Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 88
Capítulo 88: Um sonho, um banho, uma conversa, e... Oh, No, No!


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Tudo bem com vocês?
Hum... Acho que está todo mundo querendo me matar, sorry! Mil e uma desculpas por toda a demora na postagem (5 meses, é isso mesmo produção?), mas aconteceram váááárias coisas na minhas vida durante esse tempo, e eu acabei ficando sem ter como postar.
Dentre essas coisas, eu acabei ficando 3 meses sem notebook, porque o HD queimou e eu perdi TUDO que eu tinha, ele só voltou essa semana e mesmo assim, está zerado (perdi muitas fotos, todas capas anteriores da fanfic e capítulos avulsos, incluindo, songfics quase prontas). E inclusive, estou sem internet há algum tempo, então... Mil desculpas, mas eu estava realmente impossibilitada!
Fora isso, eu descobri através do meu mega leitor, Duncan Urban, uma coisa muito chata no início deste ano: eu estava sendo plagiada descaradamente por um pseudo-leitor meu (que inclusive deixou uma recomendação que era plágio de outra), um cara que simplesmente copiava e colava TODOS os capítulos da Momentos e postava com outro nome (QUE ÓDIO DELE) e isso me desestimulou. Espero que nunca mais ocorra algo do gênero, e que se ocorrer, eu tenha leitores tão legais e bons, como o Duncan foi comigo, que possam me avisar. Aliás, a fanfic plágio já foi excluída e o cara bloqueado (ao menos, temporariamente).
Então, este capítulo é dedicado ao Duncan, que me avisou do plágio! Muito obrigada por tudo que você fez desde que é meu leitor, e por mais isso! Te adoro!
Ah, e é dedicado também a fofíssima Ice Luna, que deixou uma recomendação MARAVILHOSA! Obrigada por cada linda palavra sua para mim, eu estou boba e muito feliz com tudo o que você disse! Espero que esse capítulo novo te faça sentir um pouquinho do que eu senti ao ler sua recomendação! Obrigadíssima!
Além disso, quero avisar que os personagens: Tina, Isac, Nai, Julia e Lane, são baseados nos meus leitores (essas duas últimas são minhas primas), que são uns fofos e mega amigos! Obrigada por todo o apoio, por servirem de cobaias, e por terem me feito ter ideias mais loucas ainda!
Bem... Eu sei que todos estavam querendo que a fanfic voltasse, pois eu recebi VÁRIAS MPS, e adorei isso! Muito obrigada pelo carinho!
Esse capítulo é de recomeço para mim, por isso, é leve! Espero que curtam, e que leiam as notas finais porque tenho coisas importantes para dizer.
Por enquanto, desejo à todos uma EXCELENTE leitura!



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Annabeth's POV

Permaneci analisando os olhos cinza de Tina, tentando assimilar o que já me era bem óbvio: ela era uma filha de Athena, era minha irmã.

Não que isso me surpreendesse, não exatamente. Não era como quando eu descobrira que Bryan era filho de Zeus, não, isto fora mais chocante, afinal, tecnicamente, os três grandes tinham jurado não ter filhos (e o único que cumpriu isso foi Hades, o que chega a ser irônico), e então... BOOM! Lá estava outro filho de Zeus.

Mas saber que tinha uma irmã minha ali naquele hotel não era um fato a ser ignorado. Afinal, também era irônico a deusa da sabedoria, que havia jurado perante o Rio Estige que sempre seria casta, ter vários filhos. Okay, não eram tantos quanto Apolo e Afrodite, e tudo bem, ela também não havia descumprido sua promessa, já que não concebia filhos pelo método tradicional, mas mesmo assim... Eu às vezes me surpreendia com sua capacidade de gerar crianças em um curto espaço de tempo.

Provavelmente, eu devo ter ficado encarando a Tina alguns segundos a mais do que deveria, e obviamente, ela notou isso.

— Hum... Tudo bem?

Sacudi levemente a cabeça, tentando me focar na garota de cabelos escuros que estava diante de mim.

— Ahn... Ah, sim! Tudo ótimo! Eu só estava pensando em... Bem, para ser sincera, no fato de ter certeza que você é minha irmã, ou meia-irmã, em todo caso.

Ela sorriu minimamente.

— Fico feliz que tenha notado isso, acho que os olhos me denunciaram, não? - ela apontou para suas íris acinzentadas.

— Sim, um pouco. - eu disse sorrindo — Mas você parece já me conhecer, afinal, me chamou pelo nome sem que eu houvesse me apresentado.

Tina corou levemente.

— Sim, de certa forma, eu conheço um pouco sobre você, porque... - ela parou a frase na metade, como se estivesse reconsiderando sua fala — Uma semana após Cronos ter sido derrotado, passaram uma matéria na Rede Hefestos sobre os principais semideuses envolvidos na batalha, e claro, você estava nisso. E também, algumas aventuras suas e de Percy chegaram aos nossos ouvidos aqui no hotel, você é bem conhecida.

Os olhos dela brilharam um pouco enquanto ela falava, e por alguns segundos eu entendi como as celebridades se sentem diante de seus fãs. Claro, Tina não parecia me ver como um ídolo, porém, aparentava estar bastante feliz.

Mas no segundo seguinte, me peguei pensando no que teria passado no tal programa de Hefestos.

— Eu não sabia que contavam nossas aventuras por aí, muito menos, que teve um programa sobre os semideuses presentes na batalha de Manhattan.

— Ah, bem, quem nos contou algumas histórias foi Afrodite, que se hospeda às vezes aqui. E quanto ao programa, pensei que soubesse, passou uma espécie de documentário sobre vocês, e todo mundo aqui ficou bem impressionado com você, principalmente eu.

Sorri, me sentindo lisonjeada.

— Hum... Afrodite, porque isso não me soa estranho? Quanto ao programa, acho que podiam ao menos ter me avisado, seria legal ter visto. - minha voz estava carregada de sarcasmo.

— Talvez não quisessem te pagar os direitos de imagem. Ou ficaram achando que vocês não gostariam nada a ideia. Pelo seu tom e pelo seu rosto, eu aposto nessa última.

Nós duas rimos.

— É, você é mesmo minha irmã. Fico feliz em te conhecer, Tina. Na verdade, eu estou bem curiosa sobre você, e quero saber coisas, como por exemplo, o que faz nesse hotel ao invés de estar no acampamento, e por que tem cabelos castanhos quando todo o chalé de Athena é loiro.

— Boas perguntas, e eu terei o prazer de respondê-las mais tarde, Annabeth.

Ela sorriu e apontou paras as escadas que levavam ao segundo andar.

Enquanto descíamos, ela me explicava algumas coisas que perguntei sobre a decoração do local, principalmente, sobre a parte arquitetônica impecavelmente bem trabalhada.

Ao chegarmos no segundo andar, Tina me levou até a quinta porta da ala feminina do andar, onde segundo ela, eu ficaria hospedada.

Ela abriu a porta dourada, e eu fiquei surpresa em como o quarto era grandioso e luxuoso, do tipo que você esperaria ver em uma suíte presidencial.

Tudo ao meu redor se resumia a tons de dourado diversificados. Era como se o ouro recobrisse cada canto do quarto.

De frente para a porta, mas virada de lado, estava uma enorme cama king size, com um criado mudo de cada lado. No chão, um carpete branco e felpudo cobria toda a extensão do quarto, e eu estava tentada a tirar os sapatos na frente de Tina apenas para poder tocá-lo.

Acima de nossas cabeças, no altíssimo teto, pendia um enorme lustre de cristal, daqueles que você vê em filmes sobre a nobreza ou em documentários antigos. Na verdade, o quarto em si parecia o de uma princesa, e era tão enorme que eu tinha a certeza de que cabia o apartamento da Senhora Jackson ali e ainda sobrava espaço.

Enquanto eu analisava o quarto milimetricamente, Tina falava:

— O quarto é todo seu. Está vendo aquela porta a direita? É o banheiro, lá tem tudo o que você precisar. Qualquer coisa extra que quiser, basta discar o número um do telefone que está em cima do criado-mudo, você será atendida rapidamente. Bem...

Tina, que até aquele momento parecia estar segura do que falava, começou a me olhar um pouco sem graça. Como se quisesse muito dizer algo, embora não soubesse de que forma.

— Tina, você quer dizer algo? Ou perguntar? Porque se for isso, basta falar.

Ela me encarou, mordendo o lábio inferior.

— Eu tenho que te contar algo, não faz muito sentido, mas...

Coloquei uma mão no braço dela, a interrompendo.

— Somos semideusas, nada faz muito sentido.

Ela sorriu, fechando a porta do quarto atrás de nós e em seguida, me guiando até duas cadeiras brancas localizadas no canto esquerdo do quarto.

Tina sentou-se em uma das cadeiras e fez um gesto, indicando que eu sentasse na outra ao seu lado.

Sua expressão era de preocupação.

— Bem... Pode parecer besteira para qualquer um que não seja como nós somos, mas... Eu tive um sonho tanto quanto estranho.

Remexi-me na cadeira.

— Um sonho? - franzi a testa — Você sabe, nós, semideuses, costumamos ter sonhos esquisitos e em grande maioria ruins, às vezes são visões do que está acontecendo ou do que vai acontecer, mas também, há ocasiões em que são apenas sonhos. - eu disse, sem nem ao menos saber sobre o que ela sonhara, porém, pelo seu rosto, eu sabia que era algo mau, por isso mesmo, queria tranquilizá-la.

Porém, acho que nem mesmo ela acreditava nisso de "às vezes só sonhamos com coisas estranhas". É, nunca era assim.

— Eu sei sobre os sonhos, Annabeth, costumava tê-los quando mais nova, até que diminuíram quando vim para o hotel. Mas como eu ia dizendo... - ela respirou fundo- Talvez eu tenha omitido uma informação quando lhe revelei como a conhecia. Annabeth, eu não sabia quem você era apenas por causa de um programa de TV ou por causa de Afrodite.

Ela nem mesmo havia completado a informação, e a ficha estava caindo.

— Você está tentando me dizer que..

— Annabeth, eu tenho sonhado com você.

Okay, para os mortais, ouvir uma frase daquelas de uma garota que você acaba de conhecer deve ser bem estranho. Não que aquilo não estivesse sendo estranho, mas a verdade é que era muito mais assustador, devido as circunstâncias.

O pior, ela falara "tenho sonhado com você", o que implicava no fato de que Tina sonhara comigo mais de uma vez e que ainda estava sonhando. Mau sinal.

— A realidade é que foi dessa forma que eu ouvi falar de você pela primeira vez.

— Você sonhou comigo antes de saber quem eu era? - É, aquilo estava ficando pior.

Tina tamborilou os dedos nos braços da cadeira.

— Sim. Da primeira vez, eu achei que era só um sonho, como disse, não tenho presságios há um tempo. Mas eu sonhei com a mesma coisa novamente, e depois de uns dias, vi a matéria sobre você na Rede Hefestos, foi assim que tive certeza que não era apenas um sonho, você era real, e isso me deixou desesperada. E hoje, quando a Nai me mostrou a ficha de cadastro de vocês e eu vi seu nome, eu sabia que devia falar com você.

Eu deveria aproveitar e perguntar sobre o que consistia seu sonho, porém, algo me dizia que eu não gostaria de saber.

Respirei fundo.

— Tina, com o que você sonhou, exatamente?

Foi a vez dela respirar fundo.

— Eu queria poder ter sonhado com um cenário exato ou algo do gênero, mas era tudo muito escuro, a única coisa, ou melhor, pessoa que eu conseguia enxergar, era você.

— Você poderia ser mais específica, por favor? O que eu estava fazendo nesse sonho?

Tina pressionou seus lábios superiores contra os inferiores antes de responder.

— Estava muito escuro e eu não conseguia ver nada ao seu redor, embora conseguisse te ver tão claramente quanto agora, o que é estranho.

Encarei-a, ela estava fugindo da minha pergunta.

— Bem... Você não estava fazendo nada, não exatamente. - novamente, encarei-a- Okay... Indo direto ao ponto: você estava deitada, parecia desacordada e ferida, com certeza estava ferida, porque tinha sangue perto de você. E alguém gritava seu nome e perguntava se você estava bem, mas era apenas uma voz que nunca apareceu na visão, e que eu não consigo identificar.

Afundei na cadeira em que estava.

— Você não lembra de mais nada? Nenhum outro detalhe?

Ela balançou a cabeça na negativa.

— Tina, quantas vezes você teve esse "sonho"?

Ela desviou o olhar.

— Tina?

— Duas vezes, antes de ver o programa de Hefestos.

— E depois? - eu sabia que ela tinha sonhado com aquilo mais vezes.

— Quatro vezes.

Isso só ficava pior a cada segundo.

— Okay, então você teve seis vezes esse sonho? Mas há quanto tempo você teve o primeiro, mais ou menos?

— Hum... Há quase dois meses.

Suspirei. Aquilo era preocupante, e eu não queria que Tina tivesse certeza do quão ruim isso era. Eu não queria aceitar o quão ruim isso poderia ser.

Não sei dizer quem estava mais assustada, ela ou eu.

Oh, deuses! Eu morrera e voltara em menos de 24 horas e já tinha uma nova ameaça a caminho?

— Não se preocupe, Tina. - tentei forçar um sorriso- Não sei se você sabe, mas eu quase fui morta por dragões ontem, na verdade, eu fui morta. Então... Você pode ter tido um presságio sobre isso, porque, com certeza eu estava deitada no chão e havia uma boa quantidade de sangue, aliás, os meninos poderiam confirmar com detalhes, já que eu não presenciei a cena, não exatamente.

Tina pareceu preocupada comigo, e também pensativa.

— Você... Morreu?

— Sim, porém não se preocupe, ok? O importante é que agora eu estou bem, muito bem, eu diria.

— Eu estou vendo, mas... Como isso pôde acontecer? Você disse que lutou com dragões, não? O que houve? E como você está aqui agora e aparentemente, tão bem?

Sorri, e resolvi repetir algo que ela me dissera ainda pouco.

— Boas perguntas, e eu terei o prazer de respondê-las mais tarde, Tina. Sabe, quando você responder as minhas.- lancei-lhe uma piscadinha cúmplice, o que a fez sorrir.

— Xeque mate, garota!

Soltamos alguns risinhos antes que ela voltasse ao assunto principal.

— Bem, pode ser que meu sonho tenha sido sobre esse seu trágico episódio de ontem, até porque, a última vez que o tive foi há quase uma semana.

— Pois então, viu só? Não tem com o que se preocupar, já estou bem, perfeitamente bem!

Ela sorriu minimamente, ao que eu correspondi. Ambas sabíamos que estávamos tentando nos prender a uma teoria muito incerta, e mesmo assim, tentávamos convencer uma a outra de que tudo estava bem e que tudo daria certo.

— Fico feliz que você esteja aqui que esteja bem, e fico feliz em te conhecer. No final das contas, é bom sabe que não terei mais aquele sonho e que você está perfeitamente saudável, embora me deva algumas respostas. - ela me analisava, querendo de todo coração acreditar na teoria de que o pior já havia passado, assim como eu.

Uma pena que ambas soubéssemos que estávamos apenas tentando, e que a teoria formulada poderia ser a mais estúpida da face da terra, um fato que era realmente difícil para duas filhas de Athena engolirem.

Eu via nos olhos cor de cinza de Tina o que os meus deveriam estar transmitindo, era como um pedido, um desejo que deveria soar mais ou menos como: "Oh, meus deuses, por favor, que não aconteça nada de ruim! Já aconteceu tanta coisa em minha vida, que não aconteça mais nada, que o pior já tenha passado.".

Eu sabia que ela pensava isso, e eu tinha certeza que ela também sabia que eu pensava o mesmo.

Nós duas tínhamos o conhecimento de algo que resolvemos ignorar e não mencionar (o que não era lá uma atitude tão sábia): se Tina havia sonhado com isso, era porque de alguma forma ela estava interligada ao sonho, de algum jeito.

— Ah, você também me deve algumas! - sorri, mantendo o foco da conversa embora nossas mentes estivessem distantes dali.

— As quais eu terei o prazer de dar durante o almoço, ou depois, mas por agora... - ela levantou-se da cadeira, ajeitando suas roupas- Descanse um pouco, tome um banho, coloque a roupa que a Lane te deu e espere ela aparecer aqui, porque com certeza ela aparecerá.

Levantei-me de minha cadeira, acompanhando-a até a porta do quarto.

— Farei isso, preciso mesmo de um bom banho.

Constrangedoramente, minha barriga reclamou de fome. Por isso, senti-me corar.

— Oh! - Tina pareceu preocupada comigo novamente- Esqueci que vocês devem estar cheios de fome. Pois bem, pedirei para alguém trazer lanches para você e para os meninos o mais rápido possível, okay? E quando for a hora do almoço, eu venho chamá-los.

Assenti, agradecendo-a em seguida pela atenção.

— Obrigada à você por ter surgido aqui com seus amigos, faz tempo que não temos hóspedes semideuses. E mais que isso, obrigada por me ouvir falando sobre meus "sonhos". - ela fez aspas com os dedos- Aliás, eu já disse isso, mas estou particularmente feliz que você esteja aqui. Sabe, eu nunca conheci nenhum outro filho de Athena, e eu sempre me perguntava como seria encontrar com algum, ou como ele ou ela seria. E agora, que eu conheci você, eu não poderia estar mais contente!

Sorri, realmente comovida com tais palavras.

— Eu nunca imaginei encontrar uma filha de Athena em hotel de Miami, porém, eu fico feliz de saber que conheci você. Nem nos conhecemos direito e eu já gosto de você.

— Saiba, o sentimento é recíproco!

Por um segundo, ficamos meio que sem saber o que fazer, até que por fim, trocamos um rápido e envergonhado abraço fraternal.

Foi Tina quem se afastou primeiro, assumindo um tom profissional em seguida.

— Eu vou indo, tenho que resolver alguns detalhes com meus amigos. Hum... Espero que goste da estadia no Hotel Estrela do Amanhecer, e que tenha um bom descanso, Annabeth.

Ela já estava com a mão na maçaneta quando eu lhe disse:

— Na hora do almoço, você não me escapa.

Ela virou-se para mim.

— E nem você de mim!

— Aposto que não, sendo nós filhas de quem somos.

Tive o vislumbre de um sorriso de minha irmã, enquanto ela abria e em seguida fechava a porta, saindo do local.

Então, eu estava completamente sozinha naquele enorme quarto, e por isso, aproveitei para admirá-lo um pouco mais.

Era extremamente luxuoso, e mesmo que eu não fosse tão apegada a coisas caras e extravagantes como alguns, eu tinha que admitir: a decoração era incrivelmente linda, e ao mesmo tempo, acolhedora.

Aproveitando-me do fato de estar sozinha, fiz o que queria fazer desde que entrara ali: tirei meus sapatos e afundei meus pés no carpete branco e felpudo.

Oh, deuses! Era mais macio do que eu imaginara, dava vontade de deitar no chão de tão fofo, mas me contive. Minhas roupas ainda estavam sujas, e eu não queria destruir o carpete com isso, então, decidi que deveria seguir o conselho de Tina e tomar um bom banho antes de fazer qualquer outra coisa.

Ainda parada, deixei meus olhos percorrerem o quarto em busca das sacolas que Lane me dera. Por fim, as visualizei junto com minha mochila ao lado da cadeira onde estivera sentada quando conversei com minha irmã, na verdade, eu nem percebera que as tinha deixado lá.

Um arrepio percorrei meu corpo, e não era dos bons.

Aquele sonho dela, por mais que eu tentasse me enganar, era preocupante, principalmente considerando que eu participava da missão em busca da espada de minha mãe.

Sacudi a cabeça, eu teria tempo para tentar entender o sonho, se é que isso era possível, mas por agora, eu precisava do meu banho.

Caminhei até a cadeira e peguei as sacolas que estavam no chão, aproveitando para colocar minha mochila sobre a cadeira, e então, dirigi-me ao outro lado do quarto, parando diante de uma porta branca onde Tina me dissera ser o banheiro.

Adentrei no local, e eu que pensara não poder ficar mais surpresa, fiquei.

Assim como o quarto, o banheiro era luxuoso, todo em dourado (que eu começava seriamente a considerar tratar-se de ouro, pois era a cara do Apolo, você sabe, ele é o deus do Sol), fora os tampos de mármore branco e os azulejos de mesmo tom. Tudo, absolutamente tudo, parecia saído de algo pertencente a realeza, como se Apolo houvesse se inspirado nos aposentos da rainha da Inglaterra. Ou poderia ser o contrário, a realeza podia ter se inspirado no gosto do deuses, já que se bem me lembro, a rainha Elizabeth é filha de Athena (não diga a ninguém que eu te disse, essa informação é meio que secreta).

Pois bem, voltando, o banheiro era bem grande, com toda certeza era maior do que o meu quarto no internato, que eu ainda dividia com uma amiga.

Isso me fez lembrar que eu deveria estar perdendo matéria no colégio e alguns testes iniciais. Eu nem ao menos sabia que dia era ou quanto tempo estávamos em missão, perdera as contas, mas parecia que há anos eu não pisava no colégio, o que obviamente não era verdade.

Assim que a missão acabasse teríamos que voltar com nossas vidas "normais", isso se estivéssemos vivos, é claro. Era sempre estranho voltar de uma missão, porque, antes você estava preocupado em derrotar monstros, e então... Boom! Você retorna e sua preocupação é tirar 10 na prova de Francês avançado, que tem um monte de textos que só pioram a sua dislexia.

Eu só esperava que o Quíron houvesse dado uma desculpa boa o suficiente para que o tempo em missão não afetasse as minhas notas.

Sacudi a cabeça, ali não era hora nem lugar de pensar nisso. O que eu precisava era de uma chuveirada, e estava decidida a fazer isso quando vi algo que me fez mudar completamente de ideia.

Não, não fora nem a pia com detalhes entalhados, ou o box de vidro temperado que chamaram minha atenção e me fizeram mudar de ideia, muito menos era o vaso sanitário e o bidê ao seu lado (ambos de ouro). O que eu olhava era a enorme banheira reluzente, que ao contrário de todo resto, era um tipo diferente de ouro: ouro branco.

Ela era absurdamente elegante, não como as banheiras que se vê em filmes. Era uma daquelas mais antigas, onde a banheira tem pés de sustentação, que nesse caso, pareciam com pequenos anjos arqueiros. Seriam cupidos?

Em minha vida, eu nunca tomara muitos banhos de banheira, e depois de tudo que ocorreu nas últimas horas, me pareceu uma boa oportunidade. Ainda mais, se você considerar que a banheira estava cheia e a espuma borbulhando, além de a temperatura d'água estar morna (fato que constatei após colocar minha mão no líquido), bem, aquilo era extremamente convidativo.

É, nada de chuveirada.

Sem pensar duas vezes, deixei as sacolas sobre uma mesinha e tirei minhas roupas, deixando-as sobre a mesma mesa.

Em seguida, entrei na banheira, afundando lentamente, deixando que cada parte do meu corpo relaxasse sob a água morna e perfumada.

Sim, a água estava fazendo espuma e exalava um cheiro de jasmim que era muito calmante. Para melhorar tudo, a hidromassagem estava ligada, não faço ideia de quem me preparou aquele banho, mas só os deuses sabem o quanto eu estava agradecida àquela pessoa e ao fato daquele hotel existir. Era como tirar férias da missão, durante a missão.

Respirei calmamente enquanto os jatos d'água acertavam minha pele em diferentes pontos, o que era extremamente reconfortante, pois todos os nós de tensão e preocupação no meu corpo foram se desfazendo.

Quando eu achei que não podia ficar melhor, lâmpadas de led em tom de azul se acenderam e preencheram a banheira com a cor, dando a ilusão de que a água e a espuma eram desse tom, tornando tudo mais lindo. Fora que, a influência da cor e da luz era algo notável, e olha que eu nunca levara isso muito a sério, mas era verdade: o azul acalmava e relaxava

A banheira era grande o suficiente para que meu corpo inteiro ficasse submerso sem que eu precisasse me dobrar, por isso, mergulhei lentamente, deixando que a água morna molhasse meus fios louros aos poucos, até que cada parte de mim estava sob a superfície.

Emergi segundos depois, parecendo uma criança de tão feliz, pois eu sorria apenas por não estar pensando muito. Nada de ficar martelando sobre sonhos, ou enigmas, nada de ficar pensando no tempo em que estive "morta". Não, nada disso, aquele era um tempo meu, e eu estava amando.

Encostei a cabeça na borda da banheira, concentrando-me em minha respiração, quando visualizei ao meu lado direito uma espécie de prateleira de mármore onde tinham vários tipos de shampoos e condicionadores, assim como sabonetes, loções e óleos. Sendo assim, aproveitei para lavar meus cabelos e esfregar minha pele, me concentrando nesses atos.

Com isso, acabei constatando algo que já havia visto nos vidros espelhados do hotel.

Desde que Destemido me salvara, eu estava diferente exteriormente. Não completamente, nem extremamente, eram alguns detalhes apenas, mas faziam diferença para mim.

Enquanto me ensaboava com um sabonete de morango, por exemplo, notei que várias pequenas marcas de cortes antigos, cicatrizes de batalha que eu tinha há tempos, haviam desaparecido por completo, como se eu nunca tivesse lutado na vida. E a minha pele em si estava mais reluzente do que costumava ser. O tom ainda era o mesmo: branco levemente bronzeado, mas a textura era muito mais macia do que antes.

Era como se minha pele não tivesse nenhuma imperfeição, cada calo que eu tinha havia sumido, junto com marcas de vacinas e de catapora (que eu tive quando pequena), até mesmo alguns pequenos cravos que eu tinha no rosto pareciam ter sumido. E eu não sabia se ficava feliz ou preocupada com isso.

Não me entenda mal, eu nunca fui de me importar tanto com aparência, mas também, nunca fui desleixada comigo mesma, e como qualquer garota normal, às vezes me pegava desejando que tais cicatrizes não existissem, porque por mais que ninguém visse aquilo, eu via e aquilo era o suficiente. Então, às vezes eu desejava ter a pele impecável que nem a de certas celebridades ou que nem a de algumas garotas do colégio; por isso mesmo, eu até que estava bem feliz com o novo estado da minha pele.

Porém... Eu era uma semideusa, vivia lutando, então, era provável que aquilo não durasse muito. Anteriormente, eu havia pensado que assim como uma maquiagem, com um bom banho aquela mágica teria terminado, mas era óbvio que não funcionava assim.

Fora que, algo me preocupava, minha pele parecia tão sensível e delicada, que eu estava temendo que qualquer coisinha pudesse me machucar.

Pelos deuses, estou parecendo uma filha de Afrodite! Se algo me machucar, bem, acontece, fazer o que? Uma hora eu irei me machucar mesmo, seja mais cedo ou mais tarde.

Esquecendo disso por hora, mergulhei uma última vez antes de colocar a banheira para esvaziar, e por fim encher de novo, dessa vez com água pura, apenas para tirar o sabão do meu corpo.

E então, sem realmente querer, mas sabendo que passei tempo demais em meu banho relaxante, levantei-me da banheira, saindo dela e pisando no tapete a sua frente. Pegando em seguida duas toalhas que estavam penduradas ali do lado, usando uma para colocar ao redor do meu corpo e outra para enrolar meu cabelo.

Eu estava encantada e agradecida por aquele banho, havia sido ótimo ficar apenas ali, sem fazer nada, me concentrando apenas em mim. Mas... Nem tudo que é bom dura muito, e já estava quase na hora de encarar a realidade, quase.

Em poucos minutos, eu havia terminado de me secar, vestira minha lingerie e estava dentro de um roupão. Já tinha colocado a banheira para esvaziar novamente, desligado as luzes de led e pendurado uma das toalhas com que eu havia me secado, apenas uma, pois a outra continuava em meu cabelo.

No chão, próximo de onde eu estava, tinha um par de pantufas, o que me deixou muito agradecida, já que eu havia deixado minha mochila e meus sapatos no quarto.

Assim que coloquei meus pés na pantufa, fiquei mais feliz ainda. Por quê? Bem, porque o material dela era tão macio quanto o do carpete do quarto, o que significava que aquilo era o equivalente a estar sempre andando nas nuvens. Eu ainda seria obrigada a agradecer Apolo por aquele hotel, era a melhor ideia que ela havia tido nos últimos 10 anos!

E então, parei diante a pia, analisando os produtos de beleza e higiene que tinham ali.

Eu não sei se todo hotel cinco estrelas tem todas essas mordomias, mas naquele havia de tudo.

Honestamente, eram tantos produtos de cuidados com a pele, com o rosto, e afins, que tive que ler atentamente as embalagens antes de pensar em usar qualquer um deles.

Sim, eu iria usar alguns deles, por que não? Eu já estava naquele hotel mesmo, havia passado maus bocados naquela missão, e agora, minha pele parecia tão sensível que merecia alguns cuidados enquanto eu podia lhe dar, porque, obviamente, eu não iria conseguir fazer isso no restante da missão, ou mesmo depois.

Por fim, acabei apenas passando um hidratante de morango que era o mais cheiroso de todos.

Quando eu tinha tirado o roupão e estava colocando meu vestido, um som altíssimo começou a vir do quarto ao lado, e considerando que eu estava na ala pertencente as garotas, eu fiquei me perguntando se esse era de alguma das meninas que eu já havia conhecido,

E por algum motivo, isso me fez pensar em como todos aqueles jovens haviam parado ali, e como era o relacionamento deles. Sim, eu estava bastante curiosa sobre tudo e todos, era como se algo estivesse me instigando a querer saber mais e mais.

Por isso mesmo, dei uma pequena arrumação no banheiro, colocando os objetos em seu devidos lugares, e em seguida, fui para o quarto. Lá o som ficava mais alto, uma batida contagiante tomava conta do local, mas as palavras não eram audíveis, deveria ter uma proteção acústica nos quartos, ou algo do gênero.

Guiada por minha curiosidade, direcionei-me ao corredor, e estava fechando a porta do quarto quando avistei uma cena interessante.

Uma garota que eu não conhecia, e aparentemente não muito mais nova que eu, estava ali no corredor, meio ajoelhada, meio agachada, enquanto um enorme leão ficava diante dela. Você poderia dizer que ela estava bem séria e preocupada com algo, e que com toda certeza, não era com a possibilidade do leão comê-la.

Quero dizer, eu já havia aprendido que o leão não era mau, porém, ela estava tão próxima dele que era certo que não sentia medo. Afinal, ela estava numa posição nada defensiva ou mesmo atenta diante de um dos maiores predadores do planeta. Então, dos dois um: ou ela não tinha dúvidas de que ele não iria feri-la, ou se garantia o suficiente para saber que se fosse necessário, ganharia numa luta.

De qualquer forma, era meio desesperador vê-la tão abaixada diante dele, tanto, que decidi falar com ela.

— Você precisa de ajuda? - perguntei ao parar do seu lado, e só notando naquele momento que a música alta vinha da porta aberta atrás de nós, o que significava que provavelmente, ela não entendera uma palavra minha.

— Oi? - ela perguntara gritando, seus olhos pretos curiosos e questionadores- Oh, desculpe, um segundo!

Ela levantara-se apressadamente do chão.

Aparentemente, aquela porta aberta era a do quarto dela, já que ela entrara correndo nele, afim de desligar o som altíssimo.

"Oh, no, no! Oh, no, no!

She's confident!

Oh, no, no! Oh, no, no!

And I'm down with it!" - cantava uma voz melodiosa que reconheci de algum lugar, quando parou abruptamente. Ou melhor, foi parada, já que aquela era a música que tocava no aparelho de som.

Alguns segundos se passaram até que a garota voltasse, e enquanto isso, eu ficara encarando o enorme leão que parecia incomodado com algo, que eu torcia para não ser eu. Era quase como se ele estivesse... Choroso, se é que leões ficam assim.

Subitamente, me deu uma vontade de fazer um carinho nele, porém, ao mesmo tempo, fiquei com receio dele me estranhar, afinal, eu era uma completa desconhecida para Fofinho/Aquiles, ou seja lá como ele se chama.

— Pode fazer carinho nele se quiser, ele não vai te morder nem nada.- a garota surgiu ao meu lado novamente, fechando a porta do quarto atrás de si- Eu garanto!

Ela mesma começou a fazer carinho no leão e assim, pude analisá-la atentamente pela primeira vez.

A desconhecida era uma garota bem bonita, e ao mesmo tempo, exótica. Não sei explicar, mas era algo na combinação dos cabelos extremamente lisos e negros feito petróleo, acompanhados da pele morena e de olhos grandes e escuros como jabuticabas. Era como se ela fosse uma índia saída de um desses filmes antigos, porém, algo nos traços finos de seu rosto quebrava um pouco desse efeito, dando-a um ar mais moderno e diferenciado, assim como suas roupas estilo skatista, se bem que, a Lane também a tinha vestido, então...

Ela tinha uma beleza incomum, não era como a das modelos de capas de revista, e no entanto, isso parecia torná-la mais bonita.

— Não vai nem tentar? - ela disse sorrindo- Aliás, me chamo Julia e você é?

Ela parou de fazer carinho no leão e entendeu a mão direita, ao qual eu apertei após lhe dizer meu nome. Surpreendentemente, seu aperto de mão era firme e forte, algo que eu não esperava.

De quem ela era filha? Eu não tinha nenhuma pista.

— Oh, então você é Annabeth, uma de nossas hóspedes! Eu deveria saber, afinal, eu vi aquele programa sobre você na Rede Hefestos. Filha de Athena, não?

— Aparentemente, todo mundo assistiu esse programa, menos eu. - honestamente, eu queria matar a pessoa que havia feito tal programa e nem me avisara, quero dizer, eu estava quase todos os dias no Olimpo, cuidando da reforma, e ninguém me avisou! — Enfim... Sim, eu sou filha de Athena.

Tive vontade de perguntar: "E você, é filha de quem?", mas ela me cortou antes que eu pudesse prosseguir.

— Eu vi que você ficou meio apreensiva de fazer carinho nele, mas faça, você vai adorar e ele está precisando!

Vendo que ela havia voltando a fazer carinho no leão, comecei a acompanhá-la, deixando meus dedos afundarem no pelo cor de caramelo, que era tão macio que me surpreendi.

— Nossa, a pelagem dele é tão macia! Não sabia que leões tinham essa característica.

— Ah, e não têm! - ela disse sorrindo- Tinha que ver quando ele chegou aqui, era bem filhote, nem juba tinha, mas o pelo era meio áspero. Isso aqui é resultado de anos de shampoo e condicionador para gatos.

— Anos? Há quanto tempo ele está aqui com vocês?

— Hum... Um pouco mais de dois anos.

Ela sorriu novamente.

— Oh, você havia me perguntado algo antes de eu abaixar o volume da música, não havia?

Ela prosseguia fazendo carinho no leão e me deixando mais a vontade para fazer o mesmo, tanto que comecei a acariciá-lo atrás das orelhas. Ele parecia quase feliz com isso, como se fosse um gato tamanho XXL.

— Ah, sim! É que eu vi você abaixada diante dele quando cheguei e perguntei se precisava de ajuda.

Ela fez uma careta, como se lembrasse de algo.

— Ah, deuses! Quase esqueço! Já volto! - ela correu de volta para o quarto sem explicar nada. No que acompanhei seu movimento, consegui visualizar um quarto parecido com o que eu estava, porém, uma de suas paredes era vermelha e a decoração parecia diferente, ao menos, fora o que parecera nos poucos segundos que vi.

Logo, Julia estava de volta, trazendo consigo um pote de algodão, um remédio e uma pinça.

Provavelmente, meus olhos estavam mostrando o quão curiosa eu estava, pois logo ela disse:

— Você me lembrou do que eu estava fazendo, havia me esquecido por um momento. -ela voltou a se abaixar diante as patas do leão — É que o Fofinho pisou em alguma coisa e isso o estava incomodando, então, ele veio até a minha porta e ficou me chamando, sabe como é, meio que uma mistura de rugido e miado. Eu fui ver o que era, pois ele levantou a pata para mim e deduzi que o problema estava nela. Suponho que seja alguma farpa, mas não se preocupe, vou tirá-la logo!

Ela pegou vagarosamente uma das patas do leão e começou a olhar atentamente, quando ela finalmente pareceu achar o que queria tirar dali, o leão começou a ficar inquieto.

No intuito de acalmá-lo, fiquei na ponta dos pés e comecei a fazer carinho entre as orelhas, um lugar que os gatos em geral amam, então, eu supus que daria certo com Fofinho/Aquiles, já que pela descrição da Julia, ele agia como um gato.

E foi o que ocorreu, ele ficou mais calmo e a garota conseguiu retirar com a pinça um pedaço de madeira tão fino e pontudo que nos surpreendemos. Por fim, ela passou um pouco de um remédio no algodão e aplicou na pata dele. Ela parecia bem calma.

— Pronto, garotão! Agora está tudo bem! Era só esse pedacinho de madeira, viu? - ela disse se levantando, mostrando a farpa para o leão e em seguida, fazendo um carinho no pelo dele, e só naquele momento eu notei que ela era um palmo mais baixa do que eu.

Num gesto de agradecimento, o leão se esfregou em Julia.

— De nada, Aquiles! - notei que dessa vez ela não o chamou de Fofinho— Mas agradeça a Annabeth também, afinal, ela te acalmou!

Então, o leão começou a se esfregar na lateral do meu corpo, assim como um gato faz quando passa ao lado de nossos pés e pernas.

Admito que fiquei feliz e surpresa com o gesto, embora ele quase tenha me derrubado no chão com todo o seu peso.

— Uou! De nada... Aquiles? Fofinho? - olhei para Julia, em busca de apoio enquanto fazia um carinho no enorme felino, no que a garota apenas riu.

— Relaxa, você pode chamá-lo como quiser, só certifique-se de chamá-lo de Aquiles na frente de Isac e de Fofinho na frente de Lane, não sei se você os conhece, mas vai por mim, você não quer ver o começo de um briga interminável.

— Ah, eu os conheci, e vi como eles lutaram apenas por causa do nome desse leão tão fofo! - eu continuava a acariciá-lo. — A menina basicamente destruiu o garoto na luta.

Julia deu de ombros.

— Às vezes ela manda melhor, outras vezes ele, depende das condições, entende? Do humor anterior de cada um, das armas que possuem, e por aí vai. Claro, nós sabemos que ele são bons amigos, porém, existem algumas desavenças, como o nome do leão. Por isso, nós procuramos evitar as brigas entre eles, interrompê-las.

Lembrei-me que Nai estava com a gente naquela hora e não fizera muita coisa para separá-los.

— Bem, sendo honesta, ao menos a Tina e o Byron sempre os separam, a Nai é mais de ver o circo pegar fogo, e confesso que às vezes faço o mesmo.

— Entendi... Bem, eu conheci quase todos vocês, menos o Byron.

— Ah, você ainda irá conhecê-lo! - ela disse sorrindo, ao mesmo tempo em que o leão se afastava de nós sacudindo sua enorme calda.

Fiquei observando enquanto ele seguia pelo enorme corredor e depois descia as escadas, me perguntando se ele ficava vagando pelo hotel livremente.

— Julia, me responde uma coisa. - virei em sua direção — Você me disse para chamá-lo de Aquiles na frente do Isac e de Fofinho na frente da Lane. Mas como eu o chamo quando estiver com os dois no mesmo ambiente?

Ela riu.

— Quando eles estiverem juntos, evite de chamá-lo por qualquer nome, entende? Chame-o de leão, gato gigante, qualquer outra coisa, menos de Aquiles e Fofinho!

Foi a minha vez de rir.

— Vocês nunca tentaram fazê-los escolher um nome em comum?

— O que? Como tentamos, mas são dois chatos, não querem ceder por nada.

— Você não acha que o leão pode ficar meio confuso com tudo isso? Quero dizer, sem querer julgar, mas ele já age como um gato, e ainda tem que lidar com dois nomes diferentes? Não há nenhum risco de uma, sei lá, bipolaridade.

— Hum... Não, acho que não. Ele já se acostumou com os dois nomes, atende a ambos. E quando ao fato dele se comportar como um gato, é só aqui dentro, sabe? Ele fica aqui conosco apenas alguns momentos de dia, e inclusive damos banho nele, mas ele sabe caçar muito bem, e passa muito tempo lá fora, nas florestas próximas. No início, ficávamos preocupados que alguém fosse o ver, mas ele é bastante esperto e ninguém nunca o pegou. Vai por mim, ele sabe exatamente a hora exata de agir como um leão.

Julia parecia ter certeza do que falava, e por algum motivo, eu sabia que ela não estava mentindo.

— O que vocês estão fazendo? - perguntou Lane, surgindo sabe-se lá de onde.

— De onde você veio? - eu perguntei, olhando para a menina de cabelos dourados enquanto ela se apoiava na morena de cabelos escuros. Elas eram tão diferentes.

— Ih, nem pergunta! Ela tem pés mega silenciosos, surge em cada lugar e em cada momento... - dissera Julia.

— E isso é ótimo para assustar os outros! - concluíra Lane, ao que ambas sorriram.

Pelo comportamento delas, e por estarem de apoiando uma na outra, eu ousaria dizer que o relacionamento delas era como o de duas irmãs: bem próximo.

— Mas sério, o que vocês estão fazendo no meio do corredor?

— Ah, é que eu ouvi um som alto vindo do quarto ao lado, e vim até o corredor ver o que era. Quando cheguei aqui, dei de cara com a Julia, que até o momento eu não conhecia, ela estava cuidando do Fofinho.

Lane pareceu curiosa, tanto que lançou um olhar inquisidor para Julia.

— Cuidando?

— É, ele pisou num pedacinho de madeira e eu estava retirando, foi só isso. Ele já está bem. - concluíra a garota morena, acalmando a amiga.

— Menos mal! Daqui a pouco eu vou lá vê-lo, mas agora... - ela se virou rapidamente na minha direção, colocando suas mãos em meus ombros — Vou cuidar de você!

— De mim? - perguntara assustada.

— Não se faça de desentendida, eu disse que iria te produzir! - ela me lançara seu melhor sorriso, me mostrando um mega maleta cor-de-rosa que eu não havia visto anteriormente.

Julia me lançara um olhar de pena.

— Vixi! Desejo toda a coragem e paciência para você, Annabeth! - ela disse, ficando ao meu lado e sussurrando — Você vai precisar!

Em seguida, ela lançou um sorriso forçado à Lane e começou a dirigir-se ao eu quarto.

— Julia! - gritou Lane, ainda me agarrando pelos ombros, acho que temia minha fuga.

Quero dizer, eu não estava particularmente animada para ser tratada como uma Barbie em tamanho natural, porém, eu estava realmente curiosa sobre o que ela iria fazer. Não estava nos meus planos fugir, eu apenas não deixaria ela me arrumar de um jeito que eu não quisesse, estava apenas disposta a bater o pé.

Se bem que... Pelo que vi nas outras meninas, Lane não é de obrigar uma pessoa a mudar de estilo, ela é mais de... Mostrar opções.

Julia parou com a mão na maçaneta, xingando baixinho. Acho que ela estava com receio de que Lane quisesse maquiá-la um pouco mais, porque sim, todas as meninas que eu encontrara estavam com ao menos um mínimo de maquiagem.

— Sim? - ela perguntou, virando-se para nós.

— Você pode colocar a música do Bieber novamente? Eu a adoro! - disse Lane, me segurando e olhando para a amiga.

Ah, por isso achei a voz parecida, tudo explicado.

Julia expirou, visivelmente feliz.

— Ah, pode deixar! Eu já estava indo fazer isso agora mesmo!

— Mas coloca no máximo, e abre a janela, você sabe, com o isolamento acústico eu não vou conseguir ouvir do quarto da Annabeth sem você fazer essas duas coisas.

— Okay! E boa sorte, Annabeth!

Eu estava certa, os quartos tinham isolamento acústico, ou ao menos, o da Julia tinha.

Por fim, Julia entrou em seu quarto, fechando a porta atrás de si, enquanto Lane me girava e me fazia seguir em direção ao meu quarto, suas mãos em meus ombros, como se fôssemos um trenzinho de duas pessoas.

Alguns minutos depois, estávamos no banheiro, a porta dele aberta para poder ouvir a música que invadia meu quarto através da janela também aberta.

Eu estava sentada em uma cadeira que Lane havia arrastado para o banheiro, encarando a garota enquanto ela colocava sua enorme maleta (ou deveria dizer mala?) sobre o mármore da pia e a abria. Sinceramente, aquele negócio tinha um milhão de divisórias, com mais um milhão de produtos ali dentro. Oh, deuses! Onde eu fui me meter? Ela parecia ter mais produtos do que Silena, como isso era possível?

A música estava nas alturas, e enquanto Lane tirava vários produtos de sua maleta, me analisando meticulosamente, eu não conseguia parar de pensar que concordava completamente com os versos da música de Justin:

Oh, no, no

Oh, no, no!

Mas diferentemente dele, o tom em minha cabeça era mais assustado do que qualquer outra coisa.

Aquela garota iria me fazer sair dali como a Barbie, ou uma mini filha de Afrodite.

Oh, no, no!

Não, não! - ela falava, quase no ritmo da música - Nada de olhar!

— O que? - eu perguntara gritando, eu tinha planos de barrar qualquer uso exagerado de produtos, mas seria difícil fazer isso sem ver.

— Relaxa, você vai ver o que vou usar em você, até porque vou te ensinar umas coisinhas ou outras, mas nada de olhar no espelho.

— Como assim? Eu não vou conseguir ver o que você está fazendo!

— Esse é o plano! - ela disse sorrindo — Você só verá o resultado final, vamos lá, confie em mim! Prometo que você poderá escolher as cores que vai querer usar, e que poderá vetar o uso do que não quiser.

— Promete? - perguntei, desconfiada e esperançosa.

— Prometo, mas isso não quer dizer que eu não vá tentar te convencer. - ela disse sorrindo, me estimulando a aceitar a proposta.

— Okay, isso já é melhor que nada. Mas se você colocar algo que eu não queira, a primeira coisa que eu farei é lavar meu rosto.

— Tudo bem! - ela disse batendo palminhas.

Então, Lane me fez levantar, colocar a cadeira de costas para o espelho e me fez sentar novamente.

Afundei na cadeira.

No que eu fui me meter?


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Notas finais do capítulo

Hello again, everybody!
Eu quero agradecer à todos por lerem este capítulo e por terem continuado a ler a fanfic mesmo depois desse longo hiatos! Quero agradecer as mais de 100 mil visualizações durante o último ano, eu estou muito feliz e agradecida por tudo isso! Muito obrigada!
Aliás, quero esclarecer que eu CONTINUAREI escrevendo a fanfic até o fim, por isso mesmo, quero saber a opinião de vocês sobre algo.
Vocês preferem que eu poste dois capítulos por mês (ou seja, a cada 15 dias), com 4 mil palavras; ou vocês preferem um por mês com 8 mil palavras? Eu sei que no final dá no mesmo, mas eu gostaria de saber o que vocês preferem, então, me respondam, please!
O que me lembra: assim que a minha internet estiver restabelecida, eu responderei TODOS os comentários deste capítulo e dos capítulos anteriores, e também as recomendações que a fanfic recebeu. Mas desde já, obrigada à todos!
PS: Não resisti ao fato de citar o Justin! hahaha
PS2 : O próximo capítulo será romântico, aguardem!
PS3: Não sei quando eu vou postar... Depende da resposta de vocês!
PS4: Acho melhor receber reviews, estou com saudades!
PS5: Se alguém tiver as capas anteriores da Momentos, me avise, por favor, gostaria de recuperá-las, já que perdi tudo!
PS6: TIVE MUITAS IDEIAS, PREPAREM-SE!
PS7: Eu fiquei tão chateada com o plágio, mas tanto! Porém, eu quero agradecer aos meus leitores: Duncan, Isac, Tina, Naiara, e a minha prima Julia, por me apoiarem e ajudarem a denunciar o plagiador! OBRIGADA, AMO VOCÊS!
E amo vocês também! Obrigada por tudo!
Beijos!
Nikki