Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 36
Capítulo 36: Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores lindos! Amei os reviews do último capítulo *-*
Dedico o capítulo abaixo a todos os meus leitores, principalmente aqueles que me deram puxões de orelha pela demora dos posts. Leti Mathias e Luksprkz sabem do que estou falando. kkkkkk
Quero muito agradecer aos mais de 300 reviews!!! Uhhhh! Obrigada mesmo! Leitores e leitoras novas - obrigada por tudo! Leitores que sempre estão aqui- muito obrigada por sempre me incentivarem. Leitores sumidos - saudades! Leitores fantasmas - apareçam, sério!
E muito obrigada para Lady do Sol, que ultimamente tem sido uma das primeiras a comentar (nos últimos 4 capítulos :O). E tb a minha miga linda: Wanessa Pattz! obrigada, esse capítulo vai para todos vocês, e para os mencionado todo o meu carinho.
Boa leitura!
Ps: Ponto de vista do Bryan (quanto tempo!) Não queiram me matar no final!



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Bryan’s POV

Estávamos no oitavo andar do Days Hotel Broadway, havíamos acabado de sair do elevador, e por isso me encontrava próximo ao meu quarto, que era um dos primeiros.

Sinceramente, eu havia ficado meio sem graça de ter ficado com Percy e Annabeth no mesmo elevador, pois durante toda subida eles não pararam de se olhar por um segundo: dele vinha um olhar confuso, dela um olhar ameaçador, provavelmente estava com ciúmes da recepcionista. Não sei explicar o motivo de eu ter ficado sem graça, não sei se era por causa de me sentir um intruso entre eles (já que reparava que se conheciam muito bem e tinham uma espécie de... sintonia), ou pelo fato de achar que sentia algo por Annabeth e ver a forma como eles pareciam se amar não ajudava em nada, só me fazia sentir péssimo. Ah esqueça! Annabeth é minha amiga e Percy... Parecia ser um bom amigo também.

Me virei em direção ao meu quarto sem nem me dar ao trabalho de olhar para eles, simplesmente passei o cartão e abri a porta. Já estava entrando quando...

— Espere Bryan, quero falar com você. – disse Annabeth segurando meu braço, tentado evitar que eu me afastasse.

Após todo aquele dia, aquele final de semana na verdade, tudo o que eu queria era uma boa noite de sono, não queria conversar.

Ao ouvi-la, minha intenção era respondê-la de forma simples e prática: “Não quero conversar, muito obrigado! Estou cansado de toda essa história de semideuses e monstros, só quero dormir e ter uma boa noite de sonho e, de preferência, sem pesadelos.” Sim, eu só tinha tido pesadelos durante minhas noites no acampamento e minha teoria era de que aquele lugar provocava isso. Mas eu não consegui dizer tudo isso ao olhar para Annabeth, pois seus olhos cinza me distraíram e por um momento me esqueci sobre o que ela havia falado e também que seu namorado estava presente.

Pisquei os olhos para lembrar o que ela dissera.

— Não pode esperar pela manhã? Estou com fome e um pouco cansado, já que não consegui dormir direito no acampamento. – eu estava sendo totalmente sincero, quem sabe assim ela não me deixasse em paz?

Ela me analisou, talvez, tentando ver se eu realmente dizia a verdade, esperava que minhas olheiras continuassem lá para que ela visse que eu não mentia. Eu não sabia o que Annie queria falar comigo, mas devia ser algo necessário para que ela decidisse contar a essa hora. E parecia que eu não era o único sem entender, já que Percy nos olhava de forma curiosa, como se estivesse tão confuso quanto eu.

— É Annabeth, estamos todos cansados, não poderia conversar de manhã? Já são quatro horas da manhã. – disse ele,e isso fez com que eu olhasse para meu relógio. Sim, eram quatro e vinte da manhã.

— Não, não posso deixar para depois, tenho que falar com Bryan agora. – disse Annabeth me empurrando para o meu quarto. Percy vinha logo atrás dela, mas foi impedido de entrar por Annabeth, que encostou a porta do quarto antes de ir conversar com seu namorado no corredor.

Você deve estar pensando que fiquei atrás da porta escutando toda conversa não é mesmo? Errado! Eu fui direto para minha cama sem nem ao menos olhar para o quarto direito, sem nem notar que minhas coisas continuavam num canto, sem nem querer ouvir a conversa dos dois lá fora, pois a única coisa que eu queria era tomar banho, comer e dormir, não nessa ordem necessariamente.

Tirei os tênis e, mesmo estando sujo e bagunçado, me deitei na cama, pois senão acabaria desmaiando de sono. Sem reparar fechei os olhos, não menos que alguns segundos, mas decidi chamar Annabeth, porque se ela demorasse mais, eu iria desmaiar de sono e não poderia mesmo conversar com ela.

— Annabeth! Ande logo ou vou acabar dormindo tendo que esperar você terminar de brigar com Percy! – era apenas um palpite, mas algo me dizia que ela estava mesmo discutindo com Percy.

Ela não me respondeu, o que me fez pensar que ela estava ocupada demais e por isso eu continuei ali, deitado, pensando em como aquele dia havia sido... Estranho, assustador e confuso.

Primeiro: Atena apareceu no acampamento querendo conversar seriamente com Annabeth; depois apareceu aquela garota ruiva - que soltou uma fumaça verde pela boca e junto uma profecia para Annabeth, profecia essa que me deixava preocupado.

“Três semideuses em uma busca irão,

Atrás de algo sem salvação;

O que deseja se levantar

Um inimigo irá ajudar;

Antigas profecias serão reveladas,

E no final, uma decisão mortal a ser tomada”

Todos esses versos me incomodavam.

Bem, por causa dessa profecia, Annie escolheu a Percy e a mim para acompanhá-la (eu ainda não entendia o porquê dela ter me escolhido, mas enfim). Nisso aquele segurança de 100 olhos, Argos, nos levou até a cidade de New York, pois tínhamos que começar a missão pelo lugar mais assustador de todos – o Hades! Entendam, não estava com medo (ok, talvez só um pouco, mas não vem ao caso), no entanto, eu li nos mitos que Hades não era o deus mais justo e sábio que existe, e ainda odeia semideuses, principalmente os filhos de seus irmãos: Zeus e Poseidon. E sendo eu filho do primeiro... Era uma situação preocupante. E como nada é tão simples, tínhamos que cantar para abrir a passagem para o Mundo Inferior, o que quase foi um problema, já que eu mandava muito mal cantando e Percy também dissera a mesma coisa. não teríamos conseguido ir até o Hades não fosse Annabeth ter cantado. E devo admitir, ela cantava maravilhosamente bem, era como um anjo cantando, a voz afinada, calma e melodiosa, fiquei de queixo caído ao ouvi-la cantar e o Jackson também, parecia que ela nunca havia cantado na frente dele.

Continuando. Descemos uma escadaria imensa, numa escuridão horrorosa, que teria sido pior não fosse a lanterna que Annabeth usou para iluminar o caminho. Quando finalmente chegamos ao Mundo Inferior, encontramos um garoto chamado Nico (filho de Hades) que parecia ser um bom amigo, ele nos levou até o palácio do pai e... Hades ficou zangado com tamanha “ousadia”; descobrimos que a espada ainda existia e que um tal de Ixíon havia escapado dos Campos de Punição. O deus ficou mais furioso do que antes e fomos embora. Ah! Você sabe de tudo, não sei por que estou repetindo! Enfim... Nico desmaiou, eu mexi na mochila da Annie e quase fui morto, apareceu aquele Phobos para nos ameaçar e ele ainda me mostrou uma cena horrível.

Aquela visão foi simplesmente a pior coisa que eu havia visto, simplesmente porque ela não era só uma visão, ela era algo que eu realmente havia vivido. A cena começava comigo na sala, estudando e então minha mãe chegando em casa depois de um dia de trabalho, ela estava muito pálida e parecia passar muito mal. Diferentemente do que aconteceu na vida real, ao invés de conversar comigo e me contar sobre eu ser um semideus, minha mãe desmaiou nos meus braços, e depois de eu tê-la ajudado a deitar na cama, ela apenas me abraçou e então, eu a vi morrer. De novo. O que foi incrivelmente doloroso.

Aquele foi o pior dia da minha vida, o dia da morte dela, e revivê-lo de um jeito diferente mas como mesmo fim trágico, foi terrível.

Ao pensar na minha mãe eu sorri. De certa forma ela era parecida com Annabeth: os mesmos olhos cinzas e cabelos loiros, com a diferença de que os olhos cinzas de minha mãe assumiam um tom meio castanho de vez em quando, a mesma cor de castanho do meu avô. Eu sempre achara interessante como os olhos cinzas dela ficavam castanhos claros, isso a fazia ser única. Não só por isso, pra mim ela também era única por sempre estar por perto, cuidando de mim, dando conselhos sábios e me guiando, sendo carinhosa. Eu sentia muita falta dela e pensar nela assim, fez meus olhos se encherem de lágrimas.

Annabeth entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.

Rapidamente esfreguei os olhos para evitar que as lágrimas caíssem. Não precisava que ela ficasse me vendo chorar, pois provavelmente iria querer me consolar e eu estava cansado das pessoas fazerem isso comigo, fossem meus parentes, meus amigos de New Haven ou os novos amigos que tinha feito aqui em New York.

Annabeth me olhou e sem dizer uma única palavra se sentou na beirada da minha cama. Isso me fez pensar que ela iria dizer algo muito importante, pois estava calada e insistira para contar de qualquer jeito, mesmo que fosse aquela hora da madrugada.

Eu ia perguntar o que ela queria, mas involuntariamente minha barriga roncou, não era para menos, minha última refeição havia sido o almoço do acampamento.

— Está mesmo com fome. – disse Annabeth - Mas não se preocupe, Percy foi buscar algo no restaurante do hotel para que possamos comer.

Menos mal!— pensei, mas me lembrei de uma coisa.

— Há essa hora o restaurante deve estar fechado, Annabeth. Eu tenho quase certeza disso.

Eu realmente duvidava que aquele hotel tivesse um bar ou restaurante 24 horas.

— Eu sei!- ela disse como se isso explicasse tudo. Como reparou que eu não entendi, revirou os olhos – Por isso, Percy terá que ir comprar um lanche no Mc Donald’s 24 horas que tem ali na esquina, e isso me dará mais tempo para conversar com você.

Como eu disse antes, o que quer que ela fosse me dizer, era mesmo muitíssimo importante, a tal ponto que Percy nem poderia estar perto.

Alguns segundos se passaram.

— Não está preocupada que a recepcionista vá conversar com ele? Eu percebi que você ficou com ciúmes lá embaixo. – me ergui da cama, resolvendo me sentar também.

Para minha surpresa ela sorriu.

— Nem um pouco! – Annabeth parecia muita convicta. Achei melhor nem perguntar o porquê de tanta convicção.

Analisei-a enquanto ficávamos mais alguns segundos em silêncio.

Seus cachos loiros caíam em cascata, e mesmo bagunçados continuavam a brilhar; sua roupa, que consistia em uma calça jeans, blusa branca de mangas e tênis; estava um pouco suja devido a nossa aventura no submundo. Voltei a olhar seu rosto, ela olhava a parede, mas parecia não prestar atenção em nada, como se estivesse pensando nas palavras certas a serem ditas e isso me deixou nervoso.

— Annabeth? – chamei-a, ao que ela se virou para me olhar, seus olhos cinzas pareciam um furacão – O que você quer falar comigo? Por favor, sem rodeios.

Ela abriu a boca, para logo depois fechá-la novamente. Respirou profundamente, suspirando em seguida.

— É uma longa história! – disse por fim – E muito complicada!

Iria dizer que se fosse assim, talvez fosse melhor ela contar-me pela manhã, mas ela pareceu ler meus olhos.

— Tenho que contar agora, de manhã pode não dar tempo, e é uma história que te deixará confuso, pois eu mesma também fiquei. – pude ouvir a sinceridade em sua voz.

— Diga então, Annabeth. Estou escutando. – me aproximei dela, sentando ao seu lado, me perguntando: o que seria tão confuso?

Ela se endireitou, parecia ter decidido o que dizer.

— Bryan, você sabe que muitas vezes deuses têm casos com mortais e dessa relação nascem...

—...Semideuses. – completei, eu já havia ouvido aquela história um milhão de vezes nesse fim de semana, não via novidade nenhuma até ali.

— Sim! - el assentiu para depois começar a falar vagarosamente, como se eu precisasse entender cada palavra. — Semideuses, como Percy e eu, que são criados por seu parente mortal até terem idade suficiente para irem ao Acampamento Meio-Sangue. Lá é onde aprendemos a lutar, a nos defender de monstros que nos atacam por sentir nosso cheiro, cheiro de sangue divino.

— Annabeth, eu não estou entendendo aonde você quer chegar. Eu já ouvi tudo isso antes, você mesma me contou, não precisa repetir, apenas diga logo o que tem de dizer. – eu posso ter parecido meio rude, mas eu estava ansioso, queria saber logo o que ela tinha para dizer e tudo o que Annie fazia era dar voltas no assunto.

— Não é tão simples explicar. Se fosse, pode ter certeza de que eu já teria o feito. – Annie suspirou – Mas acho que posso resumir.

Ela se levantou, foi até sua mochila (que ela havia largado em cima de uma poltrona) e dela tirou um laptop prateado que possuía um grande delta na frente. Voltou a se sentar do meu lado, com o aparelho no colo.

— Bem, semideuses costumam passar a vida inteira sendo perseguidos por monstros e em geral herdam algumas das características ou poderes de sua mãe ou pai imortal, assim como Percy e eu. – ela deu certa ênfase no nome deles, fato que não me passou despercebido – A maioria dos pais mortais não contam aos seus filhos sobre seus outros pais – os imortais. Alguns por não saberem, outros por não quererem, mas a grande maioria não conta porque sabe que quando um semideus descobre sua verdadeira identidade, atrai ainda mais monstros. Como você sabe, semideuses são poderosos.

Prestei atenção a cada palavra dela, embora ela ainda desse voltas na história. Resolvi não interrompê-la, deixando-a contar do jeito dela o que quer que fosse contar.

— Bryan, semideuses não tem uma vida fácil, pelo contrário, sempre têm de lutar: seja para se salvar ou para salvar pessoas que amam. E tenho certeza que já te contaram que dificilmente meio-sangues chegam à idade adulta. – assenti com a cabeça, Quíron já havia me dito isso, informação que não me deixou muito alegre – Pois bem, poucos conseguem sobreviver e desses poucos, menos ainda conseguem formar uma família e ter filhos.

Eu não estava entendendo onde ela queria chegar, era como se uma informação importante estivesse me faltando, algo que me faria entender o porquê de Annabeth estar falando aquilo comigo.

— Annabeth, eu sei disso, se você quer me falar dos riscos dessa missão, não se preocupe, já fui informado de todos.

Ela sacudiu a cabeça.

— Não são os riscos da missão e sim algo que você precisa saber para continuar na missão. Bem, como eu ia dizendo, poucos de nós conseguem chegar à idade adulta e ter uma família, mas alguns sortudos o fazem. Há vários riscos em se ter uma família quando se é um de nós, principalmente porque os monstros continuam querendo nos matar e a família sempre fica em risco nesses casos, mas mesmo com todos esses pontos negativos, muitos não desistem de ter uma vida normal, ou tão normal quanto se pode ter.

Annabeth começava a falar um pouco mais rápido e podia sentir que estava chegando próxima a hora em que iria falar sem me enrolar.

— Annabeth, por favor, vá direto ao ponto.

Ela suspirou.

— Bryan, você com certeza já leu histórias da mitologia grega em que deuses se apaixonavam por... semideuses e tinham... filhos com eles.

Assenti.

— Sim, algumas, mas são mitos, não? Pois eu não consigo imaginar deuses tendo casos com algum de nós, muito menos tendo filhos.

Ela pareceu pensar nas palavras certas a dizer, estava começando a achar que as histórias não eram mitos como eu pensava.

— Annabeth?

— Eu também pensava que eram mitos, Bryan, mas recentemente descobri que não são. Deuses às vezes têm casos com alguns de nós e acabam gerando filhos.

Sério, eu não estava entendendo o porquê de entrarmos nesse assunto. Estava até pensando se Annabeth havia se apaixonado por um deus e traído Percy, mas duvidava muito, afinal aqueles dois pareciam ser apaixonados. Possibilidades passam por minha mente, cada uma pior do que a outra.

— Você conheceu algum filho de um semideus e um deus?

Ela assentiu.

— Sim, mas ele não sabe disso. – ela abaixou a cabeça, coisa nada típica da parte dela.

— Sério? Quem é? Eu conheço? – eu estava curioso, sentia que a resposta estava na cara, mas não conseguia encontrá-la.

Ela me olhou, mas ao mesmo tempo, seus olhos não me olhavam, era como se estivesse se lembrando de algo.

— É você, Bryan, você é filho de uma semideusa e um deus.

Por um momento queria falar que ela só podia estar brincando, eu não poderia ser filho de uma semideusa e um deus, minha mãe era uma mortal, não podia ser. Mas pequenos detalhes se encaixaram em minha mente, coisas sem nexo que aconteceram conosco.

Me lembrei dos potinhos que ela carregava sempre na bolsa, que agora eu imaginava que poderiam ser néctar e ambrosia. Me lembrei de uma pequena faca que ela carregava e em como dizia que aquilo era um segredo nosso, sempre me proibindo de mexer nela. Será que era verdade?

— Annabeth, isso não pode ser. Minha mãe? Semideusa? De onde você tirou isso? Não pode ser, ela era professora de Direito.

Olhei nos olhos de Annabeth e a ficha caiu. Ela não estava mentindo, via nos seus olhos, e seus olhos me fizeram lembrar da minha mãe. Se ela era uma semideusa, seria então uma filha de Atena?

— Annabeth, ela era... Sua irmã? – perguntei.

— Sim, filha de Atena.

Em choque, fiquei alguns minutos sem dizer nada. Apenas tentando assimilar a ideia de que aquele tempo todo minha mãe havia escondido de mim não somente quem eu era, mas quem ela era.

— Como você ficou sabendo? Quando? Quem te contou? – fiz as perguntas assim que saí de meu transe.

Paciente comigo, Annabeth respondeu calmamente.

— Eu fiquei sabendo na sexta, assim que chegamos ao acampamento. Foi Quíron quem me contou, ele conheceu sua mãe.

As informações giravam por minha mente, tudo novo demais, diferente demais. Eu já ficara confuso com a história de ser um semideus, com essa então!

Ela abriu o laptop, ligou-o e virou a tela para mim, nela havia uma foto.

— Eu passei essa foto para o computador. Foi tirada no acampamento, são dos líderes de todos os chalés de 1993.

Olhando a foto via 8 adolescentes vestidos com blusas laranja do acampamento, o lago de canoagem se encontrava logo atrás deles. Na foto havia um garoto gorducho com cabelos cacheados, que estava ao lado de outro forte e enorme com cara de bravo, havia também uma garota linda de cabelos castanhos, mas eu não pude mais analisar a foto, pois meus olhos viram uma garota de olhos castanhos acinzentados e cabelos loiros. Na hora, reparei que eu não a via há algum tempo, que ela era a pessoa que eu estava morrendo de saudades – minha mãe.

Sim, era ela, mais jovem, mas era ela.

Meus olhos marejaram, mas eu sorri.

— É ela! Minha mãe.

Na foto ela usava um belo cordão no pescoço, parecia ser uma bela pedra preciosa que combinava com seus tênis vermelhos. Seu cabelo loiro, extremamente liso, estava cortando na altura dos ombros, o que só a fazia parecer ainda mais jovem. Além disso, ela estava com um anel no dedo anelar direito que logo reconheci como o mesmo anel que ela nunca retirava do dedo, o mesmo que ela me dera e que virava a minha espada.

— Sua mãe foi uma das líderes do chalé de Atena. Na verdade, uma das mais respeitadas e bem sucedidas, ela só deixou o acampamento porque... – Annabeth parou sugestivamente.

— Porque ela teve um caso com Zeus e ficou grávida, gerando assim um bebê com mais sangue divino do que mortal. Acertei?

Annie assentiu.

— E esse é você, Bryan! Filho de uma semideusa que era filha de Atena e, também, filho do deus dos deuses: Zeus.

Tudo girava em minha mente. Minha mãe era filha de Atena, sendo que Atena era filha de Zeus. Isso me fazia neto-irmão da deusa e filho-bisneto de Zeus? Então Annabeth era minha tia por parte de mãe? E eu era tio dela por parte de pai?

Minha cabeça estava dando um nó, tudo se misturava, eu nem sabia mais quem eu era, nem o que os outros eram de mim. Se ser semideus já era estranho, ser o que eu sou, com certeza deveria ser uma aberração.

Annabeth olhava para mim de forma preocupada.

— Está tudo bem?

Encarei-a de de forma meio atônita. 

— Não! – respondi sinceramente — Eu acabei de descobrir que durante toda minha vida a pessoa que eu mais amava mentiu para mim. Claro que não estou bem. Minha vida era uma fraude, Annabeth. E vou precisar de um tempo para pensar.

— Sem mais perguntas? – ela parecia preocupada e desconfiada.

— Por enquanto, sem perguntas. Eu preciso de um tempo para digerir tudo isso. – sem mais explicações, me levantei e abri a porta do quarto.

— Aonde você vai? – perguntou ela, me seguindo e fechando a porta do quarto atrás de si.

— Pensar um pouco, não se preocupe, perdi o sono e a fome. Prometo não sair do hotel! – disse eu, sabendo que eram essas palavras que ela queria ouvir.

Fui em direção ao elevador, Annabeth parou ao meu lado.

— Temos uma missão, você deveria dormir. – disse ela enquanto o elevador não vinha.

— Vou dormir, Annabeth, se conseguir, eu só preciso... De um tempo entende? Pode me deixar caminhar pelos corredores do hotel em paz?

Me virei para ela ao que ela assentiu, parecia compadecida da minha situação.

O elevador chegou naquele exato instante. Annabeth ficou me olhando entrar, mas não me seguiu, as portas se fecharam e eu apertei o botão do térreo.

A única coisa que eu queria agora era ficar sem pensar em nada.

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A porta se abriu e eu dei de cara com Percy, que segurava caixas de lanches do Mc Donald’s. É, Annabeth estava certa sobre o que disse ainda pouco e eu começava a ter certeza de que ela não errava nunca.

— Oi. Tudo bem? – disse ele sem jeito, como se soubesse o que Annabeth havia conversado comigo.

— Você sabia, não é? – disse enquanto saía do elevador.

Ele me olhou com cara de culpado, passei direto e segui em frente.

— Não vai comer? – perguntou um pouco alto para que eu ouvisse.

— Sem fome! – nem me dei ao trabalho de virar para trás, continuei caminhando – Annabeth deve estar te esperando no quarto de vocês.

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Havia se passado mais de uma hora que eu estava dando voltas pelo hotel, agora me encontrava no porão do mesmo. Não me pergunte como eu achei e nem como eu consegui entrar, eu simplesmente não prestei atenção.

Dei uma olhada ao redor, tentando a todo custo prestar atenção aos detalhes, sem ter muito sucesso. As palavras de Annabeth ainda ressoavam em minha mente e enevoavam todo o resto.

Por um momento, consegui olhar o porão claramente. Ele era bem iluminado, tinha artigos de luxo, um porão digno de um hotel desse porte, no entanto, algo na parede me chamou a atenção, um quadro muito bonito.

A cena do quadro era de uma família feliz, uma mulher e um homem com um filho no colo, parecia algo bem antigo, considerando as vestimentas usadas, o que me fazia pensar que poderia ser uma imagem dos fundadores do hotel, ou da família do fundador. Era uma imagem muito linda e interessante, te fazia pensar em como as famílias deveriam ser daquele jeito.

Me aproximei, o quadro estava torto na parede, resolvi endireitá-lo, mas ao fazer isso, acabei o derrubando no chão. Me xinguei mentalmente.

Peguei o quadro do chão, porém me surpreendi ao ver um delta na parede, o mesmo delta que havia no laptop de Annabeth, a única diferença é que o dela era azul e esse era dourado, um dourado intenso que brilhava sem parar.

Sentia que aquilo era importante e isso desviou minha atenção de toda aquela história de filho-de-Zeus-neto-de-Atena. Distraidamente, passei meus dedos pelo delta sem me preocupar com o que poderia haver por ali.


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