Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 31
Capítulo 31: Voltamos a visitar o Senhor do Mortos


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu voltei de viagem e por isso tô postando agora!
Boa Leitura!!



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Annabeth’s POV

Adentramos ainda mais a sala do trono de Hades, que não mudara em nada seu aspecto desde a última vez que eu havia estado ali, assim como o próprio Hades não havia mudado.

Ele se encontrava com seus três metros de altura sentado em seu trono de ossos fundidos usando seu típico manto de seda preta e uma coroa de ouro trançado.

O deus se reclinou em seu trono enquanto nos analisava com seus olhos tão pretos quanto a obsidiana que cobria seu palácio.

— Então, o que fazem em meu reino? Porque, ao meu ver, não parecem mortos, ainda não pelo menos.

Eu não podia dizer se havia uma ameaça implícita em sua voz ou não, porque Hades, mesmo se utilizando do sarcasmo, parecia calmo. Mas eu tinha certeza de que qualquer palavra errada e essa relativa calma acabaria. Só esperava que os outros também tivessem notado isso.

Percy estava ao meu lado, assim como Bryan, e Nico já estava andando em direção ao pai.

— Pai, eles vieram falar com o senhor. – ele fez uma reverência e se aproximou do trono do pai.

— Sobre?

— Sobre... Na verdade, eu não sei sobre o que eles vieram falar com o senhor. – disse Nico coçando a cabeça.

Hades, em seus três metros de altura, se levantou de seu trono, parecia zangado.

— Como você deixa eles entrarem assim em meu palácio sem saber o que vieram fazer aqui? Eles poderiam vir com algum truque contra mim.

Percy e Bryan olharam para mim, ambos confusos.

— Essa situação em que estamos é meio arriscada para um dos três grandes como Hades. Os filhos de seus outros dois irmãos poderosos vêm em seu reino, junto com uma filha de Atena e querem tratar sobre algo com você, é um risco. – sussurrei rapidamente.

Bryan parecia ter captado o que eu queria dizer e Percy também.

— Sim, talvez a senhorita esteja certa. – disse o senhor dos mortos, me olhando com seu olhar intenso e hipnotizador, quase maníaco – É uma situação um pouco arriscada, mas eu não tenho medo, meus irmãos já tentaram fazer algo parecido alguns séculos atrás e não conseguiram nada, a não ser me deixar zangado a ponto de começar uma guerra. E duvido que queiramos uma guerra agora. Ou queremos?

— Não! – respondemos prontamente, inclusive Nico.

— Que bom! – disse Hades voltando a se sentar em seu trono. – Já que não vieram a mando de meus irmãos... Vieram aqui fazer o que e a mando de quem?

— Por que temos que ter vindo a mando de alguém? –perguntou o Cabeça de Alga.

Por mais que ele tenha feito uma pergunta quando deveria ficar calado, me interessei pela reação do deus.

— Eu deveria ignorá-lo, Jackson, mas como estou num bom dia, irei responde-lo. Semideuses, sátiros ou qualquer ser que esteja vivo e venha para cá e que tenha sã consciência, não vem por vontade própria, e sim porque foi mandado por alguém. Por isso volto a perguntar: quem mandou vocês para cá?

Nós três nos entreolhamos. Nico nos olhava com curiosidade de seu lugar ao lado do pai.

— Nós viemos a mando de Atena. – disse Percy com a voz firme - Para...

Ele parou abruptamente, como se estivesse procurando as palavras certas.

— A mando de Atena para... – instigou Hades.

Percy parecia em dúvida sobre o que dizer ou sobre como formular uma resposta. Confesso que, vendo aquele olhar intenso de Hades sobre nós, também ficava preocupada com a escolha de palavras.

— Atena quer saber sobre a espada de ouro dela, aquela que foi presente de Hefesto e que deveria ter sido jogada no Estige.

— Deveria?- perguntou Nico se intrometendo e levando um olhar repreensivo de Hades.

— Sim, mas parece que não foi. – eu disse.

— Como? – o tom de Hades havia se elevado – Está insinuando que a espada de Atena, que deveria ter sido jogada no Estige a mais de 18 anos atrás, não foi? Está querendo dizer que não obedeci às leis olimpianas?

— Não seria a primeira vez. – murmurou o Cabeça de Alga.

Lancei-o meu melhor olhar de: “Cale essa boca”.

— Escute aqui, Jackson, faz muito tempo que quebrei algum juramento. –Hades olhava fixamente para Percy - Já meus irmãos quebraram o deles sobre não ter filhos, o que prova que cumpro melhor promessas e leis do que aqueles dois. Portanto, suas insinuações não tem cabimento.

— De qualquer jeito. – foi a vez de Bryan falar – Queremos ter certeza de que a espada foi jogada fora. Desejaríamos falar com quem jogou-a no Estige.

— Ora, ora! O filhinho de Zeus quer mandar em mim. – disse Hades se remexendo no trono – Pois saiba que não farei nada disso, não aceito essa acusação de vocês, por isso é melhor se prepararem para a danação eterna.

Minha reação as palavras de Hades foi começar a planejar algo que nos tirasse dali o mais rápido possível, embora eu soubesse que provavelmente ficaríamos presos ali eternamente, afinal, não seria fácil fugir dos seguranças esqueletos e nem do próprio Hades.

Pelo canto de olho pude ver Percy colocando a mão no bolso, onde Contracorrente se encontrava.

— Pai, não custa nada o senhor averiguar o que aconteceu com a espada, afinal, se Atena pediu isso é porque é realmente importante.

— Sim. - eu resolvi tentar intervir — E nós não estamos dizendo que o senhor tenha desobedecido as regras, acreditamos que algum de seus servos poderia ter feito isso. Isso se a espada realmente não tiver sido lançada no Estige. Nós só queremos averiguar isso.

Hades meneou a cabeça enquanto analisava o que eu havia dito. 

— Meu filho e sua mania de defender seus amigos semideuses. Mas numa coisa você tem razão, para Atena os mandar até aqui é porque algo está acontecendo. Fora que, como a menina disse, pode ser que algum servo tenha deixado de cumprir seu dever, então... – ele parecia mais calmo, seu tom era mais ameno - Mesmo não me importando nem um pouco com isso, é melhor vocês terem certeza de que a espada foi extinta antes que os outros deuses voltem a falar mal de mim.

Percy e eu nos olhamos aliviados, ao mesmo tempo em que dávamos as mãos.

— Alécto! Megaira! Tisífone! – berrou o senhor Hades chamando as três fúrias, e só de ouvi-lo dizendo seus nomes, um arrepio percorreu meu corpo.

Se ele as chamava significava que, muito provavelmente, elas foram as servas responsáveis por se livrar da espada.  O que fazia sentido, Hades confia extremamente nelas.

— Quem ele está chamando? –sussurrou Percy próximo ao meu ouvido.

— As Benevolentes. – respondi da mesma forma.— Ele as chamou por seus verdadeiros nomes.

Percy iria falar mais alguma coisa, não fosse o fato de repararmos que as três fúrias, com seus corpos parecidos com os de um morcego e com suas garras afiadas, desciam em direção à frente do trono de Hades. Ainda era aterrorizante vê-las.

— O que deseja, senhor? –perguntou a fúria que reconheci como Alécto.

Elas pareciam se ajoelhar diante do senhor dos mortos, mas não completamente, era como se não precisassem fazer aquilo.

— Desejo que me respondam uma coisa: o que aconteceu com a espada de Atena que, há exatamente 18 anos, eu mandei que jogassem no Estige?

Por um momento elas pareceram se entreolhar, mas fora tão rápido que eu podia estar vendo coisas.

— Foi jogada no Estige como o senhor mandou. – disse Alécto, eu podia sentir que o que ela dizia era verdade, porém, também sentia que tinha algo por trás disso e parece que Hades também, pois ergueu uma sobrancelha.

— Se não me engano, quem eu mandei para esse serviço foi Megaira.- uma das fúrias assentiu com a cabeça, provavelmente Megaira – Me responda você então, Megaira, a espada de Atena, que foi jogada no Estige, ainda está lá, no rio?

Houve um momento de silêncio.

Não sabia se isso era possível, mas por um instante Megaira parecia ter engolido em seco e ficado congelada no lugar.

— Não, senhor. A espada não está mais no Estige. – disse Megaira com a cabeça um pouco abaixada.

A ira de Hades era palpável no ar ao nosso redor, era como se isso fizesse seus olhos ficarem mais intensos e loucos, e pensei que poderia se transformar em um deus na nossa frente da forma como estava com raiva.

— Não olhem! –berrou Percy no exato momento em que Hades se transformava em deus. Virei o rosto no mesmo instante que Percy e só reparei isso pois ele estava em meu campo de visão. Só rezava para que Bryan e Nico tivessem feito o mesmo.

— Está me dizendo que uma das armas mais poderosas já criadas, que deveria ter deixado de existir há quase duas décadas, ainda existe?!- berrou Hades com uma voz irritada que eu jamais o ouvira usar antes. E olha que eu já o havia visto bastante irritado.

— Desculpe Megaira, senhor! – disse uma das fúrias e, por não reconhecer sua voz, supus que era Tisífone– Ela havia jogado a espada no Estige, mas só foi descobrir que ainda existia recentemente.

— Como assim? –perguntou Hades, que por sua voz parecia estar confuso, mas não menos irado. Por isso mesmo, não me arrisquei a olhá-lo.

Eu também estava confusa, as palavras entravam em meu cérebro e eu tentava insistentemente entender o rumo da conversa deles, mas estranhamente, não estava conseguindo.

— Tisífone disse a verdade, senhor. – disse Megaira – Eu cumpri as suas ordens, mas parece que o rio Estige não “recebeu” a espada, porém eu não sabia disso, somente após alguns acontecimentos foi que reparei que a espada não fora extinta e sim separada.

— Separada? –perguntou Hades e pude sentir que havia voltado a sua forma normal. Bem, a forma normal de três metro de altura.

Me arrisquei a olhá-lo.

Percy, Bryan e Nico também se viraram em direção ao Senhor dos Mortos.

— Sim, só não sabemos o por quê disso, ou o material da espada era forte demais para o Estige ou...

— É claro que o material da espada era muito forte para o rio, é a única explicação. – cortou-a Alécto.

Percy me lançou um olhar de pura confusão, mas eu mesma não estava entendendo tudo. Como assim o material da espada era tão poderoso que o rio não a destruiu? Essa ideia me parecia inaceitável.

— Isso é quase impossível de acontecer! Faz muitos anos que alguma arma não foi destruída pelo Estige, ainda mais quando foi uma decisão do Conselho Olimpiano.- disse Hades franzindo as sobrancelhas.

— Isso já aconteceu antes? –perguntou Percy antes de mim.

— Sim, mas isso não é da sua conta, garoto – respondeu Hades lançando um olhar que fez Percy ficar calado, tanto ele quanto eu e Bryan.

Mas como? E quando? Eu nunca soubera disso, nunca ouvira histórias sobre ser possível que algo sobrevivesse ao Estige, há não ser alguns heróis, como Percy, por exemplo.

— Vocês disseram que descobriram isso há algum tempo. – disse eu fazendo com que todos me olhassem – Então porque não contaram a ninguém?

— Nós soubemos disso ainda esse mês, nessa semana, para ser mais específica. – disse Tisífone– E como o senhor Hades estava incomunicável...

— Incomunicável? –perguntaram Bryan e Percy juntos.

Hades se remexeu no trono, assim como as três Fúrias a sua frente.

 Ele tirou uma semana de férias. – Nico parecia desconfortável.

— Semana de férias? –perguntei. Achando estranha a ideia de o Senhor Hades tirar férias, era impossível imaginá-lo em algum lugar descansando.

— Acha ridícula a ideia de um deus precisar de férias, mocinha?

— Não ridícula, e sim estranha, senhor. - disse eu.

Hades me fuzilou com o olhar.

— Férias? –perguntou Percy.

Nico, que estava mais próximo de nós fez um sinal de que depois nos contava.

Percy, Bryan e eu nos entreolhamos. Eu dei de ombros, afinal não podia fazer nada para acabar com a minha curiosidade, Nico só contaria depois.

— Então, entendo o porquê de não terem vindo até mim antes. E sendo assim... – Hades olhou para nós – Acho que têm sua resposta, digam a Atena que a espada ainda existe. Digam a ela tudo o que ouviram sobre a espada. Só não sabemos onde a mesma está, e como ela está.

— Como assim, como ela está? –perguntou Bryan.

— Sobrinho!- Hades pronunciou a palavra com certo desprezo- Tudo leva a crer que a espada foi dividida em pedaços ou ao menos era para ser assim, se Megaira estiver certa.

— Quantos seriam esses pedaços? –perguntou Percy.

Hades sorriu, um sorriso meio maligno, para logo depois dar de ombros.

— Não tem como eu saber isso e, pelo que entendi, essa será a busca de vocês, então, vocês é que terão de descobrir, não eu.

— Mas por onde vamos começar? E como... –comecei a dizer, mas fui interrompida pelo deus.

— Isso não me interessa! Vocês vieram até aqui e eu respondi a pergunta de vocês, o resto não é da minha conta.

Sim, ele dera uma resposta, mas em compensação, fizera surgir um milhão de novas perguntas em minha cabeça e aposto que na dos outros também.

— Nico, faça o favor de levar esses seus amigos daqui antes que os deixe apodrecerem em algum castigo infernal feito por mim. Faça isso enquanto estou de bom humor.

— Está bem, pai! –disse Nico se aproximando de nós.

Hades se voltou às fúrias.

— E você, Megaira, o que quis dizer com aquele outro ou? Há outra possibilidade fora a do Estige não ter suportado o material?

— O que eu ia dizer era que...

Megaira fora interrompida por um estrondo, alguém entrava na sala correndo, esse alguém era um soldado esqueleto.

— Vamos. – disse Nico.

— Não, espere, quero saber o que aquele esqueleto veio fazer aqui. – sussurrou Percy para Nico. Olhei para ele confusa. Por que ele queria saber?

As Benevolentes se colocaram de lado, enquanto o soldado se colocava de frente ao deus.

— Como se atreve a entrar na minha sala assim, seu verme?

— Desculpe, senhor, mas como nenhuma das Fúrias se encontravam por perto porque estavam aqui, eu mesmo tive que entrar e...

— Fale logo! –disse Hades sacudindo as mãos.

— É algo muito sério, senhor.

— O que poderia ser grave?

O esqueleto olhou em volta, parecia ter medo do que iria dizer, ou somente medo da reação de Hades.

— Parece que Ixíon fugiu dos Campos de Punição, senhor. –disse o esqueleto.

Pude sentir-me ficando paralisada, eu conhecia aquele nome da mitologia grega, mas eu estava paralisada é pelo fato de ele ter conseguido fugir do Campos de Punição.

Calma, Annabeth! Isso só pode ter sido um engano, só podia ter sido isso. Quem conseguiria fugir dali?

— Annabeth! Pensei que não se pudesse fugir dos Campos de Punição. –disse Percy.

— Eu também, isso só pode ser um engano.

Hades ficou de pé.

— O que? Ixíon fugiu? Como?

O soldado, que parecia um antigo militar inglês, mesmo estando morto, parecia tremer diante de Hades.

— Ele não está mais girando em sua roda em chamas e a última vez que foi visto, estava perto das portas da Morte. Dizem que as portas foram abertas por tempo suficiente para ele fugir.

— Isso não pode ter acontecido em meu reino! – Hades acabou pronunciando algum xingamento em grego que preferi ignorar.

— Ele vai virar um deus! –berrou Percy enquanto Hades possuía uma aura perigosamente negra a sua volta.

— Vamos!- berrou Nico enquanto empurrava nós três para fora da sala do trono de seu pai no exato momento em que um aura pesada tomava conta do local.


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Notas finais do capítulo

Sei que ficou meio confuso, mas isso era necessário. Explicações serão por conta de Annabeth no próximo capítulo.
Beijos.