade por saber se Annabeth estava melhor me dominara, e diante seu silêncio, tive de analisar a cena, ainda sentando na grama.

De onde eu estava, que não é tão longe quanto você supõe, mas também não tão perto, eu conseguia visualizar Percy praticamente jogado sobre Annabeth, e mesmo assim, parecia estar tendo cuidado de não lançar todo seu peso sobre ela, aliás, Annabeth continuava deitada sob uma árvore, vários casacos sobre ela, embora eu tivesse certeza de que ela não sentia mais tanto frio quanto antes, ou sequer qualquer dor. Por que digo isso? Porque mesmo de longe, a diferença entre ela e Percy era contrastante! Ele podia até ter a maldição de Aquiles, mas visivelmente falando, Annabeth parecia muito mais saudável do que ele, embora os dois parecessem extremamente cansados.

Continuei observando-os, aparentemente, Annabeth não havia feito nenhum movimento até o momento, e eu me perguntava desesperadamente se ela estava tão bem quanto aparentava.

Passaram-se alguns segundos, não sei dizer quantos ao certo, só sei que Percy parou de abraça-la e voltou a segurar sua mão, olhando-a intensamente. E diante a expressão no rosto dele, eu pude ver que algo ocorrera, porque ele basicamente sorria, então, só pude deduzir que Annabeth também abrira os olhos, mas era difícil ter certeza, considerando que estava escuro, só tínhamos a luz das estrelas, e eu não estava num ângulo muito bom para ver o rosto dela.

Eles pareciam estar se olhando, Percy parecia feliz, e eu me senti um intruso ao olhar a cena, sendo assim, voltei a analisar minha mochila como se ela fosse a coisa mais incrível naquele ambiente.

Minha intenção era de não olhá-los, não me intrometer em algo tão particular, e estava tudo indo bem, até que algo me desconcertou.

A voz de Annabeth se propagou pela pequena clareira, chegando aos meus ouvidos.

— O... O Bryan... Ele está bem? – foi a pergunta que ela fez (que eu nunca pensei que fosse fazer). Isso encheu meu coração de uma alegria, de um bom sentimento, que eu nem sei explicar.

Por um segundo eu ficara quase em choque, mas no instante seguinte, eu já havia largado a mochila e estava de pé, andando, ou melhor, correndo na direção de Annabeth. E por mais que eu não quisesse ficar assim, eu estava extremamente feliz dela ter perguntando por mim.

— Sim! Ele está... – Percy começou a dizer, porém, eu chegara na hora exata para completar sua fala.

—Aqui! – disse, aparecendo rapidamente em seu campo de visão, para depois me sentar ao seu lado e segurar sua mão livre, no entanto, tomei o cuidado de não segurá-la com a vontade que eu realmente queria. Eu não achava, hum, certo isso, talvez porque Percy segurasse sua outra mão, então, segurei-a levemente.

Agora eu podia ver claramente Annabeth.

Seu rosto não estava mais pálido, na verdade, voltara ao seu tom bronzeado natural, além disso, posso jurar que seus cabelos estavam mais loiros e brilhantes do que antes, assim como seus olhos cinzas estavam mais vívidos, era como se o poder de Destemido curasse não só ferimentos, mas melhorasse tudo numa pessoa, então, era como se Annabeth tivesse saído de um SPA.

Eu quase sorri diante suas feições, ela estava perfeita assim, saudável. Porém, estava visivelmente cansada, o que era preocupante, mas como Destemido dissera, ela devia precisar de um cochilo.

— Garotos... – disse ela com dificuldade, sem mais forças para lutar contra o sono – Eu amo vocês, eu espero que saibam...

Meu coração pulou, ela havia me incluído, não fora um: “Te amo, Percy!”, foi um: “Amo vocês!”, isso me incluía, eu estava feliz, muito feliz, mas procurei não demonstrar.

Em seguida, o sono a venceu, seus olhos por fim se fechando. E eu sabia que ela estava bem, agora eu tinha certeza, e Percy tinha a mesma certeza também, era visível em seus olhos.

Ficamos mais alguns instantes daquele jeito, pairando sobre Annie e vendo sua respiração ficar tranquila e leve, provando o fato de que já havia caído em sono profundo.

Meu real desejo era continuar segurando a mão de Annabeth, olhando-a, fiscalizando para saber se estava tudo certo. Mas eu sabia que Percy era o namorado dela, e sabia que aquele ato era meio que um direito dele, não meu, um amigo. Sendo assim, lentamente, e sem realmente desejar fazê-lo, soltei a mão de Annie e me levantei.

Olhei ao redor, primeiro vendo como Percy estava feliz e zeloso com Annabeth, sem soltar sua mão, sem tirar os olhos dela. Em seguida, desviei os olhos e deixei-os pairarem sobre o unicórnio deitado na grama.

Destemido parecia realmente cansado, e parecia roncar, bem, um ronco unicorniano de qualquer forma. Compadecido do unicórnio que tanto fizera naquela noite, sentei-me ao lado do mesmo, olhando para ver se ele estava okay. E sim, estava, aliás, ele realmente roncava, o que quase fora engraçado, não fosse o fato de eu estar pensando em um milhão de coisas.

Passei as mãos levemente na crina daquele ser mitológico, pensando no quanto ele havia feito por Annie, ele fora sua salvação, e também fora a nossa. Ele podia ter seus problemas, e podia ter quase matado o Jackson mais cedo (ainda estou curioso sobre isso, mas não acho que queira saber o real motivo da tentativa de assassinato), porém, ele tinha um bom coração, e parecia ser um bom amigo.

Eu estava pensando que teria que arrumar algo para ele comer quando acordasse, quando lembrei que antes de Annabeth falar, Percy e eu estávamos planejando montar uma guarda para dormir. E então, havíamos esquecido completamente disso, mas eu sabia que era necessário descansarmos, assim como sabia que não iria conseguir dormir agora, por algum estranho motivo o sono tinha me deixado.

Resolvi quebrar o silêncio entre o Jackson e eu.

— Percy. – chamei-o, mas ele estava concentrado demais no ato de olhar sua namorada, que sem nem virar em minha direção disse:

— Sim?

É estranho falar quando não tem ninguém te olhando diretamente, é como se você fosse um louco, de qualquer jeito, prossegui.

— Nós íamos montar guarda, lembra?

— Sim, claro! – ele continuava sem me olhar, o que me fez deixar de olhá-lo também, era melhor ficar de olho no unicórnio que dormia – Como eu havia dito antes, pode dormir Bryan, eu fico de olho em tudo.

Na verdade, eu duvidava que ele fosse ficar de olho em algo que não fosse Annabeth, mas preferi não mencionar isso.

— Percy, não é isso, é que... Eu gostaria de ficar de guarda primeiro, se você não se importa.

Isso o fizera me olhar, não que eu estivesse o olhando, mas era palpável que seu olhar confuso estava sobre mim agora.

— Bem, eu gostaria de ficar olhando Annabeth mais um pouco, e... – a voz dele saiu estranha, como se tivesse reprimido um bocejo.

— Percy. – comecei, dessa vez virando a cabeça em sua direção – Você está morto de cansaço, eu nem preciso te olhar para saber disso, sua voz já te denuncia. Fora que, Annie está dormindo, você deveria acompanha-la, assim, quando trocarmos de turnos, você estará acordado para vê-la abrir os olhos. Não é bem melhor do que estar dormindo na hora que ela acordar?

Um segundo de silêncio, e o senti ponderando. Mas eu sabia que havia dito as palavras certas, as que o fariam dormir agora e me deixariam livres para pensar um pouco, sozinho, afinal, eu havia perdido o sono.

— Você tem razão. – disse por fim, seu rosto pareceu ter assumindo uma expressão mais tranquila – É melhor eu dormir um pouco. Você fica de guarda então?

— Claro, sem problemas! – disse, tirando o meu anel de ouro do dedo e fazendo-o se transformar na espada que fora de minha mãe, e agora, era minha. Seu brilho fazia surgir uma pequena luz no ambiente escuro.

— Vou dormir por algumas horas, no máximo quatro, então você me acorda e trocamos o turno, tudo bem?

— Sim tudo certo. Eu acho assim melhor, porque, eu realmente quero sair desse lugar antes que os guardas nos achem, ou seja, é melhor sairmos de manhã cedo, bem cedo. Vemos se Annabeth está completamente bem, e se Destemido está okay, vemos se ele irá nos acompanhar ou não, e depois vamos comer e trocar de roupas, porque será impossível continuar a missão nesse estado.

— Com toda certeza! – sussurrou Percy, já parecendo pronto para desmaiar de sono, e sendo assim, nem se deu ao trabalho de pegar algo para se cobrir ou mesmo para encostar a cabeça.

Eu sabia disso porque como agora o olhava, via que ele deitara ao lado de Annabeth, sob a mesma árvore, ainda segurando sua mão, para então fechar os olhos e me sussurrar um: “Boa noite” quase inaudível.

No mesmo instante, Jackson pegou no sono, digo isso, pois não sabia de quem eram os roncos mais altos: dele ou do Destemido.

Ignorando-os e prestando atenção aos barulhos vindos da pequena floresta, que devo dizer, eram muitos; desde corujas e grilos à sons desconhecidos. Comecei a pensar no quanto minha vida havia mudando desde que eu entrara nessa louca missão atrás da espada de Athena. Mas, quando começara a missão mesmo? Há dias, semanas ou meses? Era difícil dizer, considerando que em nenhum momento paramos para procurar datas, e que era difícil calcular o tempo quando se estava lutando.

Bem, de qualquer jeito, minha vida havia dado uma guinada desde então: eu passara de órfão completo para filho de Zeus, neto de Athena, e sim, órfão de mãe, mas tudo isso me tornava mais órfão ainda.

E pensar que tudo ocorreu porque, justamente, minha mãe morreu e decidiu me contar quem eu era, me fazendo ir até New York, atrás de um bendito acampamento. Fora em New York que eu conhecera Annabeth, sendo atacada por um ciclope, isso parecia ter ocorrido séculos atrás. Foi nesse dia que toda essa loucura começou para mim, e desde então eu já achava Annabeth bonita, e até tentara paquera-la.

Ri enquanto lembrava isso, porque era engraçado. Eu nunca me comportara assim antes, mas naquele dia, por algum motivo, ela despertou isso em mim. Acho que fiquei encantado pelo fato de encontrar alguém que, assim como minha mãe, lutava contra ciclopes. Claro, todo sonho fora destruído diante a existência de um namorado, que para piorar tudo era filho de Poseidon e um cara muito legal.

Ri novamente, mas então, me dei conta de algo.

Deixando a missão de lado, ou a forma como minha vida havia mudado, pensei algo em relação à Annabeth. Naqueles primeiros dias, eu ficara encantado com ela, e depois; com a missão e vendo a constante presença do Percy, e o fato dele ter virado meu amigo; pensei que não gostava mais dela dessa forma, apenas como amiga. No entanto, eu via agora que não era assim, era mais do que isso, eu a amava. Não como Percy, não, o amor deles era mútuo, poderoso, não sei explicar, mas era visível. Basicamente, era como se eles fosse ímãs opostos, que se atraíam sempre um para o outro, e havia aquela estranha atmosfera ao redor deles, de que eles eram invencíveis e inquebráveis.

Mesmo assim, eu a amava ao meu jeito, a amava, a admirava, não era paixão, amor platônico talvez? Não sei dizer, meus sentimentos estavam muito confusos, eu só sabia que a amava mais do que como um simples amigo, mas não chegava a ser como um namorado, talvez isso se devesse ao fato de me sentir bem com ela, ou...

Não conseguia criar uma resposta concreta, era difícil tentar justificar um sentimento, entende-lo então, pior ainda. Mas eu sabia que a amava, assim como sabia que nunca diria isso.

Antes que fosse à loucura pensando nisso, sacudi a cabeça e tentei seguir outra linha de raciocínio. Aproveitando assim para dar uma olhada ao redor; sem deixar os olhos pousarem tempo demais sobre o casal que se encontrava debaixo da árvore; olhando as árvores, Destemido, as mochilas, tudo certo, nenhum barulho fora os roncos e os animais da floresta.

Sendo assim, ainda ao lado de Destemido, comecei a examinar a espada que estava em minhas mãos, por um instante, permitindo-me lembrar de minha mãe. Isso automaticamente me fez lembrar a foto que Annabeth me mostrara no hotel há tanto tempo, ao menos para mim parecia que fora há muito tempo.

Lembrei-me que na foto minha mãe usava a blusa laranja do Acampamento, os cabelos loiros caindo um pouco abaixo dos ombros, os olhos castanhos acinzentados brilhando por conta do sol, um sorriso enorme estampado no rosto, em seu dedo anelar direito; o anel que se tornava espada e que agora era meu; em volta do seu pescoço, uma bela pedra que parecia um rubi; eu tinha a estranha sensação de que já havia visto aquela pedra antes.

Mas bem, eu lembrava tudo tão nitidamente, como se a foto estivesse diante de mim, acho que isso se deve ao choque que levei no momento que a vi, ou ao fato de ser a única foto da adolescência da minha mãe que eu já havia visto.

Toquei levemente a espada em meu colo, de certa forma, ela me fazia senti-la mais perto de mim, porque ela já havia a usado antes.

Foi então que me lembrei da outra espada, a da minha avó, Athena.

Quase que imediatamente, coloquei-me de pé, minha arma celestial em mãos, andei até o meio da clareira e peguei as mochilas que estavam lá, voltando em seguida a sentar ao lado do Destemido, largando-as ao meu lado.

Dentre as três mochilas, localizei a minha e coloquei-a em meu colo junto com a minha espada, que brilhava fracamente, mas servia para iluminar um pouco mais o local, não que fosse extremamente necessário, já que a noite estrelada ajudava bastante. Naquele momento eu tinha certeza de que nada nos atacaria, por isso, abri minha mochila.

Por cima de tudo, havia as duas últimas coisas que tínhamos conseguido a um alto preço na missão: o terceiro pedaço da espada de Athena, e o suéter vermelho, que nada mais era que o espólio de guerra pela derrota dos dragões. Eu até havia me esquecido da existência dele, mas agora, olhando-o, eu me perguntava se tudo o que ele fazia era proteger do frio, ou se tinha alguma outra função.

Porém, não pude me prender muito a isso, já que a curiosidade sobre o terceiro pedaço da espada de Athena era maior do que tudo.

Lentamente, tirei o pedaço da espada de dentro da mochila, ele estava enrolado em um pano branco, seguida de uma bolsa de couro, assim como todos os outros 2 pedaços. Logo tratei de desembrulha-lo.

Analisei a linda peça, que era a ponta da espada, atentamente. Era magnífica, de ouro puro, resplandecente, mais do que bronze celestial, um milhão de vezes mais. Obviamente, após ver as obras dos filhos de Hefesto no Acampamento, aquilo só poderia ter sido obra do deus.

Ver aquele pelo pedaço brilhante, me fez desejar juntar os três pedaços da espada que havíamos conseguido, para assim saber o que estava faltando. No entanto, para isso eu teria que mexer na mochila de Annabeth, o que não seria muito bom para minha saúde, considerando que eu já havia sido avisado (e quase morto) duas vezes. E por mais que eu estivesse curioso, achei melhor não encostar na mochila de Annie, afinal, ela já estava melhorando, podia me matar com sua adaga facilmente.

De qualquer jeito, mentalmente, visualizei como seria a espada montada com os três pedaços, e pensando nisso, me toquei de que ela já estava completa, afinal, tínhamos: o punho, o corpo e a ponta da espada. Mas isso não era possível, teoricamente, havia quatro pedaços da espada espalhados por ai, havíamos achado três, faltava uma e a espada parecia completa, o que também me fazia pensar como consertaríamos a espada. Com uma solda talvez?

Então, subitamente, lembrei-me de Calipso falando comigo, seus cabelos loiros trançados em fios de ouro, pequenos pedaços esvoaçando com a brisa, um sorriso surgindo em seus lábios enquanto ela analisava os pedaços da espada que eu havia juntado. Parecia ter acontecido há éons atrás, ela me dissera algo sobre a espada, no que parecia ter sido uma vida atrás:

“- Bem, se a espada é realmente poderosa, ela deve levar alguma pedra com ela, em geral, quando se encontra a pedra, os pedaços da espada se juntam quase que automaticamente, e olhando bem o cabo da espada, sim, me parece que ela leva uma pedra, você só vai precisar encontra-la!”.

Antes que eu pudesse começar a pensar demais sobre Calipso e Ogígia, antes que a nostalgia e a culpa me alcançassem, tratei de me concentrar na missão, na espada.

Raciocinando o que Calipso dissera, tudo fazia sentido agora. Realmente, havia um espaço no punhal da espada, e eu tinha quase certeza de que o espaço era tão grande quanto uma mão fechada, redondo. Porém, ainda era pequeno considerando os outros pedaços da espada, sendo assim, poderia estar em muitos lugares, e dessa vez, não parecia haver pista alguma sobre seu paradeiro. O que me fez reparar que havia um padrão, fora o de sempre ter alguma relação com algum filho de Athena: cada vez ficava mais difícil descobrir onde estavam os pedaços da espada. E havia outra coisa a considerar, provavelmente, Métis e Ixíon iriam fazer de tudo para chegar ao último pedaço antes, e eu tinha a estranha sensação de que eles sabiam exatamente onde estava, e que tinham uma enorme vantagem sobre nós.

No entanto, eu percebi outra coisa: os monstros que nos atacaram, todos eles, não pareciam estar lá exatamente para proteger o pedaço da espada, ou realmente leva-lo, e sim para nos atacar, basicamente, era como se Métis nos quisesse mais do que a espada.

Tal pensamento me fez tremer da cabeça aos pés, porque era provável que fosse exatamente isso que a minha “bisavó” queria, eu só não sabia bem o porquê.

Sacudi a cabeça, numa tentativa de dissipar tal pensamento de minha mente, porque, devido nossa situação atual, eu tinha medo de apenas o fato de pensar sobre assuntos assim, fosse atrair coisas ruins para nós, coisas ruins que começam com a letra m.

Rapidamente, voltei a embrulhar o terceiro pedaço da espada e a guarda-lo junto com o suéter vermelho dentro de minha mochila, o melhor que eu podia fazer agora era ficar de guarda, analisando se meus amigos e Destemido estavam bem e se tudo estava okay.

Fechei minha mochila e depois coloquei-a ao lado das outras duas, todas perto o suficiente de mim para protege-las de qualquer coisa. Mantive minha espada em minha mão direita, segurando-a firmemente. Destemido ainda ao meu lado; deitado sobre suas quatro patas; dormindo e roncando, assim como Percy, que se encontrava à alguns metros, segurando a mão de Annabeth, deitamos sob uma árvore.

Desviei os olhos deles automaticamente.

Em seguida, recostei-me na árvore atrás de mim e fiquei olhando as estrelas, analisando as constelações, sim, era melhor olhar o céu, porque me acalmava, me fazia pensar mais claramente.

O céu estava límpido, de uma forma que geralmente não fica nas grandes cidades como Miami, tanto que dava para ver milhares de estrelas, dentre elas, a estranha constelação que parecia uma garota segurando um arco e flecha.

Eu sempre me perguntara que constelação era aquela, que havia surgido do nada há alguns anos, eu sabia disso porque toda noite olhava o céu, e de uma noite para outra aquela constelação surgiu e ninguém sabia o que dizer. Em minha mente, eu havia apelidado a mesma de “Arqueira Invencível”, nome ridículo eu sei, mas era exatamente o que a menina da constelação parecia, como se nada pudesse vencê-la. Fora que era a constelação mais brilhante de todas.

Ainda analisando o céu, foi impossível não pensar em minha mãe, afinal, quase todas as noites nós ficávamos na varanda, olhando o céu e tomando chocolate quente, contando o que fizemos durante o dia. Para ser honesto, eu amava aquilo, a conexão que minha mãe e eu tínhamos, algo meio raro no mundo atual. Nós conversávamos sobre tudo, e quase nunca brigávamos, a não ser quando teimávamos sobre algo, mesmo assim, ela era a melhor pessoa que eu já havia conhecido, e agora que eu sabia que era uma semideusa, isso só a tornava melhor ainda! Eu não ligava mais para o fato de ela ter mentido para mim, ela teve seus motivos, estava me protegendo, e eu nunca seria capaz de me irritar com ela, apenas de sorrir sobre tudo o que vivemos e chorar por ela não estar mais lá.

Já com Zeus era diferente, eu realmente queria que o deus dos céus fosse para o Tártaro, que apodrecesse lá, era o mínimo que poderia acontecer depois de tudo que ele fez, ou melhor, não fez! Nunca mandou porcaria nenhuma de dinheiro, nunca ajudou minha mãe com nada, ele não precisava aparecer se não queria, mas o mínimo que poderia ter feito era ajuda-la! Nem isso ele fizera.

Então, havia aquele outro sentimento, tão oposto a esse: o sentimento de abandono, de que eu nada significava, e que mesmo assim, eu desejava conhece-lo, nem que fosse para gritar ou ignorá-lo, mas eu queria ver Zeus, cara a cara, eu queria isso.

Eram sentimentos tão contrários que estava considerando a hipótese de eu ser bipolar.

Pensando nisso, eu continuei olhando para as estrelas, tentando não olhar para Percy e Annabeth e ignorando os roncos de Destemido.

Em pouco tempo eu já havia deixado a questão: sou bipolar por odiar e querer conhecer meu pai, de lado. E comecei a pensar nas pessoas que eu sentia falta: minha mãe, o tio Peter, Lucy, Chandler. E eu também sentia falta de New Haven, o condado que eu morava em Connecticut, tinha saudades da Nova Inglaterra, com suas torres neogóticas, bares antigos e bairros operários cheios de casas vitorianas elegantes, eu sentia falta disso tudo.

Mas então, por um instante, minha mente vagou para Calipso e a promessa que eu a havia feito, por um instante eu pensei em Ogígia, em como tudo era belo e perfeito lá, mas eu não podia me dar o luxo de pensar nisso agora, porque eu sabia que me sentiria extremamente culpado por tê-la deixado lá. Por isso, voltei a minha linha de raciocínio anterior.

Assim, enquanto eu me lembrava de tudo e todos que eu havia abandonado, as horas se passaram, e eu nem mesmo havia me dado conta disso, até que notei Percy se espreguiçando a alguns metros de mim. Isso fora o suficiente para eu ficar surpreso em como tempo havia passado, percebendo assim que o céu não estava mais tão escuro. Quanto tempo eu ficara ali, pensando?

Enquanto Percy olhava para Annabeth, tentando ver se estava tudo bem com ela (Annie continuava a dormir profundamente), aproveitei para me sentar corretamente, e percebi que eu havia ficado tantas horas na mesma posição que minha coluna doía. Além do que, o tempo todo eu havia segurado minha espada firmemente, de tal forma que agora, que eu havia a soltado, meus dedos estavam dormentes.

Tentando ignorar a dor nas costas e movimentando os dedos de minha mão direita, olhei para Destemido deitado a minha esquerda. Ele ainda dormia, e muito bem, pois seu ronco ainda era alto e perturbador. Mas ao menos, isso significava que ele estava bem.

Novamente, voltei a olhar para Percy, ele continuava sentado olhando Annie, mexendo em seus cabelos, e eu sabia por que ele ainda a olhava: ele não queria sair de perto dela, não agora, mas eu sabia que ele queria falar comigo, fora comprovado quando ele olhara de relance para mim. Por isso, fiz o mínimo que poderia ser feito, levantei-me lentamente, segurando minha espada, enquanto toda a minha coluna estalava, e andei na direção de Percy e Annabeth, e eu posso jurar, senti como se o filho de Poseidon me agradecesse por eu ter andando até eles.

Após alguns passos, sentei-me de frente para Percy, perto o suficiente de Annabeth para ver como ela estava visivelmente melhor, sua pele havia voltado a assumir o tom bronzeado de sempre, os cabelos brilhando, a respiração calma, com toda certeza o que Destemido fizera dera completamente certo. O Jackson também havia notado o mesmo, ao menos, era o que parecia, pois ele estava bastante aliviado.

Em contrapartida, Percy e eu estávamos acabados. Não que eu tivesse me olhado em algum lugar, mas a julgar pelos meus braços sujos e roupas rasgadas, eu sabia que estava péssimo, e claro, havia a dor nas costas por ter ficado na mesma posição, mas fora isso, nenhuma dor (néctar e ambrosia realmente funcionam), apenas a aparência estranha. E quando digo isso, falo sobre Percy também! As roupas dele não estavam nem um pouco melhor do que as minhas, na verdade, elas pareciam bem piores, e assim como eu, Percy estava sujo da cabeça aos pés, o cabelo uma completa confusão.

É, com toda certeza teríamos problemas para ir a qualquer lugar assim, afinal, nós dois parecíamos ter caído num esgoto, mas, a coisa boa, Annie estava bem, então, por enquanto não importava muito isso.

— Ela está bem melhor. – eu acabei dizendo, ainda a olhando.

— Sim, o que Destemido fez realmente deu certo, no final das contas, ele é um unicórnio bem legal. – disse Percy, sorrindo um pouco – Aliás, ele está bem?

Assim que ele perguntou, virei-me imediatamente para o unicórnio, vendo que ele dormia tão profundamente que parecia até ter desmaiado, olhando-o dali, ele até parecia um ser mágico fofinho, só aprecia.

— Ao que parece, sim, pelo menos está roncando alto como uma britadeira, não está ouvindo?

Voltei a olhar para Percy, e ele ergueu um pouco a cabeça, como se prestasse atenção no som.

— É, eu estou ouvindo! – ele riu – Mas ainda não consigo acreditar que unicórnios roncam, isso é engraçado.

Assenti, mas eu podia notar que Percy queria falar algo comigo, porém, parecia não saber como dizer.

— Percy? Você quer falar algo comigo?

Ele pareceu surpreso quando disse tais palavras, tanto que olhou diretamente para mim, mas logo recuperou a compostura, aceitando o fato de que era visível que ele queria algo.

— Na verdade, está mais para uma pergunta, que eu realmente gostaria de te fazer antes de você dormir, e antes de Annabeth acordar.

Ele olhou-a pelo canto dos olhos, e eu confesso, fiquei receoso com isso: o que Percy queria me perguntar que não podia ser dito na frente de Annie? Não me parecia ser algo muito bom se ela não podia saber. Mas não pude pensar muito no assunto, porque Percy começou a fazer a tal pergunta.

— Bem, quando nós voamos pelos ares, depois daquela briga com o Leviatã em São Francisco, Annabeth e eu fomos parar na Ilha de Afrodite – ele pareceu corar - e você nos disse que parou em Ogígia, foi isso mesmo?

Ah! Era por isso que Annabeth não podia estar acordada, ele queria saber sobre Ogígia, bem, mais precisamente sobre a habitante da ilha.

— Sim, eu já havia dito isso. Por quê? – resolvi me fazer de desentendido, apenas para ter certeza do que Percy queria.

Ele engoliu em seco.

— É que... Você também disse que Calipso cuidou de você, não é mesmo? E, eu gostaria de saber se ela está bem, se ela está lá.

Ele parecia realmente querer apenas saber como ela estava, mas eu sabia que Annabeth não teria gostado dessa pergunta, e por alguma razão, eu também não gostava nem um pouco.

— Sim, Calipso cuidou de mim durante o pequeno tempo que fiquei na ilha, então, óbvio que ela está lá. Na verdade, ela é bem legal, uma pena que estivesse um pouco estranha quando eu cheguei, porque estava meio triste por causa de um idiota por qual ela se apaixonou, o último a visita-la antes de mim, sabe? – eu dei uma grande ênfase na palavra “idiota”, fazendo questão de olhar para Percy.

Eu realmente não pretendia falar assim, mas só de pensar no quanto Calipso ficara triste por causa dele, e no quanto ela ficaria sozinha porque eu fui embora, bem, isso me fazia ficar com raiva, tanto de Percy quanto de mim.

Percy abaixou um pouco a cabeça, cabisbaixo.

— Ah, você sabe não? – ele parecia triste – Não me entenda mal, eu nunca quis machuca-la, nunca, mas eu não podia ficar lá, havia uma guerra aqui, e havia...

Ele olhou ternamente para Annabeth, e apenas aquele olhar já dizia tudo, ele não poderia ter ficado em Ogígia quando ele já amava Annie. Ele não poderia deixa-la, ele nunca poderia fazer isso.

— Tudo bem, Percy, desculpa o fato de eu ter sido rude. Mas então, me diz, por que a pergunta sobre Calipso, sobre ela estar lá e bem? – eu estava confuso com as perguntas dele.

Percy sacudiu um pouco a cabeça.

— Eu me importo com ela, e eu quero que ela esteja bem, tanto que no último mês de agosto, quando vencemos a batalha contra Cronos e me deram um desejo, eu desejei que os deuses reconhecessem seus filhos até os 13 anos e que libertassem Calipso, obviamente, foi mais que um desejo, e mesmo assim eles concordaram em cumpri-lo.

Eu sabia que havia mais alguma coisa, tanto que esperei Percy prosseguir, no entanto, ele não o fez. Então, como eu estava curioso, resolvi insistir, pois eu realmente queria saber o que houve, afinal, se os deuses haviam prometido libertar Calipso, por que ela ainda estava em Ogígia?

— E? – perguntei.

Na verdade, não era só curiosidade, eu senti uma ponta de esperança, esperança de que Calipso iria se libertar daquela bela prisão, de que ela poderia viver uma vida feliz e se apaixonar por alguém que não tivesse que ir embora.

Percy suspirou, ele parecia triste, então, voltou a me olhar.

— E eles cumpriram. Hermes foi até a ilha buscá-la, libertá-la, mas quando ele lhe deu a notícia, por mais que ela tenha ficado feliz por um instante, ela resolveu não aceitar.

Eu pude sentir minha boca se abrindo um pouco, eu estava em estado de choque, e não faça piadas sobre eu ser filho de Zeus.

— Por que ela não aceitou? – eu perguntei sem sequer pensar antes, eu estava perplexo.

Um segundo depois a ficha caiu. Ela não quis sair da ilha, e eu podia imaginar exatamente os motivos: ela não queria viver nesse mundo, num mundo onde parecia que não havia mais jardins, nem natureza, num mundo onde a violência reinava, um mundo que tinha Percy - o cara que ela amava e que gostava de outra -, ela teria que abandonar Ogígia, seu lar, não, ela não conseguiria fazer isso, não daquele jeito, não de uma hora para outra.

— Porque ela não poderia abandonar Ogígia depois de tantos anos, ao menos, foi o que ela me disse na carta que pediu para Hermes me entregar, mas eu sei que tem mais coisas envolvidas. – é, ele sabia, assim como eu.

Percy parecia realmente triste por ela ter permanecido na ilha.

— Sabe, não é justo ela ficar presa naquela ilha. – ele continuou – Eu nunca achei isso justo, nem ela achou, mas agora, agora que ela tem a chance de ficar livre, acho que está com medo, medo de conhecer o mundo atual, medo do que pode acontecer se ela se permitir viver. Mas eu não posso fazer nada para mudar a opinião dela, nem responder sua maldita carta eu posso, ela proibiu Hermes de levar cartas minhas até ela, e tudo que eu queria era fazê-la mudar de ideia.

Ele parecia chateado, tanto quanto eu.

— Percy, nada que você dissesse por uma carta mudaria a mente de Calipso, absolutamente nada. – eu tinha certeza daquilo, tanto que até bufei, ela também sabia ser teimosa.

— Eu sei. – ele suspirou derrotado.

Inclinei um pouco a cabeça, ainda curioso sobre a tal carta.

— Quando ela mandou essa carta? E o que ela falava?

Percy não pareceu surpreso com a minha curiosidade.

— Bem, Hermes foi busca-la no dia seguinte que eu fiz o pedido, então, a carta chegou no mesmo dia, você sabe, ele é o deus dos mensageiros. Mas basicamente, Calipso me agradecia na carta, e dizia que não poderia abandonar Ogígia, mas disse que era muito grata por eu lembrar-me dela, e que eu era uma grande amigo, e esperava que eu a entendesse, essas coisas. Quando Hermes me disse que ela não aceitou, eu realmente me senti triste, e depois de ler a carta, eu ainda estava triste, o que me deixou um pouco aliviado foi que o deus disse que se um dia ela quisesse sair da ilha, os deuses estavam de acordo em libertá-la, então, eu sei que agora depende exclusivamente da vontade dela.

Franzi o cenho.

— O que não melhora muito, pois eu não acredito que ela vá mudar de ideia tão cedo.

— Bem... – Percy pareceu um pouco sem graça, tanto que remexeu no cabelo – Quando Annie e eu descobrimos que você poderia estar em Ogígia, eu tinha algumas esperanças de que ela mudasse de ideia, mas vejo que isso não aconteceu.

Senti minha testa se vincando, como costumava acontecer quando eu não entendia algo muito bem.

— Por que ela mudaria de ideia? – eu ainda não entendia a linha de pensamento do Jackson.

Ele coçou novamente a cabeça.

— Talvez você a convencesse do contrário, talvez ela quisesse te seguir até aqui.

Ah, agora eu havia entendido, e eu quase corei diante disso. Percy estava insinuando que, ele pensava que Calipso se apaixonaria por mim e viria comigo.

— Lamento ter te desapontado, mas ela nem ao menos me disse que podia sair de lá, nem mesmo Hermes ou suas cobras dizeram, ela só me perguntou se eu queria ficar.

Okay, eu devo confessar que fiquei um pouco confuso por ela ter ficado tão triste com minha partida quando ela podia sair de lá, e também pelo fato de Hermes não ter dito nada, na verdade, minha cabeça estava dando um nó.

— Acho que você tinha razão Harpper, nada vai mudar a mente dela agora, mas eu espero que um dia ela decida sair de lá.

Eu via agora, claramente no rosto de Percy, que ele já havia sido um pouco apaixonado por Calipso no período que ficara na ilha, mas que agora ele era apenas um amigo extremamente preocupado. Assim como eu.

Mas ainda havia uma coisa martelando em minha mente, inclinei um pouco minha cabeça enquanto pensava se fazia ou não a pergunta que queria, por fim a fiz?

— Percy, uma curiosidade, Annabeth sabe dessa carta?

Ele assentiu, ficando atento assim que citei o nome de Annie.

— Sim, sim, eu mostrei para ela, eu só... Não queria falar de Calipso perto dela agora, digamos que Annabeth não gosta muito quando a menciono. – Novamente ele olhou para Annie, seus olhos quase brilhando ao olhá-la, o que era quase cômico, não fosse um pouco doloroso.

E eu realmente podia imaginar o porquê de Annabeth não querer saber de Calipso.

— Eu te entendo Percy. Mas como eu disse: ela está bem, ao menos, fisicamente. Calipso pareceu triste quando eu deixei a ilha, e eu me senti mal por isso, mas agora, eu estou confuso, ela poderia ter vindo comigo.

Eu vi que Percy quase sorriu, como se eu tivesse dito algo que ele gostou. O que eu havia dito?

Em seguida o pequeno sorriso sumiu.

— Bryan, não se sinta culpado ou algo do gênero por ter ido embora e não ter trago-a, você não sabia que ela podia sair, ela não te disse e eu nunca havia te contado, o melhor que podemos fazer agora é torcer para um dia ela mudar de ideia. – Percy ainda parecia chateado e triste, então, ele pareceu lembrar algo – Mas agora, vamos parar de falar sobre Calipso, ao menos por hoje, a missão continua amanhã e você têm algo para fazer agora: dormir, pois já é meu turno.

Eu sabia que Percy tinha razão, porém, eu também sabia que pensaria em Calipso ainda.

De qualquer forma, assenti, levantando-me e indo em direção as mochilas que estavam ali perto, eu ainda tinha certeza de que Percy não sairia do lado de Annabeth ao menos que fosse um caso de vida ou morte, então, fiz questão de levar a mochila dos dois para perto dele, assim, qualquer coisa que ele fosse precisar estaria perto.

Nesse meio tempo, Percy tirou sua caneta esferográfica do bolso e destapou-a, transformando-a em Anaklusmos, a mesma iluminou ainda mais o ambiente ao seu redor.

— Obrigado, Bryan. – ele disse quando levei as mochilas, e pensei que ele se reveria apenas a elas, mas antes que eu pudesse voltar para a árvore ao lado de Destemido, ele completou: - Não só pelas mochilas, por muito mais, obrigado por manter Annabeth salva, obrigado por me ajudar a salvá-la, sem você, ela poderia estar... - ele engoliu em seco – morta agora. Obrigado, de verdade.

Eu sentia a sinceridade em sua voz e via isso em seus olhos, e tal declaração fora tão chocante para mim que senti minha garganta fechando.

Demorou alguns segundos até que eu pudesse responder.

— De nada, Percy, amigos são para essas coisas.

Eu pude o ver sorrindo, segurando Anaklusmos com uma mão e com a outra mão livre, voltar a entrelaçar seus dedos nos de Annabeth. Mas antes de eu me virar, juro que o ouvi sussurrar algo como:

— Sim, os verdadeiros amigos são para isso.

Ótimo, Percy e eu éramos verdadeiros amigos, e agora eu me sentia mais culpado por ter alguma espécie de sentimento pela namorada dele, sinceramente, eu estava com raiva de mim mesmo agora.

Mas não apenas por isso, havia mais, muito mais! – era o que eu estava pensando quando deitei-me sob a árvore, ao lado de Destemido, de costas para Percy, minha mochila debaixo de minha cabeça. Eu ainda não havia fechado os olhos, porque mil pensamentos rodavam em minha mente: de Annabeth à Calipso, mas por causa da conversa anterior, fora essa última que ficara presa em minha mente.

Eu considerava Calipso minha amiga, e ficara muito triste em tê-la deixado naquela ilha, me sentira culpado, e agora, eu estava um milhão de vezes mais triste, porque ela podia ter saído de lá, podia ter vindo comigo e não viera. Eu sabia seus motivos, eu imaginava todos eles, mesmo assim, eu me sentia... Magoado? Sim, magoado por ela não ter vindo comigo, nem ter me tido que podia sair. Agora, mais do que nunca eu desejava cumprir minha promessa e voltar àquela ilha, para trazê-la ou para ficar lá.

Sim, ficar lá. Eu gostei de tal pensamento enquanto olhava as árvores próximas e parte do corpo do unicórnio roncador (é, ele ainda roncava feito uma britadeira, seria difícil dormir ali). Ogígia era lindo, fora que, tinha Calipso, e eu havia prometido a ela que voltaria, e se ela não quisesse vir para o mundo mortal, eu ficaria lá, afinal, eu não servia para nada aqui mesmo, nem um herói eu era realmente, meu valor nessa missão era basicamente nulo.

É, eu havia notado isso, eu não era exatamente o filho de Zeus que se espera: um líder, e eu nunca seria, eu não era assim. Por isso, eu seria feliz longe daquilo tudo, e não faria falta a nada ou a ninguém.

E foi pensando nisso, pensando em como iria cumprir de alguma forma minha promessa de voltar àquela ilha após a missão, para ficar ou trazer minha amiga de volta, que eu acabei adormecendo, tão rápida e instantaneamente que nem dera atenção aos roncos de Destemido..

Porém, antes de cair completamente na escuridão da inconsciência, eu tive a impressão de ouvir uma voz sussurrante, doce e estranha em minha mente, era extremamente calma e antiga, ao mesmo tempo, sábia:

— Não se menospreze, herói. Você é mais importante do que seus amigos que estão na missão, e muito mais líder do que eles também, só precisa aprender algumas coisas, mas você é um verdadeiro filho de Zeus, então, apenas comece a se impor mais. Você está destinado a algo grandioso, Bryan Harpper, algo que você não pode nem imaginar.

Fanfic de Ones


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Ruim né? Fazer o que, esse capítulo precisava existir, mas acho que o próximo vai recompensar ~sorrisinho angelical. Mas bem, o que eu queria falar? Ah, sim! Tantas coisas! - O que acharam de PJO em? Eu realmente fiquei decepcionada, achei a Annie muito burra (fui só eu?) e o filme muito longe do livro (de novo), fazer o que né? E confesso, com dor no coração, que achei "Instrumentos Mortais" muito mais legal que MdM, me sentindo culpada por isso.- Ansiosos? Apenas 35 dias para HoH no Brasil! AAAh! Que emoção! O que me lembra... 61 dias para a BT! Vocês tem noção do quanto eu estou ansiosa?- HOJE SAI O CLIPE DE LOLLY!! AAAAAAAAH! ~fã desesperada. Okay, tentando voltar ao normal aqui... Eu estava aqui pensando que queria fazer algo diferente com você, sabe? Alguma espécie de concurso, jogo de perguntas e respostas, sei lá, alguém dá uma ideia decente? Porque eu não consigo pensar em nada fora: BT, HoH, minhas milhares de provas, ENEM, trabalhos em grupo e livros paradidáticos que eu tenho que ler. Ideias? Acho melhor eu ir, mas antes, a hora que eu amo. Tenho certeza de que você sabem do que estou falando...PS: Vocês sabiam que era isso não? Pois então, velhos hábitos! hahahaPS2: Todo mundo indo no meu ask e deixando uma mensagem, fazendo perguntas, verei se posso responder sem revelar o enredo da fic :DPS3: Desculpem as demoras, mas as coisas estão complicadas esse ano e tendem a ficar piores.PS4: ANSIOSA PARA HOH, MUITO! PARECE QUE OS POVS SERÃO DA HAZEL, PERCY E ANNABETH! SE FOR ISSO MESMO, EU VOU DESMAIAR!PS5: Ansiosos para o próximo capítulo? As coisas voltarão a se movimentar, e dessa vez, é muito provável que não acha pausas, e MUUUITA coisa vai acontecer!PS6: TODOS LENDO A FANFIC DE ONES E COMENTANDO, OKAY?PS7: Quero escrever outra song, muito mesmo, mas no momento, eu tenho que ler Dom Casmurro, estudar para Sociologia e Matemática, me preparar para 3 trabalhos em grupo e para ser uma testemunha do julgamento de Hitler (sim, vamos fazer isso na minha sala, alguém me dá uma ideia de quem eu posso ser? POR FAVOR!)PS8: AMO VOCÊS, MEUS AMORES! MUUUITO MESMO! VOCÊS ESTÃO E PARA SEMPRE ESTARÃO EM MEU CORAÇÃO! OBRIGADA POR TUDO!PS9: Aguardando reviews w recomendações, heim? Se eu estou pedindo muito? Imagina!PS10: Esse é o maior capítulo já postado na fic, ou seja, 17 páginas para vocês! Okay, já enchi a paciência de todos, então... Mil beijos com sabor de néctar e ambrosia para vocês! Com todo amor! Nikki
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