Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 32
Capítulo 32: Annabeth quase provoca um "acidente"


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Mais de 200 reviews! Eu tô nas nuvens! Obrigada!
Leitores, obrigada por todos os comentários positivos, amo vocês! Vocês todos são demais! Como vocês, pessoas que eu nem conheço direito, conseguem me fazer tão feliz? Não sei explicar, mas as lindas palavras de vocês sempre me emocionam.
Bem, eu só tenho a agradecer a vocês!
Obrigada por tudo, e o capítulo abaixo é o maior que eu já escrevi, presente para vocês que me fazem tão feliz!
Espero que continuem me fazendo rir à toa!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/142547/chapter/32

Percy’s POV

Saímos da sala, na verdade, fomos empurrados por Nico para fora da sala de Hades.

— O que foi aquilo? Quem é Ixíon? – perguntei enquanto olhava para Annabeth e Nico que se entreolhavam, ou seja, aquele Ixíon era algo muito ruim, e que eles não queriam falar.

— E o que eram aquelas três criaturas? –perguntou Bryan.

Eu havia me esquecido, ele nunca havia visto uma delas, nunca havia entrado no Mundo Inferior, aquilo devia ser um tanto quanto assustador para ele, na verdade, para qualquer um. Mesmo aquela não sendo a primeira vez que eu estivesse ali, ainda sim, era apavorante. Imagina pra ele que mal descobrira que era um semideus e sua primeira missão já o levava até ali de cara? Era extremamente ruim, só não era pior do que eu, que tive que fazer o mesmo aos 12 anos de idade.

— Eram as Benevolentes, o nome delas não é esse, mas vamos chama-las assim por enquanto, ao menos, enquanto estivermos aqui em baixo. Elas são seres das trevas que trabalham para Hades.

Da sala de Hades veio o barulho de algo explodindo, o que fez com que pulássemos.

— É melhor irmos embora daqui. – disse Nico – E acho melhor que seja logo, vou buscar a Sr.ª. O’Leary para levar vocês.

Com um simples gesto de Nico, as sombras o encobriram e, como se tivesse sido engolido por elas, ele sumiu.

— Vai buscar quem? –perguntou Bryan fazendo uma cara de confusão, não sei se pelo fato de Nico ter sumido nas sombras ou por não saber quem ele fora buscar.

— A Sr.ª. O’Leary, minha cadela infernal de estimação. – eu respondi.

— É claro, quem não tem uma cadela infernal? Acho que só eu. –sussurrou ele e pensei ter visto um leve vestígio de riso na boca de Annabeth, mas se estivesse vendo direito, fora muito rápido.

Isso era estranho. Até agora Annabeth estava muito calada, isso não era típico dela, já devia ter começado a explicar as coisas, como por exemplo, começar a falar sobre um possível plano da missão ou tentar explicar certas coisas para Bryan e até mesmo para mim. Porém, ela continuava calada.

Alguns segundos se passaram, nenhum de nós falara mais nada e nem Nico voltara. Decidi falar com Annabeth, saber o porquê de ela estar tão calada. Mas assim que tomei essa decisão, Nico retornou, trazendo consigo uma enorme cadela infernal que já me era muito conhecida.

A Sr.ª O’Leary correu em minha direção, me dando uma lambida e me deixando todo babado. É isso que acontece quando se tem um enorme cão infernal como mascote. Isso me lembrava de meu pai e seus bichinhos de estimação nada amigáveis. É, talvez eu houvesse puxado dele isso de ter mascotes que não eram... Bem, próprios para serem mascotes.

— Não acredito! Quero Ixíon preso aqui e agora! As três, vão já acha-lo! – ouvimos Hades berrando dentro da sala.

— É melhor irmos logo! – disse eu. – Vamos subam!

Eu subi primeira n Srª O'Leary, seguido de Annabeth, que se sentou atrás de mim.

Olhei para baixo, estávamos a mais ou menos três metros do chão, para Annabeth e eu já era fácil escalar a Sr.ª. O’ Leary, só fiquei pensando se o Harpper conseguiria subir. Okay, e também, numa forma de deixa-lo bem longe na Annabeth.

Percebendo que levaria um tempo para Bryan escalar a enorme cadela, Nico disso:

— Podem ir! Eu levo o Bryan!

Isso fez com que Annabeth olhasse para ele.

— Você não está cansado Nico?

— Não, já me acostumei. – o que ele disse não me convenceu, muito menos a Annie, que ergueu uma sobrancelha.

Ouvimos mais algum barulho vindo da sala de Hades, o som de algo se quebrando.

— Vamos logo! Encontro vocês lá em cima! No Central Park, perto do lugar por onde vocês entraram. – depois disso, as sombras se misturaram ao Nico e ao Bryan, e os dois desapareceram.

— Você está bem? –perguntei para Annabeth antes de irmos.

— Só estou pensando, não se preocupe. – ela parecia bastante séria e introspectiva, mas logo depois me deu um beijo na bochecha, o que me fez muito bem. Seus lábios em minha pele faziam com que eu a quisesse mais, mais do que eu sempre queria – Ande logo, Cabeça de Alga, temos que encontrar com os garotos.

Eu provavelmente teria ficado ali por mais um tempo, mas tínhamos muito a fazer. Cheguei perto da orelha da Sr.ª O’ Leary e sussurrei :

— Pode nos levar ao Central Park, menina?

Ela latiu de forma que me pareceu um protesto, talvez fosse porque ela quisesse ali em baixo, afinal, eu sabia que ela adorava ver Cérbero.

— Depois pode voltar com Nico se quiser! – disse eu, o que a fez se animar e abanar o rabo.

Annabeth passou seus braços ao redor de minha cintura e encostou a cabeça em meu ombro, o que fez com que meu coração acelerasse.

No mesmo instante, entramos na escuridão das sombras.

*******************************************************************

Eu devo admitir que viajar nas sombras não era tão ruim. Mesmo com a Sr.ª O’ Leary viajando tão rápido que eu pensasse que a pele do meu rosto iria se soltar que nem em desenho animado, mesmo assim, eu achava aquilo incrível.

Óbvio que durante a viagem tudo ficava escuro, mas o que se podia esperar quando se corre pelas sombras? E tinham aqueles ruídos estranhos, porém, eu não sentia o típico frio na espinha, isso deveria ser graças à Annabeth e ao fato de eu sentir a pele dela em contato com a minha, seus braços me envolvendo tão fortemente que nenhuma das sensações superava essa.

A viagem fora mais rápida do que eu pensava ser possível ou talvez eu só achasse isso por precisar mais do toque de Annabeth.

Em pouco tempo estávamos novamente no mundo dos vivos, e ao olhar para o céu, reparei que já era de noite. Lá em baixo, no mundo Inferior, o tempo parecia seguir lentamente. Acho que isso devia ser uma característica de lugares mitológicos subterrâneos, considerando que o mesmo acontecia no Labirinto de Dédalo.

— Até que enfim vocês chegaram! Por que demoraram tanto? –perguntou Bryan, como se devêssemos satisfações a ele.

Aquele garoto estava mesmo me tirando do sério. 

— Nem demoramos tanto assim Harpper, e mesmo assim eu não devo explicações a você. –disse saltando de minha cadela e fazendo-a um carinho, Annabeth saltara um pouco depois de mim.

— Eu não quero explicações, até por que não é hora disso. É só que...

— NICO! – gritou Annabeth correndo em sua direção e largando a sua mochila no meio do caminho.

Eu nem reparei que Nico estava há alguns metros a minha esquerda, branco como uma caveira (e não estou dizendo isso por ele ser filho de Hades). Ele teria caído no chão, não fosse por Annabeth ter corrido em sua direção e o segurado.

— Foi por isso que eu perguntei o motivo de vocês terem demorado.

— Vocês dois! Podem me ajudar aqui? – berrou Annabeth.

Bryan e eu saímos correndo para ajuda-la e a Sr.ª O’ Leary se prontificou em nos seguir.

Annabeth já tinha colocado Nico deitado no chão e tinha sua cabeça no colo.

— Nico, se está me ouvindo, acorde, por favor. – Annie disse as palavras docemente, mas não recebeu resposta.

A Sr.ª O’ Leary deu uma grande lambida em Nico, babando-o completamente, e nem assim ele se mexeu, o que a fez chorar baixinho.

— Calma, garota! – fiz carinho nela – Ele já vai melhorar.

Verifiquei o pulso de Nico. E sim, eu sei fazer isso. Depois de muitos combates, a gente aprende algumas coisas sobre primeiros socorros.

— O pulso está normal, o que quer dizer que ele só desmaiou mesmo. – me sentei ao lado de Annabeth. - Ei, cara! Nico, acorde.

Nada.

— É melhor darmos para ele néctar e ambrosia. – Nico estava completamente pálido e parado.

Eu tinha que ter insistido para ele não levar o Bryan, para ele ter vindo com a gente. Agora ele estava ali, desmaiado.

— Também acho o melhor, Cabeça de Alga. – Annabeth passou a mão sob os cabelos pretos de Nico e pousou-a em sua testa – Ele está começando a ficar com febre! Bryan, por favor, pegue na minha mochila o néctar e a ambrosia, eles estão na parte da frente.

— Onde a mochila está? –perguntou o Harpper.

— É a mais próxima de você, do seu lado direito. – respondi eu que obviamente sabia que a mochila de Annie sempre era a mais próxima, assim como sabia que a minha era a mais distante.

Bryan se abaixou e pegou a bolsa. Eu me virei para ajudar Annabeth, mas acabei somente olhando para ela e a admirando.

— O Nico não podia ter feito essa viagem. Mas ele é muito teimoso, né? –disse Annabeth olhando para mim e vendo que eu a analisava. Isso a fez corar.

— É, ele deve ter puxado ao pai. – passei meus dedos pela bochecha corada de Annie, tal fato só a fez corar mais.

Ela olhou para mim e depois para algo atrás de mim, provavelmente o Bryan.

— Annabeth, onde está o néctar e a ambrosia? –perguntou o Bryan – Eu já vi um laptop, um inseticida contra aranhas e...

Annabeth se pôs de pé tão rápido que quase deixou a cabeça de Nico bater no chão, não fosse eu tê-lo segurado no instante em que aquilo ia ocorrer e colocado sua cabeça vagarosamente sobre grama. Tal movimento de Annie deixou a Sr.ª O’ Leary confusa, mas a mesma também se pôs de pé. Ela sempre queria proteger Annabeth, mesmo que ela não precisasse de ajuda.

— Você abriu a minha mochila? – ela quase gritava, quase porque parecia ser de madrugada, e se algum guarda visse quatro adolescentes ali, sendo que um estava desmaiado, no mínimo iríamos para alguma instituição de menores. Fora que possuíamos uma cadela infernal e, por conta da névoa, eu não saberia dizer o que os humanos veriam - Por que você mexeu na minha mochila? - perguntara Annabeth andando a rápidos passos na direção de Bryan e tirando das mãos dele sua mochila.

Isso fez minha cadela grunhir para Bryan, que olhou a cena com espanto.

Eu estava louco para ver isso. Annabeth odiava quem mexia em suas coisas, eu mesmo nunca abrira sua mochila. Não por que falta de curiosidade, isso nunca, mas sim por amor a vida.

— Porque você falou para pegar o néctar e a ambrosia. - ok, ele tinha um ponto aqui.

Annabeth lançou lhe um olhar mortal e vi sua mão indo em direção à adaga que guardava no bolso. A Sr.ª O’ Leary estava logo atrás dela, pronta para defende-la, embora quem precisasse ser defendido era Bryan.

Isso estava ficando perigoso, Annabeth reservava aquela adaga para monstros e para quem mexia em suas coisas. Eu estava pensando seriamente se eu o deixava morrer ou não.

"É melhor não, precisamos dele para missão." - pensei comigo mesmo— "E acho que também não poderia ver Annie o matando. Mas em todo caso, não faria mal nenhum ela machuca-lo um pouquinho."

— Eu falei: “na frente da mochila”. Obviamente, você não estava procurando na frente. – Annabeth fechou a mochila e colocou-a no chão novamente.

— Eu procurei na frente, mas não achei.- Bryan levantou as mãos como se fosse se render.

— Saiba que eu odeio que mexam nas minhas coisas. – disse ela se aproximando de Bryan e tirando a faca do bolso.

Ela levantou a faca e brincou com ela nas mãos. Isso estava ficando engraçado, a cara de Bryan me fez rir disfarçadamente, era de puro pavor.

— Você nunca mais vai mexer nas minhas coisas, estamos entendidos?

Bryan engoliu em seco. Seus olhos dançavam entre Annabeth e a Sr.ª O’ Leary, que rosnava para ele.

— Você que falou para procurar e...

— Estamos entendidos? – ela estava apontando a faca para ele e analisando-o, como se procurasse uma forma de derrubá-lo. Minha cadela grunhiu novamente para ele.

Ele assentiu e Annabeth guardou a faca no bolso.

— Que bom que entendeu. – disse ela indo até a mochila e abrindo-a, tirando o néctar e a ambrosia da parte da frente. – E como eu disse, estava tudo na parte da frente da bolsa, Harpper.

Bryan andou lentamente até onde eu estava. Annabeth, que vinha logo atrás dele, parou e fez um carinho na Sr.ª O’ Leary.

— Ela é sempre assim? Quer dizer, quando alguém mexe nas coisas dela?- perguntou ele se sentando ao meu lado.

— Sim, é por isso que nunca abri sua mochila.

— Você nunca descobriu o que tem lá dentro? Nunca ficou curioso? – sussurrou ele, já que Annabeth e minha cadela infernal se aproximavam.

— Curioso já, mas gosto de ter todas as partes do meu corpo em perfeito estado.

— E é bom que não mexa nas minhas coisas também, Cabeça de Alga, senão, pode apostar que vou acabar com você. – com o néctar e a ambrosia em mãos, ela voltou a se sentar.

— Viu, eu disse. – sussurrei para Bryan – Mas não se preocupe, Annabeth, não vou fazer que nem o Harpper, pode deixar.

— Que bom, espero que não faça mesmo. – ela lançou um olhar de irritação para Bryan.

É, ela ainda estava zangada com ele. Perfeito!

Sr.ª O’ Leary deitou-se ao lado de Nico, seu corpo entre algumas árvores.

Annabeth começou a dar ambrosia e néctar para Nico, e não me pergunte como, mas mesmo com ele desmaiado, ela consegui fazer com que ele comesse e bebesse ambos.

Aos poucos, a cor de Nico foi voltando ao rosto, ou ao menos, o que ele tinha de cor. Ou seja, foi ficando menos branco. Lentamente ele abriu os olhos, e da mesma forma tentou se sentar. Mas a Sr.ª O’ Leary se levantou, abanando o rabo e lhe deu uma lambida no rosto que o fez deitar novamente.

— Quietinho, Nico. – disse Annabeth. – Você tem que descansar, estava desmaiado até a pouco.

— Desmaiado? –perguntou ele com a voz meio rouca, mas fazendo carinho em minha cadela infernal – Ah! Isso não acontecia há algum tempo.

— Isso deve ter acontecido porque você fez várias viagens seguidas num pequeno intervalo de tempo, e na última ainda levou o Bryan. – eu disse.

Nico tentou se sentar de novo.

— Você tem que descansar, cara! – disse Bryan, ao mesmo tempo que Annie ajudava Nico a se sentar.

— Vocês disseram que eu estava desmaiado, então, eu já descansei. No momento temos coisas mas importantes para tratar, como por exemplo, a missão de vocês.

Nico se encostou em uma árvore, ficando mais próximo da Sr.ª O’ Leary. Annabeth estava sentada entre eu e Nico, o Harpper estava ao meu lado.

— Então vocês foram até o Mundo Inferior perguntar sobre a espada de Atena, porque ela pediu. Estou certo? – perguntou Nico ao que todos nós assentimos. — E agora sabem que ela não está lá no Mundo Inferior, que por algum motivo a espada não está no fundo do Estige. E que, segundo as Fúrias, esse motivo seria o material da espada ser tão forte que o rio não conseguiu acabar com ela, somente dividi-la em partes.

— Isso seria realmente possível? – perguntou Annabeth – Eu nunca ouvi ou li nenhuma história que falasse sobre isso.

— Seria possível, e já aconteceu, mas pelo que eu sei, foi há muitos séculos atrás. E o fato de você e de quase ninguém saber é porque os deuses não gostam de falar sobre isso, eles acham que demostraria um ponto fraco, algo desse tipo. – a voz de Nico começava a recuperar o tom normal.

— Esperem! – disse Bryan – Você falou de fúrias, elas são aquelas mulheres-monstro que Hades chamou, não é?

— Sim!- disse Nico. – Alécto, Megaira e Tisífone. E se eu fosse você, não saia por ai chamando-as de Fúrias

A Sr.ª O’ Leary se aconchegou mais ainda nas árvores e começou a roncar fortemente, dormindo. Fiquei preocupado que algum mortal ouvisse, mas parecia estarmos sozinhos naquela parte do parque.

— Mas você acabou de falar. – Bryan estava meio perdido.

Nico revirou os olhos.

— Eu sou filho de Hades, elas não vão fazer nada comigo, mas com você...

Isso fez Bryan engolir em seco.

Annabeth pegou minha mão, o que fez com que eu a olhasse. Seus olhos cinzas tão intensos pareciam me dizer que aquela missão seria difícil e que iríamos precisar muito um do outro.

Eu sentia o mesmo, e senti também que aquele poderia ser nosso único momento de paz em dias. Naquele instante tive vontade de beijá-la, e podia ver que ela também queria me beijar, mas ambos sabíamos que muito havia de ser resolvido sobre a missão, por isso, só demos as mãos.

— Me expliquem uma coisa. – foi minha vez de falar – Só conheço a benevolente que era a Sr.ª Dodds, mas e as outras?

— É, e eu nem sei o que elas fazem, nem faço ideia, nunca li muito sobre elas.– acrescentou Bryan.

Nico e Annabeth trocaram um olhar significativo.

— Bem... – começou Annie – As benevolentes são responsáveis pela vingança, como a deusa Nêmesis, só que elas se encarregam de punir os mortais ou os semideuses, enquanto Nêmesis se encarrega de punir os próprios deuses. Megaira seria algo com o rancor, Tisífone o castigo e Alécto a implacável.

— Você disse o nome delas. – Bryan franziu as sobrancelhas.

Annabeth somente deu de ombros, como se aquilo fosse irrelevante. 

— Então, como eu ia dizendo, Megaira é responsável por castigar crimes contra casamento, principalmente a infidelidade.

— Exato. –disse Nico – Também é a que persegue com maior vontade, em geral, não desiste de suas “presas”. Já Tisífone é a vingadora dos assassinatos, normalmente, ela enlouquece suas vítimas.

— Tipo como o Sr. D faz? –perguntei.

— É, tipo ele, mas acho que ele pode fazer isso mais facilmente. – disse Nico dando uma risadinha, sendo seguido por todos nós. Até Bryan, com seu um dia de acampamento, concordava que o Sr. D era de enlouquecer.

— E a que foi minha professora de matemática?

— Alécto. –disse Annabeth – Ela é encarregada de vingar delitos morais.

— Delitos o quê? – perguntei.

Annabeth e Nico reviraram os olhos.

— Delitos morais, Cabeça de Alga, como a cólera, a ira, a soberba, etc. Ela é a fúria que espalha maldições e pestes.

— Hum... Entendi. – dissemos Bryan e eu juntos, o que fez Annabeth e Nico sorrirem.

— Tá, entendi tudo sobre as três fúrias. Mas, quem é Ixíon?

Nico e Annabeth trocaram um olhar cauteloso. Eu detesto quando ela se comunica assim com os outros!

— Ixíon é considerado inimigo dos deuses.

— Por quê? – perguntei.

— Bem, a história é meio longa, mas resumindo. Ele se apaixonou por uma moça e prometeu seus cavalos ao pai dela em troca de sua mão. Só que, depois do casamento, ele não cumpriu o acordo, não deu seus cavalos, fazendo com que o sogro tomasse à força o que era devido. Por isso Ixíon jurou vingança. Não tendo conseguido decidir entre a morte e o sofrimento para seu sogro, Ixíon optou por ambos: construiu uma câmara incendiária e camuflou-a em sua casa como um cômodo. Dioneu, seu sogro, aceitou um convite de Ixíon para uma reconciliação, dirigiu-se à casa deste e caiu em sua armadilha. Enquanto era incinerado, seus gritos de desespero levaram Ixíon ao arrependimento, mas era tarde. Ao abrir a porta da câmara, Ixíon se deparou com o corpo carbonizado de seu sogro.

— Isso tudo por causa de uns cavalos? –perguntei incrédulo. 

Honestamente, eu tinha impressão que a maioria das tragédias gregas aconteciam pelos motivos mais estúpidos possíveis.

— Na época valia muito. –disse Nico. - Então, depois disso o cara pirou, o remorso o sucumbiu e ele ficou mendigando pelas ruas. A única maneira de recobrar a sanidade seria se submetendo a uma purificação para a expiração do crime, porém ninguém conhecia o ritual próprio para o caso, já que nunca antes ninguém havia assassinado um membro de sua própria família. E Zeus, ao ver o sofrimento de Ixíon, se apiedou dele.

— Zeus já foi piedoso? Sério? Uou.

Logo em seguida houve uma trovoada muito forte vinda do céu, o que fez Annabeth e Bryan olharam feio para mim, e fez Nico rir ao ver minha cara de espanto.

— Er... Desculpa, senhor Zeus, não foi minha intenção ofendê-lo. Eu só estava surpreso mesmo. - outro trovão nos assustou.

— Voltando... – recomeçou Annabeth - Zeus restitui a sanidade de Ixíon e convidou-o a partilhar do banquete dos deuses. Claro que ele, como qualquer mortal faria, aceitou o convite. Só que ele se embriagou de vinho e começou a assediar Hera. - Annabeth revirou os olhos ao dizer o nome da deusa- Ela, ao perceber as intenções de Ixíon, alertou a Zeus.

— É, só que, nesse dia, Zeus encontrava-se miraculosamente de bom humor. – disse Nico com um sorrisinho no rosto, como se tal ideia lhe fosse engraçada, já eu arregalei os olhos, para mim era impossível que Zeus algum dia tivesse ficado de bom humor. — Pois é, em lugar de irritar-se, achou divertida a situação, e para testar seu convidado, Zeus forjou uma imagem de sua própria esposa usando uma nuvem, e deixou-a a sós com Ixíon, que... bem, passou a noite com ela, se vocês me entendem.

Eu entendia, mas estava completamente confuso, como que alguém poderia passar a noite com uma nuvem de ilusão?

Mas não tive tempo de pergunta, pois Annabeth logo tratou de continuar a história.

— Ixíon despediu-se dos deuses e voltou para a Terra e, assim que chegou, divulgou para os primeiros mortais que encontrou que havia possuído a esposa do próprio Zeus. Este irritou-se ao ver a possibilidade de ganhar a fama de ter sido traído por um mortal e, muito provavelmente, Hera também deve ter se irritado, considerando que ela é a deusa do matrimônio. Então, imediatamente Ixíon foi fulminado por um raio e lançado ao Tártaro, onde foi preso a uma roda em chamas e condenado a girar nela pela eternidade.

Minha cabeça girava com tanta informação, eu nem consegui entender metade daquela história. 

— Então por que a preocupação? – perguntou Bryan – Ele era só um mortal, certo?

— Sim, só um mortal, que fugiu dos Campos de Punição. – disse Nico – Que fugiu através das portas da morte, portas essas que são vigiadas por Tânatos.

Eram muitas informações novas juntas, mas nem tive tempo de processá-las, pois logo ouvimos um brilho surgindo perto de uma árvore que estava próxima de nós.

Todos nos colocamos de pé imediatamente, menos a Sr.ª O’ Leary, que  já encontrava-se roncando entre as árvores. 

— Vejam se não são meus semideuses favoritos!- disse num tom de sarcasmo a voz de quem eu menos queria ver naquele momento, de quem eu esperava ver nunca mais.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram, amores?